Carlos Fontes

 

 

PORTUGAL 

Cristovão Colombo, português ?

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Colombo: Espanhol ?

 

 

 

Henrique de Albuquerque 

 

Desde muito novo andava no corso. Em 1460, como vimos, foi preso com o seu irmão nas costas do reino de Aragão.  

 

Foi alcaide-mor de Marvão (carta real de 23/3/1474).

 

Não terá participado na conjura, de 1483 ou de 1484, aparentemente por isso foi salvo e largamente recompensado pelo rei.

 

Meses antes da conspiração, a 7/4/1484, D. João II nomeia-o fronteiro e capitão de Marvão, revelando ter nele plena confiança. 

 

Atendendo à morte e ausência dos seus dois irmãos, a  25/6/1486 pede a confirmação do senhorio de Angeja e de Pinheiro, que eram do seu avô (Pedro Vaz da Cunha) e do seu bisavô (Vasco Martins da Cunha).  Um mês depois é-lhe concedida uma importante tença, no almoxarife de Portalegre.

 

Não se lhe conhece o rasto depois de 1486, sendo dado como falecido em 1497 (1) ou 1498 (2). 

 

A inscrição que consta no túmulo de João Afonso de Albuquerque e da sua esposa Helena Pereira, refere que tiveram três filhos. Os nome de Pedro e de Henrique de Albuquerque são os únicos que não são perceptíveis. Houve a clara intenção de os apagar. Porquê ? 

 

 

1.  Catarina Henriques

 

Henrique de Albuquerque era casado com Catarina Henriques (3), filha do 1º. senhor de Alcáçovas - Fernando Henriques (c.1385-1452), neto de Enrique II de Castela e de Beatriz Fernandez de Angulo, senhora de Villa Franca, junto a Cordoba. A sua mãe - Branca de Melo, senhora de Barbacena-, era filha de Martim Afonso de Melo, guarda-mor, alcaide de Évora e de Olivença, e de Briolanja de Sousa. 

 

Henrique e Catarina não tiveram descendência

 

Catarina era irmã de - Henrique Henriques (? -1505)- o 2º. senhor  Senhor de Alcáçovas, aposentador-mor de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I. Casou-se duas vezes: a primeira, em 1480, com Filipa de Noronha, filha do 2º. Donatário do Funchal, João Gonçalves da Câmara e de Maria de Noronha, descendente de Enrique II de Castela. A segunda com Leonor da Silva.

 

Seu filho, João Henriques fez assento na Ponta do Sol, esteve no cerco de Safim e serviu na India. Casou-se com D. Joana de Abreu (dos Andrades, do Arco). Recorde-se que Colombo, em 1500, andava preocupado com a venda de armas dos espanhóis aos mouros, pois as mesmas podiam servir atacar Safim.

 

Henrique estava, deste modo ligado por laços familiares, aos Henriques de Cordoba (Espanha), assim como aos zarco da Madeira e melo de Cuba. 

 

 

O ramo dos monizes a que pertencia Filipa Moniz Perestrelo, no final do século XV, foram os herdeiros dos Albuquerques de Angeja, cujo último membro foi Henrique de Albuquerque.

 

 

2. "Colombo, o Moço" ?

Fernando Colón refere uma possível ligação do seu pai a um célebre corsário - Colombo, o Moço - que em 1485 atacou navios venezianos ao largo da costa portuguesa. Trata-se de uma alcunha, pois o verdadeiro nome deste corsário era Jorge Bissipat, o grego. 

Acontece que a família de Bissipat, conforme revelou Manuel Rosa, estava ligada ao Conde de Monsanto de Portugal, por via de Louis de Dommartin, senhor de Fontenoy-le-Château, descendente de Margarida de Castro, irmã de Alvaro de Castro , 1º. Conde de Monsanto, e de Philippa de la mark, filha de Hélene de Bissipat, viscondessa de Falaise. 

O avô de Alvaro de Castro, foi o 1º. conde de Arraiolos,1º. Condestável de Portugal, alcaide-mor de Lisboa e da varonia dos últimos almirantes de Portugal.

O pai de Alvaro de Castro, foi alcaide-mor da Covilhã, governador da casa do Infante D. Henrique, comandante da expedição às canárias (1424). O tio senhor do Cadaval, foi também às Canárias em 1415 estudar as suas correntes oceânicas.

Era primo de Alvaro de Bragança (Condestável de Portugal) e da Condessa de Lemos (Beatriz de Castro).

O facto mais interessante destas ligações familiares directas, é que 1º.Conde de Monsanto, era camareiro-mor de D. Afonso V, e na corte deste rei, o grande protector da família dos albuquerques de Angeja. Quando morreu em Arzila (1471) -  Lopo de Albuquerque - sucede-lhe no cargo de camareiro-mor.  

Podemos agora colocar a hipótese de Pedro de Albuquerque e do seu irmão Henrique de Albuquerque terem andado com este corsário, dado que as datas e pormenores históricos são todos coincidentes. 

 

3. Duques de Viseu-Beja

 

Henrique e Catarina pertenciam à casa senhorial da Infanta Beatriz de Lencastre (1430-1506), mãe de D. Diogo (Duque de Viseu-Beja e mestre da Ordem de Cristo), D. Leonor (esposa de D. João II) e D. Manuel (futuro rei de Portugal) e de Dona Isabel, esposa de D. Fernando, Duque de Bragança. 

 

 

Marqueses de Montemor-o-Novo?

 

Alberto Gonçalves, em Portugal e a sua História (Porto, 1939), escreve que o marques de Montemor, envolvido na conspiração de 1483, era donatário de Alcáçovas, onde teria um palácio. Uma informação que não conseguimos confirmar.

 

Estamos perante o elo que faltava para unir os Albuquerque de Angeja ao principal grupo dos conspiradores de 1483 e 1484, mas também ao grupo dos navegadores portugueses que empreenderam viagens sistemáticas para Ocidente.

 

 

Este facto frequentemente ignorado, poderá explicar a razão porque os irmãos Albuquerque de Angeja estejam ligados ao misterioso Colombo: 

 

-  Henrique pertencia ao núcleo duro de uma das mais poderosas casas senhoriais de Portugal, envolvida nas explorações marítimas para Ocidente.

 

 

Continuação

    

Carlos Fontes

  Notas:

(1 ) Sousa, I. M. Cordeiro de - Os Filhos de João de Albuquerque (segundo documentos da Torre do Tombo). 2º. edição. Edições Paulistas. S/d (1959).

(2) Neves, F. Ferreira - O Túmulo de João de Albuquerque, in, Arquivo do Distrito de Aveiro, vol. IV, 1938.

(3) Ainda estava viva em 1510.

 

 

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  Carlos Fontes

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