Carlos Fontes

 

 

   

Cristovão Colombo, português ?

 

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Família  Coutinho 

(Conspiração contra D. João II - 1484 )

Dois membros da família coutinho tiveram um papel muito ativo na conspiração de 1484: Goterre Coutinho, como conspirador, e o seu irmão Vasco Coutinho, como denunciante.  Ambos eram filhos de Fernando Coutinho, 4º marechal de Portugal, capitão de Ceuta, alcaide-mor Trancoso e Pinhel (1), e de Joana de Castro ou de Ataíde, filha de Álvaro Gonçalves de Ataíde, 1º conde de Atouguia.

 

Os dois irmãos eram, portanto, sobrinhos de outros dos conspiradores - Alvaro de Ataíde, senhor da Castanheira - , que conseguiu fugir para Castela.

 

Em 1493,na casa dos duques de Medina Sidónia, vivia em Castela outro dos seus irmãos - Diogo Coutinho. Estamos perante mais novo exilado em Sevilha?.

Uma Família Dividida ?   

A família coutinho tem as suas origens nas Beiras -  Moimenta da Beira (Couto de Leomil), Lamego e Penedono (2). A partir do século XV é a familia dos marechais de Portugal.  A conspiração de 1484 dividiu a familia dos coutinhos:

- Guterre Coutinho ( - 1484). Era uma figura de primeiro plana corte de D. Afonso V. Foi conselheiro régio, chanceler mor (1463), escrivão da puridade (1475), almocaté mor, vedor da fazenda, alcaide mor e senhor da Vila Nova de Portimão, governador da casa civil, senhor de Sesimbra e comendador da Ordem de Santiago ( 4 ).

Foi descoberto e condenado à morte. D. João II perdoou-o, mas acabou por morrer preso no Castelo de Avis.

- Vasco Meneses Coutinho (1450 - 1522). Era um dos nobres descontentes com o rei, mas acabou por ser quem o avisou da conjura de 1484, denunciando o próprio irmão ( 3 ).   D. João II como recompensa deu-lhe o título de Conde de Borba (3/11/1485), castelo, senhorio da mesma vila, assim como a judiaria. Deu-lhe também o castelo e alcaidaria de Vila de Estremoz, assim como várias rendas em Beja. Estas últimas acabaram por ser permutadas com Jorge de Melo pela alcaidaria, direitos e jurisdição das vilas do Redondo e de Pavia, esta via pertencera a Fernão da Silveira, envolvido na conspiração de 1484.

D. Manuel retirou-lho o título de Conde Borba, mas em troca deu-lhe o de Conde do Redondo (2/6/1500), assim como outras mercês. O senhorio de Borba e Estremoz foram devolvidos à Casa de Bragança, que o havia recebido de D. Nuno Alvares Pereira.

Vasco Coutinho, como militar, destacou-se na Batalha de Toro (1476), ao lado de D. João II (ainda principe), tendo aprisionado Anrique manrique, Duque d`Alba de Liste.

Era casado com Catarina da Silva, filha de João de Meneses, senhor de Cantanhede, e mordomo-mor da rainha Isabel, esposa de D. Manuel I.

 

1. Vasco Meneses Coutinho e Arzila

Vasco Meneses Coutinho em 1488 foi degradado para Arzila onde acabou por ser nomeado capitão-mor (reconhecido a 16/3/1490), a título hereditário. Sucedeu a Álvaro Faria, morto em combate contra os mouros.  

Entre os grandes feitos em África que praticou, conta-se o de ter capturado o alcaide de Alcácer Quibir (1490).

Instalou-se em Arzila com mulher e filhos, o que revela a intenção clara de fazer desta praça africana um domínio da sua família. 

Em 1495 tendo-se deslocado à Corte, ficou a substitui-lo o seu sobrinho Rodrigo Coutinho.

Em 1501 foi substituído pelos seu filho - João Coutinho. Em 9/1/1502, por ordem de D. Manuel I a capitania foi entregue ao seu cunhado - João de Meneses que ocupou o cargo até 1505/6. Esta substituição ficou a dever-se ao aumento da conflitualidade com os mouros, entre 1502 e 1503, assim como à pouca idade do seu filho. A Condessa de Borba - Catarina da Silva - fez questão de nunca abandonar Arzila. 

Vasco Coutinho reassume o posto de capitão mor em 1505, só o abandonando em 1514.  

É na condição de capitão-mor de Arzila que D. Manuel I o chama a Tavira, em 1508, para preparar construções militares no Norte de África, para onde voltou acompanhado pelo Mestre Boitaca.

Em 1513, participou na conquista de Azamor, regressando no ano seguinte definitivamente ao reino, recebendo o título de comendador de Almourol da Ordem de Cristo, e a alcaidaria de Santarém. 

A capitania de Arzila foi entregue ao seu filho primogénito João Coutinho.

 

2. Vasco Coutinho e o Enigma Colombino

O que unia estes dois homens? Dois factos intrigantes os parecem ligar:

Colombo, em 1488, vem a Portugal para se encontrar em Beja com D. João II, estando presente Bartolomeu Dias, que havia regressado do Cabo da Boa Esperança.  Sem nenhuma razão aparente, Vasco Coutinho foi nesta altura degradado para Arzila.

Colombo, em Maio de 1502, quando soube que os portugueses estavam cercados em Arzila, fez questão de os ir socorrer, escrevendo que fazia questão de ser o primeiro a fazê-lo. 

Tendo em conta ligação de Vasco Coutinho a esta praça desde 1488, o que pretendeu significar com esta iniciativa em que colocou em risco a sua 4ª. e última expedição às Indias ?. Tratava-se de um sinal claro da sua posição durante a conspiração de 1484 ?  Mais

Carlos Fontes

  Notas:

(1) Fernando Coutinho, 4º. Marechal de Portugal, foi casado duas vezes. Nas primeiras núpcias , com Joana de Ataíde, de quem teve: Vasco Coutinho; Guterre Coutinho; Alvaro Coutinho; 4º Marechal de Portugal; Tristão da Cunha, morto em Samora (1475); Diogo Coutinho; Henrique Coutinho, prior de Guimarães;  Em segundas núpcias casou-se com Catarina da Silva, filha de João da Silva, senhor de Cantanhede.

(2) Oliveira, Luis Filipe - A Casa dos Coutinhos - Linhagens, Espaço e poder ( 1360-1452), Cascais. Patrimónia  Histórica. 1999. 

(3 ) Rosalina Semião - D. Vasco Coutinho, Conde de Borba .... , tese. Uma obra fundamental sobre esta personagem.

 

 

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