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As Provas do Colombo Português
20.
Portugueses em Espanha
Colombo
desde chegou a Castela/Espanha, em fins de 1484 ou princípios de 1485, até à hora da
sua morte, em 1506, viveu sempre em casas de portugueses. Entre os seus
parentes portugueses estavam algumas das figuras mais influentes na Corte Castelhana e na cidade de Sevilha.
Os "italianos" com quem se relaciona em Castela/Espanha vieram quase todos de Lisboa ou
tinham familiares em Portugal.
Colombo integra em Castela/Espanha o
vasto grupo de exilados das conspirações de
1483 e 1484 contra D. João II, em
que estiveram envolvidas as principais casas da nobreza portuguesa, como a
família dos Duques de Bragança e dos Duques de Beja-Viseu.
Foram acolhidos e protegidos pelos
reis católicos (Castela e Aragão) que lhes concederam
ricos privilégios, tenças e títulos.
Mais
Tratava-se de uma operação de propaganda, mas também se destinou a captar uma
elite portuguesa que teve um papel destacado na construção da Espanha e na sua
unificação. As famílias mais apetecíveis eram as ligadas às
explorações marítimas.
Não
restam dúvidas que Colombo fazia parte deste grupo de
nobres portugueses, e foi tratado pelos mesmos como um
dos seus pares.
Estes nobres portugueses, protegidos
pelos reis católicos, representavam uma séria ameaça para D. João II, o qual em
Julho de 1485, enviou a Córdoba um embaixador - Fernando da Silva
Meneses - para solicitar que lhes deixassem de dar apoio (28).
Pedido que foi recusado. Recorde-se que Colombo estava nesta altura em Córdova.
Coincidência?
Antigos Exilados.
Estes nobres portugueses exilados
não eram os únicos portugueses ou de origem portuguesa que aí encontrou. Desde a independência de Portugal, em 1128, muitas famílias de nobres portugueses fixaram-se no Reino de Leão e Castela. Os motivos porque o fizeram
são múltiplos, nomeadamente para fugirem a perseguições dos reis, muitos
deles mantiveram ao longo dos séculos fortes ligações à terra dos seus
antepassados. No final do século XIV este movimento atingiu seu apogeu,
com a fixação em Castela uma vasto número de nobres, que vieram a ter ao longo de todo o século XV, um enorme protagonismo na política
castelhana/espanhola, nomeadamente das relações deste reino com Portugal. Mais
Espiões. D. João II enviou também para Castela/Espanha vários espiões, nomeadamente para controlarem os
movimentos políticos dos exilados portugueses.
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....
Panorama do Castelo de Vila Viçosa
(postal do principio do séc.XX).
Foi neste castelo que, em 1483, se
manteve o Duque de Bragança, até que D. João II, de forma ardilosa o conseguiu
atrair a Évora, onde o prendeu. O primitivo paço dos duques foi construído
dentro do castelo, a mando do 2º. Duque - D. Fernando I.
Conspiração de 1483
1.
Braganças
Os
poderosos membros da Casa de Bragança estão na origem das conspirações de
1483. Os que conseguiram fugir para Espanha levaram consigo uma vasta corte de serviçais e
fidalgos, os quais foram faustosamente acolhidos pelos reis espanhóis.
1.1.
Duques de Bragança
Após
a decapitação do 3º. Duque de Bragança, em 1483, e a consequente extinção
do Ducado de Bragança, a sua esposa (Isabel de Lencastre, irmã da rainha Dona
Leonor ), manteve-se em Portugal com uma filha (Margarida) que veio a falecer
pouco depois, mas mandou logo para Castela os outros filhos (15).
Isabel, a Católica
recebeu-os e deu-lhes
faustosas condições para viverem (33). Viviam rodeados de uma verdadeira corte de
nobres e serviçais portugueses, mas nunca deixaram de apoiarem outros portugueses
que também haviam fugido às perseguições que D. João II.
Isabel
de Lencastre, embora tenha ficado em Portugal, mantinha contactos permanentes
com os seus filhos e a rainha espanhola (23).
- Filipe de Bragança.
Primogénito, faleceu pouco tempo
depois chegar a Castela (1483).
-
Jaime de Portugal
(futuro 4º. Duque de Bragança), casou em 1480, com Dona Leonor filha do
Juan Alonso de Guzman, 3. duque de Medina Sidonia, e em 2ªs núpcias, com
Joana de Mendoça, filha de Diogo de Mendoça e Brites Soares de Albergaria.
-
Dinis de Portugal e
Bragança (1481-1516),
casou em Espanha (1500), com a Beatriz de Castro Osório (1480-1570), 6ª Condessa de Lemos,
uma familia galega que controlava Monforte de Lemos, Ponferrada, etc.
Isabel, a Católica assistiu em Sevilha pessoalmente a este casamento,
pretendeu desta forma mostrar publicamente a grande importância que atribuía aos
bragança,
seus familiares.
Deste matrimónio
nasceram oito filhos (32) que se
ligaram às principais famílias que apoiaram Colombo, nomeadamente
os filhos de Pedro de Mendonza (cardeal de Espanha), Bobadilha, etc.
Em segundas núpcias, esta condessa
casou com Álvaro Osorio, do qual teve uma filha (Ana de Castro Osorio) que
casou com Luis
Colón,
3º. almirante das Índias
Se
dúvidas houvesse da ligação de Colombo à nobreza portuguesa, bastava
analisar-se as relações familiares destes dois braganças com este navegador. Mais
1.1.1. Criados do Duque
Na sequência da prisão do Duque de
Bragança, muitos dos seus criados foram mortos, outros foram presos ou
conseguiram fugir para Castela,
como foi o caso do bacharel João Afonso e de Aires Pinto, ambos
condenados à morte.
1.2.
Álvaro de Bragança (de Portugal) e Filipa de Melo
Durante vinte anos, entre 1483 e
1503, procurou harmonizar as políticas de expansão de Portugal e Castela,
nomeadamente na partilha do mundo. Reuniu à sua volta, em Sevilha, um vasto
grupo de experimentados navegadores portugueses que participarem nas descobertas
ao serviço dos reis de Espanha.
Chanceler-mor
do Reino e responsável pela Justiça em Portugal. Era
irmão do Duque de Bragança
decapitado por D. João II em 1483. O rei deixou-o sair do reino. A
sua intenção era dirigir-se para Jerusalém, mas face ao bom acolhimento que
recebeu dos reis católicos resolveu ficar em Castela, onde recebeu enormes mercês,
exercendo os mais altos cargos da corte de Castela e de Espanha: membro do
Conselho Real de Castela (1485) e depois seu presidente (1485, 1489-1495, 1497-1503),
Governador da Justiça, alcaide-mor de
Sevilha (1495-1503), Andújar, etc.
Foi o criador da célebre "Casa de Contratación" (1503), etc.
Desde
que Colombo chegou a Castela não houve acto oficial nenhum que não estivesse
sob o seu controlo. Os próprios conflitos que este teve com família Pizon
foram tratados por ele.
Alvaro de Bragança foi a figura central em toda a missão de Colombo, na medida
que tinha acesso a todos os níveis da Corte, coordenando em Espanha
a vasta rede de nobres portugueses que aí se exilaram ou radicaram. Só ele
tinha condições para manter o segredo que rodeava a família Colombo e lhe
proporcionar os apoios necessários.
Um dos seus filhos
casou-se com a neta de Colombo, e os seus descendentes herdaram os títulos e
privilégios dados à família do Almirante das Indias. Uma das suas filhas,
casar-se-á com D. Jorge de Lencastre, filho de D. João II, e quem herdou o
mestrado da Ordem de Santiago e de Avis.
Fez questão ser sepultado em Portugal
(Convento dos Lóios, Évora), no panteão dos melos, para marcar a sua fidelidade à terra onde
nasceu. Pela sua posição foi o verdadeiro mestre e mentor das operações com
D. João II, permitindo ao mais alto nível manter em segredo a identidade de
Colombo e outros dos seus cúmplices. É extraordinário a forma como
actuava. Mais
1.3.
Marqueses de Montemor-o-Novo
-
João de Bragança (1430-1484)
Marquês de Montemor-o-Novo,
título nobiliárquico criado pelo rei D. Afonso V, em favor de D. João,
segundo filho varão de Fernando I, 2º duque de Bragança, e de Joana de
Castro. Foi o 7º condestável de Portugal. Esteve também envolvido na
conspiração de 1483, fugiu para Sevilha
após ter sido descoberto. Morreu
a 30/4/1484, numa
queda de cavalo, quando se preparava para participar na guerra de Granada. Foi casado com Isabel de Noronha, não tiveram
filhos. Mais
- Isabel
Perestrelo Enriquez de Noronha
Marquesa de Montemayor ou de Portugal, como era conhecida em
Espanha. A partir de 1484 passou a receber uma importante tença dos reis
espanhóis (500.000 maravedis)
Era
uma das nobres mais ricas de Espanha, em finais do século XV e princípios do
século XVI. O seu palácio, na "Calle de Francos", onde vivia
Colombo, era dos mais importantes da cidade. Possuía
uma verdadeira corte, na sua quase totalidade constituída por portugueses,
ligados à Ordem de Santiago.
A
marquesa era sobrinha de Colombo, cujo secretário particular - Diego Mendes de
Segura - prestava serviços à mesma. Jorge de Portugal (filho de Alvaro de
Bragança), que se casou com a neta de Colombo foi um dos seus herdeiros,
etc.
Mandou
construir a Igreja do Convento de Santa
Paula (1383-1489), em Sevilha, que a partir de 1493 passou a funcionar como
panteão familiar.
Mais
1.3.1.Criados do Marqueses
O marquês de montemor-o-novo, como o
principal instigador da conspiração de 1483, tinha uma vasta rede de criados
envolvidos nas ligações com Castela. D. João II, no dia 22 de Setembro de 1483,
ordena que nenhum deles abandone Portugal, uma ordem que não foi cumprida.
Afonso Vaz, secretário do marquês, e Diogo Lourenço (criado), foram condenados à
morte, mas a pena foi substituída prisão perpétua.
- Gonçalo de Mourão,
escudeiro do marquês, conseguiu fugir para Castela (1483). Em 1501 ainda estava
ao serviço da marquesa, tendo ido cobrar rendas a Jerez de la Frontera. Quatro
criados residentes em Montemor-o-novo, todos ao que parece da mesma familia,
terão igualmente conseguido fugir para Castela, sendo os seus bens dados ao
capitão da guarda real - Fernão Martins Mascarenhas (18).
-
João de Mourão, parente
de Gonçalo de Mourão. Mordomo
da marquesa, andava entre Lisboa e Sevilha, tratando dos negócios da marquesa
de quase todos os que a rodeavam. Em 1507, um ano depois de Colombo falecer,
veio definitivamente ( ? ) para Portugal. A sua esposa - Isabel Botelho-, assim
como a cunhada - Isabel de Matos - permaneceram em Sevilha na casa da marquesa.
Em 1515 recebe das mãos de D. Jorge de Lencastre o hábito da Ordem de Santiago
e Avis. A cerimónia de consentimento da sua esposa, ocorreu na casa da
marquesa e na sua presença. Em com o dominicano Juan de Vallerín, procede
em Sevilha á abertura do testamento da marquesa. Era uma figura que controlava
tudo o que à mesma disse-se respeito. Mais
-
Frei Gregório, Ordem dos
Agostinhos
Português,
capelão da marquesa. Em 1509 veio a
Portugal. Estava
envolvido na cobrança das dívidas da família Colombo. Está ligado a
negócios com Diego Mendes de Segura e à familia de Colombo.
Diego
Colon, irmão de Colombo, contempla este capelão no seu Testamento, datado de
24 de Fevereiro de 1515. Apareceu morto em 1516 quando se dirigia
mais uma vez para Portugal.
1.4.
Condes de Faro
Afonso
de Bragança, 1º. Conde de Faro, foi um
dos principais conspiradores de 1483, sendo
condenado à morte em Portugal.
Era sobrinho
de Colombo. Fugiu para Sevilha, onde faleceu em 1483. Residia
nos domínios do Duque de Medina Sindónia.
A sua familia desfrutou desde logo uma elevada
posição, recebendo uma importante tença do reis espanhóis.
Era
filho de D. Fernando I, 2º. Duque de Bragança e de Joana de Castro. Foi o
1º. Conde de Faro e 2º. Conde de Odemira, dominava militarmente todo o
Algarve, entre outras mercês foi-lhe dado as dizimas de pescado das
vilas de Aveiro e de Faro (1475).
Casou-se,
em 1460, com Maria Enriques de Noronha (1440-1523), 2ª
condessa de Odemira, senhora de Aveiro,
Vimieiro e outras terras. Descendia de reis de
Portugal e Castela. O
1º Conde de Odemira - Sancho de Noronha - era filho de Afonso,
conde de Gijón e Noronha, filho do rei Henrique II de Castela e de D. Isabel,
filha bastarda do rei D. Fernando de Portugal.
Isabel,
a Católica insistiu várias vezes com D. João II para que deixasse regressar a
Portugal a Condessa de Faro, o que este nunca permitiu.
O
seu filho - Sancho- aparece em 1491 identificado como Conde de Faro a receber
100.000 maravedies dos reis espanhóis. Foi quem deu o dote, em 1504, a Ana Moniz,
que Diego Colon afirma ser sua sobrinha, para que esta se casasse com Juan de Barahona. Mais
1.4.1.
Fradique
Enriques, "su hermano (2 ).
Este é outro dos nomes enigmáticos que consta na listagem de pessoas
financiadas pelos reis espanhóis. Era irmão de quem ? Trata-se provavelmente
de
Fradique Henriques, irmão de Sancho de Noronha que "herdou" o
título de Conde Faro. Mais
1.5.Isaac Abravanel
Don Isaac Abravanel
(ou Abrabanel, Bravanel, Bababanel), nascido em Lisboa em 1437, era um
dos principais banqueiros da
família real e da Casa de Bragança. Esteve implicado na conspiração de
1483 contra D. João II.
Gozando do estatuto de abastado exilado, Abravanel,
por mediação de Alvaro de Bragança, converteu-se em pouco tempo, num dos
principais banqueiros de Castela e conselheiro da rainha Isabel (24).
Apoio a Colombo.
Isaac Abravanel desde
1487 que aparece a apoiar Colombo.
Integra um grupo de judeus
portugueses e espanhóis ligados a Diogo de Deza (D`Eça), um bispo com raízes portuguesas.
Em Salamanca, neste ano, é o primeiro a manifestar-se disponível para
financiar a viagem de Colombo.
Acaba por ser mais tarde
o principal financiador da primeira viagem de Colombo (1492), contribuindo com
pelo menos 500.000 maravedis, dos 1.140.000 investidos pela corte espanhola.
A contribuição de Luis de Santangel para esta viagem, a mais divulgada,
não passou de 140.000 .(19)
Terá
assegurado o financiamento da comparticipação do próprio Colombo, envolvendo
o seu amigo e sócio de negócios em Lisboa - Marchione
ou o próprio Alvaro de Bragança.
Mais
1.6. Sousas Chichorro
Um dos ramos do antiga família dos
Sousa - os Sousas Chichorro - , no século XV, ligou-se intimamente à Casa de
Bragança. Um dos seus mais destacados membros - Pêro de Sousa, 1º.Senhor
do Prado (Braga) - exilou-se também em Castela (1483). Foi aí nomeado alcaide de
La Puebla de Sanabria (Astorga). O seu filho primogénito - Lopo de
Sousa, 2º. senhor do Prado - exerceu a partir de 1492, o cargo de aio de D.
Jaime de Bragança.
Graças à intervenção da princesa
espanhola esposa do principe D. Afonso, o seu genro - D. João II -, acabou por
conceder a Pêro de Sousa uma tença de 115.000 reais (Montemor-o-Novo,
29/4/1491). D.Manuel I, depois de 1496, fez questão de reabilitar esta
família, devolvendo-lhe bens e atribuindo-lhe importantes cargos.
Rui de Sousa, que pertencia a
este ramo familiar dos Sousas, chefiou a embaixada portuguesa que negociou e
assinou o Tratado de Tordesilhas
(1494). Outro dos ilustres membros desta familia foi Martin Afonso de Sousa,
3º. Senhor do Prado (27), que com os seus parentes - António de Ataíde
(conde da Castanheira) e Tomé de Sousa (1º. Governador do Brasil), foram
os grandes iniciadores da colonização do Brasil.
1.7. Francisco de Almeida
D. Francisco de Almeida
(1457?-1510), primeiro vice-rei da India (portuguesa). Antigo espião
(30), experimente comandante militar na guerra em terra e no mar, onde deu
provas de profundo conhecedor da arte de navegação e de pilotagem.
Pertencia a uma ilustre família de
apoiantes incondicionais de D. João II:
Os Almeidas de Abrantes. Cavaleiro da Ordem de Santiago, pertencia à
Casa do Principe D. João, e futuro rei. Participou na batalha de Toro (1476), na
guerra no Norte de África. Acompanhou D. Afonso V a França (1477-1478), onde teve a missão de anunciar a Luis XI a chegada do rei português. Neste grupo que acompanhou D. Afonso V
vieram a destacarem-se os principais conspiradores de 1483 e 1484: o Conde de
Faro, Alvaro de Bragança, Lopo de Albuquerque, etc..
Era casado com Joana Pereira,
filha de Vasco Martins Moniz, guarda-mor de D. João II, e
cavaleiro da Ordem de
Santiago. Era parente de Cristovão Colombo.
Mais
Na quaresma de 1484 fugiu
para Castela, tendo-se fixado em Sevilha. Serviu de intermediário nas
comunicações entre D. Diogo e D. Alvaro de Bragança e outros conspiradores,
conforme consta nos autos de acusação (29). Restam poucas dúvidas sobre a sua
participação nestas conspirações contra D. João II.
Conheceu certamente Colombo em
Lisboa, assim como Juanoto Berardi. Ambos também se mudaram de Lisboa para
Sevilha nesta altura.
Participou, com o seu filho
Lourenço de Almeida durante
oito anos na guerra de Granada, onde fez amizades com o rei Fernando de Aragão e Gonzalo Fernandez de
Córdova.
Regressou a Portugal após a conquista de Granada (2/2/1492), mais
precisamente entre 26 de Setembro e 18 de Outubro de 1492 (31). Nesta altura
já Colombo havia partido (3/8/1492) e chegado às Antilhas (12/10/1492). D. João II
recebeu-o na corte, em Alcochete, com grandes honras.
Após as conversões de Colombo com
D.João II e a a rainha Dona Leonor (Março de 1493), o rei encarregou-o de
organizar uma "grossa" armada tomar posse das indias
"descobertas" de Colombo. Porque razão o rei escolheu Francisco de
Almeida? Que relação manteve com Colombo durante os 7 ou 8 anos em que
viveram em Castela?
Acompanhou D. Manuel I, em 1498,a
Toledo. D. Manuel I nomeou-o, em 1505, 1º. Vice-Rei da India. Foi durante o seu
vice-reinado que o seu filho Lourenço de Almeida deu o nome de "Colombo" (1506),
a um pequeno porto na ilha de Ceilão (actual
capital do Sri Lanka), numa
clara homenagem a este navegador.
Mais
Não deixa de ser significativo que
dois dos filhos de Alvaro de Bragança se tenham casado, um com a filha de
Francisco de Almeida e o outro com a neta de Colombo. Coincidências?
Paço dos Infantes, à direita do Real
Mosteiro de Nª. Srª. da Conceição (Beja). Fotografia tirada antes da sua
demolição (cfr. Manuel Joaquim Delgado, Ensaio Monográfico. Acerca de Beja e dos
Bejenses mais ilustres. Beja. 1973).
Conspiração de 1484
2.
Duques de Viseu-Beja
Na
consequência da
conspiração de D. Diogo, Duque de Beja-Viseu, em 1484, foram para Castela um grupo muito
abrangente de
pessoas, entre os quais se inclui o próprio Colombo. Uns fugiram de
imediato, mal souberam do morte do Duque (28 de Agosto de 1484), outros só o
fizeram ao longo de 1485.
o
2. 1. Lopo Ruiz de Atouguia
Esteve directamente envolvido nas
conspirações contra D. João II, ao serviço dos reis católicos. A sua atividade
conspirativa consta no Memorial de Lopo de Figueiredo (35), numa acção
conjunta com Fray Juan Ortega de Maluenda, bispo de Cória(1475-1485) (40). É provável
que tenha sido um dos dois nobres que, segundo vários relatos (39), foram presos na Torre
de Beja. Lopo de Atouguia conseguiu fugir, o outro caiu da torre e morreu.
Lopo Rodrigo de Atouguia,
conhecido em Castela por Mosén Lope de Atuguia, pertencia a uma familia
de fidalgos de Beja (37), criados dos Duques de Beja. O seu irmão Luís Alvares de Atouguia, a partir de 1477,
desenvolveu uma notável obra no Funchal (38), onde Colombo em 1498 será
recebido em festa. Outro irmão, Rodrigo Afonso de Atouguia, recebeu em
1506 de D. Brites, Duquesa de Beja-Viseu, a quinta de Belas (Paço Real de
Belas).
Não sabemos quando terá ido para
Castela, onde rapidamente ascendeu a monteiro-mor de
Fernando de Aragão (41). Era cavaleiro de Calatrava, comendador de Malogon (Ciudad
Real, 1485-1497), Villarubia (1497-1504?) e da Torre de Coñaveral (1492-1494).
Governador de Tierra Sorita (1492). Casou-se com Maria Tellez Correia y Davila.
Dirigiu o repovoamento de Guadix, onde fundou a Convento de S. Francisco.
Sabemos que, em 1485, casou a sua filha Maria, dama de
Isabel, rainha de Castela, com outro português - Francisco Pires de Barradas
(Francisco Perez de Barradas), filho João Perez de Barradas, natural de Beja
(Portugal), que se refugiou em Castela no reinado de Enrique IV. Durante o
reinado dos reis católicos foi uma influente personagem na corte de Castela,
estando na origem dos marqueses de Cortes, Graena e Penaflor (Guadix, Granada)
(34).
Os reis católicos, por cedula datada
de 22/6/1497,
mencionam-no como governador da ordem de Calatrava, e pedem-lhe uma relação
dos presos que tinha na sua posse, para serem enviados para La Hispaniola (?) (36).
2.2. Ataídes
A
poderosa família dos ataídes tinha vários membros exilados em Espanha, dos
quais foi já possível identificar os seguintes:
2.2.1. Alvaro de Ataíde
Senhor
da Castanheira,
5º.Senhor da Castanheira, Povos e Cheleiros.
Casou-se em 1ªs núpcias com Leonor Noronha de Melo (filha do 1º. Conde de
Atalaia) e em 2ªs núpcias com Violante de Távora (morta em 1555), filha do
conde do Prado, Pedro de Sousa de Seabra, fidalgo minhoto, Senhor de Prado, e de
Maria Pinheiro Cogominho.
No
dia do atentado contra o rei, permaneceu em Santarém, onde tinha a missão de raptar Dona
Joana, a Beltraneja, do mosteiro de Santa Clara, logo que tivesse a informação
da morte de D. João II. Ao saber que o atentado falhara fugiu para Castela
(1484), acompanhado da sua esposa e
filhos.
O
seu filho - Pedro de Athayde - que participou na conspiração foi degolado em
Setúbal.
Alvaro
de Ataide era familiar de Colombo, Alvaro de Bragança e Lopo de Albuquerque. Era
tio de dois outros conspiradores: Gotierre Coutinho e de Francisco de Almeida. Fixou-se
em Sevilha, sendo aí principescamente financiado por Isabel, rainha de Espanha.
Na
2ª. Viagem de Colombo (1493-1496), mandou o seu criado português - Fernão
Gonçalves, que se apresentou como vizinho de Zafra.
Nesta expedição foram
pelo menos mais dois portugueses: Pedro de Sales, natural de Lisboa,
grumete na caravela San Juan; João Português, de Lisboa, marinheiro.
Foi um dos povoadores de Santo Domingo e em 1513 acompanhou Núnêz Balboa na
expedição em que descobriram o Oceano Pacífico.
Fernando de Aragão, em 1503, estava
preocupado com a atividade do seu feitor em Santo Domingo.
Alvaro
de Ataíde regressou
a Portugal no tempo de D. Manuel I, onde recebeu inúmeras provas de
reconhecimento pela sua acção em Espanha, reino a que se manteve sempre ligado.
O seu filho António de Ataide, 1º.
Conde da Castanheira, será a figura mais importante do reinado de D. João III.
Foi graças à sua iniciativa que se procedeu à colonização do
Brasil. Foi tio de vários governadores e donatários do
Brasil. Mais
2.2.3
Diogo de Ataíde
Diogo de Ataíde ( ? -1490) desde
1483 residia em Sevilha. Participou na guerra de Granada. Durante o cerco de
Málaga teve um papel heróico na sua conquista. Foi corregedor de Ciudad Real
(1487-88) e Écija (1490). Casou-se com Isabel de Ayala, ama da Infanta Maria, depois rainha de Portugal. Em
1487 recebeu parte dos bens que lhe tinham sido confiscados em Portugal. Está sepultado na capela do Crucifixo do Convento de Santo Domingo de Porta Coeli,
em Sevilha. Mais
2.2.4.
"Filipa de Ataide,
almirantesa" (2
)
Quem era
Filipa
de Ataíde ? A mulher
de que almirante português
? Ao que apuramos trata-se da filha do senhor de Penacova, casada com o almirante
Nuno Vaz de Castelo Branco, da linhagem dos pessanhas. Seria ele o enigmático "almirante português"? Mais
O que a teria levado para Castela ? D. João II mandou matar o seu
filho - Lopo Vaz de Castelo Branco, quando este na
guerra com Castela se prontificou a entregar o castelo de Moura aos castelhanos
(1478). Estamos perante a representante de uma longa
linhagem de almirantes portugueses que se refugiou em Castela. Mais
2.3.
Meneses
Na conspiração de 1484 tiveram um papel destacado, o
Garcia de Meneses, Bispo de Évora
e o seu irmão Fernando de
Meneses, cavaleiro da Ordem de Santiago, ambos filhos de Duarte de Menezes e de Isabel de Castro.
Acabaram assassinados. Outros factos ligam os meneses a
Cristovão Colombo.
Mais
2.4. José abravanel
José (Yoce) Abravanel,sobrinho e genro de Don Isaac
Abravanel, era o administrador da casa de D. Diogo (17). Fugiu para Castela,
no dia 23 de Agosto de 1484, quando no dia em que D. Diogo foi assassinado em Setúbal por D. João
II (42).
2.5. Damião Dias Ribeiro
Téofilo de Braga, sustentou que
Damião Dias Ribeiro, um criados de D. Diogo, à semelhança de outros, fugiu
também para Castela, onde acabou assassinado às ordens de D. João II. Damião
Ribeiro era o pai do enigmático Bernardim Ribeiro, afamado autor de Menina e
Moça (16).
2.6.
Cavaleiros da Ordem de Santiago
Sabemos que vários membros da Ordem
de Santiago de Espada tomaram partido ao lado de D. Diogo na conspiração de
1484, como Francisco de Almeida, Fernando de Meneses, Goterre
Coutinho e Pedro de Albuquerque (?).
Três pelo menos acabaram mortos, mas outros
terão fugido para Castela. Os arquivos
da Ordem foram cuidadosamente limpos do nome dos traidores.
Mais
É neste contexto de ocultação que D.
João II, em 1484, encarrega a Álvaro Dias de Frielas de escrever uma nova
história da Ordem, o conhecido "Livro dos Copos".
2.6.1. Coutinho
Dois membros da família coutinho tiveram um papel muito ativo na conspiração de 1484: Goterre
Coutinho, comendador da Ordem de Santiago, foi um dos conspiradores.
O seu irmão Vasco Coutinho foi o denunciante
da conspiração.
Ambos eram filhos de Fernando Coutinho, 4º marechal de Portugal e de Joana de
Castro, filha de Álvaro Gonçalves de Ataíde, 1º conde de Atouguia
Em Castela vivia, em 1493, um
outro irmão - Diogo Coutinho -, na casa dos duques de Medina Sidónia. Estamos
perante novo exilado em Sevilha?.
Mais.
2.6.2.
Duarte Galvão
Duarte Galvão
(Évora, 1445 - Ilha
de Camarão, 1517), recebeu
dos reis espanhóis em 1492 a quantia de 100.000 maravedis. Fidalgo da D. Afonso V,
secretário deste rei (1479) e do seu filho D. João II. A última das suas missões ao
serviço deste rei data de 1488, quando foi nomeado embaixador junto do
Imperador Maximiliano I. Terá ido depois para Espanha (1489 ? -1492 ? ), e
voltado em 1493 a Portugal
(?). Foi armado cavaleiro da Ordem de Santiago de Espada, a 25/10/1475,
por D. Afonso V.
O que o terá levado, em 1492,
a fazer parte do grupo dos exilados portugueses em Espanha ?
A principal pista está nas suas
esposas:
a) Em primeiras núpcias
ter-se-á casado com Catarina
Albuquerque, filha de Isabel de Albuquerque e de Fernão de Sousa,
alcaide-mor de Leiria. Desta relação nasceu Isabel de Albuquerque, que se
casou com Jorge Garcês, nomeado a 16/2/1496 secretário de D. Manuel I
(10).
b)
Casou-se em segundas núpcias, em 1486, com Catarina de Sousa, filha de João
Rodrigues de Vasconcelos, senhor de Figueiro e Pedrogão e de Branca Silva.
Deste casamento teve cinco filhas e duas filhas.
Membros da família dos
albuquerques e dos sousas estiveram envolvidos na conspiração de 1484. Talvez
esteja aqui uma das possíveis explicações para esta participação. É
interessante notar que Duarte Galvão era proprietário de uma Quinta, em Cachoeiras
(Vila Franca de Xira ) muito perto do Convento de Santo
António da Castanheira.
No reinado de D. Manuel I
torna-se no grande ideólogo deste rei e em particular da sua visão dos
descobrimentos. Parte depois para a India, onde se
revela um amigo intimo de Afonso de
Albuquerque, vice-rei da India, tendo inclusive administrado os seus bens. O seu filho
bastardo - António Galvão - foi governador
das Molucas. Estamos perante mais uma completa mentira dos
cronistas portugueses para defenderem os que estavam envolvidos nesta missão.
Na verdade, não consta que tivesse participado em nenhuma conspiração contra D.
João II.
2.7. Monizes Perestrelo
Vários
membros da família da esposa de Cristovão Colombo terão fugido também para
Castela, pois estes dirige-se ao seu encontro em fins de 1484 ou princípios de
1485.
2.7.1.
Violante Moniz Perestrelo
Violante Moniz, era a
irmã mais nova de Filipa Moniz Perestrelo, esposa de Colombo. Casou-se em Lisboa com Miguel Moliarte
(flamengo ?). Ambos foram, antes de 1485, para San Juan del Puerto,
a 5 km de Moguer (Huelva, Espanha ), onde alugaram vastas terras e uma casa pertencente ao Duque de Medina
Sidónia. Foi nesta casa que ficou alojado Colombo. Violante, atuando como uma
verdadeira matriarca, controlava todas
as operações familiares, incluindo as de Colombo. É uma figura central em
toda a missão. Manteve sempre uma ligação permanente com Portugal. Na sua
casa em Sevilha, para onde se mudou após o regresso de Colombo, em 1493, viviam
vários dos seus familiares portugueses.
Mais.
2.7.1.
Briolanja Moniz
A maioria dos historiadores afirma
que Violante e Briolanja Moniz eram a mesma pessoa. A verdade é que a
documentação existente aponta para que sejam duas pessoas distintas, que viviam
com Colombo em Sevilla. Mais
Onde morava e
com quem morava em Sevilla?
Quando
Colombo saiu de Portugal foi para a casa da sua cunhada
Violante Moniz Perestrelo,
em San Juan del Puerto (Huelva), onde deixou o seu filho Diogo Colon.
Violante
Moniz mudou-se depois para Sevilha, em cuja casa continuou a viver
Colombo e os seus filhos. Foi sempre neste ambiente português e entre
portugueses que viveu nesta cidade até falecer (1506).
Mais
Perante
este facto, os historiadores espanhóis, tem procurado afirmar que
Colombo não tinha uma casa em Espanha, e que quando chegava a Sevilha se
enfiava no convento da Cartuja (26). Um completo disparate.
|
2.8. Albuquerques de Angeja
Os
três filhos de João de Albuquerque, poderoso senhor de Angeja (Aveiro),
conquistador da Grã Canária e Tanger, em 1484 aparecem envolvido na
conspiração contra D. João II. A vida deles confunde-se frequentemente com as
dos três irmãos colombo, as coincidências são mais do que muitas.
2.8.1.
Lopo de Albuquerque
D.
Lopo de Albuquerque, Conde Penamacor foi uma figura
de 1º. plano no reinado de D. Afonso V e no do seu filho D.João II.
Alegadamente envolvido na conspiração, e após uma conversa com o rei em
Cortiçada (Proença-a-Nova), em fins de 1484 foi com a familia para Castela.
Daqui passou para a Flandres e a Inglaterra
onde usou um nome falso - Pedro Nunes.
D.
João II acusou-o de andar a trair Portugal, terá procurado por todos os meios prendê-lo,
mas existe nesta história muita coisa mal contada.
Fez-se sepultar
no
Convento de Santo
António da Castanheira (Loja Nova, Vila Franca de Xira), em Portugal, onde Colombo se encontrou com Dona
Leonor e o futuro rei D. Manuel I depois do seu regresso da América (Março de
1493). O seu filho adoptivo foi o secretário particular de Colombo e do seu
filho, mas as ligações entre os dois não terminam aqui. Uma observação mais
atenta dos factos revelam que estamos perante uma monumental mentira, no qual
participaram os cronistas do reino (Garcia de Resende e Ruy de Pina). Mais
2.8.2.
Leonor Enriques de Noronha
Condessa
de Penamacor. Residia
em Sevilha com os seus cinco filhos. Recebia uma tença dos reis espanhóis. Era
filha do arcebispo de Lisboa- Pedro de Noronha e sobrinha de Colombo. O seu
mordomo era Diego Varela.
Diego
Colon, filho de Cristovão Colombo, contemplou-a no Testamento que fez, em
1509, antes de partir para as Indias espanholas. Não deixou de referir que se
tratava da sua tia.
2.8.3. Diego Mendez de Segura
Secretário
vitalício de Colombo e de seu filho Diego Colon desde 1493. Era supostamente
filho de um nobre castelhano - Garcia Mendez de Zamora - que o entregou com 4 ou
cinco anos de idade à sobrinha de Colombo, Catarina de Noronha e ao seu
esposo Lopo de Albuquerque, Conde de Penamacor. Esta história foi
contada em Tribunal, por volta de 1530, como forma a obter os seus bens e cargos que haviam
sido confiscados em 1517 quando foi acusado de ser português. Mais
2.8.4.
Pedro de Albuquerque
Senhor
de Angeja, alcaide-mor do Sabugal, Alfaiates e Pinheiro, irmão de Lopo de
Albuquerque. Almirante-mor
de Portugal. Fazia
parte da conspiração contra D. João II, e de acordo todos os cronistas,
incluindo Rui de Pina (Crónica de D. João II) foi preso e decapitado em
Montemor-o-Novo (10).
Há todavia uma dado misterioso neste processo: Em
1492, foi pago em Castela, por ordem de Isabel, a Católica, uma importante tença
a um "almirante de Portugal" ainda não identificado. Que relações tinha
este Almirante com Colombo ?
Mais
2.8.5.
Catarina Costa
Esposa
de Pedro de Albuquerque, fugiu para Castela em 1484, levando consigo a marquesa
de montemor-o-novo. Foi também financiada pelos reis espanhóis pelos
menos até 1490. Mais
2.8.6.
Henrique de Albuquerque
Desde
muito novo que andava no corso (1460). Era casado com a filha do
donatário de Alcaçovas. Ambos pertenciam à casa senhorial da Infanta
Dona Beatriz, duquesa de Beja e de Viseu, e durante vários anos a
governadora da poderosa Ordem de Cristo (1472-1483). Foi a grande
promotora das expedições marítimas para Ocidente, nomeadamente as
realizadas por João Vaz Corte Real.
Mais
2.9.
Silveiras
Membros
da influente família dos silveira aparece envolvida conspiração de 1484 que
levou à morte D. Diogo de Bragança, grão mestre da Ordem de Cristo.
2.9. 1. Fernão da Silveira
Fernão
da Silveira (?-8/8/1489),
o moço, com o Bispo de Évora, teve um papel muito activo na conspiração de 1484.
É frequentemente confundido com o seu homónimo. ( 8 ).
Após ter sido descoberta a conjura escondeu-se em Setúbal na casa dum velho
escudeiro de seu pai, chamado João Pegas. Com o apoio de mercador de Sevilha
conseguiu fugir para Castela, sendo muito apoiado não apenas pelos reis
espanhóis, mas também pelos Condes de Benavente. Em Castela desenvolveu
uma campanha contra D. João II (11), acabando por ser expulso. Refugiou-se em França,
onde
foi assassinado nas ruas de Avignon (França) por um emigrado catalão, o conde de
Palhais, a mando de D. João II.
Entre
os bens que foram confiscados a Fernão da Silveira, estava o senhorio de Pavia
que lhe fora doada em 1482 por João de Melo, seu parente e descendente de
Martim Afonso de Melo.(20).
Era
filho de João Fernandes da Silveira,
1º. barão do Alvito (1475)
(7) e de Maria de Sousa, filha herdeira do mestre da Ordem de Cristo - Diogo
Lopes Lobo, senhor do Alvito, de Vila Nova e da Ribeira de Niza. Esta
ligação materna à Ordem de Cristo explicará provavelmente o seu envolvimento
na conspiração de 1484, chefiada pelo grão -mestre da Ordem -Diogo de
Bragança. A fidelidade ao grão mestre terá determinado o seu envolvimento
político.
2.9.2.
Beatriz de
Sosa "La de Hernando de Silveyra"
.
Beatriz
ou Brites de Sousa, esposa de Fernão da Silveira, surge também na
condição de exilada em Espanha. Era filha de
João de Melo (alcaide-mor de Serpa) e de Mécia de Sousa. Tiveram dois filhos:
João da
Silveira Noronha ( 9 ) e Mariana de Sousa.
2.9.3.
Guiomar da Silveira,
viúva de Tomás da Costa, irmão de leite do Conde de Faro.
Era filha de
Inês da Silveira e vivia com ela
na casa da marquesa, da qual
será uma das suas herdeiras universais.
|
3.
Outros Portugueses
Existe
um numeroso grupo de portugueses que estão em Castela/Espanha antes de 1492,
cujas ligações às conspirações de 1483 e 1484 ainda não foi possível
apurar, mas que mantiveram com Colombo uma ligação muito próxima, num caso
mesmo decisiva.
3.1 João Peres de Marchena ( ou António de
Marchena)
Frade português no Mosteiro de la
Rabida, pertencente à Ordem de S. Francisco, perto de Palos (Huelva) ( 1 ). Em Portugal
existe um convento da idêntico da mesma Ordem franciscana na serra da Arrábida
(Setúbal, Portugal).
Era cosmógrafo e antigo confessor da rainha de Espanha. Foi ele quem recebeu Colombo em
Espanha, em meados de 1485, e se ocupou da educação do seu filho Diego
Colon,
durante seis anos. Coube-lhe a missão de convencer a Isabel, a
católica, embarcar no logro de Colombo. A sua autoridade
científica era inquestionável. Foi
ele também que em Abril de 1492, negociou as Capitulações em
representação de Colombo, com Juan de Coloma, representante dos reis
católicos. Após
o regresso de Colombo da sua 1ª. viagem, a 15
de Agosto de 1493, reúne-se com ele durante 15 dias no Mosteiro de la
Rábida (Arrábida, em português) para prepararem os planos que este deviria apresentar aos reis de Espanha.
Mais
3.2.
3.2.
Pedro Vasques de Fronteira (Pero Vázquez
de la Fronteira)
Os
testemunhos da época são consensuais. Pedro Vasques (português),
forneceu a Colombo e eventualmente a Martin Pinzón importantes informações
sobre a existência de terras a Ocidente, assim do modo de as atingir. Onde
obteve esta informação ?
A
explicação corrente é que, em 1452, andando ao serviço de rei de
Portugal com Diogo Teive, a descobrir junto das ilhas dos Açores, afastou-se
para sudoeste tendo chegado ao Mar dos Sargaços, terá avistado ou sido
informado da existência das ditas ilhas, que só não as atingiu porque foi
disso impedido.
Os
testemunhos da época são todavia mais pormenorizados (14), afirmam que o mesmo
andou nestas descobertas com um Infante de Portugal. Só poderia ser o Infante D. Fernando, Duque de Beja, mestre da Ordem de Aviz e de Santiago, e
depois da morte do infante D. Henrique, também mestre da Ordem de Cristo,
senhor das ilhas Atlânticas e de muitas outras terras. Este Duque e a sua
esposa foram os grandes impulsionadores das expedições para Ocidente.
Pedro
Vasques pertencia à Casa dos Duques de Viseu-Beja, tal como
Colombo e a família da sua esposa, e terá sido por esta razão que o consultou
várias vezes em Palos.
Entre
Maio e Agosto de 1492, estava em Palos e assiste à rebelião contra a viagem
comandada por Colombo, desempenhando um papel decisivo ao convencer a tripulação
a embarcar, assim como a mostrar que as Indias Ocidente não eram uma
miragem. Pouco depois foi assassinado
por um espanhol. Mais
3.3.
Condes de Caminha
A família do primeiro conde de
Caminha, título dado em 1475 pelo rei D.
Afonso V, aparece estranhamente envolvida numa suposta conspiração contra D.
João II.
Alvarez de Sottomayor,
filho do conhecido por Pedro Madruga
(1420-1486),
1º. Conde de Caminha, foi
detido em Lisboa, em 1486, sob a suspeita de estar a conspirar contra o rei. O
seu denunciante acabou por ser morto em Santarém.
Não deixa de ser estranho que a
Condessa de Caminha
- Teresa
de Távora -, surja na condição de exilada, em 1485, na cidade de Sevilha,
recebendo os reis espanhóis uma tença. O
seu filho -
Cristovão de Sotomayor (Sotomaior ou
Soutomaior), amigo de
Hernando e Diego Colon, passou às Indias em 1509, vindo a morrer em 1511 em
Porto Rico, num combate com os indios.
Outros factos
que envolvem esta familia e Colombo carecem ainda de uma explicação.
Mais
3.4.
Autor do Memorial Portugues de 1494
Entre
os muitos portugueses que se exilaram em Castela, depois de 1483, conta-se uma
enigmática personagem, autora de um importante Memorial. Alimentava um profundo
ódio a D. João II, acusando-o de ser um tirano. Defende inclusive que Isabel,
a Católica invada Portugal, dando indicações precisas de como o poderia
fazer.
Revela
enorme conhecimentos de cosmografia, geografia, navegação e artes de guerra,
assim como de todo o Império português. Está muito bem relacionado com os
exilados portugueses, em particular com Alvaro de Bragança (25). Defende que
a Espanha não se deve envolver nas expedições para Ocidente, mas sim
conquistar o Reino de Fez, apoderando-se das
fortalezas-feitorias portuguesas em África, nomeadamente de S. Jorge da Mina.
3.5. Almirante de Portugal /Cristovão Colon ?
Cristovão Colombo "fugiu" para
Castela em fins de 1484 ou princípios de 1485, numa altura em que continuavam a
ser proferidas as sentenças dos conspiradores de 1483 e 1484 (43). A sua saída
em 1485 nada tem de anormal. Alguns dos envolvidos nestas conspirações só ao
longo de 1485, resolverem ir para Castela, como foi o caso de Catarina da Costa
e a Marquesa de Montemor-o-Novo.
Não restam dúvidas que Colombo
pertencia à Casa de D. Diogo, o Duque de Beja-Viseu, assassinado por D. João II
em Agosto de 1484. Em Castela viveu sempre entre os nobres portugueses
envolvidos nestas conspirações, com os quais tinha ligações familiares.
Há um português, entre os exilados,
cuja identidade permanece uma incógnita:
- Um "almirante de Portugal", em 1492
e 1493 recebeu uma tença dos reis católicos no valor de 60 mil maravedies cada
ano. Nesses ano, o "português" (Cristovão Colombo) não recebeu nada.
Esta é provavelmente a
mais importante revelação das listagens publicadas por
Miguel-Ángel
LADERO QUESADA, mas que o mesmo nem se apercebeu do facto. Recorde-se que em
1486, a Corte castelhana já o havia identificado Colombo como "português".
Quem era este almirante
? Cristovão Colombo? A relação dos pagamentos oculta o nome do destinatário. Acontece
que neste ano, Colombo é nomeado pelos reis católicos "Almirante do Mar
Oceano" !
3.6.
Ambrosio (Anbroso)
López ( 2).
Era financiado pelos reis católicos. Não
está identificado.
3.7.
Frei Fernão Martins
Frade português
que estava junto ao leito da morte de Colombo (20 de Maio de 1506). Não foi,
como veremos, um caso único. Pedro Ladesma, também lá estava. O
convento de S. Francisco, em Valhadolide, nesta altura estava cheio de
portugueses, incluindo o próprio embaixador de D. Manuel I que aí oficiou várias missas.
Só
com esta espantosa rede de apoios Colombo pode viajar e contactar em toda
a Espanha com as mais importantes famílias do tempo e reclamar os títulos mais
elevados, sem que ninguém o conteste, antes mesmo de ter feito qualquer
descoberta.
Listagem de
nobres portugueses financiados por Isabel de Castela
entre 1483 e 1495, ano da morte de D.
João II
|
|
Notas:
(1 )
"Frei Juan Péres de Marchena do Mosteiro de La Rabida da Ordem de S.
Francisco, português de nascimento, conhecedor de cosmografia", Alonso
Ramón, in, Historia General de la Orden de Nuestra Señora de la Mercês",
vol.II. cap.6. Madrid. 1530.
(4 )
(5 ) João Afonso Pimentel era filho de Rodrigo
Afonso Pimentel, comendador- maior da Ordem de Santiago em Portugal. Era irmão
de Vasco Martim de Melo (1320-1398), 1º. senhor da Castanheira, Povos e
Cheleiros, senhor de Cuba, etc.
(6) A primeira tentativa de um estudo
sistemático destes portugueses, deve-se a Maria da Graça A. Mateus Ventura -
Portugueses no Descobrimento e Conquista da Hispano-América (1492-1557).
Lisboa. Edições Colibri. 2000
(7 ) João Fernandes da Silveira, 1º. barão do
Alvito (1475). Era doutor em leis, chanceler da Casa Civil e Regedor da casa da
Suplicação. Foi um ilustre embaixador:
D. Afonso V mandou-o a Roma; Em Toledo (1480), negociou o Tratado de Paz (Alcaçovas/Toledo).
Nesta embaixada foi acompanhado pelo seu filho Fernão da Silveira (Cfr.
Gavetas, III, p.286 a 320).
Casou-se duas vezes: a primeira esposa foi Violante Pereira, da qual teve
Fernão da Silveira. Da segunda esposa - Maria de Sousa Lopo .
Os
silveiras atingiram um enorme poder durante o reinado de D. Afonso V.
Em 1482, foi o padrinho da Infanta Dona Maria, filha de Isabel, a
Católica, futura rainha de Portugal. Durante os reinados de D. Manuel I e D.
João II acabaram por consolidar o seu poder, intervindo nas explorações e
conquistas além mar.
Consultar:
Silverio, Silvina Maria Santos - Diogo da Silveira, capitão-mor da Carreira da
India, in, A Nobreza na Expansão. Estudos biográficos. p.339-377
(
8 )
Possuiu
o mesmo cargo (coudel-mor e regedor da casa da Suplicação), sendo ambos poetas
muito apreciados da corte, e estando também
representados no Cancioneiro de Garcia de Resende. Para os
distinguir, o conspirador é denominado "o moço", e o outro "o
Bom" .
O
facto mais intrigante é que " Fernão da Silveira, o Bom" e os seus
filhos, envolveram-se numa polémica poético-juridica intitulada - "cuidar
e sospirar", defendendo que o poeta deve expressar os seus sentimentos
e não os ocultar. O conteúdo político desta polémica é por demais evidente na época.
Ambos os poetas
homónimos, escreviam muito bem em castelhano, e continua a ser dificil
distinguir os poemas que correspondem a um e a outro.
O homónimo de João da Silveira, dito "O Bom" foi caudel-mor
(1490), 1º. Senhor de Sarzedas e Sovereira Formosa. Foi casado com Isabel Henriques, filha de Fernando
Henriques, senhor de Alcaçovas, da qual teve larga descendência:
- Francisco da Silveira, coudel-mor, casado
com Margarida de Noronha. Foi também um excelente poeta.
- Diogo da Silveira, casou-se com Maria Távora.
- Jorge da Silveira, alcaide-mor de Castelo
Rodrigo, camareiro-mor e guarda-mor do Infante D. Fernando.
- Maria Henriques, casou-se com Francisco
M...., alcaide de castro marinho.
- Mécia Henriques, casou-se com Pedro de Sousa,
Conde do Prado.
-Violante, casou-se com Fernão de
Mascarenhas.
Faleceu em Évora, no ano de 1493.
Aponta-se como seu pais: Nuno
Martins da Silveira, rico-homem, aio de D.
Duarte, caudel-mor de D. Afonso V., senhor de Terena, 1º escrivão da puridade;
A sua mãe seria Leonor Falcão, filha de um nobre inglês.
Consultar:
CORREIA, Fernando Calapez, “Fernão da Silveira, Coudel-mor e Cortesão de D.
João II, in Actas do Congresso Internacional Bartolomeu Dias e a sua época,
vol. IV, Universidade do Porto-Comissão Nacional para as Comemorações
dos Descobrimentos Portugueses, Porto, 1989, vol. IV, pp. 65-76.
(9 ) João da Silveira valido de D. Manuel
I foi muito protegido por este rei.Em 1510 foi mandado para Safim.
Em 1516 para a India, como capitão-mor. Comandou a esquadra que levou a Infanta
Dona Beatriz a Nice para se casar com o Duque de Saboia. Entre 1522 e 1531 foi
embaixador em França, tendo obtido importantes informações sobre os
corsários e piratas franceses.
(10) Sousa Viterbo, em " Duarte Galvão e a
sua Família", Lisboa.p.14, manifesta enorme dúvidas sobre este
casamento.
(11) O Códice C-V/2-7 da Biblioteca Pública de
Évora, contém uma cópia da carta ofensiva que terá enviado de Espanha para
D. João II. O manuscrito tem o seguinte título: Apontamentos de algumas
razões que há em favor do Duque de Bragança, D. Fernando 2º acerca da sua morte,
dá-se conta de vários conflitos ainda no tempo de D. Afonso V". Consultar
também: Gonçalves, Luis da Cunha - Episódio duma tragédia. Uma carta de Fernão
da Silveira a D. João II, Coimbra. Imprensa da Universidade. 1926.
(12 ) Pelo menos uma vez recebeu dos reis de
Espanha 100.000 maravedis. Cfr. Quesado, Miguel Ángel Ladero - La Hacienda Real
de Castilla en el Siglo XV. Edições Santa Cruz de Tenarife. 1973. p.297.
Trata-se de Catarina da Costa, mulher de Pedro de
Albuquerque ou a primeira mulher de Duarte Galvão ?
(14) Gould, Alicia B.- Nueva Lista Documentada de
los Tripulantes de Colon en 1492. Madrid.1984. Páginas 266 e 267
(15) Antonio de la Torre - Los Hijos del Duque de
Braganza en Castilla (1483-1496), sep. Hidalguia, Madrid. Inst. Salazar y
Castro. 1962. pp. 163 -165.
(16) Teófilo de Braga: Bernardim Ribeiro e os
Bucolistas (1872), Bernardim Ribeiro e o Bucolismo e Bernardim Ribeiro e o
Género Pastoril (1897). Para uma visão de conjunto: Duarte, Marta Marecos - A
biografia de Bernardim Ribeiro à luz das conspirações contra D. João II, in,
(17) Natanyahu, Benziun - Dom Isaac Abravanel.
Estadista e filósofo. lisboa. Edições Tenacistas. 2013
18) Fonseca, Jorge - D. João, Marquês ..., p.117
(19) León-Borja , István Szásdo - Dos Nuevos
Documentos para ele Conhecimiento de la Intervención de Luis de Santángel en
el Descubrimiento de las Yndias, in, Estudios de História de España, VIII
(2006).pp 163-174.
(21)
Maria da Graça A. M. Ventura, ob.cit. p.55
(22 ) Farinha, Santos - O
Palácio de Palhavã. Lisboa. Parceria Pereira. 1923.
(23) Isabel, a católica possuia
um retrato de Isabel de Lencastre (cfr. István S.Léon-Borja, El Magnífico
Señor Don Alvaro de Portugal, contador mayor de castilla. Una trayectoria política-administrativa,
in, Castilla y el Mundo Feudal. Homenagem al professor Julio Valdéon...
(24) cfr.
István S.Léon-Borja, idem, p.705
(25) El Memorial Portugues de
1494. Una Alternativa al Tratado de Tordesillas. Prefácio. transcrição, e
notas de
István S.Léon-Borja. Madrid. Testimonio Compañia Editorial. 1994.
(26) San Jose de Serra, Carlos Serra Pickman -
Cristobal Colón: Sus Estancias y Enterramiento en la Cartuja de Sevilla ..
(27) Pelúcia, Alexandra Maria Pinheiro - Martim
Afonso de Sousa e a sua Linhagem: a elite dirigente do Império Português nos
reinados de D. João III e D. Sebastião. Tese de doutoramento. FCSH. UNL. Lisboa.
2007
(28) António de la Torre e Luis Suarez Fernandez
- Documentos referentes a las relaciones con Portugal durante el reinado de los
Reyes Católicos, vol. II, pp.306-309, nº. 358; a resposta dos reis católicos,pp.
310-312., nº. 359. D. João II volta a protestar contra o apoio que recebem os
exilados portugueses, e em Julho de 1486, envia um novo embaixador - Estevão Vaz
- que ataca centra os seus ataques em Alvaro de Bragança e na Condessa de
Faro. Idem, Vol. II, p.
(29) Silva, Joaquim Candeias - O Fundador do
"Estado Português da India", D. Francisco de Almeida (1457?- 1510). Sua Vida e
Actuação à Luz da Moderna História. Tomo I. Estudos Históricos. Dissertação de
Mestrado em História Moderna. FLL -UL. 1991.
(30) Foi preso pelo senhor de Fiennes, sob a
acusação de andar por Bruges, Gand, Lille, Dovai e "outros lugares", a procurar,
inquirir e saber os segredos e forças destas cidades, a disposição e recursos
dos seus habitantes, etc. Alegou então que se havia deslocado às mesmas por
necessidade e negócio do rei de Portugal. Acabou por ser solto e teve os seus
bens restituídos graças à intervenção da Duquesa D. Maria "de Portugal", in,
Robert Van Answaarden - Les Portuguais devant le Grand Conseil dePays Bas
(1460-1580). Fundação Calouste Gulbenkian. CCP. Paris.1991, pp.125-136.
(31) Serrão, Joaquim Verissimo - Itininerário de
D. João II..., p.477/8.
(32) Do casamento entre Dinis de Bragança e
Beatriz de Castro Osório, nasceram entre outros: Fernando Rodrigues de Castro,
7º. Conde de Lemos; Afonso de Lencastre, comendador-mor da Ordem de Cristo;
Isabel de Lencastre, casada com D. Teodosio I, 5º Duque de Bragança; Antónia de
Lencastre, casada Alvaro Coutinho, 7º. Marchal de Portugal.
(33) Sobre a corte que os filhos do Duque de
Bragança desfrutaram em Castela consultar: Cuentas de Gonzalo de Baeza Tesorero
de Isabel la Catolica, Edição preparada por António de la Torre y E. A. de la
Torre. Vol. I, Madrid. 1955.
(34) Leonardi, Salvatore -" De Portugal a
Guadix pasando por Murcia. Dados para a Historia de los Primero
Barradas....".
João Pires de Barradas ( ? -1504), natural
de Beja, terá ido para Castela ainda no tempo Enrique IV, mantendo-se
sempre ligado a Portugal. Foi corregedor de Alcaraz (1478-1481),
Ciudad Real (1482-1487), Madrid (1487-1489), Murcia e Lorca (1490-1492),
Medina del Campo, Cuenca, Heute, Trujillo e Ciudad Rodrigo. Comendador
de Cieza (1479-1504) e da vila de Malogon. Foi cavaleiro da Ordem de
Santiago.etc. Entre os seus descendentes conta-se Lope de Figueroa y
Barradas (c. 1541-1585).
(35) Memorial de Lopo de Figueiredo. Sobre a
denuncia do Duque de Bragança, in, Revista Litteraria, n. XXVII, p. 232
e segs. O "original" encontra-se na Livraria das Necessidades. Tomo IV
de papeis de diferentes materiais. p.29 e segs.
(36) Fray Vicente Rubio - Cedulario de la
Isla de Santo Domingo. Vol. 1. 1492-1501. Santo Domingo. 2007. p. 356
(37) Lopo Rodrigo (ou Ruiz) de Atouguia, era
filho de Rui Gonçalves de Atouguia e de Maria Teles Correia, e neto de
Luis Afonso de Beja.
Era irmão de:
- Rodrigo Afonso de Atouguia,
casado com Brites Correia. Era escrivão de D. Fernando e depois de D.
Brites, Duquesa de Beja-Viseu, que em 1506, lhe doou a sua quinta de
Belas (Paço Real de Belas). Senhor de Salvaterra de Magos e de Belas.
- Luis de
Atouguia, casado com Inês Alvares da Rua (nota 38).
- Afonso Rodrigues de Atouguia.
Camareiro pontificio ? Morreu em Roma?
- Nuno de Atouguia, casado com
Catarina Rodrigues do Carvalhal.
(38) Luis de Atouguia, contador dos Duques
de Beja, casado com Guiomar Bettencourt, a mando de D. Brites foi o
criador da Alfandega nova do Funchal (1477). Foi então nomeado juiz da
alfandega. A mando do duque D.Manuel (1485), mestre da Ordem de Cristo,
remodelou o centro da cidade, com a construção da igreja grande, paço
dos tabeliões, a praça e o adro, etc. Na freguesia da Calheta
recebeu terras de sesmarias.
(39) Figueira Mestre, Joaquim - Beja,
Olhares sobre a Cidade. CMB. Beja. 1991. p.129
(40) Fray Juan Ortega de Maluenda, bispo de
Cória(1475-1485), da Ordem de S. Jerónimo. Foi um ativo apoiante da
causa dos "reis católicos" contra D. João II. Participou em diversas
embaixadas junto da corte portuguesa (1479/1480), tendo em vista
negociações de paz. Em 1482 esteve envolvido nas terçarias de Moura,
etc. Pertenceu ao Conselho Real de Castela (1481-1482). Protegeu o
cronista Diego Rodriguez de Almela, que lhe dedica uma obra -
Compilación de las batallas campales - onde é narrada uma batalha da
guerra entre Portugal e Castela de 1475 a 1479. Tudo indica que
estivesse de facto envolvido no apoio aos conspiradores de 1483 e 1485.
Cfr. David Nogales Rincón - En Torno a la sabiduría en el cuatrocientos
castellano: el prólogo a la traducción castella del de regno ad Cypri de
Tomás de Aquino dirigida a Fernando el Católico, Memorabilia 12
(2009-2010), pp. 289-350
(41) Lopo Rodrigo de Atouguia era
muito próximo de Fernando de Aragão. Quando o rei de Aragão, em 1487, na
cidade de Zaragoza, arma um cavaleiro, tem-no como testemunha : "Lupe d`Atoguia
preceptore de Malagon ordinis calatrava monasterio maiore", in, Angel,
Canellas; Marco Simón, Francisco - San Jorge de Capadocia. Zaragoza.
1987.
(42) José Abravanel (Yoce Abravanel)
participou na conspiração de D. Diogo. Quando soube que tinha sido morto
D. Diogo, "posto que sabbado fosse, elle se amarara logo e fugira", nas
palavras de Rui de Pina (Chronica de D. João II). Garcia de Resende
(Vida de D. João II, cap. LII) diz que foi numa sexta feira. A sentença
de José Abravanel foi proferida a 31 de Agosto de 1485.
(43) Ao longo de 1485 foram proferidas
várias sentenças: a 30/5/1485 a sentença contra Conde Faro, Isaac
Abravanel e Fernão da Silveira; a 14/7/1485 a prisão perpétua de Diogo
Lourenço, a condenação à morte de Afonso Vaz (secretário do marques de
montemor) e Alvaro de Bragança; a 31/8/1485 as sentenças contra Aires
Pinto, os bachareis Pinto e João Afonso, e José Abravanel.
Carlos Fontes
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