Carlos Fontes

 

 

  

Cristovão Colombo, português ?

 

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As Provas do Colombo Português 

29. Patriotismo

 

a) D. João II, o principe perfeito

1. Amizade ou Inimizade ?

Rui de Pina e Garcia de Resende esforçaram-se por mostrar que as relações entre Colombo e D. João II eram as piores possíveis.

O rei sentiu-se de algum modo traído quando este chegou a Lisboa vindo das Indias (América), que alguns dos seus conselheiros mostraram-se mesmo dispostos a matá-lo. Esta versão de animosidade foi repetida por Hernando Colon (I, 74), cuja obra, como vimos, foi publicada em Itália.

Las Casas e o próprio Colombo apresentam uma versão contrária destas relações. 

Recepção entusiástica

Colombo foi recebido em Lisboa de forma entusiástica."Todos davam infinitissimas graças a nosso senhor por tanto bem e acrescentamento da cristandade" (Diário de Bordo, 7/3/1493).

Em Vale do Paraíso, D.João II, mostrou-se igualmente agradado com as suas descobertas, embora lhe disse-se que pensava que as ilhas que descobrira eram suas de acordo com o Tratado de Alcaçovas-Toledo (1480). Colombo apresentou as reis espanhóis cálculos completamente errados, mas o rei português foi capaz de imediato de os identificar.  O rei, na descrição do Memorial de la Mejorada (1497), mostrou-se espantado com o número de ilhas e riquezas que Colombo afirma ter descoberto (p.334), mais uma vez não se deixando enganar. 

No entanto, disse-se-lhe graciosamente ("graçiosamente") que o assunto ser resolvido entre ele e os reis espanhóis, e não através de terceiros (idem, 9/3/1493). As atenções para com Colombo foram constantes, ao ponto de no dia 11 de Março, quando se despediu do rei ter escrito que este lhe mostrou sempre muito amor ("mucho amor").O Almirante afirma ter recebido em Portugal muitas honras e favores (idem, 9/3/1493).

O rei mandou pelos seus "fazedores" que dessem tudo o que Colombo e tripulação necessitasse, sem dinheiro e se fizesse tudo conforme este quisesse (Idem, 8/3/1493). Quando este partiu de Vale do Paraíso, mandou dar-lhe uma mula se o mesmo quisesse fazer o trajecto por terra para Espanha, tendo também presenteado o piloto que levava consigo.

Em Santo António da Castanheira, a Rainha Dona Leonor, D.Manuel (Duque de Beja) e o Duque de Vila Real, fizeram questão de também o receberem de forma igualmente entusiástica, num encontro que durou um dia. 

2. Uma Longa Amizade

Colombo, ao contrário do que procuraram mostrar os cronistas portugueses, afirma que tinha uma longa amizade com D. João II, o que parece demonstrado pelos factos.

Muitas Conversas

Afirma que durante 14 anos tentou convencer D. João II a atingir a India navegando para Ocidente (Textos, p.530). Não se tratou de uma conversa, mas de muitas ao longo de muito anos.

Se tivermos em conta que Colombo foi para Castela, em 1485, as conversas terão começado por volta de 1471. Uma data que não corresponde à que a maioria dos historiadores apontam (1480).

As conversas começaram, portanto, quando o principe e futuro rei D.João, ainda não havia assumido a direcção dos assuntos da Guiné, a investigação dos mares, terras, gentes e coisas que nelas existiam. Esta transferência de poderes ocorreu a 3/5/1474, quando D. João completou 19 anos de idade. Os navegadores portugueses na altura já haviam chegado ao cabo de Santa Catarina, pouco a sul do Equador.

Ensinamentos reais

Ao longo dos anos D. João II não se limitou a conversar com Colombo, procurou entusiasmá-lo a prosseguir o seu projecto de atingir a India (Asia), navegando para ocidente. Conforme afirma nos seus escritos:

Permitiu-lhe o acesso à correspondência trocada com Toscanelli. Colombo transcreveu uma carta de Toscanelli, datada de 25/6/1474, dirigida a Fernando Martins, cónego da Sé de Lisboa (2). Tratava-se de um pedido de D.Afonso V, mais correctamente do principe D. João, sobre a possibilidade de atingir a Ásia navegando para Ocidente. 

Autorizou-o a participar na expedição luso-dinamarquesa, em 1477, à Gronelândia, mas também a fazer várias viagens à Guiné e a S. Jorge da Mina (1481).

O próprio rei, segundo afirma José Manuel Garcia, mostrou-lhe as canas vindas de terras a Ocidente haviam chegado à Ilha da Madeira e a do Faial nos Açores, e que estavam expostas na Igreja de Carnide, em Lisboa. D. João II, em Junho de 1483, deslocou-se propositadamente a Lisboa, para ter nesta Igreja, na presença destas canas, ter mais uma conversa com Colombo sobre estas terras a ocidente (3).

Nestas longas conversas, o rei, disse-lhe inclusive, que sabia da existência de um continente a oeste no Hemisfério Sul, o actual Brasil. O que foi "confirmado" por Colombo em 1498.

D. João II foi ao ponto de discutir com Colombo, em 1485, os resultados das medições da altura do sol feitas na Guiné pelo mestre José Vizinho.

Mesmo sabendo que Colombo, andava desde 1485 a convencer os reis espanhóis a aceitarem o projecto que ambos discutiram durante 14 anos, o rei continuou a tratá-lo como "especial amigo", permitindo, em 1488, que viesse a Portugal em segurança para assistir, em Dezembro, na cidade ducal de Beja (12) à apresentação dos resultados da viagem de Bartolomeu Dias. Colombo assistiu, junto a D. João II, à apresentação dos cálculos efectuados por este navegador (11).

 Bartolomeu de las Casas afirma que o irmão de Colombo, terá também participado nesta viagem ao cabo da Boa Esperança.

Por tudo isto, não admira que D. João II tenha ficado especialmente contente com a viagem de Colombo a Cipango (Japão), em 1492/93, recebendo-o com enorme alegria em Vale do Paraíso. Trata-se de um quadro muito distinto daquele que os cronistas, como Rui de Pina -Garcia de Resende procuraram apresentar.

Corsário do rei

A documentação existente em Portugal e em Veneza mostra que entre 1470 e 1485, por diversas vezes Colombo andou ao serviço dos reis de Portugal, nomeadamente atacando barcos genoveses e venezianos. Mais

Mestre de Santiago

Filipa Moniz de Perestrelo, esposa de Colombo, era comendadeira no Convento de Santos da Ordem de Santiago. A sua saída do convento para se casar só foi possível porque D. João II, então mestre desta Ordem Militar, o permitiu. Um facto que a maioria dos historiadores omite.

A verdade é que D. João II, em Março de 1493, faz questão de se deslocar a Vale do Paraiso (Aveiras), para se encontrar com Colombo. O local era tudo menos desprovido de significado para as comendadeiras do Convento de Santos, as quais tinham aqui a sua principal fonte de rendimentos.

3. Especial Amigo de Sevilha

Colombo foi para Espanha, mas manteve-se em contacto com D. João II. Não conhecemos as cartas que enviou ao rei, mas possuímos uma que este lhe enviou, datada de 20 de Março de 1488 . Foi encontrada em Espanha no inicio do século XIX, onde ainda hoje se conserva. A carta foi escrita e assinada pelo próprio rei, algo que levantou durante algum tempo o problema da sua autenticidade (4).

O rei trata-o por "Especial Amigo", um tratamento impensável entre um rei e alguém que não lhe fosse próximo. 

Começa por assinalar a "boa vontade" e "afeiçam" que ele revela para com a sua pessoa, mostrada pelo serviço que lhe fez. A carta não diz que serviço Colombo fez ao rei em Castela. O que andava ele a fazer ? A convencer os reis espanhóis.

O rei mostra-se particularmente agradecido, reconhecendo que "a vossa industria e bõo engenho" lhe seriam muito úteis.

A carta revela que Colombo tinha pendente um problema com a justiça em Portugal. Apesar de saber disto, o rei autoriza-o a regressar, dando-lhe um salvo-conduto. Qual seria o problema ? 

Hernando Colon, afirma que Colombo fugiu à pressa de Portugal, logo após uma conspiração contra D. João II. Estaria envolvido nesta conspiração ? Tudo leva a crer que de algum modo terá participado  nesta conspiração, pois em Sevilha vivia entre exilados portugueses.

A situação seria certamente muito grave, pois Colombo ao longo da vida afirma que se viu obrigado a deixar "mulher e filhos". Uma coisa sabemos: Colombo regressou a Castela, e a sua mulher -Filipa Moniz Perestrelo - permaneceu no Convento de Santos.

A carta foi escrita em Avis, sede de Ordem militar de Aviz, cuja cruz verde Colombo fez questão de erguer quando aportou à América. 

   

4. "Pescarias"

Uma das principais preocupações de D. João II era afastar os castelhanos da região das "pescarias entre o Cabo do Bojador e o Rio do Ouro", por onde passava o caminho marítimo para India. Conseguiu que lhes fosse vedado o acesso através do Tratado de Alcaçovas-Toledo (1479-1480), mas os andaluzes acabaram por exigir o acesso a esta região. De novo D. João II conseguiu que uma nova proibição constasse no Tratado de Tordesilhas (1494).

Colombo, em sintonia com D. João II, em Outubro de 1495, escreve aos reis espanhóis dizendo-lhes que havia encontrado nas Indias, uma alternativa para as pescarias do Bojador-Rio do Ouro. Desta foma retirava qualquer sentido às pretensões dos andaluzes, afastando-os do caminho português para a India.

 

5. "Paraíso Terreal"

Na sua terceira viagem, em 1498,depois de ter visitado a Madeira, as Canárias e Cabo Verde, resolve dirigir-se para a linha do equador, para então seguir para Ocidente. 

Las Casas, afirma claramente que a sua razão era apenas uma: "quire ver cuál era la intención del rey don Juan de Portogal, que dezía que al austro (a sul) avia tierra firme (um continente); y, por esto dize que tuvo differencia con los reyes de Castilla, y, en fin, dize que concluyó que el rey de Portogal oviese trizientas y setenta leguas de las islas de los Açores y cabo verde, al ueste, de norte a sur de polo a polo;" (textos,p.388). 

Colombo confirma que D. João II sabia que existia um continente a Ocidente, "cosas y tierras famosas", razão pela qual reservou para Portugal 370 milhas a Ocidente do Açores e Cabo Verde no Tratado de Tordesilhas, de modo  ficar com uma parte das mesmas. Foi para o encontrar este continente que o rei sabia existir a sudoeste que, em 1498, com a permissão de D.Manuel I se dirigiu nessa direcção. 

No paralelo de 5 graus norte, em linha com a Ilha dos Idolos/Serra Leoa, dirigiu-se para Ocidente, como D. João II lhe havia dito, e descobriu a Ilha da Trindade e ali perto os bocas da serpente (boca de la sierpe) e do dragão (boca del dragón), na Venezuela, as entradas do "Paraíso Torreal" (13). Imaginou que o mesmo se situava numa elevação, conforme os teologos cristãos haviam previsto. Deste facto, concluiu que a terra, ao contrário do que se acreditava, não seria esférica, mas parecia-se como uma pera.

Esta espantosa descoberta que, em 1502, comunicou ao próprio papa, foi-lhe desta forma indicada pelo próprio rei de Portugal.

A preocupação de Colombo com a localização do Paraíso, eram partilhada pelos navegadores portugueses. Na Crónica do Descobrimento e Conquista da Guiné, de Azurara (1410-1474), Alvaro de Freitas declara-se disposto a seguir o seu capitão nos descobrimentos até ao Paraíso Terreal. 

Descobertas

Colombo refere vários reis da cristandade, mas o ÚNICO a quem faz rasgados elogios é a D. João II. Numa comparação que faz com os reis espanhóis, nomeadamente Fernando de Aragão, apresenta o rei português como exemplo para toda a cristandade, cumpridor da palavra dada e dos compromissos assumidos. O rei espanhol é apontado como uma pessoa de má fé, em quem não se podia confiar. Estas considerações são transmitidas ao arcebispo de Sevilha.

D. João II era, nas suas palavras, o ÚNICO que entendia de descobrimentos entre todos os principes (Textos, p.530). Nos seus apontamentos, mostra-nos um rei a discutir com os cosmógrafos e navegadores da corte em 1485 e 1488. Afirma que esteve presente nestas discussões.   

Compara também D.João II com D.Manuel I, e mais um vez o primeiro é digno de todos os elogios, o segundo é criticado por não cumprir os compromissos acordados no Tratado de Tordesilhas..

6. Plano Secreto

A sua relação com o rei português, que o tratava por "especial amigo", é tudo menos circunstancial. Colombo afirma claramente que existia algo mais entre eles.

Há uma frase perfeitamente enigmática sobre D.João II, que indicia um plano. Ao lamentar a morte do rei, ocorrida em 1496, afirma que a mesma impediu o monarca de realizar a sua obra, isto é, o seu plano.  ("añide más que luego sucedió la muerte del rey don juan, antes que pudiese aquello poner en obra...") (9). 

Las Casas que copiou o texto de Colombo censurou deliberadamente as suas últimas palavras impedindo que fosse revelado o plano do rei.  

 

b) D. Manuel I

A relação de Colombo com D.Manuel, irmão do Duque de Viseu-Beja e Mestre da Ordem de Cristo, assassinado em 1484, não perece ter sido pacífica.

Após o seu regresso das Indias, em Março de 1493, fez questão de se encontrar, no Convento de Santo António da Castanheira, com a irmã de ambos - Dona Leonor, rainha de Portugal. No seu Diário de Bordo, assinala que D.Manuel (então Duque de Beja e já mestre da Ordem de Cristo) estava também presente,na companhia do Marques de Vila Real.

Colombo esteve no Monasterio de La Mejorada, durante o verão de 1497, sendo-lhe atribuida a autoria de um conhecido memorando onde critica ferozmente D.Manuel I, por não estar a cumprir o acordo entre D. João II e os reis espanhóis: Não  navegar para poente, nem enviar uma esquadra para a India contornando África. Não é seguro que o texto seja da sua autoria. O tom das suas duras críticas não se coadunam com o que, na mesma altura, escrevia sobre Portugal. 

No ano seguinte, Colombo ter-se-á encontrado com D.Manuel I, quando este foi jurado e Toledo, herdeiro do trono de Castela e Leão. A rota que seguiu na sua terceira viagem às Indias só foi possível porque D. Manuel I a autorizou, pois a mesma violava de forma clamorosa o estabelecido no Tratado de Tordesilhas.

As críticas a D.Manuel I parecem decorrer do facto deste ter abandonado o "Plano"que ele afirma que D. João II possuía, e que a sua morte (por envenenamento) em 1495 o impediu de concretizar.

  

C) Imagem de Portugal

Lendo os escritos de Colombo, como o Diário de Bordo, cartas e outros documentos percebe-se claramente porque a sua identidade continua a ser um mistério, se se continuar a afirmar que era italiano. Ele não se cansa elogiar Portugal e os seus reis

A Itália nada significava para ele, como está bem patente nos seus escritos onde são raras e inócuas as referências que lhe faz. A Espanha, identificada com Castela e Leão, é reduzida a uma terra de ingratos e gente apenas preocupada com o saque das Indias. 

As suas observações e reflexões apresenta-nos um visão muito interessante de Portugal no final do século XV. 

O facto de viver fora de Portugal permitiu-lhe um olhar distanciado sobre as "descobertas" e a sociedade portuguesa, a partir de um confronto com a forma como a Espanha conduzia a exploração das Indias.

"O Grande Coração dos Principes de Portugal"

"Nem falar do presente dos reis de Portugal, que tiveram coração para suster a Guiné e descobrir  dela, e que gastaram tanto ouro e tanta gente que, quem, contasse toda a do reino, acharia que outra como a metade morreram na Guiné, e porém a continuarem até que lhes saiu dele o que aparece; o qual tudo começaram há muito tempo, e só há pouco tempo lhes dá recompensa" ( 1 ).  

"(...) grande coração tem os princípes de Portugal, que há tanto tempo prosseguem a empresa da Guiné e continuam aquela de África, aonde gastaram metade da gente do reino, e agora está o rei mais determinado a isso que nunca"( 2 )

A política expansionista de Portugal, prosseguida de forma sistemática em África desde 1415, não foi fruto de um impulso momentâneo. Foi uma missão  assumida pelos vários reis ao longo dos tempos de séculos.

A conquista da Guiné é o melhor exemplo desta obra colectiva. Em 1446 que Alvaro Fernandes chegou a norte da actual Guiné-Bissau, mas dezenas de anos depois ainda os portugueses lutavam pela sua sua posse contra todas as potências do tempo.

A mortandade nestas explorações era elevadissima. Metade da população portuguesa, segundo Colombo, teria perecido nas mesmas. Os demografos estão de acordo num ponto: ao longo de todo o século XV a população portuguesa não aumentou, tendo diminuido inclusive nas décadas de 80 e 90. O número apontado por Colombo é certamente exagerado, mas traduz bem a sangria que as descobertas e conquistas provocaram na população. Ele próprio foi testemunha destes factos, quando afirma que navegou muitas vezes entre Lisboa e a Guiné, deixando-nos um retrato impressionante não apenas da Guine, mas também da Serra Leoa e Cabo Verde.

As suas afirmações mostram a estreita ligação entre as explorações marítimas e a Corte Portuguesa, sendo as mesmas conduzidas pelos próprios reis como "coisa" de principes para sua Honra e Glória, na qual estavam envolvidos pelo "coração". 

A Memória do Futuro

"( ... ) seria grandissima grandeza canalizar algum dinheiro em Espanha para gastar nesta empresa (as Indias). Que nenhuma coisa deixarão Vossas Altezas (os reis de Espanha) de maior memória". ( 3 ).

Colombo critica os principes espanhóis, pois estavam confinados à Peninsula Ibérica e nunca haviam dela saído. Mostra-lhes o exemplo dos gregos e dos romanos e dos portugueses seus continuadores, os únicos europeus que depois da Antiguidade se aventuraram a descobrir mundo fazendo obra de "principes".   

Se  os "principes" de Portugal estavam empenhados em dilatarem o conhecimento, como os gregos e os romanos, como "cristãos" estavam decidos a difundirem a fé cristã não olhando a sacrificios para o fazerem.

Os lucros desta empresa não se podiam reduzir a aspectos puramente materiais, mas tinham uma outra dimensão: a memória que um monarca e um povo deixa de si mesmo para o futuro.

Espírito de Cruzada

"Os quais (reis de Portugal) também ousaram conquistar em África e suster a empresa de Ceuta, Tanger e Arzila e Alcazer, e de continuamente dar guerra aos mouros, e tudo isto com grande gasto, só para fazer coisa de príncipe e servir a Deus e acrescentar seu senhorio" ( 4 ).

Colombo faz aqui uma história das conquista portuguesas do norte de Africa: Ceuta, conquistada em 1415; Tanger, em 1437 e Arzila em 1471. Alcácer Ceguer, conquista em 1458 foi colocada em último lugar. Na verdade depois da conquista de Arzila, esta praça forte perdeu grande parte da sua importância estratégica. Noutra passagem dos seus textos menciona a fortaleza de Arguim, construída em 1449, para indicar que a partir daí os portugueses entraram na África Negra e na terra mais queimada. Noutras passagens refere a fortaleza-feitoria de S. Jorge da Mina, cuja construção foi iniciada em 1482, e onde afirma ter estado.

Esta conquistas, como aponta tinham um objectivo: dilatar a fé cristã.

A lógica a que presidia às descobertas dos portugueses não era o mero saque, como praticaram em larga escala os espanhóis nas Indias, mas tratava-se de um investimento a longo prazo em obras abençoadas por Deus. 

Colombo retoma neste ponto um dos mitos centrais de Portugal dos séculos XV e XVI, o célebre "Milagre de Ourique", segundo o qual o país fora criado para cumprir uma missão divina - a difusão do cristianismo, a civilização ocidental.  

 

d ) Ao Serviço do Rei

Desde 1469 servia como corsário os reis de Portugal, tendo atacado navios castelhanos, aragoneses, genoveses, venezianos e outros, mas ao que se sabe nenhum navio português. 

 A narrativa de Las Casas e de Hernando Colón, sobre o seu alegado "naufrágio", em 1476,  na costa portuguesa quando andava a atacar navios italianos, omitem propositadamente o facto dos corsários estarem ao serviço de Portugal na guerra contra Castela e Leão. Esta revelação era incómoda para a Espanha e a família de Colombo no século XVI.

Outros factos são apenas referidos de forma vaga e descontextualizada com idênticos motivos. Colombo, por exemplo, afirma que foi à Guiné diversas vezes. Trata-se de uma região da costa africana que Portugal proibira, em 1474, o comércio a barcos estrangeiros sem a sua autorização. A exclusividade implicava uma guerra continua contra todos os intrusos. 

O que andaria a fazer nestas viagens ? No tráfico de escravos (resgate) ? A proteger o transporte de ouro ? Ou a combater as incursões de barcos italianos e espanhóis ?  Estamos em crer que esta foi a sua actividade.

É muito provável que em 1478, tenha participado no ataque contra 35 navios espanhóis e italianos que partiram de Sevilha e outros portos com destino à Mina do Ouro, actual Gana. A região era controlada por Portugal. A matança foi enorme tendo os portugueses aprisionado todos os navios espanhóis e ficado com o ouro e outros bens que traziam ( 5 ).  Os italianos que financiaram esta expedição ficaram arruinados. Foi provavelmente esta batalha que serviu de inspiração à narrativa de Las Casas e Hernando Colón. 

No ano seguinte foi firmado o Tratado de Alcaçovas. A Espanha concordava que Portugal ficasse com o monopólio do comércio nestas regiões de África, cancelando as licenças atribuídas aos italianos.

A última acção de "cristoforo colombo corsaro" (Cristovão Colombo corsário) ao serviço de Portugal, ocorreu em 1485, quando ao largo do Cabo de São Vicente atacou e aprisionou 2 galeras venezianas. Esta republica italiana mandou um embaixador a Portugal para tentar reavê-las através do rei. 

e )  Estratega. 

Após a chegada da sua 1ª. Viagem à "India" (América), Colombo dá sugestões aos reis espanhóis interferindo directamente nos Tratados entre Portugal e a Espanha, que conduziram ao Tratado de Tordesilhas (1494).

Em 1493 sugere à Rainha Isabel de Espanha que faça um novo Tratado de divisão do Mundo com Portugal, propondo uma linha de demarcação de 100 léguas a oeste dos Açores. Esta linha meridiana atribuía a posse do Brasil a Portugal, impossibilitando os espanhóis de navegarem para sul atingindo a India por via marítima. 

Um dos factos mais importantes deste Tratado é o dele confinar a partilha do mundo a apenas dois reinos - Portugal e Espanha-, excluindo todos os restantes, nomeadamente qualquer republica italiana.

 

f ) Portugal: Pátria de Afeição ?

A única terra que Colombo assumiu como sua foi Portugal. 

Em 1493, numa carta aos reis espanhóis, escrevia: "Agora, serenísimos príncipes, acuerde V. Al. que yo dexé muger y hijos y vine de mi Tierra a les servir, adonde gasté lo que yo tenía y gaste siete años de tiempo y recebí mill aprovios con disfama y çofri muiltas neçesidades" (Textos, p.233). Portugal é de forma explicita e inequivoca identificado como a sua terra. A Espanha, como a terra que se mudou e onde durante sete (1485-1492) anos procurou convencer os seus reis a realizar a sua expedição.

Em 1502 (?), volta a reafirmar mesma ideia: "Señores: ya son XVII años que yo vine a servir estos Princípes con la impresa de las Indias" (...) "y desé mujer y fijos, que jamás vi por ello." (Textos, 438).

É natural que tendo vivido tantos anos em Portugal, pelo menos 14 anos (1470-1484), tivesse assumido este país como a sua pátria. O próprio casamento com uma comendadeira da Ordem de Santiago, não apenas carecia de autorização do próprio rei, mas terá implicado a sua naturalização. 

Estes factos poderão justificar a sua afeição a Portugal, mas só por si, não esclarecem a questão da sua origem.

g) Fidelidade

Durante anos andou a entreter os espanhóis nas Antilhas, saltando de ilha para ilha, sem nunca mostrar a intenção de procurar a "Terra Firma", o continente americano. Apenas em 1498 resolve dar-lhes a conhecer o continente americano. As razões desta decisão são reveladoras da sua enorme fidelidade a Portugal:

1. Havia um ano que Vasco da Gama partira para a verdadeira India, numa rota que os portugueses já conheciam. Só realiza a viagem quando calcula que estes estão a regressar. 

2. O facto mais relevante é todavia outro. O rei D. Manuel II no dia 24 de Abril de 1498,em Toledo, foi jurado legítimo herdeiro do trono de Leão e Castela. Uma cerimónia a que Colombo terá assistido e jurado fidelidade a este rei. 

A  3 de Maio deste ano, quando partiu para sua 3ª. viagem, estava naturalmente convencido que as terras que viesse a descobrir seriam para um rei português e nunca para um rei espanhol.

É neste sentido que se dirige para a Ilha da Madeira, onde é recebido triunfalmente e depois para Cabo Verde, avançou para sul e após chegar ao paralelo da Serra Leoa (9º N ), avançando para Ocidente, atingindo pela primeira vez o continente americano. 

3. A região a que aportou no continente americano - Ilha da Trinidad (10,5 º N), situava-se em pleno domínio espanhol segundo o Tratado de Tordesilhas. A distância é considerável em relação ao meridiano representado no Planisfério dito de Cantino (1500-1502). A precisão como atingiu este local, revela que Colombo recebeu dos portugueses a latitude a que devia navegar para chegar onde chegou.

4. Colombo na Relação da Terceira Viagem faz questão de afirmar que D. João II já conhecia este continente, e que iria confirmar o que este lhe dissera. Apesar de tudo, conforme sempre afirmou, não pretendia navegar nos domínios de Portugal.  

5. Quando foi informado que a esposa de D. Manuel I havia falecido e este não ficaria com o trono de Espanha, demorou o mais pode a prestar a informação das novas descobertas aos reis espanhóis. Foi de novo acusado de traição. Após saber que os espanhóis aproveitarem a informação para realizarem expedições à sua revelia, inicia uma brutal perseguição dos mesmos que conduziu à sua prisão e dos seus irmãos (1500).. 

É extraordinária a coincidência de datas e acontecimentos, o que revela a forma coordenada como toda a sua missão foi cumprida. 

Preocupação

Colombo manifesta num grau extremo a preocupação em nunca invadir os domínios de Portugal. Nos seus escritos refere este facto várias vezes.

h ) Prova de Confiança

Há muitas coisas que os historiadores não conseguem explicar no comportamento de Colombo, pela simples razão não colocarem a hipótese do mesmo ser português.

1. Traição de Ojeda. Em fins de 1499 Alonso Ojeda faz uma expedição à revelia de Colombo às Indias. Este jamais o perdoa, acusando-o de traição, roubo, desobediência, etc. A análise dos inquéritos que mandou realizar a Ojeda, em Março de 1500, revelam que estava preocupado com duas coisas:

a ) Saber se este teria vendido pólvora aos mouros de Safim (6). Porquê esta questão ? A explicação é simples: Safim era um protectorado português no norte de África, cujo posse levantava para Espanha grandes desconfianças devido à sua proximidade das Ilhas Canárias. Acontece que ele estava preocupado com a segurança dos portugueses nestas praças africanas.

b) As consequências para Portugal destas explorações espanholas. D. Manuel ao ser informado das mesmas tratou logo de apressar o "achamento" do Brasil, o que aconteceu poucos meses depois. 

Estas viagens de Hojeda foram vistas como uma traição imperdoável, o que não acontecerá meses depois com outra traição muito mais grave, a de Américo Vespúcio.

2. Traição de Vespucio. Em 1499 Vaspucio saiu de Espanha e veio para Lisboa, onde durante 5 anos terá andado, segundo próprio, ao serviço do rei de Portugal. Ainda segundo o próprio terá participado em duas das viagens ao Novo Mundo (América), expedições comandadas por Gonçalo Coelho em 1501 e 1503 respectivamente. Estas expedições confirmaram a existência de um novo continente e exploraram secretamente os domínios de Espanha, em particular os que a sul ficavam dentro dos limites do Tratado de Tordesilhas. 

O conhecimento mais preciso deste vasto território levam D. Manuel I a desenvolver, várias estratégias para o seu domínio, nomeadamente obrigado a que as naus que vinham da India aportassem ao Brasil, criando capitanias e realizando expedições sistemáticas ao novo continente, etc.     

Vespucio tenha ou não realizado estas viagens secretas, a verdade é que a partir de Lisboa enviou cartas para Itália e Alemanha onde afirma que as fez a mando e ao serviço de D. Manuel I (8), comunicando os resultados do que vira, os quais confirmavam internacionalmente os domínios de Portugal sobre o novo continente, tanto a sul (Brasil), como a norte (Canadá). Fez também uma coisa que agradou a Colombo: em 1503 publica uma carta em latim onde D. Manuel I é apresentado como o descobridor do Novo Mundo .

Capa da versão alemã de Mundus Novus, de Américo Vespúcio. O Rei D.Manuel I é apresentado como o descobridor do Novo Mundo.

Era de esperar que Vespúcio fosse considerado por Colombo um traidor, mas aconteceu justamente o contrário. Em 1505 recebeu-o em Espanha de braços abertos, e passou a considerá-lo como uma pessoa de total confiança, ao ponto de o recomendar ao seu filho Diego Colon (português) e combinar com ele uma estratégia para enganar a Corte Espanhola sobre as Indias (  7  ).

A principal razão para semelhante mudança de atitude era simples: Vespúcio alegadamente andara a servir o rei de Portugal e por isso merecia a sua confiança ((consultar ). Colombo segue este mesmo padrão em relação a outros italianos: para negócios apenas confia naqueles que tinham vindo para Espanha de Portugal ou aí continuavam a ter negócios (consultar).

Poder-se-á ainda apresentar outra justificação. Em fins de 1495, o negreiro italiano para quem Vespúcio trabalhava em Sevilha - Juanoto Berardi -, nomeou-o seu executor testamentário. Colombo havia-lhe pedido emprestado ao mesmo, mas nunca lhe pagou. Berardi morreu poucos meses depois. Vespúcio, em vez de exigir o pagamento da dividas, em Fevereiro de 1496, deu-as por incobráveis, deixando na miséria a família do italiano. 

Uma das pessoas a quem chegou a informação de Vespúcio foi o cartógrafo Martin Waldseemuller (c. 1470 – c. 1521/1522), o qual em 1507 realiza o célebre mapa do mundo onde aparece pela primeira vez a palavra América, justamente sobre o território brasileiro.

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Pormenor do mapa de Martin Waldseemuller, 1507. A primeira vez que foi escrita a palavra América para designar o novo continente, a mesma é situada no Brasil, tendo ao lado sobre o mar uma caravela com a bandeira das cinco quinas (símbolos portugueses ).  

 

Neste mapa, sobre o continente americano, surgem várias bandeiras de Portugal: uma ao lado da palavra América no Brasil, outra sobre o Rio da Prata (Argentina) e outra mais a norte sobre a Terra Nova (Canadá)

O cartógrafo ainda que de modo imperfeito, na marcação dos domínios de Portugal teve a preocupação em respeitar a linha do Tratado de Tordesilhas.  

As costas atlânticas da América do Sul estão todas cartografas até perto do Cabo Horn, na fronteira entre a Argentina e o Chile. Estas informações são todas resultado das expedições portuguesas. 

Outro facto muito interessante deste mapa é que o mesmo, não possui qualquer elemento novo sobre os domínios espanhóis. A informação que Vespúcio sabia sobre os mesmo foi obtida, nas expedições que alegadamente realizou ao seu serviço em 1497 e 1499. 

i ) Defesa das Praças Portuguesas em África

A situação das praças portuguesas no Norte de África era uma questão que o preocupava. Temos conhecimento de duas das suas intervenções a favor das mesmas. Entre 1498 e 1500 perseguiu os espanhóis suspeitava de terem vendido arma aos mouros para as atacarem. Em 1502 chegou ao ponto de adiar uma expedição às Indias para os socorrer quando estavam cercados por mouros em Arzila. Faz questão de afirmar que queria ser o primeiro a socorrê-los. Mais

j ) Historiador dos Descobrimentos Portugueses

A missão de Colombo implicava ter que mentir aos reis de Espanha e fê-lo como ninguém, no entanto sempre foi dizendo que antes dele já os portugueses haviam feito as suas "descobertas" e aprendera com eles tudo o sabia. 

É verdadeira impressionante a quantidade e dimensão das notas que deixou sobre as descobertas e expedições portuguesas antes e depois de 1492, nomeadamente à América.

1. Historiou, como vimos, as conquistas e descobertas portuguesas em África, para além do Cabo da Boa Esperança. Em 1497, afirmava que D.Manuel I já havia enviado naus para o Indico contornando este continente.

2. Descreveu como nenhum cronista o fez no seu tempo, as expedições portuguesas para Ocidente, não apenas para sul (Brasil), mas também para as Caraíbas e para norte (EUA, Canadá). Mais

Fez inclusive uma recolha de vestígios locais da presença dos portugueses no Novo Mundo, do qual nos deixou testemunho. As suas notas eram tantas que o seu filho Hernando Colón e Las Casas foram obrigados a inclui-las na sua biografia.

Mais do que afirmar que havia descoberto o Novo Mundo (América), fez questão de realçar que o havia dado aos reis espanhóis. 

 

L ) Segredos de Família

Sem puderem revelar a sua verdadeira identidade, Colombo, o seu filho Diego Colon e irmãos deram provas mais do que suficientes que eram portugueses, embora nunca o pudessem afirmar, pois seriam acusados de traidores :  

1. Embora tenha vivido em Espanha entre 1484 e 1506, Colombo nunca se naturalizou espanhol. Registe-se o facto dos únicos documentos oficiais espanhóis que mencionam a sua nacionalidade consta que o mesmo é "português" (1486) ou "Almirante de Portugal" (1492).

2. O filho de Colombo - Diego Colon -, sempre se assumiu como português, natural de Lisboa. A 16/10/1523 escolheu para administrar os seus assuntos por procuração, um frade português: Cristovão Moniz, superior no Convento dos Carmelistas no Carmo em Lisboa. Diego não confia nem em espanhóis, muito menos em italianos. 

A sua filha Isabel Colon retoma as ligações à Alta Nobreza Portuguesa casando-se com D. Jorge Alberto de Portugal y Melo, filho de um exilado português (D. Alvaro de Bragança) que fugiu em 1483 para Espanha.

Colombo nos últimos anos de vida, como veremos, nunca se cansou de insistir a este filho para que não se esquecesse das suas origens portuguesas.

3. Diego Colón, irmão de Colombo,  foi o único a naturalizar-se espanhol (1504), mas os documentos omitem a sua origem. Esta naturalização não foi bem aceite na família, razão pela qual quando faleceu (1515), nenhum dos seus familiares assistiu ao seu enterramento na Cartuxa de Sevilha. O único que assistiu à cerimónia foi Simão Verde, o florentino que saiu de Lisboa e se fixou em Gelves (Sevilha). 

4. Bartolomeu Colon, nunca se naturalizou espanhol.

Um caso único em Espanha e sem razão aparente. As relações deste país com Génova eram excelentes e nada impedia Colombo e os seus irmãos de afirmarem a sua nacionalidade. No caso de serem portugueses, a situação seria outra, pois seriam de imediato acusados de espiões. Diego Segura, como veremos, viu por esta razão os seus bens confiscados.  

A família de Colombo, apesar de todos os desvios, durante bastante tempo terá procurado manter-se fiel a Portugal. 

 

m) Diego Colon e a disputa das Ilhas Molucas

Diego Colón mostrou-se sempre fiel ao pedido do seu pai para que não esquecesse as suas origens. O facto mais importante não foi ter casado a sua filha - Isabel Colon -  com um descendente directa dos reis de Portugal, mas em ter interferido directamente a favor de Portugal, quando das negociações sobre a pertença da ilhas Molucas.

O seu irmão, Hernando Colón, revelava uma atitude muito dúbia sobre a questão, tendo em 1523 atacado abertamente os  interesses de Portugal. 

A resposta de Diego Colón desde início foi muito firme, impondo o seu afastamento do morgadio instituído pelo seu pai, a troco de uma apreciável quantia - 200.000 maravedis (Corunha, 12/5/1520). Hernando Colón persistiu na sua atitude em relação a Portugal, e este deixou de lhe pagar. A discórdia instalou-se entre os dois irmãos,  e o espanhol teve que apelar para a intervenção de Carlos V (Madrid, 3/3/1525), que se limitou a exigir o cumprimento do acordado.  

Diego Colon, em 1524,  combinado com a Condessa Lemos passa ao rei de Portugal, D. João III, as manuscritos Colombo com informações sobre os limites do Tratado das Tordesilhas e outras informações relevantes sobre as Ilhas Molucas. 

Só depois do rei português consultar esta documentação é que os mesmos foram entregues a Carlos V, na altura rei de Espanha. A fidelidade a Portugal continuava no clã familiar.  Mais

Estas foram apenas algumas das vezes que Colombo esteve em Portugal depois de 1484,  outras certamente terão ocorrido.

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Carlos Fontes..

  Notas

(1 ) a (4): Carta do almirante aos reis católicos enviada durante a 3ª. viagem.

(2) A transcrição da carta por Colombo cstá no fim do seu exemplar de Historia Rerum Ubique Gestarum de Pio II, que se encontra na biblioteca colombina, em Sevilla.

(3) Estas canas intrigaram também Martin Behaim, que passou a informação da sua existência a Jerónimo Munzer, que as foi ver na Igreja da Luz a 30/11/1494.

(4) O original da carta de D. João II para Colombo foi encontrado no Arquivo do Duque de Verágua, na colecção de documentos conhecidos por "Archivo de Colón", que foi comprado pelo estado espanhol em 5/3/1929, sendo transferido para o "Archivo General das Indias" de Sevilla.

A carta foi publicada pela primeira vez, com erros, em 1825, por Naverrete, em "Collección de viajes...., Tomo II, p. 5

A defeituosa tradução suscitou grandes dúvidas sobre a autenticidade da carta a muitos historiadores portugueses, como Luciano Cordeiro, Teixeira de Aragão, Brito Rebelo e outros. Análises posteriores do próprio documento e uma transcrição mais rigorosa afastaram as dúvidas, embora alguma continuem a subsistir nomeadamente a do carácter muito pessoal da carta.

( 5 ) Hernando del Pulgar, Crónica de los Señores Reyes Católicos Don Fernando y Doña Isabel de Castilla y de Aragón. 2ª. Parte, Cap. LXXXVIII; J. Cortesão, Os Descobrimentos Portugueses. Lisboa. 1981.

( 6 ) Consuelo Varela - Colombo. A Queda de Um Mito. Lisboa. 2007. pág.39-41.

( 7 ) Carta a Diego Colon, Sevilha, 5 de Fevereiro de 1505 .

( 8) Vespúcio, Américo - El Nuevo Mundo. Viajes y Documentos Completos. S/e. 1985. Madrid. edições Akal, SA.

(9)

(11) Colombo exagerou nas distâncias apresentadas por Bartolomeu Dias. Escreveu que o Cabo da Boa Esperança ficava a 45º sul e que se fizera uma viagem de 31.000 léguas (c.18.352 km). Estes dados estão conformes aos que constam no planisfério de Henricus Martellus, de 1489, mas são falsos. O valor real é de 34º. 21` sul e a distância a partir de Lisboa é de 11.000 km.

Neste ano, como dissemos, Bartolomeu Colón partiu para Inglaterra para vender o projecto de Colombo, transmitindo por toda a Europa a informação errada que se serviu Martellus. O objectivo era claramente mostrar que a distância a percorrer até à India, contornando África, era demasiado longa, comparativamente à que seria feita se a navegação fosse directamente para ocidente.

(12) José Manuel Garcia, D.João II vs. Colombo, pp.78-79

(13) A ideia do "paraíso terreal" está muito presente na expansão marítima portuguesa, apesar disso ainda suscitou poucos estudos. Consultar, entre outros: "O maravilhoso mundo "reencontrado" na expansão portuguesa", Ana Cristina Araújo, in, Estudos de Homenagem a João Enriques, Vol. I...

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Continuação:

 

30. Mentiroso e Desleal  31. Regresso da segunda viagem 32. Manobrador 

33. Assassino de Espanhóis

34. Impacto da Viagem de Vasco da Gama 35. Perseguido 36. Ocultação

37.  Armadilha Genovesa  38 Mercadores-Negreiros Italianos  39.  Genoveses a Bordo 

40. Descendentes de Colombo 41. Descendentes (cont. ) 42. Descendentes (concl.)

43. Historiadores Portugueses. 44. Lugares do Navegador em Portugal

45. Cronologia da Vida de Colombo

 

 

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As Provas de Colombo Italiano

As Provas de Colombo Espanhol

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  Carlos Fontes

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