Carlos Fontes

Cristovão Colombo, português ?

 

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As Provas do Colombo Português   

14. Espiões e Manobras Internacionais

Se as potências europeias tinham espiões em Portugal, para saberem os segredos das explorações marítimas, também este tinha uma rede de espiões e praticava uma política activa de desinformação.

 

A missão de Colombo, como veremos, até à assinatura do Tratado de Tordesilhas pelos espanhóis, em 1494, só foi possível derivado a este poderoso sistema de espionagem. 

 

A ) Infante D. Pedro, o pioneiro

 

O infante D. Pedro ( 1393-1449), Duque de Coimbra e regente de Portugal (1439-1449). A informação que recolheu entre 1418 e 1428, na sua viagem pela Europa, África e Ásia continua a alimentar inúmeras especulações. Para além de Espanha, esteve em França, na Hungria onde combateu os hussitas e recebeu o feudo de Treviso, em Inglaterra foi investido como cavaleiro na Ordem de Jarreteira, visitou a Flandres, Alemanha, Itália, Egipto, Chipre, Turquia, Dinamarca, Palestina e muitos outros lugares.

 

Não se tratou de uma simples viagem de ilustração ou de cariz religioso, por exemplo, para visitar a Terra Santa. O seu objectivo parece ter sido outro. O seu irmão - o Infante D. Henrique - ter-lhe-á pedido para recolher informações sobre o Oriente, as rotas comerciais, e que trouxesse mapas do mundo. Em Veneza, onde foi recebido com grande pompa, em 1427, ofereceram-lhe o livro de Marco Polo, mapas do oriente ou de proveniência oriental. Não é de excluir a hipótese esta investigação tenha partido do próprio Infante D. Pedro. Como sabemos, foi durante a sua regência (1439-1449) que os descobrimentos e a colonização das ilhas atlânticas tiveram um formidável impulso.

O capitão António Galvão (1490-1557), filho do cronista Duarte Galvão, em 1563, foi o primeiro a chamar a atenção para a importância de um mapa mundo que o infante D. Pedro trouxe das suas viagens (13).

"No ano de 1428, diz que foi o Infante Don Pedro a Inglaterra, França, Alemanha à Terra Santa, e a outras de aquela banda, tornou por Itália, esteve em Roma, e em Veneza, trouxe de lá um mapa do mundo que tinha todo o âmbito da terra, e o estreito do Magalhães se chamava "Cola do dragam" (cauda do dragão), o cabo da Boa Esperança, fronteira de África, e deste padrão se ajudara o infante Don Henrique em seu descobrimento.

 

"Francisco de Sousa Tavares me disse que no ano de 1528 o infante dom Fernando lhe mostrara um mapa que se achara no cartório de Alcobaça que havia mais de cento e vinte anos que era feito, o qual tinha toda a navegação da India, com o cabo da Boa Esperança, como as de agora. Se assim é isto, já em tempo passado era como agora, ou mais descoberto." António Galvão, Tratado dos Descobrimentos, Lisboa. 1563, p.18. (Edição electrónica da BNP).

 

A acreditar nesta história, por volta de 1408 já havia em Portugal um mapa do mundo com tudo aquilo que os portugueses vieram a descobrir. O infante D. Pedro trouxe, por sua vez, um outro mapa do mundo com novos elementos sobre a América e o Oriente (15). 

 

Muitos historiadores actuais, ao lerem estas afirmações, encontraram nas mesmas uma explicação para o conhecimento dos mares pelos portugueses (15), nomeadamente da América antes de 1492, das redes fluviais da América do Sul (16), e do próprio Oriente. 

 

Cristovão Colombo, que durante 14 anos andou a tentar convencer D. João II do seu projecto, teve igualmente acesso a estes mapas  em Portugal.

B) Infante D. Henrique, o organizador

A exploração sistemática que entre 1415 e 1460 o Infante D. Henrique, mestre da Ordem Militar de Cristo, organiza e promove, só podia ser mantida através de um eficaz sistema de informação. Uma das suas principais preocupações era localizar e estabelecer contactos com o Reino de Prestes João, com o qual pretendia fazer uma aliança para atacar os muçulmanos, entrando pelo Mar Vermelho e atacando Meca.

Em Itália, por exemplo, os seus agentes reuniam informações, livros e mapas do mundo, que regularmente lhe faziam chegar. O mapa encomendado a Fra Mauro, em 1457-1459 é disso uma exemplo. De Maiorca, mandou vir o mais notável cartógrafo e cosmógrafo desta ilha do Mediterrâneo.

 

Temos conhecimento que já em 1446, enviava os seus homens para espiar o Oriente e obter informações sobre a localização das terras do mítico "Prestes João" (19).

 

Zurara, na Crónica da Guiné, dá-nos conta que, em 1453, garamantes, tiópios e indios vieram a Portugal e receberam muitas mercês do Infante.

 

O papa Nicolau V reconhece este domínio da informação que os portugueses tinham haviam adquirido sobre o Oriente, quando em 1454, concede a D. Afonso V, a jurisdição espiritual das terras desde o cabo Não até à India. Seis meses depois, este rei concedeu, por sua vez, à Ordem de Cristo, governada pelo infante D. Henrique, a espiritualidade da Guiné, Núbia e Etiópia (20).

C ) D. João II, mestre de Espionagem

 

A ideia de chegar à India  por via marítima foi claramente enunciada em meados do século XV. A célebre bula Romanus Pontifex (8/1/1455) menciona o objectivo prosseguido pelo Infante D. Henrique: "navegar para as partes do sul e Oriente (...) até aos indios que, segundo se diz adoram o nome de Cristo" (10).  Que India era esta ? 

Provavelmente, como sustenta Vitorino Magalhães Godinho, trata-se apenas do Reino de Prestes João, situado algures a oriente do continente africano. Desde a antiguidade que persistia a tradição de fundir numa mesma denominação de "ìndias", o conjunto dos países ribeirinhos do Oceano Indico, compreendendo portanto, a India e a África Oriental ou  "Etiópia", onde se pensava existir um reino cristão.O objectivo estratégico do Infante, era comunicar com este reino cristão, a fim de encontrar para cercar pelo sul os reinos muçulmanos do Norte de África.

 

A noção que a India asiática era distinta das Indias africanas (Etiópia) só é verdadeiramente assumida em Portugal no início da década de 70 do século XV. Para D. João II já não havia qualquer confusão. A sua estratégia geopolítica envolve pela primeira vez quatro continentes (Europa, Africa, Asia e América).

Na primeira metade do século XV, os reis portugueses assumem como um necessidade vital reunirem o máximo de informações sobre o mundo, e em particular sobre as Indias, de modo a determinar a sua posição num mapa-mundi. Existem múltiplas referências a este mapa que estava nas alcaçovas de Lisboa, onde vivia D. João II:

 

"Vimos umas canas das que tormentas marinhas trazem desde o oriente até às ilhas da Madeira e Faial ... e um mapa do mundo muito bem pintado, numa tábua muito grande e dourada, cujo diâmetro era de catorze palmos", Jeronimo de Munzer, 1493  

 

O êxito da missão dos portugueses estava dependente da informação que conseguiam reunir sobre a geografia da Terra. 

1. Espiões em Itália

 

Em Itália, que dominava na Europa o comércio com o Oriente, e reuniu durante muito tempo importante informações sobre a Ásia, os seus produtos e rotas comerciais. Para tentar obter esta informação, a corte portuguesa, depois de 1415, cria em Itália uma rede de agentes e espiões. 

 

1.1. Florença

Entre as republicas italianas, os portugueses deram uma especial atenção aos florentinos, uma vez que não os encararam como seus concorrentes directos. Mais

Nesse sentido, encomendaram as seus cartógrafos mapas que lhes permitissem não apenas saber a extensão dos conhecimentos geográficos dos italianos, como aperfeiçoar as suas técnicas de cartografia. Entre os florentinos que trabalharam para a corte portuguesa, destacam-se Toscanelli (1457) e Fra Mauro (1459). Mais

Os descobrimentos dos portugueses rapidamente tornaram obsoletos estes mapas italianos, assim como as técnicas usadas na sua feitura. As novas técnicas introduzidas, como cartas baseadas nas latitudes, a cartografia portuguesa coloca-se na dianteira a nível mundial.

1.2. Milão

A rivalidade com Veneza e Génova, levou os portugueses a aproximaram-se do milaneses. Perestrelo, que usou o nome falso de Marcial Barroso, foi enviado pelo rei D. João II a Itália para um encontro secreto com o Duque de Milão. Perestrelo era parente de Colombo.   

 

1.3. Santa Sé

Em Roma, junto do papa, os espiões  portugueses também não faltavam. Mas a o principal agente de informação, era o célebre Cardeal Alpedrinha. A permanência a partir de 1480 do cardeal Jorge da Costa na Santa Sé, permite a Portugal ter aqui um agente fundamental na sua estratégia internacional. O cardeal é informado de tudo o que de relevante se passava nas explorações marítimas.

 

2. Espiões em Castela e Aragão

 

As continuas disputas com Castela das Canárias e na costa ocidental de África, obrigou os reis portugueses a terem em permanência, neste reino, uma poderosa rede de espiões.

  

O cronista Garcia Resende (1470? - 1536) informa-nos que nada se passava na corte de Castela que o rei de Portugal não soubesse. D. João II tinha uma poderosa rede de espiões ao seu serviço, contando com portugueses infiltrados, mas também estrangeiros ao seu serviço e traidores espanhóis. 

 

- Pêro da Covilhãé enviado, em 1484, para Castela afim de espiar os conspiradores portugueses que aí se exilaram. Não foi certamente o único envolvido nesta missão. 

- Frei Jorge de Sousa. Natural da Ilha da Madeira. Em 1494 foi enviado para Espanha numa missão diplomática, mas foi denunciado por traidores portugueses a soldo da rainha espanhola.

 

D. João II contava em Castela/Espanha com uma importantíssima fonte de informação: os milhares de nobres, mercadores, cosmógrafos, cartógrafos, capitães, marinheiros, soldados e tantos outros que aí exerciam as suas actividades ou se haviam fixado ou exilado. Em locais estratégicos como Sevilha, Málaga, Moguer, Palos ou Huelva existiam importantes e influentes comunidades portuguesas. Para além disso, contava com a cumplicidade de muitos nobres espanhóis.

 

Em Aragão, os portugueses possuíam uma poderosa rede de cumplicidades, nomeadamente entre todos os que haviam apoiado D. Pedro I (1429-1466,Condestável de Portugal e Duque de Coimbra) quando este foi rei de Aragão.

 

Colombo, neste contexto, seria apenas mais um entre outros espiões ao serviço de Portugal, e nem sequer era o único na sua família. Las Casas dá-nos uma informação complementar: ele e o seu irmão Bartolomeu usavam um alfabeto secreto para comunicarem entre si (1 ).  Outras fontes confirmam esta informação.

 

Da acção destes espiões, darão conta a Colombo os próprios reis espanhóis em várias cartas que lhe dirigem. Recorde-se que na primeira viagem à America, seguiram dois espiões portugueses que desembarcaram em Lisboa (4/3/1493). Mais  

 

3. Espiões enviados para o Caucaso (Geórgia)

 

O objectivo de atingir a India por Terra levou D. João II a enviar para oriente em diferentes rotas.

 

- Doutor Martin Lopes. Em 1491 saiu de Roma, um dos menos conhecidos espiões portugueses. Dirigiu-se para o Caucaso (Geórgia), provavelmente com o objectivo de através da Russia atingir a Ásia e chegar à India. Acabou por percorrer as estepes russas, atingindo o Mar Artico, percorrendo os reinos do Báltico. Ao fim de 9 anos viagens e observações, regressou a Roma, e daqui entrou em contactou o novo rei de Portugal - D. Manuel I - enviando-lhe uma carta dando conta do que vira, e mostrando-se dispostos a fazer uma relação minuciosa (17).

 

4. Espiões enviados para a India 

Para além das explorações marítimas, as mais conhecidas, de forma sistemática foram também enviados por terra espiões para obterem informações sobre a India:   

 

- Frei António de Lisboa e Pêro de Montarroio. Foram enviados por D.João II para o Médio Oriente, para recolherem informações sobre a India, mas não terão passado de Jerusalém. O fracasso da sua missão ficou a dever-se ao facto de não dominarem a língua árabe.

 

- Pêro da Covilhã. O mais famoso dos espiões portugueses. Nasceu em Portugal. Na sua juventude viveu na Andaluzia com os duque de Sevilha (Duque de Medina Sidónia), onde aprendeu a falar espanhol e árabe. Na guerra da sucessão, em 1474, regressou a Portugal, ficando ao serviço de D. Afonso V, que acompanhou na invasão de Castela e na viagem a França. Passou depois a serviço de D. João II, tendo sido enviado a Castela, em 1484, para espiar os nobres portugueses que aí se haviam exilado. Foi enviado, pelos menos duas vezes, em missões ao Norte de África.

 

Em 1487 é enviado, com Afonso Paiva, natural de Castelo Branco, para o Oriente para recolher informações sobre a India, rotas comerciais e acessos por mar. Passou por Valência, Barcelona, seguiu para Nápoles, Rodes e Alexandria (Egipto). Foi ao Cairo, integrou uma caravana de mercadores que seguia para Adém, na entrada do mar Vermelho. Nesta cidade, separou-se de Afonso Paiva, que se dirigiu para a Etiópia. Pero da Covilhã seguiu para Cananor, atingindo depois Calecute (Dez.1488 - Jan 1489).Visitou depois Goa (1489), e em seguida partiu para Ormuz. Desconhece-se a razão porque percorreu depois a costa oriental de Africa até Sofala

 

No Cairo, foi informado por dois espiões portugueses enviados por D. João II da morte de  Afonso Paiva. Depois de passar as informações que recolheu a Mestre José, que as trouxe para Lisboa, conduziu Abraão de Beja a Ormuz. Concluída esta missão partiu para a Etiópia, onde chegou  em 1491 ou 1492. Foi recebido na corte em Eskender, mas não lhe permitiram regressar a Portugal. Uma embaixada portuguesa à Etiópia, em 1521, descobriu este espião português (8).

 

As suas informações foram preciosas para a Viagem de Vasco da Gama.  

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- Mestre José (Josef). Judeu português, nascido em Lamego. Espiava em Bagdade, Bsra e Ormuz, sobre o comércio do Oriente. Estava no Cairo, onde encontrou Pêro da Covilhã no regresso da India.

 

- Abraão de Beja. Judeu português, rabi. Estava no Cairo, onde encontrou Pêro da Covilhã no regresso da India.

A notícia da chegada dos portugueses à India, por volta de 1488, provocou poucos anos depois um enorme sobressalto em Veneza e Génova. Dominico Malipero, nos Annali Veneti, regista em 1491 uma informação enviada pelo embaixador veneziano em Roma, Jerónimo Donato, que o rei português avisara o Papa do desejo de um rei de Calecute se converter ao cristianismo. Cinco frades sacerdotes portugueses haviam seguido para a India, com o necessário para celebrarem missa, tendo sido recebidos com muita honra e edificado já uma igreja. O rei indiano, todavia, não permitiu que os pobres se convertessem ao cristianismo por os considerar indignos (18).

 

5. Espiões enviados para o interior de África

 

Desde muito cedo, foram enviados portugueses para o interior de África, a fim de obterem informações sobre o Reino de Prestes João. 

 

Uma das primeiras expedições portuguesas que partir da costa ocidental de África procurou explorar o interior deste continente, oi realizada, em 1435, por Afonso Gonçalves Baldaia (Zurara, Crónica dos Feitos da Guiné, cap.IX). As tentativas de penetração terrestre não pararam. João Fernandes, em 1444, foi o mais célebre dos lançados. Foi deixado na região do Rio do Ouro (actual Mauritânea), durante mais de sete meses, tendo se relacionado com as tribos da região e aprendido a sua língua. Diogo Gomes de Sintra, em 1456, que penetrou pela Gâmbia atingindo Cantor (Kuntaur).

 

Durante o reinado de D. João II (1481-1495), os portugueses penetram pelo interior de África a partir da Guiné e do Congo, nomeadamente através dos célebres lançados. O objectivo era atingir o Reino de Prestes João e obter informações sobre a costa oriental de África. Informações vitais na rota para a India contornando África. 

 

João Afonso Paiva de Aveiro, em 1484 ou 1485, foi enviado para o Benin. Missionários-astrónomos foram também para aqui enviados, com o fito de alcançar o Ogané (1486). Outros foram enviados até junto dos reis do Songo e dos Mosses a partir de S. Jorge da Mina. Fizeram-se tentativas de subir o Senegal e o Gâmbia, destruindo inclusive os rápidos que punham obstáculos à navegação fluvial. Gonçalo Antas, Gil e Vicente Anes atingiram Felu. Diogo Cão percorre o rio Zaire (7). 

 

Gonçalo Eanes, acompanhado e Pêro de Évora, em 1487, exploraram o interior da África, aproveitando as rotas comerciais através do Sara e do Sudão, tendo chegado a Tekrur (interior da Mauritânea) e a Tombuctu (interior do Mali). 

 

A Crónica da Guiné de Rui de Pina regista que por volta de 1490, o rei do Congo passara a apoiar a estas expedições terrestres portuguesas, as quais haviam assumido um carácter permanente.   

 

Esta rede de espionagem em África, era apoiada pela formação de "línguas" (interpretes nas várias línguas africanas), de "lançados" ou "tangomaus" (homens e mulheres largados de navios no continente para espalharem ou recolherem informações), assim como na formação de bolsas cristãs em vários pontos estratégicos ao longo da costa africana. Colombo, na sua primeira viagem, levava consigo um destes "línguas" portugueses, oriundo da Guiné. 

 

D ) Manobras Internacionais

A tomada de Ceuta, em 1415, mostrou que Portugal era capaz de organizar manobras de diversão envolvendo vários reinos europeus.

D. João II no apoio que deu à missão de Colombo, realizou também uma operação idêntica, de forma a pressionar os reis espanhóis a aceitarem o seu projecto de atingir a India navegando para Ocidente.

Nesta operação com alguns dos seus principais aliados em termos internacional - a Inglaterra e o Alemanha (Sacro-Império) -, para em momentos diferentes conduzirem a Espanha para uma falsa India, deixando o caminho livre para os navegadores portugueses puderem prosseguir as suas explorações marítimas.

1. Inglaterra

Desde o século XIV que Portugal tinha uma aliança militar com a Inglaterra. As ligações não eram apenas políticas e económicas, mas também familiares entre as duas Cortes. A Dinastia de Aviz (1385-1580), estava desde a origem ligada aos Duques de Lencastre.  

A Inglaterra até 1493 não manifestou nenhum firme interesse nas explorações marítimas. Tradicional aliada de Portugal, limitava-se a negociar as mercadorias que os portugueses traziam de África. 

1.1. Ameaça.  Os ingleses apenas, em 1480, chegaram a constituir um perigo para o domínio português em África. Alguns mercadores de Bristol tentaram ir à Guiné. D. João II, prontamente informado das suas intenções, conseguiu que o rei de Inglaterra impedisse a expedição.

1.2. Charlatões ?.Um ano depois de Colombo partir para Castela, aparece em Lisboa uma misteriosa personagem - "Monseor Duarte, Senhor d`Escalhas em Inglaterra, irmão da Raynha de Inglaterra, molher que foy d`El-Rey Duarte" (4).

Trata-se de Lord Edward Woodville (de Wydville, de Erarl of Scales, 1455-1488), irmão da célebre Elisabet Woodville (1437-1492), mulher de Jonh Gray e que acabou por se casar com Eduardo IV, rei de Inglaterra (1442-1483). O pai teve o título de Lord Rivers, um irmão foi Duque de Norfoldy, uma irmã Condessa de Arundel e outra condessa de Penbroke. 

Estaria em Lisboa de passagem para Castela, onde pretenderia tomar parte da conquista de Granada, o que só veio a ocorrer em 1492, seis anos depois. Foi recebido no Tejo por Fernão Lourenço, Tesoureiro e Feitor da Guiné. Após uma intensa vida social na cidade, dirigiu-se finalmente para Castela, onde depois de cumprir uma enigmática missão, não tardou a regressar a Portugal (1486).

Após esta curta viagem em terras castelhanas D. João II recebeu-o com grande pompa, mostrando-se muito agradado dos seus serviços. No regresso a Inglaterra o rei deu-lhe uma boa nau, aparelhada com tudo o que necessitava para fazer uma viagem com o conforto, em paga do trabalho prestado. 

Em 1488 Edward Woodwille, com seus quatrocentos homens, morreu na batalha de Saint Aubin du Cormier, quando prestava auxílio a Francis II, Duque da Bretanha que lutava contra Carlos VIII rei da França, defendendo a independência da Bretenha. D. João II quando soube da sua morte demonstrou uma enorme tristeza "por perder nelle hu bom servidor" (por perder um bom servidor) (5 ).

Continua a ser um mistério os serviços que Lord Woodwille prestou a D. João II em Castela e em Inglaterra.

Uma coisa é certa: Colombo em 1486 passa a relacionar-se com a alta nobreza castelhana, recebendo a partir daí uma tença sem nada ter descoberto.

1.3. Portugueses em Londres.  Em Fevereiro de 1488, Bartolomé Colon vindo de Lisboa, segundo próprio afirma, chegou a Londres, onde foi logo recebido na corte do rei Henrique VII de Inglaterra. O seu objectivo era vender-lhe o projecto do seu irmão de atingir a India, navegando para Ocidente. O rei inglês, apesar de não se manifestar interessado no projecto, não deixou de financiar a sua estadia e viagens.

Nesta mesma altura, Lopo de Albuquerque estava também em Londres para tentar organizar uma expedição de mercadores ingleses á Guiné. Desconhece-se a relação entre Bartolomeu e Lopo. Seriam a mesma pessoa ?

2. Alemanha

Maximiliano I, imperador da Alemanha era filho de Dona Leonor, irmã de D. Afonso V. Era portanto primo de D. João II e da Rainha Dona Leonor de Lencastre. A julgar pelos dados que conhecemos parece ter jogado um papel decisivo nas manobras destinadas a empurrar Castela para o logro das Indias (Ásia) ( 2 ).

Tendo em conta estas relações de Maximiliano I com a família real de Portugal, a sua intervenção tem que se ser enquadrada em distintos planos.

2.1. Interesses económicos

Os mercadores alemães durante os reinados de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I usufruíram de privilégios especiais em Portugal. Neste sentido, sempre se mostraram disponíveis a apoiarem as explorações portuguesas.

Durante a guerra contra Carlos VIII, rei da França, em Maio de 1488, Maximiliano I foi traído pelos governadores da cidade de Bruges, a sua guarda foi assassinada e ele acabou metido numa prisão.

D. João II mal soube do sucedido ordenou luto nacional, mandou Duarte Galvão à Flandres, declarando que Portugal entraria em guerra contra quem fosse necessário até à libertação de Maximiliano I, mostrando-se também disposto a pagar um elevadíssimo resgate (9). A própria feitoria portuguesa em Bruges entrou desde logo em acção, pressionado os governadores a libertarem-no.

D. João II mandou igualmente constituir uma poderosa armada para ser enviada para Bruges. Duarte Galvão quando chegou a Bruges já o imperador tinha sido libertado, o que foi efusivamente festejado em Portugal.

A retaliação portuguesa pela prisão de Maximiliano não tardou acontecer.Em 1499 a poderosa colónia de mercadores portugueses já se havia fixado em Antuérpia, entrando Bruges em completa decadência. A 24/11/1501 aportava a Antuérpia o 1º. navio português carregado de especiarias. Portugal, em 1511, passou a ser neste porto uma nação com privilégios especiais, a cidade iniciava a sua época de Ouro. 

Este apoio imediato concedido pelos reis de Portugal, estará talvez na origem da profunda ligação de Maximiliano com os reis de Portugal e em particular com a Rainha Dona Leonor de Lencastre.   

2.2. Aliança Política

A Alemanha afirmava-se como o bastião da Europa Oriental na luta contra a expansão turca. Uma dos objectivos fundamentais da Ordem do Tosão de Ouro da qual Maximiliano I era grão-mestre, e à qual pertenciam os reis de Portugal desde a fundação desta Ordem.

2.2.1. Dimensão esotérica

A Ordem do Tosão de Ouro nos séculos XV e XVI foi identificada com os segredos dos alquimistas. Maximiliano I procurou transmitir à Corte portuguesa, através de Dona Leonor de Lencastre, uma interpretação esotérica da expansão portuguesa. A pintura e as relíquias que lhes ofereceu, assim como as misteriosas personagens que lhe enviou a partir de 1484 (2) , transmitem todas uma visão escatológico da história e a necessidade dos reinos cristãos reconquistarem Jerusalém. Mais

Este tipo de discurso era na época muito popular em Portugal. 

2.3. Mapas, Globos e Projectos de Expedições Marítimas

Entre 1488 e 1493 destacam-se quatro personagens, que comungavam destas ideias escatológicas, e que possuem uma relação ainda não totalmente explicada com Colombo. 

O seu objectivo comum, parece ter sido o de produzirem mapas e globos de forma a demonstrarem que a Ásia era alcançável navegando para ocidente a partir de Lisboa.

a) Lopo de Calvos

Continua a ser um enigma a vida deste português, mercador da cidade do Porto, que foi para Bruges (Flandres) ainda no reino do de D. João II. O certo é que em 1496, Maximiliano I , em Imnsbruck, passa-lhe uma carta de nobreza e dá-lhe um brasão pelos serviços que prestados, ao Sacro Império Germânico, como navegador. D. Manuel I apressou,  logo em 1496, a confirmar as suas armas.

b) Duarte Galvão na Alemanha e em Espanha

No ano decisivo para a missão de Colombo em Castela (1488)  é enviado, como vimos, como embaixador para a Alemanha, onde recebe uma alta condecoração.A sua biografia oficial regista o seu regresso pouco depois a Lisboa.

No entanto, sem haver nenhuma explicação plausível, em 1492 encontrava-se em Espanha, onde fazia parte do grupo dos exilados portugueses. Recebe então 100 mil maravedis dos reis espanhóis. (consultar). No ano seguinte vem para Portugal, sendo nomeado por D. João II para o seu conselho, passando a receber uma fabulosa tença ("por padrão") de 25.000 reis. D. Manuel I confirmou-a em 1496.

O que andou a fazer na Alemanha ? O que o terá levado a Espanha ? Porque é que lhe foi abonado com uma quantia tão elevada de dinheiro pelos reis católicos ? Quais foram os serviços que D. João II o recompensou ? 

Por ordem de D. Manuel I, em 1496 começa a escrever a Chronica do Muito Alto e Muito Esclarecido Príncipe D. Afonso Henriques, Primeiro Rey de Portugal. Crónica de D. Afonso Henriques, na qual atribuiu a Portugal uma missão divina. Foi o grande ideólogo deste reinado. Era adepto das ideias de Joaquim de Fiori. 

c) Henricus Martellus

Poucos meses depois de Bartolomeu Dias ter chegado a Lisboa (Dezembro de 1488), este cosmógrafo alemão , edita o seu célebre planisfério onde regista não só este feito, mas outras recentes descobertas portuguesas. Quem lhe forneceu a informação? Duarte Galvão ? Ou Bartolomeu Colón, como sustentou Jaime Cortesão? Mais

Este planisfério, baseado em mapas portugueses, contém uma informação da maior importância: fixa em cerca de 3.000 km a distância entre a Europa e a ilha de Cipango (Japão), que ficava por sua vez a cerca de 1.500 km do Catayo (China), navegando pelo Trópico de Câncer.  

Martin de Behaín, no seu globo, fixou também a mesma distância. A sintonia é total.

Foi esta a distância e um mapa semelhante que Colombo se serviu, para convencer os reis de Espanha a apoiarem a sua viagem até ao Japão !... 

d) Martin Behaím (Martinho da Bohemia)

Este célebre cosmógrafo alemão vivia em Portugal desde 1482. A 18/2/1485 foi armado cavaleiro por D. João II, o que revela uma ligação muito próxima com o mesmo. Em 1488 casa-se com Joana de Macedo, filha de Josse van Hurter, capitão das ilhas do Faial e do Pico (Açores).

Em 1490 deixou Portugal, numa missão secreta, e parte para a Alemanha. Dois anos depois cria o conhecido globo terrestre que se encontra no Museu Germânico de Nuremberga.

Um dos factos mais interessantes do globo, como dissemos, é que a distância entre a Europa e a India (Ásia) é mínima, estando de acordo com a carta e o suposto mapa de Toscanelli e aquilo que Colombo afirmou junto dos reis católicos.

O globo contém dados aparentemente inexplicáveis, como a distância da ilha do Faial (Açores), onde Martin Behaim vivia, e que é mais do dobro da realidade (50º. em vez de 20º). É dificil explicar semelhante erro, até porque na altura conhecia-se a distancia exacta. A única explicação plausível é que procurou reforçar os cálculos apresentados por Colombo aos reis espanhóis.

Após ter realizado o Globo voltou para Portugal, onde morreu, em 1507, no Hospício alemão de São Bartolomeu, em Lisboa. 

e ) Expedição dos Fugger e Gossembrot 

D. João II procurava na altura, por todos os meios, envolver várias potencias europeias em expedições para ocidente, me particular a Inglaterra e a Alemanha. Era a forma de afastar a concorrência do caminho maritimo para a India que estava a seguir.

Neste sentido, o português Diogo Fernandes Correia, por sugestão de Maximiliano I, dirigiu-se aos Fugger e a Gossembrot para que subsidiassem uma viagem ao Catai (China). A rota estava definida no globo que Martin Behaim havia realizado e que constava no mapas que levara de Portugal.

As duas casas comerciais de Augsburgo, após uma longa análise da proposta, acabaram por se mostrar dispostas a financiar a expedição, mas a mesma não se realizou devido à antecipação de Colombo (14), que a realizou à serviço de Espanha.

f) Jerónimo Munzer em Espanha e Portugal

Martin Behaim voltou para Portugal, em 1493, trazendo consigo uma carta do alemão Jerónimo Munzer, datada de 14 de Julho de 1493, isto é, quatro meses depois de Colombo ser recebido por D. João II. Nesta carta propõe ao rei português que faça uma expedição ao Catay (China), semelhante à que Colombo havia realizado. O navegador indicado era Martin Behaim. A carta não faz aparentemente qualquer sentido (6).

Jerónimo Munzer, acabou por viajar da Alemanha até Sevilha (Espanha), onde observou os indios que Colombo trouxera das Indias (Ásia). A seguir foi para Évora (Portugal) afim de se encontrar com D. João II, o qual concedeu-lhe uma longa entrevista a 16 de Novembro de 1494. Visitou depois em Lisboa o mapa de Fra Mauro no Paço das Alcáçovas e as célebres canas na Igreja de Carnidade (30/11/1494), dirigindo-se depois para a corte espanhola em Madrid. 

Qual foi o discurso que pronunciou, em Janeiro de 1494, a Isabel e Fernando ?  Uma mensagem esotérica: Fez um discurso escatológico, mostrando que chegara o momento histórico da para a descoberta ter acontecido, assim como para a reconquista de Jerusalém, fundando-se o Império do Espírito Santo. Joaquim de Fiori (Gioacchino da Fiore) é apresentado como o profeta dos novos tempos. Colombo teria certamente subscrito este discurso. 

Assumiu implicitamente como conveniente que Portugal e a Espanha se entenderem nas explorações marítimas, numa altura em que se estavam a concluir as negociações sobre o Tratado de Tordesilhas.

Evocando Maximiliano I dava desta forma explicitamente o apoio às ideias de Colombo, mas também apelava à assinatura do Tratado que dividia o mundo entre dois reinos peninsulares.

Joahnes Ruysch

Anos depois destes acontecimentos, os cartógrafos alemães continuavam a produzir mapas com base em informações portuguesas. Ruysch viveu e trabalhou em Portugal, como cartógrafo e iluminador (12) tendo, em 1507, produzido o seu célebre planisfério. Uma legenda nas Antilhas continua a evocar o facto de terem sido descobertas por portugueses ...

3. França

A França limitou-se nos séculos XV e XVI á pirataria nos mares. As explorações marítimas francesas só começam no século XVI, com a ajuda dos portugueses.

3.1. Portugueses em França.  Bartolomeu Colon, não tendo conseguido vender o seu projecto a Henrique VII de Inglaterra segue para França, onde é recebido na casa de Anne de Beaujeau, primogénita de Luis XI, numa altura que era regente de França. Continuou a ser mantido por Anne de Beaujeau, na casa da qual se encontrava quando em 1493 Carlos VIII o chama para lhe dar conhecimento da descoberta do seu irmão. Recorde-se que nesta altura, a França era aliada de Portugal. 

Na mesma altura que Bartolomeu chega a França, chega também Lopo de Albuquerque. Quando um foi para Espanha, outro também. 

Dois factos estranhos: 

- Portugal parece interessado que uma qualquer potência europeia avance para Ocidente rumo à India, e por isso não impede mas antes facilita e promove os contactos internacionais de Bartolomeu Colon na Inglaterra e França. 

- Colombo e os seus irmãos, não consideram sequer a hipótese de proporem a viagem a qualquer cidade ou senhor italiano. A Itália, assim como os italianos não fazem parte dos seus projectos. Colombo nunca visitou a Itália !

4. Repúblicas Italianas

No século XV a Itália continua a ser um mosaico de pequenas repúblicas e territórios de outros reinos europeus.

Das três grandes republicas italianas - Veneza, Génova e Florença -, apenas os mercadores da última foram claramente privilegiados pelos reis portugueses. As duas primeiras foram sendo assumidas como rivais nas explorações marítimas.

Portugal manteve ao longo de todo o século XV intensos contactos com Florença (11). Não admira que o célebre florentino Marchione, naturalizado português, em 1482, esteja ligado ao financiamento da primeira viagem à América.

Após a saída de Colombo de Portugal, em 1485, D. João II envia também para a Espanha um grupo de mercadores de origem florentina, que passam acompanhar este navegador. 

Todos saíram de Lisboa, onde estavam ligados ao comércio de escravos. Era também do seu interesse, como vimos, afastar os espanhóis das costas de África  e da rota para a verdadeira India. Mais.

E ) Apoio dos Judeus 

O apoio dos judeus Espanha foi fundamental para a viagem de Colombo. Porque o fariam ? O destino dos judeus neste país estava traçado:  - a morte ou a fuga. Aparentemente pouco tinham a lucrar com a operação, mas Portugal surgia-lhe como a sua salvação. 

Se os reis espanhóis expulsavam, perseguiam, matavam e roubavam os judeus, o rei português tinha nesta época uma política activa no seu acolhimento.

Judeus, com ligações directas Portugal, surgem em todas as operações de Colombo em Espanha Mais

 

F ) Contra-Informação

 

Os portugueses nos séculos XV e XVI foram verdadeiros mestres na contra-informação, produzindo mapas falsos, atribuindo falsos cálculos às distâncias marítimas e efectuando espantosas manobras de diversão. A sua pequena dimensão face aos seus principais inimigos na altura, exigia-lhes muita inteligência para lidarem com as diversas situações.

 

O primeiro exemplo paradigmático desta arte foi a celebrada conquista de Ceuta, em 1415, onde foram postas à prova estas capacidades, numa estratégia que envolveu outras potências europeias. 

   

Mapas, Roteiros e Crónicas Portuguesas no Estrangeiro

Desde o século XV milhares de documentos onde constavam informações sobre descobertas geográficas de Portugal foram roubados ou vendidos a outros países. Esta documentação está hoje espalhada por todo o mundo. Mais

 

Carlos Fontes

  Notas:

 

( 1 )(cfr. Las Casas, Historia.., Cap. VII).

 

(2 ) Desde 1484 que se regista a presença de personagens alemãs enigmáticas em Portugal:

- Christian Rosenkreuz (1378-1484). No mesmo ano que foi assassinado na cidade de Setúbal - D. Diogo, mestre da Ordem de Cristo -, Colombo fugiu secretamente para Castela. Coincidência, ou talvez não, a Alemanha, morreu também neste ano, Christian Rosenkreuz (1378-1484), enigmático cavaleiro a quem se atribui a criação de uma "Fraternidade" mistica - a Ordem Rosacruz - ligada aos alquimistas e astrólogos.

Christian Rosenkreutz, nasceu em 1378 na Alemanha, visitou Damasco, a Terra Santa, Egipto e Marrocos, onde estudou com vários mestres das artes ocultas. É inevitável que nesta última viagem, contacta-se com os portugueses que dominavam desde 1415 as principais cidades da costa de Marrocos como Ceuta, Tanger, Arzila, Alcácer Seguer, Safim, etc. 

- Misterioso Cavaleiro Alemão. A sucessão de estranhas coincidências ocorridas em 1484 envolvem outro cavaleiro alemão. Os acontecimentos que rodearam a morte de D. Diogo, Mestre da Ordem de Cristo, foram  testemunhados por Nicolaus Von Popplau - natural da Silésia (região que está hoje dividida entre a Alemanha, Polónia e a República Checa). 

Trata-se de uma enigmática personagem que andava por toda a Europa num carro atrelado a um cavalo de combate, sobre o qual colocou uma enorme lança. Em 1484 estava na cidade de Setúbal, por razões que se ignoram. Pretendia encontrar-se com a Rainha Dona Leonor de Lencastre, tendo D. Diogo, se oferecido para o levar junto da sua irmã, mas este recusou para não levantar falsas ideias em D. João II.

Regressou a Lisboa, onde teve conhecimento do "assassinato" que ocorreram no dia anterior. Não teve dúvidas em afirmar que eram fantasiosas as descrições que então foram feitas dos trágicos acontecimentos (1 ).

O que andaria a fazer em Setúbal em conversões com D. Diogo ? Qual o seu interesse em falar com a Rainha Dona Leonor ?

(3 )

(4) Rui de Pina,

(5) Rui de Pina,

(6  ) Viagens de Estranjeros por Españ y Portugal en los siglos XV-XVI-XVII. Colleccion de Javier de Liske - Nocolas de Puppielas (Nicolaus Von Popplau). Año de 1484. Traduzidas em castelhano por F.R.

(7) Thomaz, Luis F.R. Fílipe - De Ceuta a Timor. Lisboa.Difel. 1994. p.163

(8) Conde Ficalho - Viagens de Pero da Covilhã. reedição da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1988; 1ª ed. 1898.

( 9 ) Rui de Pina - Crónica, cap. XXXII. 

(10) A crença que na India existiam cristãos ainda aparece na carta que D. Manuel I envia ao papa comunicando a descoberta do caminho marítimo (1499).

(11) As relações entre Portugal e Florença, no século XV,eram muito diversificadas: cartografia (Toascanelli, Fra Mauro), comerciais (Marchioni enre outros), militares (importação de armas), religiosas (D Leonor e o Convento da Anunciada), artistíticas (La Robia, etc). A presença de portugueses em Florença também se fez assinalar (túmulo do cardeal). Os florentinos criaram também os seus locais próprios de culto em Portugal (Igreja dos Italianos em Lisboa).

(12 ) A historiadora Sylvie Deswarte-Rosa, da Universidade de Lumière de Lyon, sem descartar a hipótese de em Portugal terem trabalhado duas pessoas com o mesmo nome, um cartógrafo e outro iluminador, identificou três trabalhos de Jan Ruysch iluminador, referentes ao período de 1536-1539.  

(13) António Galvão, foi administrador das ilhas Molucas. Escreveu a primeira obra sobre as descobertas maritimas dos portugueses e espanhóis - Tratado dos Descobrimentos - editada em Lisboa, no ano de 1563..

(14) Gotz Freiherr von Polnitz - Jakob Fugger, Tubingen.Mohr. 1949-1951. Vol. I, p.48 e vol. II, p.18, citado por José Manuel Garcia, D. João II vs. Colombo, p.51

(15) O historiador inglês - Gavin Menzies-, autor da obra - "1421 - O ano em que a China Descobriu o Mundo" (1421- the year China Discovered The Word, 2002), defende a tese que o mapa que D. Pedro  trouxe para Portugal era de origem chinesa. Entre 1405 e 1433, o almirante chinês Zheng He (c.1371-c.1435), efectuou seis viagens pelo Oriente, e uma que terá  chegado à costa sudoeste de África. Esta é a razão porque o seu mapa não regista qualquer topónimo de África Atlântica. 

Com grande imaginação, Menzies inventou uma viagem chinesa à volta do mundo, em 1421. O delírio é completo. Uma coisa é certa: em 1433 é decretado o fim destas expedições maritimas chinesas.

(16) Paul Gallez, historiador argentino, mostra que os portugueses já tinham um mapa da rede fluvial da América do Sul, na sua obra "La Cola del Dragón.América del Sur en los mapas antiguos, medievales y renascentistas. B. Blanca. Instituto Patagónico.1990. Vários outras historiadores têm desenvolvido a mesma tese.

(17) Viterbo, F. de Sousa - Noticia sobre alguns Médicos, Imprensa Nacional. Portugueses. Lisboa. 1893, p.43; Marques, João Martins da Silva - Descobrimentos Portugueses. Lisboa. Inst. Alta Cultura.1971. vol.III;,  Sérgio, António- Breve Interpretação da História de Portugal. Lisboa. Livraria Sá da Costa.1972, p. 54

(18) Citado por Andrade, A. A. Banha de - Mundos Novos do Mundo, vol. I, p.209

(19)  Thomaz, Luis Filipe F. - Gaspar da Gama e a Génese de Estratégia Portuguesa da India, in, IX Simpósio de História Maritima. D. Francisco de Almeida, 1º. Vice-Rei Português. 22 - 24 de Outubro de 2005. Academia da Marinha. Lisboa. 2007.

(20) Cortesão, Armando - Esparsos. Volume 1.

 

 

Continuação:

 

15. Missão Espanhola 

16. Nobre em Fuga  17. Lugares em Espanha 18. Descobridores e Conquistadores 

19. Castelhanos 

20. Portugueses em Espanha.  21. Apoio de Judeus

22. Negociante Oportuno de Miragens

23. A Bandeira de Colombo  24.  Nomes de Terras

25. Regresso da primeira viagem 26. Significado de um reencontro

27. Partilha do Mundo

28.Defensor de Portugueses  29. Patriotismo

30. Mentiroso e Desleal 31. Regresso da segunda viagem 32. Manobrador 

33. Assassino de Espanhóis

34. Impacto da Viagem de Vasco da Gama 35. Perseguido 36. Ocultação

37.  Armadilha Genovesa  38 Mercadores-Negreiros Italianos  39.  Genoveses a Bordo 

40. Descendentes de Colombo 41. Descendentes (cont. ) 42. Descendentes (concl.)

43. Historiadores Portugueses. 44. Lugares do Navegador em Portugal

45. Cronologia da Vida de Colombo

 

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As Provas de Colombo Italiano

As Provas de Colombo Espanhol

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  Carlos Fontes
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