Carlos Fontes

Cristovão Colombo, português ?

.

Início . Anterior . Próximo

 
As Provas do Colombo Português   

43. Colombo e os Historiadores Portugueses

 
 

No século XIX, a Alemanha, França, Itália, Espanha, Inglaterra, Holanda procuravam sustentar internacionalmente o seu pioneirismo nos descobrimentos marítimos, na ciência e tecnologia nautica, desvalorizando completamente as realizações dos portugueses.

Tratou-se de uma verdadeira guerra propagandística, na qual as várias potências europeias procuravam legitimar a posse de vastas regiões do mundo.  Historiadores ao serviço destes objectivos colonialistas fabricavam-se histórias de pseudo-descobertas geográficas ou científicas, de forma a legitimar a apropriação. 

Os alemães, através de Alexandre Humboldt (1769-1859), afirmavam-se os pioneiros da ciência nautica e da cartografia dos séculos XV e XVI. Os marinheiros portugueses não passavam de uns ignorantes. A obra do Infante D. Henrique ou de D. João II foi anulada. O pouco que os portugueses sabiam deviam-no a Martin Behaim (Martinho da Boémia) que veio para Portugal em 1484, trazendo consigo as obras de Regiomontano ( 9 ). Alguns historiadores portugueses do tempo, como Oliveira Martins (iberista), Rodolfo Guimarães (11) ou mesmo Sousa Viterbo, colocaram-se ao serviço dos alemães, proclamando o eminente papel da ciência nautica alemã nos descobrimentos portugueses (10). A confusão estava instalada.

Os franceses sustentarem o pioneirismo dos navegadores  na exploração de África, e depois na descoberta do mundo. As realizações dos portugueses foram sistematicamente omitidas ou deturpadas. Navegadores e cartógrafos portugueses foram assumidos como franceses.

Os espanhóis, seguindo uma prática muito antiga, "nacionalizaram" navegadores, cartógrafos e conquistadores portugueses que andaram ao serviço de Espanha. Por toda a Espanha surgiram cidades, vilas e aldeias a reclamarem serem o berço onde nasceram estes portugueses. Quando o não puderam fazer incluem-nos na categoria de "ibéricos" ou simplesmente  omitem a sua existência.

Os italianos, apoiados nos EUA pela sua enorme colónia de emigrantes, reclamaram a origem de Cristovão Colombo, transformando-o com John Cabot, Américo Vespúcio e Varrazano, nos únicos navegadores que mereciam ser recordados pelos seus feitos. O pioneirismo dos portugueses nas descobertas geográficas, ciência nautica e cartográfica foi completamente ofuscado.

Os holandeses, embora tendo iniciado as suas descobertas dois séculos depois dos portugueses, seguiram o exemplo dos alemães.

Os ingleses, devido à sua aliança histórica com Portugal, foram ao longo dos séculos beneficiários directos das suas realizações. Talvez por este facto, alguns dos seus historiadores, embora de forma paternalista tenham-se dado ao trabalho de estudarem melhor os descobrimentos portugueses (12). No século XIX, os debates historiográficos entre portugueses e ingleses sobre África, devem ser interpretados no contexto da disputa deste continente pelos europeus.

Portugal mergulhado em convulsões internas, dificilmente tinha meios, nem uma elite cultural capaz de se opor a esta mistificação internacional sobre os descobrimentos. A acção esclarecedora do Visconde de Santarém (14), Joaquim Bensaúde ou Luciano Pereira da Silva era claramente insuficiente para repor a verdade dos factos. 

Qual foi a posição dominante dos historiadores portugueses, nomeadamente em relação à origem de Colombo?

Nacionalismos versus Ignorância

Muitos historiadores portugueses sustentaram a ideia de que se não devia dar importância ao estudo da figura de Colombo, nem sequer à sua presença em Portugal. Se o fizessem estariam a contribuir para desviar as atenções de outros navegadores portugueses, como Bartolomeu Dias ou Vasco da Gama, enaltecendo indirectamente os "descobrimentos" espanhóis e italianos (?). Nesse sentido, muito "patrioticamente" ignoram-no.

Esta atitude acabou por os conduzir a um problema mais profundo: a enorme ignorância que revelam sobre este navegador.

Em finais do século XIX era tão profunda a ignorância dos historiadores portugueses sobre Cristovão Colombo, que facilmente se transformavam em agentes (involuntários) da propaganda italiana. 

Lisboa, por alturas do 4º. centenário da descoberta da América (1892), tornou-se no principal centro de credibilização das teses genovesas. 

Prospero Peragallo, publicou aqui, em italiano, vários "estudos" sobre Colombo e os descobrimentos portugueses, que se  tornaram na principal referência até aos nossos dias dos historiadores portugueses (5). 

Peragallo, não se limita a mistificar a origem de Colombo, e a realizar uma verdadeira proliferação de genoveses por tudo quanto é sítio, inventa histórias sobre Filipa Moniz Perestrelo e a sua família, as quais seriam facilmente desmentidas por qualquer historiador minimamente atento. 

Os seus estudos editados em Lisboa tiveram larga repercussão mundial, mas por todo o lado surgiram provas que mostravam as suas inúmeras falsidades (6). Os únicos que não reagiram foram os historiadores portugueses, que para cumulo as repetiram até hoje.

Decadentismo versus Iberismo

A esmagadora maioria dos historiadores portugueses, depois de 1822 não acreditava no futuro de Portugal. Passavam a vida a prever a anunciar o seu breve desaparecimento. As invasões franco-espanholas (1807-14), o abandono de país pela família real (1807), a independência do Brasil (1822) e a guerra civil (1828-1834) foram acontecimentos traumáticos que pareciam anunciar este fim iminente. A partir daqui seguiu-se um longo período auto-fágico de destruição sistemática da memória histórica do país. 

Face a este quadro decadentista, os historiadores portugueses mantiveram-se alheados da questão da origem de Colombo, limitando-se a repetir de forma acrítica o que os falsários italianos e espanhóis diziam.

Apesar de todas as provas que apontarem para a origem portuguesa, preferiram ignorar o assunto, repetindo ingenuamente as historietas italianas baseadas em documentos falsos ou falsificados. Ninguém estudou o assunto

Os mais rigorosos adoptaram a estratégia de atribuir a responsabilidade a outros: "Diz-se que ...", "Afirma-se que ...". Outros descartaram-se do problema afirmando que a questão da origem era irrelevante. 

Aparentemente não estavam dispostos a entrarem numa polémica internacional sobre um assunto desta natureza. Portugal tinha navegadores em tanta quantidade e ainda por estudar, que mais um menos um era-lhes indiferente. 

Para este alheamento, contribuiu também a mentalidade derrotista da maioria dos historiadores portugueses do século XIX, como Oliveira Martins, o principal ideólogo dos iberistas em Portugal (consultar).  

Nas histórias que produziram limitaram-se a exaltar as capacidades de outros povos (alemão, francês ou mesmo espanhol) e a denegrirem as capacidades do povo português, num inacreditável processo de auto-castração mental. Chegaram ao ponto de comprimirem a História de Portugal, amputarem parte do território português, como Olivença, nos mapas e histórias que  produziram. 

A simples possibilidade de  Colombo ser português não se encaixava neste esquema auto-castrador, por isso foi ignorada.

Esta visão decadentista acabou por fazer escola ao longo de todo o século XX, continuando a repetição acrítica as teses italianas, espanholas ou até islandesas. Tudo servia desde que não relacionasse Colombo com Portugal. As raras vezes que a hipótese foi colocada, os críticos do costume acusaram os seus autores de nacionalistas doentios e ignorantes. 

Monumentos centrais para a explicação de Colombo em Portugal , como o Convento de Santo António da Castanheira, em Vila Franca de Xira, foram abandonados e ignorados. 

Nas últimas décadas de forma impune foram profanados os túmulos deste convento, em particular os do Panteão dos Ataídes onde estão os túmulos de Lopo de Albuquerque ou de Tomé de Sousa, primeiro governador do Brasil, o que só por si revela as profundas raízes que esta mentalidade auto-castradora criou na sociedade portuguesa. O objectivo é anular a memória do país. 

Marxismo e Estruturalismo

A historiografia portuguesa no século XX foi profundamente influenciada pelas correntes marxistas e estruturalistas, as quais  valorizaram sobretudo as acções colectivas e os períodos de longa duração, relegando para um papel secundário a análise das acções individuais, a pequena história.

Neste contexto, a biografia de Colombo, como a de muitos outros navegadores e exploradores portugueses tornou-se sem qualquer importância. Este facto acabou por contribuir para o desconhecimento real de inúmeras figuras marcantes da história de Portugal.

a ) Uma Questão Incontornável

Colombo viveu, trabalhou, casou e teve um filho em Portugal. Durante anos, como corsário, combateu os italianos e espanhóis ao serviço dos reis de Portugal ( D. Afonso V e D. João II). Participou em várias expedições promovidas pela Coroa portuguesa. Nos seus escritos faz numerosas referências a Portugal e aos portugueses, e ignora praticamente a Itália e os italianos. Ás terras que descobriu deu nomes portugueses, mas nenhum italiano. 

Mesmo depois de ir para Castela (1484), nunca deixou de manter relações com Portugal e defender os seus interesses. Por último, em Castela nunca se casou de modo a poder deixar os seus títulos e a herança ao seu único filho legitimo - Diego Colon Moniz Perestrelo, nascido em Lisboa e que veio a ser o 2º. Vice-Rei das Indias espanholas.  

Aqueles que se deram ao trabalho de estudar a vida de Colombo, consultar documentos, confrontar fontes e verificar factos, não tiveram dúvidas que nada batia certo na sua biografia baseada nas fontes italianas.

A conclusão a que chegaram após terem analisado as múltiplas ligações com Portugal e as  inúmeras coincidências que não podiam ser obra todas do acaso é que só poderia ser português. 

Etapas dos Estudos Colombianos em Portugal

1. Silenciamento da Traição

Há uma antiga tradição portuguesa que associa um português que vá para Espanha a um ser desprezível que todos procuram ignorar ou esquecer. Pouco ou nada se conhece em Portugal da vida de milhares de portugueses que ao longo dos séculos foram para Espanha e as suas colónias e aí tiveram um papel de relevo. Eles não contam, não existem ! 

A questão é ainda mais grave quando envolve uma traição contra o próprio país. Nos séculos XV a XVIII a alta nobreza de Portugal procurou esconder uma terrível infâmia praticada pelos seus pares: 

A Casa de Bragança, a Casa real de Portugal, em 1483 e 1484, esteve envolvida numa conspiração internacional destinada a matar D. João II, colocando no trono um rei serviçal para com os interesses dos reis católicos (Isabel e Fernando, de Castela e Aragão). Descoberta a traição e mortos os mentores da conspiração, a Casa de Bragança procurou por todos os meios ocultar a conspiração que manchava a honra dos seus membros, fazendo desaparecer todas as provas. Ao que tudo indica Colombo terá participado na conspiração de 1484.

Os traidores, que envolviam as principais famílias do reino, em troca de apoio de Castela e Aragão garantiram que o novo rei revogaria os Tratados de Alcáçovas-Toledo (1479-1480), que impediam o livre acesso dos navios castelhanos e aragoneses às costas ocidentais de África, nomeadamente à Guiné e Mina. Entre o mais afectados por estes tratados, estavam os duques de Medina-Sidónia, que durante anos procuraram controlar as Canárias e se apoderar do Norte de África. Tratava-se de uma grave traição aos interesses de Portugal protagonizada pela alta nobreza portuguesa, que se refugiou em Castela, e na sua maior parte em Sevilha, como Colombo.  

O bisneto de Alvaro de Bragança

Durante o domínio filipino (1580-1640), as familias envolvidas na conspiração contra D. João II, foram largamente recompensadas pelos espanhóis, entre eles os descendentes de D.Nuno Alvares Pereira. Um exemplo:

 - Nuno Alvares de Portugal, filho do 2º. Conde de Vimioso, e neto de Alvaro de Bragançafoi nomeado corregedor da cidade de Lisboa (presidente do município) por Filipe II de Espanha, e depois fez parte da 1ª. Junta Governativa do reinado de Filipe III de Espanha, entre 1/9/1621 e 30/8/1623. A ocultação das provas da sua ligação a Portugal, tornou-se uma questão de honra para a própria Casa de Bragança e para o próprio país. 

Durante o governo desta Junta Governativa, Portugal entrou num acelerado processo de ruína: perdeu os mercados do norte da Europa, os seus portos entraram em decadência, vendo o movimento de navios estrangeiros diminuir de forma radical; os holandeses (apoiados por milhares de portugueses) assaltam as suas possessões ultramarinas, nomeadamente no Brasil; Fecharam muitas importantes feitorias, perdeu Ormuz a sua principal feitoria no Oriente; a população foi sobrecarregada de impostos para sustentar a corrupta corte espanhola; assistiu-se a uma brutal centralização do domínio espanhol, num claro desrespeito pelo que tinha sido acordado nas Cortes de Tomar ; a fome alastrou pelo país, provocando motins em Lisboa e muitas outras localidades; a Inquisição instalou em Portugal o terror, em proporções nunca vistas (4); etc. 

Nuno Alvares de Portugal,  tornou-se uma personagem odiada pelos portugueses, não tardando a ser morto (1623). Neste mesmo ano morre outro dos miseráveis cúmplices dos espanhóis - o Bispo Mexia (22 de Agosto). A revolta contra o domínio espanhol generalizou-se (2), criando as condições para a posterior libertação (1640).

A traição de 1483/84 tornou-se duplamente penosa de suportar. O nome de Colombo não deixava de estar associado estes traidores, evocando terríveis lembranças que todos procuravam esquecer.

No século XVIII, o Marquês de Pombal irá destruir a Casa dos Távoras, outra das famílias que participou nestas juntas governativas servindo os inimigos de Portugal durante a ocupação (1580-1640). 

1.1.Revisão Histórica

Agostinho Manuel de Vasconcelos (1584-1641) foi o político e historiador português (18), ao serviço da Casa de Bragança (19) e dos reis espanhóis (20), entre outras funções foi encarregue de revisitar a biografia de D. João II (21) e fixar das relações de Colombo com o rei português.

Na obra  "Vida y acciones del rey Don Juan el Segundo, Decimoterico de Portugal", escrita em 1624, reduz as conspirações de 1483-1484, a problemas internos portugueses, sem interferências castelhanas. Ofende no entanto a Casa de Bragança ao tentar justificar a morte do Conde D. Fernando por D. João II . Um rei sábio que soube defender o povo contra os abusos dos grandes.

Sobre o descobrimento da "América" retoma a versão de Rui de Pina - Garcia Resende, procurando mostrar como os dois reinos - Portugal e Espanha -conseguiram ultrapassar as suas divergências, partilhando a conquista do mundo (Livro VI, pp. 291-303). O objectivo de Cristovão Colombo não era a Ásia, mas as Indias Ocidentais, algo que os cosmógrafos portugueses não haviam percebido. Desta forma, iliba-o de ter mentido aos espanhóis.

Como conclusão desta santa harmonia luso-espanhola, em 1639, publica -Sucesión del Señor Rey Don Felipe Segundo en la Corona de Portugal - afirma que Filipe II, em 1580, era o único candidato legitimo ao trono de Portugal. Francisco Quevedo, encontra nas suas palavras uma forma velada legitimar também o direito Casa de Bragança ao trono de Portugal.

Após a restauração da Independência, em 1640, resolve regressar a Portugal. No ano seguinte, 28 de Julho de 1641 é preso com um grupo de conspiradores contra D. João IV.

No dia 29 de Agosto integra o grupo de conspiradores pró-espanhóis foi executado na praça do Rossio, em Lisboa, entre os quais se contava, também o duque de Caminha, o marquês de Vila Real, o conde de Armamar. O arcebispo de Braga, morreu meses, preso na Torre de S. Julião. O Inquisidor-geral Francisco de Castro, outros dos  conspiradores, é preso durante dois anos.

A versão de Garcia de Resende era a principal referência, no século XVII, para a maioria dos historiadores portugueses que abordavam as relações entre D. João II e Colombo (22). Uma versão que agradava à Casa de Bragança.

2. Enigmas

Apesar da enorme censura nos séculos XVI e XVII, muitos foram os que afirmaram de forma directa ou indirecta que a nacionalidade de Colombo era portuguesa. Está por fazer um levantamento sistemático destas afirmações. A questão despertou algum interesse no final do século XVII e princípios do século XVIII.

2.1.  O Anónimo Português Informador de Colombo

Manuel de Faria e Sousa (1590-1649), natural de Pombeiro (Felgueiras) é uma das personagens mais fascinantes do período filipino (23). Para os leitores atentos da sua obra é um patriota, para os outros um traidor. Viveu em Pombeiro, Porto, Lisboa, Madrid, Génova (onde perdeu um filho) e Roma. Na sua vasta obra, chegou às seguintes conclusões sobre Colombo:

- Aprendeu a arte de navegação em Portugal (Asia Portuguesa, Tomo I, Parte I, cap. III).

- Foi um português lhe deu a notícia das indias Ocidentais. Afirma-o desde 1628, na sua obra "Epitomo de las Historias Portuguesas (3ª. parte, cap. 14) (24). Repete a mesma afirmação na sua obra póstuma - História del Reyno de Portugal, dividida en cinco parte (1730). Quando apresentou a ideia a D. João II de chegar as indias ocidentais, à ilha de Cipango (Japão), foi desprezado. Trata-se da versão portuguesa do célebre "piloto anónimo" criada por Oviedo?

- Enquanto Colombo entretinha os espanhóis no Ocidente, os portugueses atingiam (sozinhos) o Oriente, a verdadeira India e o Japão (Epitomo, 3ª. parte, cap.14). A proposta de Colombo aos reis espanhóis procurava desta forma afastá-los do caminho seguido pelos portugueses para atingir o Oriente. Um espião, como o foi Manuel de Faria e Sousa ?

Deixou também uma obra inédita sobre a história da "América Portuguesa" , o que nela terá revelado, incomodou de tal modo os espanhóis que Diogo Soares, secretário de Estado de Filipe IV fez questão de destruir o manuscrito (17).

2.2.Enigmática Posição de D. João II

Manuel Telles da Silva (1641-1709), marquês do Alegrete, em 1689, publica em latim, a "Vida e Feitos de D. João II" (13), no qual aborda as relações do navegador com este rei. Colombo teria apresentado a sua proposta a D. João II numa grande assembleia convocada para o efeito, destacando-se as intervenções de duas personagens:

- Diogo Ortiz de Vilhegas (c.1443 - 519) (16), natural de Castela, leccionou Astrologia na Universidade de Salamanca (15). Veio para Portugal em 1476, ocupando um lugar cimeiro nos descobrimentos. Opôs-se à proposta de Colombo, defendendo que Portugal devia atingir a India contornando África.

- Pedro de Meneses Noronha (1425-1499), 1º. Marquês de Vila Real, 3º. conde de Vila Real, 7.º Conde de Ourém, ( parente de Colombo ? ), defendeu a realização de expedições para outros destinos que não apenas o africano. D. João II, assim como a maioria dos presentes da assembleia concordou com esta posição.

Depois de escrever isto, Manuel Telles da Silva, sem mais explicações afirma que Colombo foi para Castela por lhe terem rejeitado a proposta ...

O autor deixa no ar, a ideia que a não aceitação proposta de Colombo se deveu à ação do bispo castelhano, pois todos estavam de acordo com a mesma, incluindo o rei !

Neste alegado conselho ninguém duvidou que a viagem até às "indias" fosse impossível. A corte portuguesa conhecia a existência de terras a Ocidente da Europa. Colombo escreveu inclusive que D. João II lhe falou da existência de um continente no Hemisfério Sul. A discórdia incidia apenas sobre a vantagem para Portugal de fazer semelhante viagem para Ocidente.

2.3. Enigma maçónico das origens de Colombo

No ano em que se comemorava os 200 anos da chegada de Colombo à América (1692), são publicadas duas obras genealógicas muito enigmáticas, uma delas acabou por ser proibida. 

Ambas aparecem com as mesmas referências, mas todas são falsas:  autor - Prior D. Tivisco de Nasao Zarco y Colona; editor - Novelo de Bonis; local da edição - Napóles; etc. Este facto revela que a publicação destas obras foi combinada entre os seus verdadeiros autores.

 2.1.  "Theatro Genealogico, que contem as Arvores de Costados das Principaes Familias do Reyno de Portugal, & suas Conquistas. ". Em língua portuguesa terá sido publica em Portugal "a bordo de um navio estrangeiro". O verdadeiro autor foi Manuel de Carvalho e Ataíde ( m.1720), capitão de cavalaria e fidalgo da Casa Real, e pai do futuro Marques de Pombal - Sebastião de Carvalho e Melo. Pertencia a uma lógica maçónica

Esta obra foi proibida, em 1703, por D. Pedro II, sob o pretexto de conter graves erros genealógicos, que não são identificados.  

2.2. "Pericope Genealogica y Linea Real Separada Aqui  de las muchas otras, que la acompañan en las Casas à quen toca. "  Em língua espanhola terá sido publicada em Espanha, em local incerto. O seu verdadeiro autor era um frade português chamado Jacinto de Sousa Sequeira, também conhecido por Frade Jerónimo de Sousa (m.1711),  frade Franciscano, lente, membro do Santo Ofício, etc. Pertencia à família do pai do marquês de Pombal.

Porque é que estes dois autores, embora familiares, resolveram adoptar o mesmo apelido? Que segredos resolveram revelar duzentos anos após a descoberta da América (1492) ? 

Uma análise sistemática à duas obras revelou o seguinte:

a ) Os apelidos "Zarco" e Colon", em Portugal escondem um segredo familiar sobre a ascendência comum de Manuel de Carvalho e Ataíde e de Jacinto de Sousa Sequeira

b ) Os seus autores reclamam-se descendentes de João Gonçalves Zarco e de Cecília Colonna. 

A principal controvérsia diz respeito ao nome de Cecília Colonna. Jacinto de Sousa, afirma que era filha de uma dama da Sicilia e filha iligitima de Giacomo Sciarra-Colonna, e sobrinha de Agapito de Colonna que virá a ser bispo de Lisboa . Era portanto descendente dos reis da Sicília, Chipre e Jerusalém. Estando também ligada aos senhores de Colonna, Monteporzio, Zagarolo, Gallicano e Palestrina.

Cecilia Colonna casou-se em 1377, com o português Rodrigo Anes de Sá, na cidade de Roma, tendo vindo pouco depois para Portugal, onde deixou larga descendência. Uma sua descendente - Constança Rodrigues de Sá Colona, casou-se com João Gonçalves Zarco, unindo desta forma as duas famílias. É por esta a razão os autores destas obras se reclamam descendentes dos "zarco" e dos "colona".   

c ) Este segredo familiar envolve directamente a mulher de Colombo - Filipa de Moniz Perestrelo, mas também o próprio Colombo. A família de Filipa ligou-se na Madeira aos zarco-colona. Afim de reforçarem esta associação publicam os livros no ano de 1692 e supostamente em Itália, adoptando um pseudónimo comum italinizante.

d ) Alguns autores, com base nestas obras, pretenderam ter descoberto o segredo do verdadeiro nome de Cristovão Colombo - Salvador Fernandes (filho de Fernandes) Zarco (e Colona).  Uma hipótese que permitiria esclarecer alguns factos da sua vida, mas não todos.  

Fica sempre a dúvida se os autores estavam a procurar engrandecer as suas origens familiares, ou se pelo contrário estavam de facto a revelar de facto um verdadeiro segredo familiar. 

No século XVIII, Cirilo Wolkmar Machado (1748-1823), pintor neoclássico e um notável estudioso dos séculos XV e XVI, não apenas em Portugal, mas também de Itália que percorreu (3 ), foi convidado em 1476 para trabalhar no Convento de Mafra, onde viveu 11 anos.

Na chamada sala das descobertas executa uma interessante pintura com as principais figuras dos descobrimentos portugueses:  Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Infante D. Henrique e Cristóvão Colon, tendo este a seguinte legenda - "A Castilla y a Leon Nuevo Mundo dio Colon"). Colombo aparece agrilhoado, numa evocação ao facto de ter sido preso em 1500 por Bobadilla. Nas paredes desta sala existiam quadros representando outras personagens portuguesas como os Castros, Albuquerques, Almeidas e Mascarenhas e que foram com D. João VI para o Brasil e não regressaram. Os apelidos destes navegantes ainda se encontram pintados nos medalhões das paredes. Cirilo procura mostrar a ingratidão dos espanhóis por quem lhes deu um "novo mundo", referindo no seus escritos que foi Portugal que Colombo soube da existência das Indias em papéis do seu sogro (27).

Apesar das pistas interessantes que traçaram, estas investigações mas não tiveram qualquer continuidade, sendo inclusive  censuradas. Na verdade apontavam para um mistério de uma personagem que na altura pouco ou nenhum interesse despertou. A familia Colombo, como vimos, ligou-se com D. Nuno Alvares aos ocupantes de Portugal. 

3. Voz da Terra Alentejana

Durante a 1ª. República (1910-1926), Patrocínio Ribeiro (Ericeira, 1882 - Mafra, 1923), fica espantado com os estudos que os espanhóis estavam a fazer mostrando a inconsistência das provas apresentadas pelos italianos. 

As provas espanholas, nomeadamente as apresentadas pelos galegos, pecavam pelo mesmo defeito: eram inconsistentes e baseadas em documentos falsificados. 

Os historiadores portugueses, mostravam-se indiferentes à questão e numa atitude acrítica, continuaram a repetir as historietas do costume. 

As ligações com Portugal eram tão evidentes que Patrocínio Ribeiro. Publicou o seu primeiro trabalho, em 1915: " O caracter Misterioso de Colombo e o problema da sua nacionalidade" (opúsculo). Voltou a questão em " A nacionalidade portuguesa de Cristovam Colombo. Solução do debatidíssimo problema da sua verdadeira naturalidade, pela decifração definitiva da firma hieroglífica" (Lisboa, 1927). Nesta obra apresenta algumas pistas decisivas para futuros investigadores sobre Colombo: Nobreza, Brazão, Alentejo, Conspiração Contra D. João II, Toponímica Comparada, Linguagem, Crenças, Judaísmo, Assinatura Cabalística, etc. 

4. Códigos Secretos 

As publicações de Patrocínio Ribeiro despertaram uma enorme curiosidade, embora a principal questão que mobilizou os historiadores portugueses tenha sido o problema da decifração da assinatura cabalística de Colombo. 

Moses Bensabat Amzalak publicou, em 1927, um interessante estudo centrado nesta assinatura - Uma Interpretação a assinatura de Cristovam Colombo. Afirma que numa interpretação judaica, que as letras que estão antes do nome, se devem ler: "Deus dos exércitos e único" ou "Deus Santíssimo e único". Exclui a possibilidade do mesmo ser "genovês", devido à ausência de elementos que o liguem a esta antiga república italiana.

Deixa no ar uma interrogação: "Será Colombo um pseudónimo deduzido da "insula dei columbi", nome da ilha de Santa Maria (Açores), na carta catalan e no atlas da biblioteca Pinelli?" (8)

João Antunes, um conhecido publicista de temas misteriosos, em 1927, na revista Eleusis (números 1, 2, 4 e 5) faz um importante levantamento sobre as várias hipóteses que então eram colocadas sobre a origem de Colombo, assim como as  suas relações com Portugal. 

Manuel Gregório Pestana Júnior, em D. Cristóval Colón ou Syman Palha na História e na Cabala" (1928), viu em Colombo o duplo de Simão Palla, que em 1479-1480, apresou uma frota castelhana no Algarve. Teria ido depois para o Porto Santo onde casaria com Filipa Moniz Perestrelo. A interpretação cabalistica seria a chave para o enigma. A obra peca por ser muito rudimentar e não tem em conta toda a informação que na altura estava disponível. 

Dois outros investigadores dos mistérios que envolvem Colombo - Major G.L. Santos Ferreira e António Ferreira de Serpa - tentaram decifrar a sua assinatura cabalística e os dois livros publicados em 1692 e trouxeram novos dados.

G. L. Santos Ferreira, em 1922, publica um primeiro estudo intitulado: O Mistério de Colombo; Em 1938, em colaboração com António Ferreira de Serpa, publica a sua principal obra: Salvador Gonçalves Zarco (Cristobál Colón). Os Livros de D. Tivisco e confirmações Históricas;

A última obra, no melhor espírito cabalístico é um verdadeiro romance, e com o tal continua a fascinar muitos investigadores, como Manuel da Silva Rosa, que procuram descobrir o seu fundo de verdade. Mais 

A abordagem cabalística da assinatura de Colombo conduz Carlos Roma M. de Faria a um novo exercício imaginativo: A Nacionalidade Portuguesa e o Nome de Cristobal Colón. Coimbra, 1934.

Em 1939, surge um novo livro intitulado - Cristóbal Colón : Salvador Gonsalves Zarco : Infante de Portugal, da autoria de Arthur Lobo d'Ávila [e] Saúl Santos Ferreira, editado em Lisboa, pela Tip. Empresa Nacional de Publicidade. Em 1942 publica um novo exercício cabalístico: Um Infante de Portugal (Salvador Gonzales de Zarco). Descobridor do Novo Mundo.

O filão de Salvador Gonsalves Zarco estava criado, assumindo na pena alguns historiadores dimensões de um verdadeiro delírio.

O assunto interessava a muito poucos em Portugal, a posição mais cómoda foi a de repetir o que outros no estrangeiro diziam. A maioria escolheu a tese italiana, por razões óbvias. "De Espanha nem Bom Vento, Nem Bom Casamento".

5. Espião de D. João II

A grande mudança nos estudos sobre Colombo em Portugal ocorre em 1935. Neste ano, Armando Cortesão sustenta num artigo -  "Espionagem dos Descobrimentos, separata de "Vida Contemporânea"-  que Colombo era um agente de D:João II, enviado por este aos reis católicos, para os convencer a afastarem-se da costa africana, por onde passava a rota do caminho maritimo para India.

Publica também, em 1935, a sua principal obra - Cartografia e Cartógrafos Portugueses dos Séculos XV e XVI (Contribuição para o estudo completo). Seara Nova. Lisboa. No 1º. Volume, da pagina 187 à 242, apresenta-nos as suas perplexidades sobre Colombo, e escreve:

"Parece que nunca questão histórica tem sido, desde há séculos já, tratada com mais imoralidade! E é tal a abundância de documentos falsos, que os estudiosos sérios e desapaixonados se veem, por vezes, perplexos e a cada passo obrigados a duvidar ou a semear os seus trabalhos com pontos de interrogação", p. 191.

Após ter analisado a documentação disponível ao tempo, não tem dúvidas em afirmar a questão da sua identidade italiana é um completo logro. Está baseada em documentos falsos e na propaganda internacional realizada pelos historiadores italianos. As teses portugueses, embora ainda incipientes, porque pouco aprofundadas tem manifestas virtualidades.  

Dois anos depois volta a escrever outro artigo, agora em inglês - "The Mystery of Columbus, in, The Contemporary Review, vol. CLI,1937,pp.322-330, onde sustenta a mesma tese. O autor reedita este artigo em 1974, na sua obra Esparsos (Coimbra).

Nos anos 50 surgem novas contribuições em abono desta tese. Alexandre Gaspar de Naia, em Lisboa, publica - Cristobal Colón. Instrumento da Política Portuguesa de Expansão  Ultramarina (Caderno da Revista Neptuno) - . O seu profundo conhecimento do mar, permite-lhe corrigir interpretações erróneas. A novidade está todavia na forma como integra Colombo na história da expansão portuguesa. No ano seguinte, com novos dados pública em Coimbra o seu melhor trabalho - D. João II e Cristobal Colón. Factores Complementares na Consecução de um mesmo objectivo. Publica depois outros estudos de menor dimensão, mas não menos interessantes: O "Problema Colombino" Resolvido (Revista de História, nº. 18, São Paulo, 1954);  Génese do Equivoco Colombino. Um "Colombo" Corsário e um "Colombo" Lanério" (Revista de História, nº20, São Paulo, 1954) ; As Concepções Geográficas de Cristobal Colón (Revista de História, São Paulo, 1954); In Perpetuan Rei Memorian; Historiografia dos Descobrimentos. Impertinências Elucidativas de um Curioso. (Revista de História, São Paulo, 1956);  Colombo e Colon: Mentiras Transitórias e Verdades Eternas (Edição de autor, Lisboa, 1956). 

Este investigador desenvolve a tese que Colombo e os seus irmãos eram filhos do Infante D. Fernando, Duque de Beja e Viseu, mestre da Ordem de Santiago e de Cristo. Um dos aspectos inovadores foi ter feito a ligação de "Colombo, o Velho" e "Colombo, o Moço" com a identidade da mãe do navegador.  

A sua obra passa complemente despercebida, e só 30 anos depois muitas das suas ideias são retomadas e desenvolvidas por outros investigadores que, frequentemente o copiam sem o referir. 

6. Perplexidades e Ignorância

A maioria dos grandes historiadores portugueses sobre os descobrimentos, com raríssimas excepções, pouco ou nada conhecem sobre Cristovão Colombo, limitam-se a repetir aquilo que outros escrevem, preferindo a versão italiana, para não entrarem em polémicas.

6.1.Jaime Cortesão. Foi um dos raros historiadores portugueses que se deu ao trabalho de ler os escritos de Colombo e iniciar o seu estudo. A maioria limita-se a comentar os comentários de historiadores estrangeiros (7). 

À medida que avançou no seus estudos, acabou por chegar á conclusão que Colombo tinha uma relação muito especial com D. João II. Na sua opinião o rei serviu-se da ignorância nautica e geográfica de Colombo para afastar os espanhóis das costas africanas e do caminho marítimo para a India.   

Embora tenha mantido a ideia que o mesmo era "genovês", sempre foi dizendo que o mesmo tinha muitos nomes, deixando em aberto a possibilidade da sua nacionalidade por ser outra.

6.2. Vitorino Magalhães Godinho. O mais brilhante historiador português dos descobrimentos, nas muitas referências faz a Colombo revela um profundo desconhecimento da sua vida e escritos, o que o leva a reproduzir de forma acrítica todo o tipo de disparates que já se escreveram sobre este navegador. É inacreditável o que escreve e reproduz de forma acéfala em várias obras  .

Tomando apenas como exemplo o que escreveu na sua obra maior - Os Descobrimentos e a Economia Mundial (2ª Edição, vol. III, p. 194), afirma este ilustre historiador, entre outras disparates os seguintes:

- "Colombo, esse, entrou em 1471 ao serviço dos Centurione". Colombo, segundo a biografia italiana, na altura era um simples tecelão em Génova. Como se isto não bastasse, nunca foi encontrado qualquer documento antes ou depois que ligasse de forma inequívoca Colombo a esta casa genovesa.

- "Por conta deles vai ao mar negro e a Inglaterra, a Chios e navio fretado pelos Spínola e Di Negro". Godinho baralha documentos comprovadamente falsos, troca nomes e serviços, inventa (?) viagens (ao mar negro) nunca referidas em qualquer documento, mesmo os falsos ou falsificados.

- "Enviado pelos centurione, que tem feitor em Lisboa, vai à Madeira comprar açucar" (1478). A famosa viagem à Madeira de Colombo ao serviço desta casa genovesa, terminou sem efeito. Os supostos encomendadores genoveses não tinham dinheiro. Os "documentos" que "comprovam" referida encomenda são um conjunto de folhas soltas, produto de uma reles falsificação genovesa. Este facto não impediu os historiadores portugueses de andaram a repetir a história de Colombo-Mercador.

Vitorino Magalhães Godinho, numa das suas tiradas imaginativas escreve:

"Em 1482 encarrega o filho Diogo de pagar certas somas a Luigi Centurione, Paolo di Negro e ao genro de Centurione estante na capital portuguesa". Este ilustre historiador português ao escrever sobre o que não estudou, nem conhece, acaba por confundir tudo: O filho de Colombo, em 1482, tinha apenas um ou dois anos de idade ! 

Estamos perante um exemplo, entre muitos outros, do nível de conhecimentos sobre Colombo dos melhores historiadores portugueses. O assunto não lhes interessa, por isso limitam-se a repetir todo o tipo de disparates.

Este facto é tanto mais aberrante, quanto estes mesmos historiadores ao percorrerem a documentação e Portugal ou no estrangeiro sobre os Centurione, Di Niegro ou Spínola, não encontram documentos que comprovem o que reproduzem acriticamente ( Godinho, ob. cit., p.194).  

7. A Viragem, Reacções e  Falsificações

Nos anos 80, muitas das teses anteriores são retomadas e desenvolvidas, agora com um forte impacto na comunicação social. 

7.1 Mascarenhas Barreto

Publica uma obra que constituiu um marco:  -"O Português Cristovão Colombo, Agente Secreto do Rei D. João II". Traduzida depois para inglês. A quantidade de pistas abertas é agora surpreendente.

Dez anos depois da primeira obra, volta à carga e publica dois volumes - "Provas Documentais". Apesar de vários erros históricos, como a confusão entre Cristobal Colon e Cristobal Guerra, os novos dados são demolidores e a maioria dos seus críticos fica em silêncio.

7.2. Reacções

A primeira obra de Mascarenhas Barreto suscitou na altura uma enorme indignação de muitos historiadores e literatos portugueses. Na sua quase totalidade de Colombo apenas conhecem um texto de divulgação de Paolo Emilio Taviani, que se limitam a reproduzir sem qualquer espírito crítico.

Mascarenhas Barreto é acusado de ser um burro e um ignorante. Publicam-se várias obras repletas de insultos, mas nenhuma analisa os documentos ou a relevância da tese:

- Luís de Albuquerque, Dúvidas e Certezas na História dos Descobrimentos Portugueses, Lisboa 1990; idem, Colombo - Columbus, Lisboa, CTT, 1992.
- Alfredo Pinheiro Marques, As Teorias Fantasiosas do Colombo "Português", Lisboa, 1991

- Vasco Graça Moura, Cristóvão Colombo e a floresta das asneiras, Lisboa, 1991

- Luiz de Lancastre e Távora, Colombo, a Cabala e o delírio, Lisboa, 1991.

- José Manuel Garcia, Ao Encontro dos Descobrimentos: temas de história da Expansão. Lisboa. 1994

- Domingues, Francisco Contente - Colombo e a Política de Sigilo na Historiografia Portuguesa, in, Centro de Estudos de História e de Cartografia Antiga, Lisboa,1992. O autor sem nunca se referir a M.Barreto, sustenta que Colombo não era um espião, mas um ignorante, cujas ideias não importunavam os projectos de D João II. Nesse sentido, o rei mostrou-se sempre indiferente face às suas descobertas. É impressionante a ignorância revelada pelo autor sobre as relações entre D. João II e Colombo.

- Luís de Mello Vaz de São Payo, Carta aberta a um “curioso" de Genealogia, Armas e Troféus, IX Série, T. I, 1999. Idem, Carta aberta a um agente secreto, Armas e Troféus, VII Série, T. I, 1996.; idem, Primeira Carta Aberta a Mascarenhas Barreto, Armas e Troféus, VI Série, T. VI, 1994.

A maioria destes autores estava ligada à Comissão para as Comemorações dos Descobrimentos de Portugueses (? ), cuja grande obra foi a construção do Pavilhão de Portugal na Feira de Sevilha (1992), cuja principal novidade consistia em requintadas e sofisticadas casas de banho e respectivas retretes, em especial as do responsável pelo pavilhão. O que diz tudo sobre o nível como abordaram a questão.

7.3. Vasco Graça Moura

A obra de Mascarenhas Barreto provocou em alguns historiadores como Vasco da Graça Moura (Cristóvão Colombo e a floresta das asneiras) reacções delirantes, levando-os a publicarem "provas" falsas para tentarem sustentar a tese genovesa.

Este antigo presidente da Comissão para as Comemorações dos Descobrimentos de Portugueses, numa prova de enorme sabedoria publicou, por exemplo, um conhecido desenho de Lazzaro Tavarone do século XVII, como sendo da autoria do próprio Colombo. O desenho foi acompanhado de uma assinatura falsa. Mais

7.4. Luís Filipe Thomaz

Este notável historiador português, em 2016/17, resolve retomar as teses de Mascarenhas Barreto e defender de forma acrítica a origem genovesa de Cristovão Colombo, em dois artigos - "Cristovão Colón. Português, natural de Cuba, agente secreto de D. João II ?" (Anais de História de Além-Mar, XVI, 2015, pp.483-542) e "Cristovão Colombo e a Vila de Cuba" (Boletim da Associação de Professores de História, APH, 1916) -, os quais tiveram eco na comunicação social: "Historiador reafirma que Colombo não era português nem espião de D. João II. Luis Filipe Thomaz reabre o debate sobre a origem do navegador num artigo publicado pela Universidade Nova", artigo da autoria de Virgílio Azevedo, Expresso, 22/04/2017.

O texto de Luis Filipe Thomaz é um repositório de ideias feitas, revelando uma inacreditável falta de conhecimento dos textos e contextos de vida de Colombo. Fica-se por uma crítica às teses de Mascarenhas Barreto ignorando tudo o que depois disso se escreveu em Portugal, mas não só, sobre o assunto. 

 

Encontros Oceânicos: canoas indias e navios portugueses.

Enquanto os historiadores portugueses se empenhavam a desvalorizar todas as ligações de Colombo a Portugal, o historiador espanhol - Juan Pérez de Tudela y Bueso - procurava demonstrar que antes de 1492 ocorrera um encontro entre portugueses e indios.

Mulheres indias, vindas de Guadalupe ou Martinica em canoas, por volta de 1482/3, encontraram-se a 350 ou 400 léguas a oeste da Ilha Ferro, nas Canárias, com um navio português.

Pérez de Tudela chegou a esta conclusão baseado num estudo rigoroso da História Rerum de Eneas Silvio Piccolomini, dos Tratados do cardeal Pedro de Ailly e em centenas de relatos, muitos dos quais registados pelo próprio Colombo. Este encontro permitiu aos portugueses terem conhecimento das indias, um conhecimento a que Colombo teve acesso durante os muitos anos que viveu e navegou em Portugal (25).

"(...) fue el encontro de ameríndias y portugueses en el centro del atlântico, lo que engendró el movimiento de inquietudes "inventoras" de islas, que Colón elevaría a descobrimiento de un Nuevo Mundo" (26). 

Esta teoria é curiosamente coincidente com o mais antigo Roteiro de Marear que se conhece feito em Portugal, data de 1480-1485. Neste Roteiro, como observou o historiador Vitoriano Magalhães Godinho, consta já a rota para chegar às Antilhas a partir da Ilha do Ferro (Canárias), fixando-se inclusive a distância: 700 milhas. Colombo seguiu exactamente este caminho e referiu a mesma distância. Mais

8. Confronto Global de Informação

As obras de Mascarenhas Barreto tiveram o condão de estimular nos EUA, uma importante investigação realizada por  Manuel da Silva Rosa e Eric J. Steele - "O Mistério e Colombo Revelado" (2006). O mesmo autor produziu depois uma interessante síntese intitulada - "Colombo Português" (2009), na qual revelou novos dados.  

A verdade é que a partir de 2000 regista-se uma mudança de atitude dos intelectuais portugueses face ao mistério de Colombo.

As facilidades proporcionadas pelo acesso global a documentos e ideias, através da internet, permitiram um confronto que ultrapassava as visões locais. O fácil acesso às obras que defendem a tese da nacionalidade italiana (genovesa ou outra) tornou bem patente as suas enormes contradições e inconsistências. As teses espanholas são no mínimo ridículas, mas tem a vantagem de fazerem o levantamento de muitos problemas. 

Este confronto de fontes à escala global mostrou mais do que nunca a pertinência da origem portuguesa de Colombo (Cristoval Colon).

Carlos Fontes

A Verdadeira Identidade de Cristovão Colombo ?

A primeira coisa que qualquer historiador descobre quando investiga a origem de Cristovão Colombo, é que o seu verdadeiro nome é outro. A segunda é que ele não tem qualquer ligação a nenhum Estado italiano da época, nem sequer à sua suposta familia genovesa.  Tal como os seus irmãos, desconhece, por exemplo, o Italiano ou qualquer um dos seus dialectos.

Os documentos oficiais nos  21 anos em que viveu em Castela/Espanha, quando referem explicitamente a sua nacionalidade identificam-no como "português" ou "estrangeiro", nunca lhe atribuem outra origem. O mesmo acontece com os seus irmãos. 

O único documento italiano que alegadamente refere a sua nacionalidade genovesa é comprovadamente falso.

Como se tudo isto não bastasse nunca manifestou qualquer ligação afectiva com Itália, ao ponto de sistematicamente procurar prejudicar todos os seus Estados. As suas relações com italianos quando são puramente financeira.

A profunda ligação que Colombo manifesta com Portugal é de tal modo evidente que, por mais que tenha sido ocultada, não pode deixar de ser colocar a questão da sua origem portuguesa. Em Portugal e em Espanha, por exemplo, viveu sempre entre portugueses e na casa de portugueses, nunca se afastou dos mesmos.

No estado actual da nossa investigação, podemos afirmar que pertencia a uma família nobre com laços profundos à Casa dos Duques de Beja-Viseu, Duques de Bragança, aos Noronhas, Albuquerques, Ataídes e Monizes

Integrou a elite dos navegadores portugueses (ligados à Ordem de Santiago de Espada) e teve acesso aos segredos do Estado português. Era amigo pessoal de D. João II.

Manifesta uma profunda ligação à Ordem de Avis e à dinastia real de Portugal, ao ponto de levar consigo uma bandeira com a Cruz Verde quando, a Outubro de 1492, aportou às Indias (América).

Mas qual seria a sua identidade ? A tarefa não é fácil de resolver, dado que estamos perante alguém procurou e conseguiu ocultar as suas origens. As razões porque o fez continuam a ser motivo de especulação. 

Os historiadores portugueses que se tem debruçado sobre o problema, seguiram duas vias para o identificar:

A) Personagem Fictícia 

Com base em certos indícios e interpretações frequentemente esotéricas dos escritos de Colombo, criaram uma personagem fictícia a que depois procuram dar consistência histórica.

- Salvador Fernandes Zarco.  Colombo era filho bastardo de um nobre português, um caso nada estranho para a época, pois ele próprio teve também um filho bastardo em Castela (D. Hernando Colón). Nasceu no Alentejo, numa família ligada à Ordem Militar de Avis  e / ou de Santiago de Espada. Mais

B ) Personagem Real

Partindo de dados históricos conhecidos sobre Colombo, procuram depois encontrar uma personagem real que seja ajustável ao seu percurso de corsário e navegador, tendo em conta muitos outros aspectos (textos, ligações familiares, nobreza, conhecimentos, crenças, etc). 

- Pedro de Albuquerque. Um nobre corsário que chega, em 1484, a Almirante-Mor de Portugal. Mais

- Pedro João Coulão. Um enigmático corsário que entre 1469 e 1485 andou ao serviço de Portugal. Mais

- Henrique, o alemão. O filho de um rei polaco que se exilou na Ilha da Madeira, e se transformou num experiente navegador. Mais

Nesta sucessão de hipóteses, o grau de concordância com os factos históricos é muito variável. Algumas estão formuladas de forma tão vaga é que impossível testar a sua veracidade.

Carlos Fontes

 
  Notas:

( 1 ) Torres, José Veiga - Uma Longa Guerra Social: os Ritmos da Repressão Inquisitorial em Portugal, in, RHES, 1, 1978.

( 2 ) Oliveira, António de - Poder e Oposição Política em Portugal no Período dos Filipes (1580-1640), Lisboa. DIFEL. 1991, pp. 54-55.

(3) Cirilio Machado, entre outras obras são de destacar as seguintes: "Tratado de Arquitectura & Pintura" (o manuscrito foi só publicado em 2002), "Colecção de Memórias, Relativas às Vidas dos Pintores, e Escultores, Architectos, e Gravadores, que estiveram em Portugal recolhidas, e ordenadas, por Cyril Wolkman Machado, pintor ao serviço de D. João VI".

(4)"O tempo em que o Terror atingiu o seu auge se situa nas décadas de 1591-1600 e 1621-1630", António Borges Coelho, Inquisição em Évora, 1533-1668. Lisboa. Caminho.2002, p.177  

Os espanhóis, controlando a Inquisição em Portugal, procuram decapitar as elites culturais e económicas do país de modo a eliminar qualquer tipo de manifestações independentistas. 

(5) Estudos de Prospero Peragallo editados em Lisboa:

- A Christoforo Colombo, in, Occidente, Lisboa, A.16, vol.16 n.507 (Jan. 1893)

-L'epopea delle navigazioni portoghesi, in, Occidente, Lisboa. A.17. V.17. N.552 (Abril de 1894)

- A Cristobal Colón, In, Occidente, A. 17, V. 17, n.573 ( Nov. 1494)

- Carta do Rei D. Manuel ao Rei Católico, in, Centenário do Descobrimento da América, Lisboa, 1892.

etc.

Em Itália: Prospero Peragallo, Cenni intorno alla colonia italiana in Portogallo nei secoli XIV, XV e XVI, Genova, Stabilimento Tipografico Ved. Papini e Figli, 1907;  Cristoforo Colombo in Portogall, Génova, 1892. 

(6) Nebulosa de Colon, etc

(7) Com raríssimas excepções, os mais notáveis historiadores portugueses do século XIX e XX, revela um inacreditável desconhecimento sobre a vida de Cristovão Colombo. Pontualmente assinalam erros, sobretudo quando estão em causa personagens portuguesas.

- Anselmo Braancamp Freire, por exemplo, afirma que Filipa Moniz Perestrelo nasceu em Lisboa. Casou-se com Colombo em 1474. Assinala que Violante e Briolanja Moniz eram duas pessoas distintas, contrariando assim a ideia de todos os historiadores que se escreveram sobre o assunto. O facto mais importante foi ter mostrado que Frei Cristovão Moniz, carmelita, era com irmão de Diego Colon, filho de Cristovão Colombo. (cfr. Brasões...., Vol. III. Apendice, pags. 315/16).

(8) O nome "Colombo", isto é, "Pombo" em português, surge nos mapas do século XIV,  identificando ilhas supostamente situadas no arquipélago dos Açores:

- O "Libro del conoscimiento", manuscrito de um frade mendicante de Sevilha (?), datado de 1345, menciona a ilha da "Colombaria" (ilha do Pico?).

- O atlas Laurentino- Mideceu, datado de 1351, existente na biblioteca Medicea Laurenziana, em Florença, menciona a ilha "Ave de Colombis" (ilha do Pico?)

- O atlas catalão, de Jahude Cresques, datado de 1375, da BNF (Paris), nomeia a "insula dei columbi"  (ilha de Santa Maria?).

- O atlas Pinelli- Walckenaer, datado de 1384, na British Library, representa também a ilha Columbi nos Açores (Ilha de Santa Maria?).

Tratam-se de ilhas míticas, cujo conhecimento real das mesmas é difícil de comprovar. A escolha do pseudónimo de "Colombo" (Pombo, em português), associava-o não apenas aos Açores, mas também à descoberta de ilhas no Atlântico. 

(9) Joaquim Bensaúde - "Luciano Pereira da Silva e a sua obra" (Paris, Dez. 1926), in, Obras Completas de Luciano Pereira da Silva. AGC. Lisboa. 1953. vol. I

(10) Azevedo da Silva, José Manuel; Marinho dos Santos, João - A Historiografia dos Descobrimentos através da correspondência entre os seus vultos. Imprensa da Universidade de Coimbra. Coimbra. 2004

(11) Rodolfo Guimarães atacou de forma violenta o cartógrafo inglês Ernest George Ravenstein quando este desmascarou os supostos conhecimentos e feitos que os historiadores alemães atribuíram a Martin Behaim. Estes faziam-no  amigo Cristovão Colombo,  introdutor em Portugal do astrolábio, balestilha e das tábuas astronómicas do famoso matemático e astrónomo alemão Regiomontanus, de que  Martin Behaim “se gloriava ser discípulo” (João de Barros, Ásia, I década, 4. liv., cap. 2). Os portugueses deviam-lhe tudo o que sabiam de cartografia e cosmografia.

(12) Coelho, Teresa Pinto - Os Descobrimentos Portugueses no Mundo de Língua Inglesa: 1880-1972. Pref. John Darwin. Lisboa. Ed. Colibri. 2005

(13) Manuel Telles da Silva, Vida e Feitos de D. João II. Introd., Tradução e Notas de Miguel Pinto de Meneses.  Imprensa Nacional- casa da Moeda. Lisboa.1998.

(14) A acção do Visconde de Santarém foi a todos os títulos notável nesta verdadeira guerra propagandística movida pelos historiadores franceses, alemães e ingleses. Para uma síntese dos seus trabalhos neste contexto: Roque de Oliveira, Francisco - A Historia da cartografia na obra do 2º. Visconde de Santarém: Exposição cartobibliográfica. BNL. 2006, in, Investigaciones Geograficas. Boletin 63, 2007

(15) Goldstein, Bernard R. - Abranhan Zacut (1452-1515) y a Astronomia en la Península Ibérica. Salamanca. 2008

(16) Diogo Ortiz de Villegas, nasceu em Calzadilla de los Barros (Zafra, Llerena, Badajoz), era filho de Afonso Ortiz Villegas (cavaleiro de Toledo) e de Maria de Silva, ligada aos Silvas de Toledo. Publicou em português - O Cathecismo Pequeno (edição crítica de Elsa Maria Branco da Silva, edições Colibri, Lisboa, 2001).

Esta sepultado no Mosteiro de Nossa Senhora da Serra, em Almeirim (Portugal).

(17) Serrão, Joaquim Verissimo - A Historiografia Portuguesa.  Lisboa. Verbo. Vol. II., p.109

(18) Agostinho Manuel de Vasconcelos escreveu em castelhano, um importante conjunto de obras:

- Vida y acciones del rey Don Juan el Segundo, Decimoterico de Portugal", escrita em 1624, mas só foi publicada em 1639 (Madrid), devido à reação violenta que provocou em famílias portuguesas. Manrique da Silva (Marquês de Gouveia) acusa-o de ter desvalorizado a Casa de Aveiro e enaltecido a Casa de Bragança.

- Vida de Don Duarte de Meneses, Tercero Conde de Viana y sucessos notables de Portugal en su tiempo, Lisboa, (1627). Crítica o 1º. Duque de Bragança devido às suas ambições durante a regência do Infante D. Pedro.

- Cortes Políticas de Apolo, 1628.

- Sucesión del Señor Rey Don Felipe Segundo en la Corona de Portugal, Madrid (1639).

- Manifesto en la Aclamación de D. Juan IV. (Maio-Junho de 1641).

(19) Manuel de Vasconcelos esteve ao serviço de D. Teodósio, Duque de Bragança. Foi ele que em 1628 redigiu o testamento de D. Teodósio que tanto enfureceu o futuro rei D. João IV.

(20 ) Ao serviço dos reis de Espanha, denuncia à Inquisição Faria de Sousa que durante anos se havia dedicado ao estudo de um dos símbolos de Portugal: Luis Vaz de Camões. 

Na sequência das revoltas em Portugal, entre 1637-1638, escreve um importante memorial para a corte espanhol, propondo o fim da autonomia do país. Em 1639 escreve "Sucesión " onde ataca as D. António, Prior do Crato e a sua escolha de uma sucessora na Casa de Bragança. É um dos conspiradores pró-espanhóis de 1641.

(21) A figura de D. João II entre 1580 e 1640 tornou-se um símbolo dos escritores portugueses nacionalistas.

Uma das mais interessantes é sem dúvida a de Pedro Barbosa Homem - Discursos de la Juridica y Verdadera Razón de Estado, formados sobre la vida y acciones del rey don Juan el II, de buena memoria, Rey de Portugal, llamado vulgarmente el Principe Perfecto. Contra Machiavelo y Bodino, y los demas Politicos de Nuestros Tiempos sus Sequazes, Coimbra. 1626.

D. João II é elevado à categoria de Santo e de mestre para todos os principes. O autor aproveita a intervenção política e militar de D. D. João II para apresentar um verdadeiro tratado de guerra para, de forma disciplinada e organizada, os portugueses restaurarem a independência de Portugal. 

(22) Cristovão Ferreira e Sampaio (Vida y Hechos del Principe Perfeito, Madrid, 1626), seguindo Garcia de Resende, assume uma posição conciliatória, mas afirmando que  Christoval Colón era genovês "segun la comum opinion", e que o seu objectivo era chegar a Cypango (Japão). A "junta" de cosmógrafos (Ortiz, Rodrigo e José) não tiveram dúvidas em considerar o projecto um "sonho". D. João II foi um rei sábio pois soube dividir o mundo entre portugueses e espanhóis. Este historiador afirma que a casa dos duques de Aveiro e Torres Novas eram os legitimos herdeiros de D. João II (p.92), atacando deste modo a dinastia filipina e os bragança.

Pedro Barbosa Homem - Discursos de la Juridica y Verdadera Razón de Estado (....). Madrid. 1623. Ignora por completo a figura de Cristovão Colombo. O que lhe interessa é mostrar que os portugueses tem condições suficientes, se forem disciplinados e organizados, para derrotarem os espanhóis, como D. João II o fez na batalha de Toro.

(23) Porcel, Francisco Moreno - Retrato de Manuel de Faria y Sousa. Lisboa. 1733; etc.

(24) Epitomo: "Christoval Colon con sa industria sobre la noticia que un portugues le dio de las indias ocidentales, se ofreció a nuestro principe para este descubrimient: fue despreciado, e no fim misterio, pues ocupados en el ocidente pudieram los portugueses perder la gloria que despues ganaron en el oriente, tanto mayor, quanto es mas ilustre cuidado assistir ao sol quando nasce que quando muerre (...)".

(25) Juan Pérez de Tudela y Bueso - Mirabilis in Altis - Estudios Critico sobre el Origem y significado del proyecto descubridor de Cristobal Colon. CSIC. Instituto "Gonzalo Fernandez de Oviedo". Coleccion Tierra Nueva e Cielo Nuevo. T. XI. Madrid. 1983.; idem, Cristobal Colón  las Siete Ciudades, in, Actas do Congresso Internacional "Bartolomeu Dias e a sua Época. Porto.1989, vol. II, pp.161-168; idem, Pedro de Ailly - Imago Mundi (com estudo). Madrid. Ed. Testimonio.1991; idem, Historia Rerum Ubique Gestorum del papa Pio II y o descubrimiento da America. Madrid. Testimonio Compª. Editorial. 1991

(26) Juan Pérez de Tudela y Bueso - El sentido Religioso del descubrimiento como Poblema, in, Congreso de  Historia del Descubrimiento (1492-1556). Actas. Tomo IV. Madrid. 1992

(27) Cirilo fez uma descrição desta pintura, na qual afirma: "Cristóvão Colombo não é Português mas viveu entre nós, casou com uma Portuguesa, ofereceu aos Reis de Portugal os seus talentos e, se é verdade o que dizem muitos autores, achou entre os papéis do sogro que era piloto e nos so nacional as memórias de que se aproveitou para as ousadas descobertas de que tão felizmente soube fazer. Os seus émulos, o caluniaram de modo que o fizeram transportar à Espanha carregado de ferros. Ele aparece ali neste estado de abatimento. A Perfídia o conduz, um génio olha e aponta para as terras que ele deixa conhecidas, outro acaba de escrever numa tabela, os seguintes versos que servirão depois no seu epitáfio:A Castilla y a Leon/nu[e]vo mundo dió collon.", Descrição das Pinturas do Real Palácio de Mafra (edição de J. M. Cordeiro de Sousa),in Revista de Arqueologia , t. 3 (1936-38), p. 208-210.

. .

Continuação:

44. Lugares do Navegador em Portugal

45. Cronologia Portuguesa

 

.

As Provas de Colombo Italiano

As Provas de Colombo Espanhol

.

  Carlos Fontes
 
Início . Anterior . Próximo