Carlos Fontes

Cristovão Colombo, português ?

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As Provas do Colombo Português

 

 6. Corsário especializado em barcos italianos

 
   
 

Colombo começou a andar no mar por volta dos 14 anos, provavelmente num navio de corsários. A partir de 1469 passou a andar ao serviço do rei de Portugal, em saques no Mediterrâneo, Atlântico e na costa ocidental de África. 

A documentação existente revela que atacou de forma sistemática navios italianos (genoveses, venezianos, milaneses, florentinos, etc) e espanhóis (castelhanos, aragoneses e bascos). Trata-se de um facto histórico que as biografias italianas procuram esconder ou secundarizar.

Andou com alguns dos mais famosos corsários do seu tempo, tendo mudado inclusive o seu nome para não ser identificado, uma prática comum à maioria dos corsários, muitas vezes conhecidos apenas pelas suas alcunhas (8). 

O nome ou alcunha de Coulão, Colom, Colon, Colombo era comum a alguns dos mais sanguinários corsários do tempo, umas vezes é identificado como português, outras francês, grego ou italiano. 

Protestos de Veneza

Os venezianos queixaram-se várias vezes ao rei de Portugal (D. Afonso V) dos ataques de "Colombo", afirmando que o mesmo era português. 

Em 1470, o Senado de Veneza recebe a notícia que um navio veneziano havia sido apresado "por Colombo e por portugueses", registando o documento: "...dicese esser el corsaro portogalex..." ( "...diz-se que o corsário é português" . O navio fora apresado na Galiza (2).

Os ataques prosseguiram, levando em 1474, Veneza a fazer um apelo desesperado a D. Afonso V pedindo-lhe para controlar a actividade deste corsário, com o qual o rei tinha uma ligação especial (2). 

Nesta altura, isto é, entre 1470 e 1473, um corsário português chamado "Coulão" recebeu do rei D. Afonso V a fabulosa quantia de 22.000 dobras, por 4 expedições. Mais

b) A Confusão dos Colombos

 Hernando Colón e Las Casas quando escreveram a biografia de Colombo deparam-se com um terrível problema: como poderiam sustentar a sua identidade genovesa quando o mesmo assaltou de forma sistemática navios genoveses ?

Um das soluções encontradas foi a de atribuir parte das suas acções a outros corsários com a alcunha "Colombo", chegando a afirmar que se tratavam de seus familiares.

A outra solução, mais conhecida, foi a de confundirem datas de saques e matanças de italianos, de modo a ocultarem a matança de genoveses.

Reina a mais completa confusão sobre corsários que comandaram os ataques de 1476 e 1485, apenas sabemos que se chamavam "colombo".

O problema é que entre 1469 e 1485 foram vários os corsários que ao longo da costa portuguesa e ao serviço dos reis de Portugal usaram o apelido "Coulão", "Cullan", "Colom" ou Colombo.

1. Mistério da "Batalha de 1476"

Um dos episódios mais conhecidos da biografia de Colombo, é a sua alegada chegada a Portugal na sequência de uma feroz ataque de corsários, em Setembro de 1476, onde foram mortos cerca de 800 genoveses. Colombo fazia parte dos corsários que realizaram este ataque.

O seu envolvimento nesta matança, horrorizou de tal forma o seu filho Hernando Colon que resolveu mudar as vítimas do ataque corsário, de forma fossem venezianos e não genovesas. Neste sentido, começa por indicar a batalha que ocorreu em Agosto de 1485, mas depois descreve a batalha que teve lugar em 1476. Os leitores pouco informados são deste modo deliberadamente enganados.

Hernando Colón aponta o corsário da batalha de 1485 (Colombo, o Moço), como sendo parente do seu pai, de modo a ocultar o nome do corsário que esteve envolvido na batalha de 1476 (Colombo, o velho).

Na batalha de 1485, os quatro navios venezianos vinham da Flandres. As embarcações venezianas aprisionadas foram trazidas para Lisboa, onde a tripulação foi despejada. D. João II ficou com os navios e colocou-os em segurança no Rio Tejo, tendo-os depois devolvido a Veneza. Mais

A Crónica de el- Rei D. Afonso V (cap. CXCIV), de Rui de Pina, permite-nos esclarecer o que aconteceu na batalha de 1476, em que esteve envolvido  Cristovão Colombo. Na versão deste cronista, a batalha ocorreu depois de um encontro com D. Afonso V, em que o rei lhes agradeceu terem ajudado a libertarem Ceuta de um cerco combinado de castelhanos e mouros.

A batalha ocorreu entre o Cabo de S. Vicente e o Cabo de Santa Maria, perto de Olhão no Algarve. Os navios que foram assaltados - quatro genoveses e um flamengo - haviam saído de Cádiz e dirigiam-se para a Flandres.  Portugal, recorde-se, estava em guerra com Castela e Aragão, governados pelos reis catóicos. Génova era aliada de França.

A descrição da batalha feita por Hernando Colón, na sua obra "Historia del Almirante" (capítulo V), não deixa de causar alguma perplexidade, se tivermos em conta a hipotética origem genovesa de Colombo. 

Começa por afirmar que este durante anos o seu pai andara ao serviço de um seu familiar corsário ( Colón, el Mozo). Colombo era portanto, parente de um corsário.

O navio onde seguia  foi um dos sete que se incendiou, tendo a maioria dos tripulantes morrido. 

Colombo, segundo Hernando Colón, era um corsário robusto e bom nadador (nadou duas léguas em pleno mar), razão pela qual conseguiu atingir a costa nado.

A população local protegeu-o e alimentou-o, sabendo certamente que era um corsário e que havia participado no roubo e na matança de genoveses e flamengos. Após alguns dias de esmerados cuidados que lhe foram prestados conseguiu recuperar, dirigindo-se para Lisboa, onde já sabia que existia uma comunidade genovesa

"Como era de comportamento honrado, de agradável presença e não se separava do verdadeiro caminho" (sic),a combater infiéis e atacar, roubar e matar italianos, abriu-se-lhe o caminho para uma verdadeira ascensão social ao casar com uma portuguesa - "uma senhora chamada Dona Filipa Moniz, de sangue nobre e comendadeira do Mosteiro de Santos", em Lisboa.(sic). 

Conclusão deste episódio é paradoxal:  Colombo, é apresentado como um corsário especializado na luta contra navios da sua suposta "pátria" (Génova). Foi apoiado pela população portuguesa e pelo próprio rei que lhe  permitiu aceder à alta nobreza em Portugal. Estamos perante um corsário que durante largos anos foi um feroz inimigo de Itália, e que tudo irá fazer para prejudicar os seus estados. Um aspecto que foi omitido por falsários italianos como Giustiniani, quando afirmam que o mesmo era natural de Génova.  A farsa do Colombo Italiano não podia ser maior.  

2. Colombo, el Mozo  

Hernando Colón não lançou a confusão apenas trocando as batalhas, mas também o nome dos corsários. Na batalha de Agosto de 1485, esteve envolvido um corsário com a alcunha "Colombo el mozo" (Colombo, o Moço), na batalha de 1476 esteve envolvido um corsário, que os historiadores insistem em chamar "Colombo, o velho".

Colombo, o moço esteve de facto envolvido na batalha de 1485, mas não na batalha de 1476. Este corsário também não era parente de Cristovão Colombo.

A maioria dos autores aceita que "Colombo el Mozo" fosse George Palaeologus Dissipatos ou Byssypatt (c.1430 - 1496), conhecido em França como "Georges de Bissipat le Grec". 

Pertencia à família real bizantina. Vivia em Bordéus e era chefe de várias esquadras de Luis XI. Foi nomeado visconde de Falaise (1461), senhor de Hannaches (França), onde se encontra sepultado. Em 1477 naturalizou-se francês e casou com Marguerita de Poix, herdeira do castelo de Troissereux. O alegado familiar de Colombo, neste caso, era grego e não italiano. 

O corsário Jorge Grego, sabemos que Julho de 1475, com Casenove, apresou uma nau do papa, uma nau genovesa e mais outros 18 navios, mas não sabemos aonde.

Em Agosto de 1476, não certo que tenha andado no corso no estreito de Gibraltar, com Colombo, o Velho, ao serviço de D. Afonso V, algo que apavorou os venezianos.

"Misser Gorje" ou "Micer Jorge", como é chamado, em fins de Setembro de 1477, escoltou  D. Afonso V no seu regresso de França (Southampton), tendo chegado a Cascais a 15 de Novembro. Estamos perante um corsário que prestou relevantes serviço aos reis portugueses.

Em 1483 foi enviado de Honfleur às Ilhas de Cabo Verde, cujo domínio pertencia aos Duques de Viseu-Beja, para buscar sangue de tartaruga para Luis XI que sofria de lepra.

Em Agosto de 1485, participou com um dos seus navios na batalha a 21 de Agosto, entre o cabo de S. Vicente e Lisboa, na qual foram apresadas 4 navios venezianos que se dirigiam para o mar do norte. Mais   

2.1. Parentes Portugueses de "Colombo, el Mozo"

Hernando Colón tinha razão num ponto muito importante: Colombo, o Moço, ou melhor George Palaeologus Dissipatos era aparentado com nobres portugueses, e indirectamente familiar da esposa portuguesa do seu pai ( 15).

Como vimos, na primeira metade do século XV, Portugal procurou conhecer as rotas que do Oriente atravessavam o Mediterrâneo. Para além da acção própria dos espiões, o Infante D. Pedro, Duque de Coimbra teve neste domínio um papel de fundamental ao percorrer todo o Mediterrâneo Oriental, incluindo o Egipto e a Terra Santa. 

Em resultado desta acção diplomática e comercial, o seu filho João de Coimbra (c.1431-1457), casou-se a 21/12/1456, com Charlotte de Lusignan (1444-1487), filha de João II rei de Chipre e de Helena Paléologue.

O seu vedor - Vasco Gil Moniz ( ? -1497), casou-se com Eleanor de Lusignan, filha do Senhor de Saìda, filho ilegitimo do Rei do Chipre - João II. Foi casada em primeiras núpcias com Soffredo Crispo ( ?-1458), Senhor de Nysiros.<>Recorde-se que Vasco Gil Moniz era parente de Filipa Moniz Perestrelo, esposa de Cristovão Colombo.

As ligações a familias portuguesas não terminaram. A familia do Bissipat, como escreve Manuel da Silva Rosa, ligou-se do Conde de Monsanto de Portugal, através de Louis de Dommartin, senhor de Fontenoy-le-Château , descendente de Margarida de Castro, irmã de Alvaro de Castro, 1º. conde de Monsanto (20), casado com Philippa de la Mark, neta de "Colombo, el Mozo" e filha de Hélene de Bissipat, viscondessa de Falaise (19).

Deste modo, membros de familias como os bragança, monizes, albuquerques ou ataídes poderiam afirmar que eram parentes de "Colombo, el mozo".

Hernando Colon desta vez tinha razão ao afirmar que o seu pai era parente de "Colombo El Mozo", com o qual andara a atacar barcos genoveses.

A ligação aos paleologos de bizâncio ainda poderia ser ainda mais recuada, pois em pleno Alentejo, numa terra da Ordem de Santiago e de muitos corsários encontramos também uma princesa bizantina: Dona Vataça Lascaris (c.1268-1336), neta do imperador Teodoro II - Lucas Lascaris de Niceia. Veio para Portugal, em 1288, integrada na corte de Dona Isabel, esposa de D. Dinis. Este rei deu-lhe a vila e castelo de Santiago do Cacém e Panóias. Foi justamente para esta região que se dirigiu Colombo, no regresso da sua segunda viagem à América. Mais

Hernando Colón, Las Casas, Jerónimo Zurita e o filho do Capitão Colon

Se Hernando Colon, fala de um "Colombo, o Moço", Las Casas faz referência a um corsário que dá pelo nome de "Colón Junior", o qual tem sido identificado com Guillaume de Casenove dito Coulon ou Coullon

A explicação para esta enorme confusão encontra-se no cronista de Aragão - Jerónimo Zurita, que nos "Anales de Aragon, Livro XX, cap. 64", escreve o seguinte :

"Pérdida de cuatro galeazas venecianas. Por este tiempo salieron cuatro galeazas de venecianos de la isla de Cádiz que llevaban la vía de Flandes; y iban cargadas de mercadería de Levante, señaladamente de la isla de Sicilia. Y pasando del cabo de Sant Vicente fueron combatidas por un cosario francés, hijo del capitán Colón, que llevaba siete naves de armada; y fueron ganadas las galeazas a 21 de agosto" (1485).

Zurita desconhecendo a identidade dos corsários que usavam a alcunha de "Colombo", resolve a questão dizendo que o que participou na batalha de 1485, era francês e filho do enigmático "capitão Colon", supostamente francês ou que andava ao serviço do rei da França.

Hernando Colón tratou de chamar a este novo "Colombo" de "moço", Las Casas de "Junior"...

3. Enigma de "Colombo, el Velho

A referência de Hernando Colón a um Colombo, moço, consagrou o nome de "Colombo, o Velho", para aqueles corsários mais antigos que tinham a alcunha de Colombo. Um destes corsários "Colombo" esteve envolvido na célebre batalha de 1476. 

Quem era este corsário ?. Os historiadores portugueses, como vimos, têm ajudado a lançar a confusão. Estamos provavelmente perante dois ou mais corsários foram conhecidos por esta alcunha, e que andaram ao serviço dos reis de Portugal.

A documentação portuguesa e os cronistas do tempo (Rui de Pina e Garcia de Resende), referem a existência de vários corsários "colombos", não estabelecendo uma ligação entre os mesmos. Procuram todavia associar Colombo a França.

Perante a diversidade de corsários com o nome "Colombo", a quase totalidade dos historiadores portugueses resolveram a questão atribuindo as suas acções, entre 1469 e 1485, a um mesmo indivíduo - Colombo, o velho -, alimentado desta forma a confusão (16) .

Fernando Pedrosa, quando começa a estudar a ampla documentação existente sobre estes corsários, descobre desde logo a confusão que estava instalada nos meios académicos (2).

3.1. Guillaume de Casenove (c.1425-1483)

Este corsário francês, nascido na Gasconha, foi nomeado por Luis XI - vice-almirante da Normandia (1461 ?-1483), "maitre des eaux et forets de Normandie e Picardie".

A actividade de um corsário com o nome Casenove, com excepção da acção punitiva de Setembro de 1473, contra Aragão, está apenas está documentada no mar do norte, tendo como base o Porto de Honfleur.

Não existem referências documentais que atestem a sua actuação nas costas de Portugal. Nenhum documento o identifica com "colombo, o velho". Faleceu em 1483.

Nos vários reinos da Península Ibérica no século XV , como Castela e Aragão, foi-lhe posta a alcunha de Coulon, Coullon ou Coulomp. Alcunha que não lhe foi dada em França.

Este facto levou alguns historiadores a identificarem Casenove com o famoso Colombo, o velho, e por consequência que o mesmo teria participado na batalha do cabo de S. Vicente em Setembro de 1476 (17). Leibnitz, numa completo delírio, confunde-o com o próprio Cristovão Colombo.

3.2. Pedro João Coulão (Colom)

A documentação portuguesa refere a existência de um temível corsário - Pedro João Coulão (Colom, Colombo) -, que tem sido também identificado como enigmático "colombo, o velho".

No início é identificado como "francês", o que poderia significar que estava ao serviço do rei de França (21).Seria francês? É provável, mas também poderia ser de outra nacionalidade.

 A senhoria de Veneza, em 1470,  identifica-o como um "corsário português" (corsaro portogalex), e em 1474 apela a D. Afonso V para controlar a atividade deste corsário.

Estamos perante o mítico "colombo, o velho", com o qual cristovão Colombo andou no corso durante muitos anos ? Tudo nos leva a crer que sim.

O seu primeiro grande ataque ocorreu em 1469, quando pilhou 3 navios venezianos no Canal da Mancha. Em Julho deste ano terá ameaçado atacar navios da cidade do Porto que vinham de torna-viagem da Irlanda. Ao encontro deste corsário partiu um navio comandado por André Pires. O confronto não se deu, mas o português aproveitou o pretexto para assaltar e roubar navios franceses (1).

No ano seguinte, D. Afonso V, concedeu a 2 de Janeiro uma tença anual de 8 mil reais brancos, a Fernando Alvares Baldaia, mercador do Porto, por ter combatido "culam frances" que andava no mar nas costas de Portugal. 

A verdade é que D. Afonso V não tardou a contratar este corsário, aparecendo o seu nome entre 1470 e 1473 nas contas da Fazenda Real de pagamentos que lhe foram feitos pelos seus serviços. 

A partir de 1470 Colombo não deu descanso aos navios italianos e espanhóis (castelhanos, aragoneses e biscainhos). Quem era Colombo, o Velho ? O próprio Colombo ?

A actividade de um corsário com a alcunha de Colombo está bem documentada na Península Ibérica e no Mediterrâneo. Foi certamente o grande companheiro e mestre de muitos corsários portugueses, nomeadamente de Cristovão Colombo.

Cerco de Ceuta

A chave para a identificação de Colombo, o velho e do próprio Cristovão Colombo, está num dos cercos que foram feitos à cidade de Ceuta (1476). O cronista Rui de Pina é muito claro quando afirma que ambos estiveram envolvidos na sua libertação. O problema é saber qual o cerco em que estiveram envolvidos (13).

A guerra que se desencadeou entre Portugal e Castela-Aragão, em 1475, obrigou D. Afonso V, a mobilizar um grande exercito para invadir Castela, o que implicou desguarnecer fortalezas, como Ceuta. 

Enquanto decorria a guerra (1475-1479), sobretudo por alturas da célebre batalha de Toro (2 Março de 1476), as forças portuguesas realizam continuam incursões em Castela, e no mar corsários ao serviço de Portugal atacam os portos de Castela e Aragão.

Os "espanhóis" por sua vez atacam a fronteira de Portugal (22) e os seus domínios em África. Ceuta é então alvo de dois cercos.

Fernando de Aragão, ao ser informado que Ceuta estava desguarnecida, mandou cercá-la por mar. Tratou-se de uma acção combinada com o rei de Fez (muçulmano) que cercou a cidade por terra (27). O Duque de Medina Sidónia (26), a 7 de Agosto de 1476, pretendendo mostrar alguma acção militar consistente contra os portugueses, obriga alguns milhares de castelhanos de Gibraltar a cercarem Ceuta. A maior parte deles eram conversos (25).  

O capitão e governador de Ceuta na altura era Rui Mendes de Vasconcelos Ribeiro (10) foi atempadamente informado do ataque que se estava em preparação pelo alcaide de Gibraltar (23).

O principe D. João , nomeia a 23 de Julho de 1476, Pedro de Ataíde, comandante de uma armada que parte para o estreito de Gibraltar, para socorrer esta praça portuguesa do Norte de África.

Os aragoneses e os mouros acabaram derrotados pelos portugueses, tendo-se destacado pela sua bravura a esposa do próprio capitão - Isabel Galvão (grávida) - que participa nos próprios combates matando muitos inimigos.

Foi nesta altura que chegam a Ceuta - Colombo, o Velho, Pedro de Ataíde e Cristovão Colombo -, e ajudam o governador a libertar a cidade. Atacam os espanhóis e matam largas dezenas logo nos primeiros combates.

O Duque Medina Sidónia face ao fracasso do cerco, depois de ordenar a retirada das suas forças, aproveita mais esta ocasião para espoliar os conversos, expulsando-os de Gibraltar (24 ).

Ataque corsário. Entretanto, D. Afonso V, que havia resolvido regressar a Portugal, a 23 de Junho de 1476, está na cidade do Porto, onde projecta dirigir-se por mar para a Bretanha, para convencer Luis XI, rei de França, a apoiá-lo na guerra contra Castela-Aragão (7). Colombo, o velho, andava na altura a patrulhar a costa norte de Portugal, e aproveita em fins de Junho para atacar os castelhanos em Ribadeo na Galiza, onde sofreu muitas baixas. Os reis espanhóis, em Julho, posicionam então uma esquadra na Galiza e no Golfo da Biscaia, de forma  impedir esta viagem, o que obriga o rei português a dirigir-se para Lisboa (7/8 e Agosto).

D. Afonso V, no dia 27/28 de Agosto sai de Lisboa para o Algarve, com uma esquadra com 16 navios e 5 caravelas, 2.200 homens e 480 cavaleiros.

Colombo, o velho, Pedro de Ataíde e Cristovão Colombo, entre 28 e 31 de Agosto, encontram-se com D. Afonso V,  em Lagos, vindos de Ceuta. Foi então decidido que estes e outros corsários ficassem na costa algarvia a fazer guerra aos espanhóis.

Rui de Pina na Crónica de D. Afonso V ((cap. CXCIV), afirma que poucos dias depois deste encontro dos corsários com D. Afonso V, estes atacaram quatro navios genoveses e um flamengo que saiam do porto de Cádiz. Cristovão Colombo participa nesta acção corsária e acaba por naufragar (18). Pedro de Ataíde, que seguia na nau Lopiana, e que morreu nesta batalha. Confirma a origem dos navios assaltados, e assim como a alcunha do comandante dos atacantes - "Cullam famoso cossairo Francês."

A versão tradicional aponta para que batalha tenha ocorrido entre 7 e 13 de Agosto,  mas tudo aponta para que tenha sido em principio de Setembro de 1476.

D. Afonso V, na sua viagem para França, faz escala em Ceuta, tendo chegado a Collioure (Rousilhão), a 16 de Setembro de 1476, onde era aguardado por um capitão enviado por Luis XI.

Colombo, o velho, assim como Cristovão Colombo, depois do brutal ataque contra os navios genoveses regressam a Lisboa, em Outubro de 1476, para se rearmarem para novos ataques aos castelhanos e aragoneses, sem descurarem as ricas presas que eram os navios genoveses e venezianos.

Em Fevereiro de 1477, com nove navios já estava à espera no Cabo de S. Vicente da passagem de navios venezianos. Em 1478 este corsário, identificado como francês, continuava ao serviço de Portugal numa acção de defesa da sua costa. Neste ano os espanhóis sofrem um duro golpe no mar, perdendo a batalha das Canárias e da Guiné (6).

4. A Versão de Alfonso de Palencia, Diego de Valera e Jerónimo Zurita

O cerco de Ceuta, em 1476, realizado por castelhanos, aragoneses e mouros, em que todos foram derrotados pelos portugueses, apoiados por corsários como  Pedro de Ataíde, Cristovão Colombo e Colombo, o velho tinha que ser omitido (27).

Na impossibilidade de reconhecerem estes factos Alfonso Fernandez de Palencia (28) e Mosén Diego de Valera (29) trataram de lançar a confusão, inventado uma outra história dos acontecimentos. Ambos omitem a participação conjunta de castelhanos, aragoneses e mouros (muçulmanos) no cerco de Ceuta.

4.1. Alfonso Fernandez de Palencia

Palencia escreveu uma completa história de Colombo (Colón) ao serviço de Portugal (30).

Palencia e Valera afirmam, por exemplo, que os mouros cercaram sozinhos Ceuta, em Maio de 1476. Palencia diz que eram 20.000 entre "maometanos e tunisinos" tendo morrido mais de 5.000. Acrescenta um pormenor curioso: os andaluzes ficaram apiedados do portugueses e lavaram-lhes comida... (Livro XXVI, cap. IX).

Depois do cerco dos mouros, ainda segundo Palencia,  seguiu-se o cerco do Duque de Medina Sidónia, a 7 de Agosto, com cerca 5.000 andaluzes (Livro XXVII, cap.V), mas rapidamente começam a ser exterminados pelos portugueses..

Colombo, segundo Palencia, chega nesta altura ao Lagos (Algarve) com D. Afonso V, que havia trazido do Porto. Uma vez chegado aqui resolve vingar-se do que os galegos lhe haviam feito em Ribadeo (fins de Junho), ao destruírem-lhe um navio, e obrigando-o a refugiar-se em Portugal (Livro XXVII, cap.IV).

Ao comando de 13 navios, a maioria dos quais portugueses, no dia 7 de Agosto, interpela os 3 navios genoveses, 1 galera grande e 1 navio flamengo (Pesquerio) que saiam do porto de Cádiz com destino à Inglaterra. Palencia, afirma que os genoveses traziam a bordo experimentados marinheiros, pois conheciam o ódio que este lhes tinha.

Os genoveses informam-no que tinham uma firme aliança com a França, uma questão que este se mostra indiferente (Livro XXVII, cap.V). Colombo, com a galera portuguesa "Real" atacam três navios genoveses. A outra galera portuguesa "Lope Yañez" ataca outro navio. Uma terceira lança o arpão à urca flamenga. A batalha durou 10 horas. Perderam-se 7 navios: 4 portugueses e de Colon, 1 genovês e 1 flamengo.

Palencia afirma que morreram todos os genoveses e alemães, com excepção de 150 que se salvaram a nado  foram recolhidos por caravelas portuguesas. O balanço dos atacantes igualmente foi trágico: morreram 500 nobres portugueses, devido ao peso das armaduras, para além de 2.000 franceses e portugueses nas chamas.

Colombo perante este massacre que abalou a nobreza portuguesa, lamenta-se da aliança que havia feito com os portugueses: " El malvado Colón, arrancádose los cabellos, mesándose la hirsuta barba, entre aullidos, llantos y lamentaciones mujeriles, maldecía la desdichada alianza portuguesa, causa de la terrible derrota".

D. Afonso V perante esta derrota, temendo que a mesma pudesse dar animo aos castelhanos e aragoneses que cercavam Ceuta, com os navios que lhe restavam, acompanhado de Colombo segue para Ceuta, obrigado as forças do Duque de Medina Sidónia a fugirem (Livro XXIV, cap.VI). Colombo levou o rei até França, tendo-se retirado para a costa portuguesa, onde lançou novos ataques aos galegos. Em 1477, estava em Harfleur (Normandia) tendo D. Afonso V ponderado a hipótese de regressar a Portugal a partir deste porto francês (Livro XXX, cap. X).

Palencia, numa verdadeira acção de propaganda, lança a confusão sobre o corsário Colombo "francês". Baralha datas, confunde factos de modo a mostrar que Colombo desde 1470 era o principal almirante ao serviço de D. Afonso V. O seu objectivo era denegrir a importância da armada portuguesa e dos seus almirantes.

4.2. Mosén Diego de Valera

Durante a guerra com Portugal (1475-1479) fez questão de afirmar a Isabel, rainha de Castela que tinha armado duas caravelas, e que mandara o seu filho - Charles de Valera - atacar uma nau portuguesa (Borralha) que vinha carregada com mercadorias de Itália (Milão), e pouco depois enviou-o à Guiné para roubar ouro e escravos (Carta XX) (30).

Como Alfonso de Palencia foi um grande inimigo de Enrique IV. Era defensor de uma concepção imperial de Espanha. Neste sentido, procurou em tudo o que escreveu menorizar Portugal e o portugueses.

Na carta que escreveu a Fernando de Aragão (carta VII), diz que três carracas genovesas, uma urca (flamenga?) e uma galé genovesa, que haviam saído de Cádiz a 10 de Agosto de 1476, foram atacadas no dia 12 no cabo de Santa Maria.  A frota que as atacou, era constituída por 30 grandes navios franceses e portugueses, contando com mais de 5.000 combatentes. Saiu de Lisboa com o objectivo de arrasar as costas da Andaluzia. Durante a noite os franceses resolveram deitar fogo aos navios aferrados. Da tripulação dos oitos navios envolvidos na batalha  salvaram-se apenas 50 pessoas.  Morreram cerca de 5.000 pessoas, a maior parte portugueses. Os navios das forças atacantes e que haviam escapado, durante dois meses não puderam fazer-se ao mar (carta IX).

Na resposta, Fernando de Aragão começa por enquadrar a batalha de 1476 num confronto entre Colon e os portugueses contra os "ginoveses" (Carta VIII), mas pouco adianta sobre o assunto.

Diego Valera baralha datas, omite factos de modo a mostrar a superioridade dos "espanhóis" sobre o portugueses. 

4.3 Jerónimo Zurita y Castro

Zurita (1512 -1580), embora seja um historiador muito tardio em relação aos acontecimentos, foi uma das principais fontes de informação sobre Colombo.

Sobre o corsário Colombo omite os factos mais incómodos. Diz-nos que em fins de Junho de 1476 fez um novo cerco a Fuenterrabia (Vizcaia, Biscaia), defendida pelo capitão português Estevão Gago (Esteban Gago) (32), o grande herói para Zurita. Colombo em Bermeo (Vizcaia) foi apanhado por uma tormenta, tendo perdido a nau capitana. Dirigiu-se depois para as costas da Galiza, tendo aqui atacado Ribadeo, onde perdeu grande parte da tripulação. Com os navios que lhe restavam dirigiu-se para a cidade do Porto, onde o esperava D. Afonso V, para que o levasse até França.

A frota de Colombo que saiu de Lisboa, segundo Zurita, era composta por 12 naus e 5 caravelas. Levava 1200 soldados, a maioria dos quais se destinavam às guarnições de  Tanger, Arzila e Alcácer Ceguer. A bordo seguiam também 470 cavalos. Chegaram a França a 1 de Setembro de 1476.

As fontes de Zurita são mais variadas, nomeadamente portuguesas, por isso é mais comedido no que escreve. Nada diz sobre o cerco de Ceuta, ou a batalha de 1476 entre Colombo e os genoveses (33). Apenas refere, como vimos, a batalha de 1485, um assunto mais pacífico para o genoveses.

5. A Versão de Colombo

Colombo no fragmento de uma carta que escreveu ao rei Fernando de Aragão (Textos, p.530), parece evocar a farsa do naufrágio ocorrido em 1476. 

Não refere origem dos navios atacados, nem as vítimas, mas o milagre de ter chegado a Portugal onde o rei (D. Afonso V ou D João II) era o mais empenhado e entendido de todos a descobrir.

"Fui (a ) aportar a Portugal, adonde el Rey de allí entendía en el descubrir más que otro".

Afirma que de forma paradoxal, que antes de 1476 já estava em Portugal, pois levou 14 anos (5) a tentar convencer os reis de Portugal (D. Afonso V e D. João II) a apoiarem a sua expedição para Ocidente, mas foi um esforço em vão, porque os mesmos tinham os sentidos bloqueados. 

" Et le atojó la vista, oído y todos los sentidos, que en catorze anos no le pude hazer entender lo que yo dix".

Colombo afirma, desta forma, que "chegou" a Portugal antes de 1470, mas sem precisar a data

Este facto revela que Las Casas e Hernando Colon, não apenas procuraram confundir os leitores sobre a batalha em que esteve envolvido, mas também tentaram confundi-los sobre a questão de se saber quando é que o mesmo chegou a Portugal. 

O ano de 1470 coincide com o início da sua actividade como corsário ao serviço de Portugal, uma data que não podia esconder, pois consta em documentos oficiais, como acima demos conta. Las Casas e Hernando Colon, pelo contrário, deliberadamente procuraram ocultar este facto.

6. Portugal e os Corsários.

Em termos oficiais D. Afonso V não tinha dúvidas em admitir que Portugal tinha corsários.

D. João II nega semelhante prática em Portugal, afirmando ao rei de França: "Nunca os marinheiros portugueses conheceram que cousa era a rapina nem pilhagem, nem executarem nunca com infames latrocínios o ofício de piratas" (4).  

Trata-se como é obvio de uma completa mentira, cuja finalidade é acusar a França de viver do assalto de navios, nomeadamente dos portugueses. 

Os corsários portugueses, seguindo as instruções reais, ocultavam a sua identidade, adoptando nomes e identidades falsas, uma prática seguida também por Cristovão Colombo ( nome de guerra?).

d) "Cristoforo Colombo", corsário

Cristovão Colombo começou a sua vida no mar como corsário à semelhança de muitos nobres portugueses da sua época. Mais

Era genovês ? Português ? Ninguém tem a certeza, apenas sabemos que andou com outros corsários que estavam ao serviço do rei de Portugal, atacou navios genoveses, venezianos, florentinos, castelhanos, aragoneses e flamengos.

Terá iniciado a sua actividade como corsário, por volta de 1470, na companhia de um corsário alcunhado "Cullan" (Pedro João Coulão, Colom), que a senhoria de Veneza, identifica como um "corsário português". Quatro anos depois, recorde-se, Veneza apelou a D. Afonso V para o controlar.

Com este corsário, em 1476, participa na libertação da cidade de Ceuta, cercada  pelos mouros, auxiliados pelos castelhanos. Andou então envolvido na guerra contra os castelhanos e aragoneses sustentada  por D. Afonso V. Reúne-se com este rei, em Lagos, antes do mesmo partir para França. Mais

Pouco depois do encontro com D. Afonso V, em Agosto de 1476, participa no célebre ataque contra quatro navios genoveses e um flamengo, no qual foram mortos 800 genoveses. Depois desta batalha, onde morre o corsário Pedro de Ataíde, vem para Lisboa, com Colombo, o velho (Pedro João Coulão).

Prossegue a sua actividade de corsário ao serviço do rei de Portugal e da Casa dos Duques de Beja-Viseu.

A sua última referência como corsário conhecida data de 1485. Neste ano, Veneza sustentou que um "famoso corsário"  - "Cristoforo Colombo" - ao largo do cabo de S. Vicente lhe aprisionara duas galeras, uma de conserva. O embaixador que foi enviado ao rei de Portugal apontou-lhe a responsabilidade por mais este ataque.

1. Ataques de Colombo Contra Italianos (2)

Entre 1469 e 1485, um ou mais corsários com o nome de Colombo (9 ), andaram a atacar com especial dedicação navios italianos. 

Alguns Ataques dos Corsários "Colombo" contra navios italianos 

1469-1485 

Ano

Origem do Navio

Saqueado

Descrição do Ataque
1469 Veneza 3 navios pilhados no Canal da Mancha (15/3).
Veneza Navios pilhados ao largo da costa portuguesa (23/10-17/12)
1470 Veneza 1 navio pilhado ao largo da costa da Galiza. Colombo é identificado como português (19/7) pelos venezianos. 
1471 Génova 1 nau de mercadorias de Di Negro é pilhada (16/11).
1472/3 Génova Corsário ao serviço de Renato, Duque de Anjou (1409-1480), inimigo de Génova. Terá andado a pilhar as costas do Reino de Aragão (a).
1473 Veneza Navios atacados (7/11)
  Florença 1 navio de Lourenço Medicis é apresado (Out./Nov.)
1474 Génova Navios atacados (21/1)  
Veneza Navios atacados.O senado de Veneza pede a D. Afonso V para controlar "Columbum pyratam". (12/5) 
? 7 navios italianos são apresados ao largo de Vivero, na Galiza. (1/10).
1475 Génova 1 navio genovês, outro do papa e 18 outros não identificados.
 

1476

Génova 4 navios apresados e cerca de 800 genoveses são mortos ao largo do Cabo de S. Vicente/Algarve (Setembro 1476). Foi atacado  também 1 navio da Flandres. Nesta batalha morreu o célebre capitão português - Pedro Ataíde, o "Corsário" ou o "Inferno", parente de Colombo. 
1485 Veneza Dois saques de navios, em diferentes ocasiões. No último, o corsário é claramente identificado como "Cristoforo Colombo". 

A listagem é muito incompleta e não tem em conta acções punitivas e de pilhagem contra esquadras castelhanas e aragonesas, onde se incluíam navios também italianos.

2. Controlo do reino de Aragão (Catalunha, Valência e Maiorca).

Portugal, como é sabido, empenhou-se na ascensão ao trono de Aragão, em 1464, do condestável e mestre da Ordem de Aviz -D. Pedro de Coimbra.

D. Pedro levou consigo para a Catalunha um importante grupo de experimentados corsários.

Após a sua morte (1466), muitos portugueses ficaram na Catalunha para apoiarem a causa de Renato d`Anjou (12) como candidato ao trono da Aragão, em oposição a Juan II de Aragão (1398-1479) e ao seu filho Fernando.

O apoio a Renato de Anjou, decorria também do facto da sua filha Marguerite d'Anjou ser rainha consorte de Inglaterra, através do seu casamento com Henrique VI (1445). Acontece que a mesma chefiava a facção de Lencaster, a cuja casa estava ligada a dinastia real de Portugal.

2.1. Ataques de Colombo contra castelhanos e aragoneses (2 )

Entre 1468 e 1485, um ou mais corsários com a alcunha Colombo atacaram sem descanso castelhanos, galegos e aragoneses.

Cristovão Colombo afirma andou ao serviço de Renato d`Anjou. Numa carta datada de 1495, trata-o significativamente por  "Rei Reinel", o que nos leva a depreender que este serviço terá ocorrido entre Julho de 1466 e Outubro de 1472 (34).

- 1471 e 1º. Semestre de 1472. Colombo, afirma com orgulho que o "Rei" Renato d`Anjou, o enviou a Tunes para capturar a galera aragonesa - Fernandina, tendo ardilosamente enganado a própria tripulação do navio que comandava (34).  O facto de tratar Renato d`Anjou por Rei revela a sua ligação à causa deste Conde de Provença  (1434-1480), mas sobretudo o ódio que tinha a Fernando de Aragão contra o qual combatera.

 "Ami acaeció que el Rey Reynel (Renato de Anjou), que Dios tiene, me envió á Tunez para prender la galaeza Fernandina..." (Colon, Textos, p. 285, Carta a los Reys, La Espanõla, Janeiro de 1495; Las Casas, Hist. das Indias, Livro I, cap.III; Hernando Colón, ob.cit. cap.IV).

- Setembro de 1473. Colombo terá participado na destruição da frota aragonesa (as galeras do conde de Prades e Cardona ), sob o comando do almirante Guillaume de Casenove Coulon, que Luis XI havia enviado para Marselha para ajudar René d`Anjou. Foi no seu regresso ao porto de de Honfleur que destruiu da frota catalã ao largo de Alacant (Alicante)  (35). Terá sido então que Colombo regressou a Portugal. Hernando Colon, afirma que o seu pai andou no corso vários anos com Casenove Coulon.

2.2. Ataques de Corsários Portugueses

Na mesma altura que Colombo apoia Renato Anjou, outros corsários portugueses atacam sem descanso a Catalunha e a Andaluzia.

- Pedro João Coulão, por exemplo, entre 1470 e 1473 fez pelo menos 4 expedições pagas por D.Afonso V, uma delas às Canárias, numa altura que Portugal disputava a sua posse aos castelhanos.

O Juan II, rei de Aragão, a 20 de Junho de 1472, queixa-se que muitos corsários portugueses andavam a atacar navios comerciais aragoneses provocando enormes danos: "... molts portuguesos navegants per la mar sens alguna justa causa han presos e levats navilis de vassalls nostres e donats grans dans" (14). 

Nestas acções, os corsários portugueses actuam juntamente com os franceses. Os portos de Marselha e Génova serviram, neste contexto, como uma base para atacar as costas da Catalunha e Valência.

2.3. Domínio do trono de Castela

D. Afonso V, desde 1464, que está envolvido numa estratégia de conquista do trono de Castela, nomeadamente através do casamento com Joana, "a beltraneja". Este estratégia que havia sido acordada com a França (3), acabou por conduzir D. Afonso V a um confronto com Isabel e Fernando. A guerra entre Portugal e Castela acabou por ocorrer entre 1475-1479.

- 1475 (fins), apresa 7 navios comerciais bascos no cabo de S. Vicente (p.81). Luta contra uma armada basca no porto da Corunha (p.81).

Os ataques redobraram de intensidade, entre 1476 e 1479, durante a guerra entre Portugal e Castela. A França tomou partido de Portugal, e nesse sentido Colombo passa a ser identificado quase sempre como corsário francês.

 - Junho de 1476, ajudou a levantar o cerco que espanhóis e mouros estavam a fazer à cidade de Ceuta (portuguesa). Participava na altura na defesa do Estreito de Gibraltar e a costa sul de Portugal contra as investidas dos inimigos de Portugal. Neste mês, atacou Ribadeo na Galiza, onde sofreu muitas baixas (p.88 e 89)

- Julho de 1476, entrou no porto de Brest (Inglaterra) e massacrou as tripulações de 4 navios espanhóis (p.88)

 - 28/31  de Agosto de 1476 encontrou-se com D. Afonso V que seguia a caminho de França. Dias depois ao largo do cabo de S. Vicente são assaltados quatro navios genoveses e um da Flandres (Setembro ?)..   

- Setembro de 1476, Fernando de Aragão, temendo um ataque de Colombo à Andaluzia, manda aparelhar uma esquadra e transfere outra para a região (idem, p.91), A 10 de Outubro, dá ordens à armada de Ladron de Guevara em Baiona (Galiza), para atacar "Colom, capitão francês". (p,92), o que resulta num fracasso. 

- A 27 de Outubro de 1476, estava em Lisboa com sete navios (p.94).Em Dezembro continuava nesta cidade, onde terá conversado com alguns dos genoveses que sobreviveram à batalha de Agosto ao largo de S. Vicente (p.94).

Em 1478, Colombo e outros portugueses, atacam três navios castelhanos que haviam saído de Sanlúcar de Barrameda. Nesta altura a França havia já deixado de apoiar Portugal (p.96), o que mostra claramente que a identificação de Colombo, o velho como francês é mais outro embuste.

Recorde-se que neste ano, Bartolomeu Dias andava no Corso no Mediterrâneo. Em Julho,  D. João II, prescindiu do quinto das presas, porque este navegador pagara uma elevada soma para resgatar um português escravizado em Génova. 

Os seus ataques contra Castela e Aragão "terminam" quando é estabelecido o Tratado de Alcáçovas (1479), mas continua a atacar navios italianos. Um facto que demonstra o ódio que nutria para com os italianos. 

Apesar de algumas destas acções puderem corresponderem a corsários diferentes, todos eles usavam a alcunha de "Colombo" (9) e estavam inequivocamente ao serviço do rei de Portugal. 

Lisboa, Lagos e Odemira (Vila Nova de Mil Fontes) eram três dos seus principais portos de abrigo.

Ceuta, à entrada do Mediterrâneo era desde 1415, a principal base para as actividades dos piratas e corsários portugueses neste mar. Mais

Colombo e os Corsários

A documentação italiana sobre Colombo e os corsários aponta para conclusões surpreendentes:

Colombo só andou com corsários que estavam ao serviço do rei de Portugal ou que participavam em expedições de defesa dos interesses.

Entre 1469 e 1485 especializou-se a atacar navios italianos e espanhóis no Mediterrâneo, costas de Portugal e da Andaluzia. Entre 1475 e 1479 andou na guerra naval contra os reis católicos, na defesa da causa de D. Afonso V.

O seu mestre no corso terá sido um (?) corsário dito "Colombo", o qual o terá inspirado na alcunha "Colom" que adoptou quando foi para Castela.   

A biografia italiana de Colombo, na maior parte dos casos não passa de histórias inventadas aproveitando acontecimentos reais, nos quais se procurou estabelecer uma ligação de Colombo com Portugal, onde efectivamente se encontram as suas raízes..

 1 ) 

Carlos Fontes

 

Notas:

(1 ) Barros, Amândio Morais - O Porto contra os corsários ( A Expedição de 1469), in Revista da Faculdade de Letras, História, III Serie. Vol.I, 2000, pp.11-27.

(2 )Pedrosa, Fernando - Cristovão Colombo. Corsário em Portugal. 1469-1485. Lisboa. 1989. Academia da Marinha. Este autor sistematizou as referências documentais da actividade de colombo como corsário, indicando as referidas fontes documentais.

(3) Gomes, Saul António - D. Afonso V (1432-1481). Lisboa. 2009. Temas e Debates. pp.277 e segs.

(4) D. João II : Carta para o Rei de França, in Cartas aos Grandes do Mundo. Coimbra. Imprensa da Universidade. 1934. p.24-27.

(5 ) Se tivermos em conta que em 1484 fugiu para Castela, a data do inicio destes trabalhos só pode ser em 1470.

(6) Hernando Pulgar, Crónica parte 2, cap. 88 . Os portugueses aprisionaram navios e fizeram muitos de prisioneiros que trouxeram para Lisboa, mas sobretudo ficaram com um rico saque que lhes permitiu relançarem a guerra.

(7) Em França, D. Afonso V, rapidamente percebeu que Luis XI estava apenas interessado em dominar Carlos, o Temerário, Duque da Borgonha, que acabou por ser morte enquanto o rei português estava em França.

(8) O passado corsário de Cristovão Colombo foi aceite sem grandes problemas morais até ao século XIX, quando começou a ser ocultado. Entre os primeiros que voltaram a recolocar a questão, destaca-se A. Salvagnini.

( 9) Columbum, Coulão, Collom, Collam, Culam...

(10) Desta família o primeiro a ter este cargo foi João Rodrigues de Vasconcelos Ribeiro, senhor de Figueiro e Pedrógão, casado com Branca da Silva, filha de Rui Gomes da Silva, alcaide-mor de Campo Maior e Ouguela e de Isabel de Meneses.Foi capitão governador de Ceuta entre 1464 e 1475.

Sucedeu-lhe no mesmo cargo o seu filho Rui Mendes de Vasconcelos Ribeiro (1475-1481), casado com Isabel Galvão, irmão de Duarte Galvão e do arcebispo de Braga João Galvão. Rui Mendes regressou a Portugal, em 1481, recebendo pouco depois de D. João II a alcaidaria de Penamacor que fora de Pedro de Albuquerque.

A forma como Rui Mendes combateu as forças do rei Fernando de Aragão coligadas com as do Rei de Fez, passaram a constituir um dos grandes feitos desta família:

- António Pereira Marramaque, senhor de Basto. Subsídios para o estudo da sua vida e da sua obra, António Dias Miguel, in, Arquivo do Centro Cultural Português. XV. Sep. FCG. Paris. 1980.

- Le Latim et L`Astrolabe, Jean Aubin. vol. I. Paris. 1996.p. 15

- Sumario de la Família Ilustrissima de Vasconcelos, Historiada, Y com elogios, João Salgado de Araújo, Madrid. 1638.

11) Gil, Juan - Introdução aos Textos y Documentos Completos de Cristóbal Colón, p. 13 a 79. Alianza Editorial.

(12)  Renato de Anjou (1409-1480), conde de Anjou, Conde de Provença (1434-1480), Duque de Bar (1430-1480), duque de Lorena (1431-1453), rei de Nápoles (1438-1480),  Rei de Aragão (1466-1472) e titular de Jerusalém (1438-1480).

Entre 1466 e 1469 delegou o trono no seu filho - João, Duque de Lorena -, mas quando este faleceu continuou a lutar pelo trono de Aragão até 1472, quando a Catalunha reconheceu João II de Aragão.

(13) Oliveira Marques, afirma que os dois cercos ocorreram em anos diferentes:

O primeiro cerco teria sido, em 1475, envolvendo uma coligação entre castelhanos-aragoneses e o rei de Fez (muçulmano) (p.322). O segundo cerco ocorreu, em 1476 (p.322). cfr. Nova História da Expansão - A Expansão Quatrocentista. Editorial Estampa. 1998.

(14) L. Adão da Fonseca, Navegación y corso en el Mediterraneo Occidental a mediados el siglo XV, Pamplona. 1978.pp. 102-104.

(15) Rosa, Coelho (Colombo Português. Lisboa. Ésquilo. 2009) refere também a ligação de Bissipat ao célebre Mapa de Waldseemuller, pois o mesmo foi feito em Saint-Die, França, onde o Grande Provost era Louis de Dommartin.  

(16) Vários historiadores portugueses resolveram o problema dos vários corsários que usaram a alcunha Colombo, identificam-nos a todos como "Colombo, o Velho". Três exemplos:

- Armando da Silva Saturnino Monteiro, Batalhas e Combates da marinha Portuguesa, 1139-1975. Sá da Costa. Lisboa. 2009. 2ª. edição corrigida e aumentada. Vol 1. Nesta obra afirma que D. Afonso V, em Agosto de 1476, se encontrou com o "corsário genovês Colombo, o velho" (p.116). Cristovão Colombo era seu parente, e com o qual andou a navegar desde muito novo (p.111). 

- Quirino da Fonseca, Os Portugueses no Mar, baseado em Rui de Pina, refere as circunstâncias da morte de Pedro de Ataíde, na batalha de Agosto de 1476 (p.119).

- Maria Bello, A Costa dos Tesouros. Esta altura cita os dois autores anteriores, sem qualquer comentário crítico.

Desta forma a confusão dos "colombos" foi instalada na historiografia em Portugal.

(17) Entre os que confundiram Casenove com Colomb, o velho, destaca-se Charles de la Roncière.

(18) O célebre naufrágio de Cristovão Colombo é provável que seja mais uma invenção de Hernando Colón - Las Casas para justificar a sua  vinda para Lisboa, na companhia de Colombo, o velho, depois da matança e saque que fizeram aos genoveses e flamengos.

(19) Rosa, Manuel da Silva - Colombo Português. Esquilo. p.154

(20) Louis de Dommarti  era filho de Ferdinand de Neufchatel (1452-1522), senhor de Montaigu, e de Margarida de Castro. Era portanto, neto de D. Fernando de Castro, 1º senhor do Paul do Boquilobo, Governador da casa do Infante D. Henrique e pai do Conde de Monsanto e tio da 2ª Duquesa de Bragança -.D. Joana de Castro, casada com D. Fernando I, 2º duque de Bragança.

21) Colombo, o velho era francês? Não sabemos, mas tudo leva a crer que andou ao serviço do rei de França. Fernando Pedrosa, sistematizou estas referências:

- 1469: A 18 de Maio, Veneza apela ao rei de França, contra um "columbo vice-almirante. Veneza, na Carta de 8 de Setembro, afirma-se que "Colombo, era um homem do mar do rei de França e estava à espera de navios venezianos no canal de Inglaterra. Veneza, aa carta de 23 de Outubro e 17 de Dezembro, continua a afirmar-se que era francês, e que tinha atacado oito navios venezianos ao longo da costa portuguesa. Portugal, a 8 de Outubro, diz-se que "Collon" ou "Collam" era um corsário francês.

- 1470: Na chancelaria da Câmara de Lisboa, a 1 de Janeiro, diz-se "Culam francês corsário". D. Afonso V, escreve que "Culam" era francês.  A 19 de Julho, o senado de Veneza, identifica-o como português. Colombo passa a estar ao serviço de Portugal sendo identificado nos documentos de recebimento como Pedro João Cullão".

- 1471: a 4 de Outubro, o senado de Veneza, manda um embaixador a França pedir um salvo conduto para evitar ataques do "Colombo Corsário". A 16 de Novembro, Veneza, diz que Colombo navega ao serviço do rei de França, mas não diz que era vice-almirante.

-1473: a 7 de Novembro, Veneza identifica-o como Colombo homem do rei de França.

-1474: A 21 de Janeiro, a senhoria de Génova, pede ao duque de Milão, para interceder junto do rei de França contra o corsário Colombo. A 12 de Maio, Veneza apela a D. Afonso V para providenciar contra o "colombo pirata" (Columbum pyratam). A 1 de Outubro, o rei de Napoles, identifica Colombo como súbdito do rei de França.

-1475: Em fins de 1475, uma ordem do rei de França, escreve: "Jehan Coullon, notre visaadmiral". O nome de Colombo era portanto João (Pedro João Coulão ou Colombo), e não Guillaume. O Arquivo do Estado de Florença, em 1475, identifica-se como corsário do rei de França. O cronista Alonso de Palêncio afirma que Colombo estava ao serviço do rei de França e de Portugal. Os reis católicos, a 16 de Fevereiro, escrevem que "Colón cosairo, natural del reino de Francia".

-1476: O cronista Rui de Pina identifica-o como "Cullam famoso cossairo Francês". Cristovão Rodrigues Acenheiro como "Culão cosairo".

Não é possível dizer com segurança se Pedro João Colombo era ou não francês. A única coisa que sabemos é que andou muitos anos ao serviço do rei de França, mas também do rei e Portugal. Poderia ser português? A senhoria de Veneza em 1470 identifica-o como tal. 

(22) Isabel de Castela e Fernando de Aragão ao longo a fronteira de Portugal, sobretudo no Alentejo, mandam realizar várias incursões militares e de saque. Entre as dezenas de povoações tomadas ou atacadas destaca-se Ouguela, Noudar, Alegrete, Alcoutim, Segura, etc. Cfr. Moreno, Humberto Baquero - A Contenda entre D. Afonso V e os reis católicos: incursões castelhanas no solo português de 1475-1478.Academia Portuguesa da História.  Sep. dos Anais. II Série. Vol. 25. LIsboa. 1979

(23) Jerónimo de Mascarenhas - Historia de la Ciudad de Ceuta. Sus Sucessos Militares, y Politicos; memoria de sus santos u prelados, y Elogios de sus capitanes generales. Escrita em 1648. Edição da Academia das Ciências de L3sboa. Coimbra. 1918. p.249

(24) Cohen, Rica Amran - Apuntes sobre los conversos asentados en Gibraltar, in, En La España Medieval, nº. 12- 1989. Universidade Complutense. Madrid. Esta investigadora afirma que a expulsão ocorreu em fins de Julho de 1476 (p.250).  

(25) O Duque de Medina Sidónia a troco de enormes somas de dinheiro permitiu, em 1474, a instalação em Gibraltar dos conversos que fugiam da Inquisição e dos movimentos anti-judaicos que grassavam por Córdova e Sevilha.. Ao todo fixaram-se em Gibraltar um total de 4.350 cordobeses e sevilhanos. Pedro de Córdova ou Pedro de Herrera, era o seu chefe dos converso, assumindo a missão de financiar a defesa deste ponto estratégico.

Muitos destes conversos pensavam passar de Gibraltar para uma praça-forte portuguesa, como Ceuta ou  Arzila, onde desfrutavam de grande liberdade.

Os sevilhanos conversos não tardaram perceber o engodo em que caíram e fugiram, preferindo regressar à sua cidade natal. Os cordobeses ficaram, mas em 1476 foram obrigados a participar no cerco de Ceuta, terminando roubados e expulsos pelo Duque.

(26) O Duque de Medina Sidónia foi acusado pelos castelhanos de tomar o partido de Portugal, acusando os rei católicos de pretenderem afastar os nobres andaluzes da administração (cfr. Alonso de Palencia, Crónica de Enrique IV, III 45 ).

O Duque de Medina Sidónia, assumindo uma posição dúbia ataca sem êxito a fronteira de Portugal. Monta um cerco a Tanger, mas os espanhóis acabam por serem atacados pelos mouros e socorridos pelos portugueses...  

(27) Os cronistas e historiadores espanhóis mais recentes têm omitido este cerco, no qual se aliaram aos muçulmanos para atacarem Ceuta, a primeira e única cidade que os cristãos no século XV tinham em África. Alguns exemplos desta omissão:

- Pedro de Medina, Crónica de los Duques de Medina Sidonia. 1561. Cópia de Martin Fernandez Navarrete. Existe cópia na BNP.

- José Marquez do Prado - Recuerdos de África. Historia de la Plaza de Ceuta, describiendo los sitios que ha sofrido en distintos epocas por las huestes del imperio de marrocos. Madrid. 1859

(28) Alfonso Fernandez de Palencia - Crónica de Enrique IV, tradução de A. Paz y Melia; Crónica da Guerra de Granada: Lib. V

(29) As mais importantes referências à batalha de 1476 de Mosén Diego de Valera, estão nas suas cartas: "Epistolas Mosén Diego de Varela enbíadas en diversos tiempos e a diversas personas". Sociedad de Bibliofilos Españoles. Madrid. 1878. Cartas: VII, VIII,IX e X.

Na sua obra - Crónica de lo Reys Católicos - , uma cópia de Alfonso de Palencia, continua a deturpar os factos, numa verdadeira guerra propagandísta.

(30) Palencia afirma que Colombo (Colón) era natural da Gasconha. Muito cedo veio atacar nas costas de Portugal, tendo sido combatido por D. Afonso V ( Estes factos estão documentados em Portugal em relação a 1469). Quando Luis XI fez as pazes com D. Afonso V, Colombo foi mandado para Portugal, estabelecendo a sua base em Lisboa.

Em Lisboa, não tardou a atacar aprisionar 7 navios da Viscaia, junto ao Cabo de S. Vicente, vendendo a sua carga na Inglaterra (Hampton). Este facto conduziu, segundo Palencia, à guerra entre a França e Castela.

Uma coisa é segura: Colombo nunca deixou de andar ao serviço de D. Afonso V, atacando navios de aliados de França.

(32) Jerónimo Zurita - Anales de Aragón. Livro XIX . cap. XL. Ver também, os capitulos 50 51; Livro XX: cap.12 e 64.

(33) As referências à identidade de Colombo são muito lacónica, seguindo os cronistas portugueses. A "Historia del Rey Don Fernando el católico: de las empresas y ligas de italia", possui o maior número de referências a este navegador:. Livro I, cap. 13.: era genovês, e descobriu "las islas del oceano ocidental que llamaron Indias"; Cap. 25; Cap. 29, refere aqui a prisão de dois marinheiros portugueses que vinham com Colombo; Livro III, cap. 16, menciona o facto de ser estrangeiro, de ser odiado em Espanha e de se queixar dos reis espanhóis estarem a desviar-se diz que as explorações marítimas, envolvendo-se nas guerras de África (1498); Livro IV: cap. 54,  Colombo foi enviado para poente para se encontrar com os portugueses... em Meca !; Livro VII cap. 41, regista a morte de Colombo em maio (1506), na cidade de Valladolid.

Zurita, nesta obra, deixa passar a ideia que Colombo actuava sozinho, nunca referindo sequer os seus irmãos.

(34) Francesc Albardaner i Llorens- Columbus, Corsair, and the Pinzón brothers, Pirates, in the Mediterranean before 1492, in, The Northern Mariner/le marin du nord, XXI No. 3, (July 2011), 263-278. Um texto fundamental sobre esta questão.

(35) Um aviso da Confederação das Cidades Catalãs, datado de 3/10/1473, dá conta que um corsário "Colom", com sete navios, perseguiu e afundou várias galés do conde de Prades (Arxiu Històric Municipal de Barcelona, Consolat de Mar, Llibre de Deliberacions, 1-I,I-2, pp.19r-19v.). A fotografia do aviso foi publicada por Francesc Albardaner i Llorens.

 

Carlos Fontes

Continuação:

6. Corsário especializado em navios italianos

7. Colombo no Mediterrâneo

8. Português do Seu Tempo 9.  Cavaleiro de Santiago? 

10. Segredos de Estado 11. Navegador Experiente

12. As Indias de Colombo

13. Ameaça Permanente  14. Espionagem 15. Missão Espanhola 

16. Nobre em Fuga  17. Lugares em Espanha 18. Descobridores e Conquistadores 

19. Castelhanos 

20. Portugueses em Espanha.  21. Apoio de Judeus

22. Negociante Oportuno de Miragens

23. A Bandeira de Colombo  24.  Nomes de Terras

25. Regresso da primeira viagem 26. Significado de um reencontro

27. Partilha do Mundo

28.Defensor de Portugueses  29. Patriotismo

30. Mentiroso e Desleal  31. Regresso da segunda viagem 32. Manobrador 

33. Assassino de Espanhóis

34. Impacto da Viagem de Vasco da Gama 35. Perseguido 36. Ocultação

37.  Armadilha Genovesa  38 Mercadores-Negreiros Italianos  39.  Genoveses a Bordo 

40. Descendentes de Colombo 41. Descendentes (cont. ) 42. Descendentes (concl.)

43. Historiadores Portugueses. 44. Lugares do Navegador em Portugal

45. Cronologia da Vida de Colombo

 

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As Provas do Colombo Português

As Provas de Colombo Espanhol

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Carlos Fontes

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