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Carlos Fontes

 

 

Cristovão Colombo, português ?

 

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Condes de Faros e de Odemira

(Conspiração contra D. João II - 1483 )

 

Colombo era parente destes condes, e manteve ao longo a sua vida  uma estreita ligação com os mesmos. Esta ligação familiar poderá explicar a razão porque no regresso da sua primeira viagem fez questão de parar em Faro, e no regresso da segunda viagem se dirigiu para Odemira.

 

 

1. Afonso de Bragança, o conspirador

 

Afonso de Bragança ( Vila Viçosa?, 1432 - Sevilha, 30/4/1484), 1º. Conde de Faro e 2º. Conde de Odemira foi um dos principais conspiradores de 1483 (6). Fugiu para Sevilha, no que foi seguido pela sua esposa, filhos e vários criados (7). Os reis católicos proporcionaram aos Faro no exilio um elevado estatuto social. Era filho de D. Fernando, 3º. Conde de Arraiolos e 2º. Duque de Bragança.

 

Em 1465 casou-se com Maria Enriques de Noronha ( 1440 - Sevilha, 1523 ), filha do 1º. Conde de Odemira - Sancho de Noronha (2) e de Mécia de Sousa (? - 1497), senhora de Mortágua. Pela parte do pai descendia de reis de Portugal e de Castela. Mais

 

Era um dos homens mais ricos de Portugal à época (5). Detinha a alcaidaria-mor de Estremoz e de Elvas, o senhorio de Riba-de-Vouga, as terras dos julgados do Eixo, Paus e Vilarinho. Era senhor de Aveiro, das vilas de Vimieiro e Mortágua. Recebia os dízimos de pescado em Aveiro e Faro.

 

Era um dos nobres da total confiança de D. Afonso V. Esteve com ele em Marrocos (1463-64).

 

A 22/5/1469 o rei deu-lhe o título de Conde de Faro, e a vila do Alvor, para sede do Ducado.

 

O Conde de Faro, por volta de 1470, está já intimamente ligado aos conflitos que opõe ente si os nobres na Andaluzia. Juan Pacheco, pai do marques de Cadiz, pede-lhe para que convença D. Afonso V, a apoiar a causa do seu filho contra o Duque de Medina Sidónia (8).

 

Participou na Batalha de Arévalo (1475), ao lado do seu irmão Alvaro de Bragança. Ambos enfrentaram e venceram o Conde de Cifuentes, de quem se vieram a tornar amigos íntimos. Mais

 

Quando o seu sogro faleceu, D. Afonso V, deu-lhe o cargo de adiantado do reino Algarve (Zamora, 20/10/1475) e o título de  2º. Conde de Odemira. Acompanhou o rei, em 1477, na sua viagem a França. Doou-lhe a vila de Faro e seu termo (4).

 

Recebeu dos reis católicos uma importante tença, assim como um enorme apoio para a integração da sua família na alta nobreza.

Isaac Abravanel, outros dos conspiradores de 1483 era amigo pessoal deste duque.

 

Afonso de Bragança faleceu em Sevilha (13), onde foi sepultado no Convento do Carmo (Convento del Carmen), collación de San Vicente, na actual calle de Baños.

 

 

1.1. Filhos

 

Os filhos de Afonso de Bragança e Maria de Noronha testemunham o elevado poder desta família. Isabel, rainha de Espanha, interferiu directamente na educação e nos casamentos dos filhos do Condes de Faro.

 

Sancho de Noronha (c.1466-1521), 3º. Conde de Odemira, casou-se em 1ºas núpcias com Francisca da Silva e depois com Ángela Fabra y de Centelles (1480-1533), filha de Gaspar Fabra, mayordomo de Fernando de Aragão, e de Isabel Centelles y Vilaragut (familia originária da Sardenha).  A sua filha - Joana de Portugal - veio a casar-se com o IV Duque de Medinaceli. Mais

 

Fradique de Portugal foi, como veremos, arcebispo Saragoça e vice-rei da Catalunha.  

 

Mécia Manoel casou-se com Juan de la Cerda, 2º duque de Medinaceli, pais do III Duque.

 

Guiomar de Castro de Portugal casou-se com Enrique de Trastámara y Pimentel (1445-1522), Infante de Aragão (El Infante Fortuna), 1º. Duque de Segorbe, primo irmão de Fernando de Aragão;

 

Fernando de Faro, 3º. senhor do Vimieiro, foi mordomo mor de Dona Catarina de Austria, irmã de Carlos V e esposa de D. João III;

 

Francisco de Portugal (ou de Faro), casou com Leonor Manuel, filha do senhor de Cheles (Olivença);

 

Catarina Enríquez professou no Convento de Odivelas, perto de Lisboa;

 

 

2. Conflitos Diplomáticos

 

 

Era tal a importância desta familia em Espanha, que Isabel, a Católica escreveu várias vezes a D. João II, rogando-lhe que deixasse regressar a Portugal a Condessa de Faro - Maria Enriques de Noronha - devido às saudades que a mesma tinha do país.

 

O assunto era motivo de um permanente conflito diplomático entre os dois reinos. 

 

3. Duques de Medinaceli

 

Os Conde de Faro e Odemira, por vontade de  Isabel, a Católica, desde que chegaram a Castela relacionaram-se quase de imediato com os Duques de Medinaceli. A rainha castelhana pretendeu, sem êxito, casar uma filha do 1º. Conde de Faro, com o 1º. Duque de Medinaceli. Conseguiu depois casá-la com o II Duque. Ao logo do século XVI as duas casas, Faros e Medinaceli, estavam unidas. Mais

 

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3. Sancho de Noronha,  o amigo de Colombo

 

D. Manuel I, após a morte de D. João II, manda vir a Portugal todos os nobres que se haviam refugiado em Castela, na sequência das conspirações de 1483 e 1484. O encontro ocorre em Setúbal, na Páscoa, de 1496.

 

A Sancho de Noronha foi devolvido o título de Conde de Odemira, mas não o de Conde de Faro. Apesar disto, em Espanha, Sancho de Noronha continuou a usar abusivamente este título. D.Manuel I devolveu-lhe, em 1488, também grande parte dos bens que haviam sido confiscados ao seu pai.

 

 

 

4. Colombo e os Condes de Faro e de Odemira

 

Colombo, por razões que ainda desconhecemos, tinha uma ligação especial a estes condes, com os quais era aparentado. O 3º. Conde de Odemira foi quem deu o dote, em 1504, a Ana Moniz para esta se casar com Juan de Barahona. Ana Moniz era possivelmente a neta de Colombo, de um seu filho ou filha cujo nome desconhecemos. Diego Colon afirma que a mesma era sua sobrinha e tratava-a por "dona", querendo com isso significar que pertencia à nobreza.

 

Os Condes de Odemira, como os de Faro, estavam ligados à Ordem de Santiago, uma ordem a que Colombo aparece também muito próximo. Mais

 

Durante dois anos viveu numa casa do 1º duque de Medinaceli, que estava ligado por laços familiares aos condes de Odemira e de Faro.

 

Em Sevilha, como sabemos, vivia numa casa de portugueses que integrava a vasta comunidade de exilados lusos que residia na cidade, entre os quais se contavam estes condes.

 

Colombo depois de sair de Lisboa, em Março de 1493, fez questão de visitar Faro, no Algarve. Será que o seu objectivo era Alvor, onde os Condes de Faro tinham a sua sede?

 

No regresso da sua 2ª.viagem à América, a partir dos Açores dirigiu-se directamente para Odemira, onde aportou a 8 de Junho de 1496 (3)Durante 2 ou 3 dias ficou nos domínios destes condes, uma escala que fez questão de anunciar na véspera, mostrando que não se tratava de um acaso. Mais

 

Muitos dos nomes da região de Odemira foram largamente aplicados por Colombo na toponímica das Indias.

 

Os conde de Faro e de Odemira estiveram desde a primeira hora envolvidos nas descobertas espanholas, nomeadamente através dos seus servidores: O célebre Fernão de Magalhães, por exemplo, era filho de Rui de Magalhães, cavaleiro fidalgo destes condes. Como outro bragança - D. Alvaro de Bragança -, procurou constituir em Sevilha um importante grupo de experientes navegadores e cartógrafos portugueses ao serviço de Espanha.

 

Esta poderá ser uma das razões do ódio que D. João II tinha em relação aos condes de Faro e de Odemira, nunca permitindo que  condessa regressa-se a Portugal: andavam a divulgar segredos da corte e a desviar experientes navegadores.

 

 

4.1. Sepultura em Valladolid

A casa dos condes de Faro - Odemira e a dos Duques de Medinaceli, a partir de 1501, estão unidas, o que certamente seria do conhecimento de Colombo e dos que o rodeavam.  

Quando faleceu a 20 de Maio de 1506 em Valladolid, o local que os seus amigos arranjaram para o sepultar foi na Igreja de S. Francisco, uma capela da família de Luis de la Cerda, senhores de Villoria (25): a Capela de Santo António ou da Concepção, cujo patrono era Luis II de la Cerda y Rojas (c.1407-1469), senhor de Villoria, Castrillo, Griñone Valtablado, casado com Francisca Castanheda (Castañeda), senhora de Palos. Eram pais de Juana de la Cerda, casada com Diego de Zuniga y Manrique de Lara (27), comendador da Ordem de Santiago, que em 1488 se havia autoproclamado Duque de Bejar. 

Luis II de la Cerda era bisneto de Alfonso Fernandez de la Cerda y Luna (1317-1370), que tomou o partido de D. Fernando I na luta pelo trono de Castela, tendo-se exilado em Portugal, onde se casou com  Luisa de Meneses. O rei português fê-lo senhor do Sardoal, Golegã, Borralha, Punhete (Constância) e outras terras. O seu filho - Juan Alfonso de la Cerda y Meneses  (1347-1393), nascido em Portugal, casou-se com María Álvarez de Albornoz, senhora de Villoria (Castela).

Os La Cerda de Villoria eram parentes de D. Nuno Alvares Pereira (27), condestável de Portugal, e dos duques de Medinacelli.

Como vimos, pouco antes de Colombo falecer, o filho de Luis de la Cerda (I Duque de Medinacelli) casou-se em 1504 com a portuguesa Mencia Manuel de Bragança e Noronha (1480-1504), filha de Afonso de Bragança, I Conde Faro e de Maria  Henriques de Noronha, II Condessa de Odemira. Estamos perante familiares portugueses do próprio Colombo e que viviam com ele exilados em Sevilha.

Outros factos

O convento franciscano de Valladolid já não existe, mas a documentação histórica possuímos mostra o seguinte: A sua fachada foi reformada em 1455/6, por Alfonso Carrilho de Acuña, arcebispo de Toledo, um dos principais apoiantes de D. Afonso V e da causa de Dona Joana, a Beltraneja.

O mais significativo é talvez um tumulo que aqui existia, o de Pedro Alvarez de Astúrias, senhor de Noreña, pai de Rodrigo Álvarez de Asturias, o primeiro Conde das Asturias e seu governador (séc.X) (28), isto é, o antepassado mítico de todos os Noronhas, parentes em Portugal de Cristovão Colombo...

No ano que Colombo faleceu o convento  registava uma forte presença de portugueses. Em 1506 e princípios de 1507 esteve nele hospedado duas vezes e até deu missas, o embaixador de D. Manuel I, o franciscano Frei Henrique de Coimbra, bispo de Ceuta (1507).Este frade, em 1500, chefiara o grupo de franciscanos que embarcou na armada de Pedro Alvares Cabral e celebrou a 1ª. Missa em solo brasileiro (5). Não podia ser a pessoa mais apropriada para ir a semelhante convento, naquela altura.

O mais interessante é que o convento se transformou então num centro de reuniões políticas, envolvendo o dito franciscano, o condestável de Castela, D. Bernardino Velasco, o marquês de Villena, Diego Lopes Pacheco, o bispo de Mondoñedo, o embaixador do rei católico e outras pessoas "baixa condição" (26 ). Mensageiros andavam num rebuliço entre Lisboa e o convento de Valhadolide.

Era difícil encontrar em Valladolid, no ano de 1506, um local para sepultar Colombo com mais ligações a Portugal.

Três anos depois os seus restos mortais foram transladados para o Mosteiro de Santa Maria de Las Cuevas, em Sevilha, por ordem de seu filho Diego Colon. 

 

 

5. Fadrique de Portugal

 

 

Túmulo de D. Fadrique de Portugal. As armas dos Condes de Faro, as mesmas dos Condes Bragança estão em grande evidência na parte superior do mausoléu. Catedral de Siguenza. Foto:1930

Fadrique (Frederico) de Portugal (1465 ? - 1539), filho dos Condes de Faro. A sua educação esteve a cargo do seu tio - D. Alvaro de Bragança, que o protegeu e orientou na corte (29).

 

Estudou longos anos em Salamanca, vindo a ocupar elevados cargos na corte espanhola. Foi conselheiro de Fernando de Aragão e depois de Carlos V, de quem foi um activo apoiante. Fez parte da junta de nobres e clérigos, convocada por Cisneros, que aceitou a aclamação de Carlos V, como rei de Espanha.

 

Fadrique de Portugal, também conhecido por Fadrique de Faro ou de Noronha, em 1501, aparece já nomeado como capelão de Isabel, a Católica (14). Figura também como a primeira e principal testemunha no seu Testamento, firmado a 12 de Outubro e 23 de Novembro de 1504, em Medina del Campo. Foi igualmente testemunha no Testamento de Fernando de Aragão, em Madrigalejo, a 22/1/1516 (22). 

 

Cónego de Segorbe e Albarracin, abade de Ripoll (1490-1504)(15), bispo de Calahorra e de S. Domingos da Calçada (30/12/1503-22/12/1508), bispo de Segóvia (22/12/1508-12/3/1512). Entre 12/3/1512 e 23/2/1532 foi bispo de Singuenza, onde deixou várias e importantes obras (10), nomeadamente a capela a Santa Liberata (mártir "portuguesa").  Foi arcebispo de Saragoça entre 23/2/1532 e 6/1/1539.

 

Desempenhou um ambíguo papel ao serviço da Inquisição Espanhola (12), sendo acusado de ter abusado dos seus poderes na Catalunha. O papa Clemente VII concedeu-lhe a faculdade de castigar, "pelo sangue", os clérigos da Catalunha.

 

Durante o reinado de Carlos V  exerceu entre 1525 e 1539, o cargo de Vice-Rei da Catalunha e dos condados de Rossilhão, Sardenha, etc . Participou nas cortes gerais de Barcelona (1528) e Cortes de Monzón de 1533 e 1537.

 

No mesmo período foi Capitão General da Catalunha, tendo mandado fortificar a cidade de Barcelona. Participou, ao lado de Carlos V  na expedição de Tunes (1535). Nesta expedição, participou uma armada portuguesa chefiada pelo Infante D. Luis, irmão da imperatriz Isabel de Portugal e de D. João III. Entre os nobres que dela fizeram parte, contava-se Francisco de Faro, sobrinho de Frederico de Portugal. Desenvolveu uma importante acção no combate à pirataria.

 

Era bastante famoso no seu tempo (11).

 

Carlos V, como prova do enorme apreço que lhe tinha, encarregou-o de trazer para Portugal - Catarina de Austria - para se casar com D. João III, tendo inclusive entrado em Portugal como embaixador.

 

Faleceu em Aragão no dia dos reis em 1539. Encontra-se sepultado na Catedral de Santa María de Sigüenza, onde o seu mausoléu ostenta orgulhosamente as armas da Casa de Bragança e numa inscrição a sua origem portuguesa (ver imagem). 

 

Fradique de Portugal, pelo menos desde 1500, controlava todas as ligações da sua família com os duque de Medinaceli.

 

Envolveu-se directamente na problemática sucessão de Iº. Duque de Medinaceli, da qual resultou casamento, em 1504, da sua irmã Mécia Manuel, com o Juan de la Cerda, filho bastardo do Iº. Duque e seu sucessor. Um casamento apadrinhado por Isabel, a católica.

 

 

Capela de D. Fradique de Portugal no Convento de S. Francisco, em Estremoz.

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5.1. Frederico de Portugal

 

Frederico de Portugal, nunca se desligou do seu país, nem dos portugueses que viviam exilados em Espanha. Deu desde muito cedo continuidade a uma longa tradição familiar de "espionagem " no seio da corte espanhola:

 

a ) Informador de D.Manuel I e de D. João III

 

Das várias cartas que dele possuímos dirigidas aos reis de Portugal, mas também destes para ele, é possível afirmar sem qualquer margem para dúvidas que "era um amigo, um informador e um intermediário de confiança" (16). Correspondia-se com D. Manuel I em linguagem cifrada (17). Informava os reis portugueses dos acontecimentos na corte espanhola. Dava-lhe indicações como se haviam de dirigir ao rei ou rainha espanhola (18).

 

Os reis de Portugal, usam-no como intermediário: D. Manuel I, a 12/7/1511, pede-lhe que informe Fernando de Aragão, da conquista de Goa por Afonso de Albuquerque (19).

 

A sua colaboração chegou ao ponto de escrever rascunhos cartas que seriam assinadas depois pelos reis de Portugal, e que seriam enviadas às mais diversas entidades, como o papa... 

 

b ) Defensor de Arzila

 

Á semelhança do que fez Colombo em 1502, também Frederico de Portugal socorreu a cidade de Arzila, cercada em 1509, pelo rei de Fez (9). Em 1535 participa ao lado de portugueses na expedição de Tunes, manifestando um público contentamento por esse facto.

 

c ) Exilados Portugueses Sevilha

 

Frederico de Portugal manteve um intenso contacto com o vasto grupo de exilados portugueses que se fixou em Sevilha, em especial, o seu primo, Jorge de Portugal, Conde de Gelves, filho de Alvaro de Bragança. Na documentação que resta da Feitoria portuguesa da Flandres, os nomes destes primos são várias vezes mencionados (21) .

 

O criado de Fradique - Duarte de Barbosa -, em 1518, firmou na cidade de Sevilha um contrato com Jorge de Portugal (23). Duarte de Barbosa, era sobrinho do navegador português Diogo Barbosa, cuja filha se veio a casar com Fernão de Magalhães.

 

d ) Morgadio em Portugal

 

Instituiu, em 1539, o morgado dos Faros em Vimieiro (Alentejo, Portugal), a favor do seu irmão Fernando de Noronha e respectivos descendentes (20), deixando para tal uma enorme fortuna. Mandou construir, por exemplo, no Convento de São Francisco, em Estremoz, uma magnifica capela renascentista (1539) onde estão bem patentes as armas dos Condes de Faro.

 

Durante a dominação espanhola (1580-1640), os reis espanhóis, em reconhecimento pelo trabalho de Fadrique de Portugal, protegeram o o seu morgadio (24). Um dos seus descendentes e herdeiro - Francisco de Faro - foi o primeiro Conde de Vimieiro (1614), tendo-se casada com Mariana de Sousa Guerra, pertencente a uma família de grandes navegadores (1). Em Vimieiro, antigo concelho perto de Arraiolos, subsistem um importante espólio desta familia à espera de ser estudado. 

 

 

Carlos Fontes

 

  Notas:

(1) Recorde-se que Colombo foi também conhecido pelo apelido de Guerra.

(2) O 1º Conde de Odemira (1448) - Sancho de Noronha (? - 1471) - era filho de D. Afonso, conde de Gijón e Noronha, filho do rei Henrique II de Castela e de D. Isabel, filha bastarda do rei D. Fernando de Portugal. Foi capitão de Ceuta, Comendador-mor de Santiago, Alcaide-mor de Estremoz e Elvas, senhor de Portalegre (1448), Vimieiro, Mortágua, Aveiro e muitas outras terras.

Esteve ao lado de D. Afonso V na Batalha de Alfarrobeira (1449), sendo por isso largamente recompensado pelo rei.  Em 1452 foi ele que informou o rei da fuga do Infante D. Fernando, e o protegeu quando este estava a ser perseguido por um corsário italiano de nome Peroso.

Em Ceuta e Odemira tinha vários navios no corso. Em Odemira explorava homiziados lavradores, criou moinhos de maré, pescarias, etc.

Foi nomeado adiantado do Algarve, a 2/3/1459, quando ainda exercia o cargo de Governador de Ceuta. Os procuradores de Silves mantinham uma guerra com ele, devido aos seus abusos frequentes 

Consultar: Humberto Baquero Moreno - A Batalha de Alfarrobeira. Antecedentes e Significado Histórico, vol. II ...; idem, Exilados, Marginais e Contestatários na Sociedade Portuguesa Medieval. Editorial Presença. Lisboa. 1990. p.99

(3) D. João II, em 1495 esteve em Colos (Odemira) antes de partir para o Algarve, onde veio a falecer justamente em Alvor, sede do Condado  de Faro. O rei esteve em 1485 em Odemira e é provável que aqui tenha passado em 1489.

(4) Iria, Alberto - O Algarve e a Andaluzia no século XV. Documentos..... Lisboa. 1975

(5) Armando de Castro - A Estrutura Dominial Portuguesa dos séculos XVI ao XIX (1834). Editorial Caminho. Lisboa. 1992. p. 428

(6) D. João II, começou por considerar o Conde de Faro inocente, apelando para que o mesmo ficasse em Portugal, mas ele preferiu fugir para Sevilha. O rei pediu também à condessa que ficasse, mas esta também não o fez. Em 1485 o Conde de Faro acabou postumamente por ser condenado (cfr. Maria Alice Beaumont - Cartas e Alvarás dos Faros da casa de Vimieiro. CMC. Cascais. 1968, p. 30)

(7) Gil, Juan - El Exilio Portugues... p.45, nota 27

(8) Maria Alice Beaumont, ob. cit., publica a carta.

(9) Maria Alice Beaumont, ob. cit., publica um importante documento sobre esta participação de Fradique de Portugal

(10) Siguenza era não apenas uma cidade episcopal, mas simultaneamente até 1796, uma cidade senhorial debaixo da jurisdição dos sucessivos bispos. A época de Fadrique coincidiu com a de maior pujança económica da cidade. Ele mandou restaurar o castelo-alcazaba, residência dos bispos. Elevou a torre norte da catedral, construiu o célebre altar-retábulo de Santa Librada, patrona de Singuenza, etc. Cfr. Gourbajosa, Adrian Blazquez - Don Fadrique de Portugal, obispo y señor de Singuenza, in, Primeiras Jornadas de História Moderna (Actas). C.H. Universidade Lisboa. vol. 1, 1986.

Catedral, Igreja de Santiago, Palácio da Inquisição, etc.

(11) Um dos seus criados dedicou-se a conhecida obra "Félix Magno"; Frey Lope Félix de Vega Carpio, faz dele uma personagem numa das suas peças - El Mejor Mozo de España;  Antonio de Guevara (bispo de Mondoñedo), dedica-lhe uma tradução de Marco Aurélio, em Epistolas Familiares; etc.  

(12) Frederico de Portugal era amigo pessoal do Inquisidor Geral de Espanha - Cardeal Francisco Jimenez de Cisneros, o qual, em 1508, convocou-o para um conselho extraordinário (cfr. llorente, Juan Antonio - Memoria Historica sobre .... 1812

(13) Manuel y Vasconcelos, Agostin - Vida y Acciones del Rey Don Juan, el Segund, Decimotercio de Portugal. 1639, afirma que se publicaram várias noticias que o Duque de Faro tinha sido envenenado a mando de D. João II.

(14) Vera, Luis Cervera - Pelegrina (Guadalaja). Su Castillo, el casario y la Iglesia românica embellecida por o prelado Fadrique de Portugal. Castillo de Batres. Editorial Alpuerto. Madrid. 1995

(15) Colombás, Garcia M. - Un reformador benedictino en tiempo de los reys católicos. Garcia Jiménez de Cisneros. Abad de Montserrat. Abadid de Montserrat... 

(16) Maria Alice Beaumont, ob. cit.,  p.42

(17) Maria Alice Beaumont, ob. cit.,  p.41

(18) Torre do Tombo, cartas missivas, maço 2, doc. 121.

(19) T.Tombo, corpo cronologico, parte I, maço 10, doc.60

(20) Torre do Tombo, Chancelaria de D. João III, livro 61, fl.2

(21) Freire, Braancamp - Notícias da Feitoria da Flandres, 28, 226, 227, 228, Arquivo Hist. Portugues. 1920; Juan Gil, "El Exilio portugues... " refere igualmente estes contactos de Jorge de Portugal na Flandres, envolvendo o seu primo.

(22) Frey Prudencio Sandoval - Hist. del Emperador Carlos V, vol. I, livro 2. Barcelona. 1625

(23) Cátalogo de los Fundos Americanos de Archivo de Protocolos de Sevilla. 1990. Sevilla. Inst. Hispano-Cubano de Hist. America. 1990. Tomo VII. item, 1012.

(24) Vázquez, Raquel Bello - A Condessa do Vimieiro. Mulheres do século XVIII.Lisboa. 2006

(25) Cristovão Colombo, faleceu a 20 de Maio de 1506, em Valladolid. Na cidade ninguém praticamente deu conta do facto. Chegou aqui no princípio de Abril de 1506, afim de reinvindicar junto da corte os seus privilégios e a transmissão dos mesmos para o seu filho Diego Colon. 

(26) Buesco, Ana Isabel - Catarina de Áustria, Infanta de Tordesilhas. Rainha de Portugal. Lisboa. Esfera dos Livros.2007. pp.15-17

(27) Masnata y de Quesada, David E. - La Casa Real de la Cerda. Precisiones, Rectificaciones y Amplicaciones, in, Estudos Genealógicos y Heraldicos, 1. Asociacion Espanhola de Estudos Genealogicos y Heraldicos. madrid. 1985

(28) Pedro de Madrazo - Recuerdos y Belezas de España (Valladolid, palencia y Zamora). Madrid. 1865

(29) Fernandez de Oviedo, Gonzalo  - Batallas y Quinquagenas.... Nota 7, p.436

 

 

 

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