Carlos Fontes

 

 

PORTUGAL  

Cristovão Colombo, português ?

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Álvaro de Bragança (de Portugal) e Filipa de Melo

(Conspiração contra D. João II - 1483 )

Durante vinte anos, entre 1483 e 1503, procurou harmonizar as políticas de expansão de Portugal e Castela, nomeadamente na partilha do mundo. Reuniu à sua volta, em Sevilha, um vasto grupo de experimentados navegadores portugueses que participarem nas descobertas ao serviço dos reis de Espanha, recorrendo a segredos da corte portuguesa.

 

Álvaro de Bragança (Ceuta, c.1440 - Segóvia, 24/09/1503), irmão do 3ª. Duque de Bragança D. Fernando II (1430-1483), julgado e decapitado em Évora por conspiração (1483). Foi o único filho do 2º. Duque de Bragança - D. Fernando I (1403-1478) (18) -, que nunca recebeu qualquer título, embora lhe fosse prometido por morte do seu sogro, o título de Conde de Olivença. 

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Foi regedor da Casa da Suplicação (1473), cargo que acumulou desde 1475 com o de chanceler-mor de D. Afonso V e D. João II. Foi senhor da vila e termo de Beja (1465), Alvaiázere e Torres Novas (1476). Pela troca desta última vila com a corte, em 1476, recebeu Tentúgal, Póvoa, Buarcos, Rabaçal, Vila Nova de Anços, Pereira e Anobra, domínios do defunto Infante D. Pedro, Duque de Coimbra. 

 

Pelo casamento ficou também com o castelo de Vilar Maior e Arega, a alcaidaria-mor e rendas de Olivença, a terra de Ferreira, com jurisdição cívil e crime, Carrapito, a judiaria de Alcácer (18)

 

Era parente de Cristovão Colombo, devido ao casamento deste com Filipa Moniz Perestrelo..

 

Casou-se, em 1479, com Felipa de Melo Vilhena e Menezes (c.1460-1514), 2ª. Condessa de Olivença, senhora de Ferreira das Aves, filha de Rodrigo Afonso de Melo, guarda-mor do rei, capitão de Toro (1476), 1º. capitão de Tanger, conselheiro de D. Afonso V, 1º. Conde de Olivença e de Isabel de Meneses (17)

 

Da parte do pai era a herdeira da Casa de Olivença e descendente directa de Vasco Martins de Melo, o célebre guarda-mor D. Pedro, D. Fernando e D. João I.  Da parte da mãe era neta de Aires Gomes da Silva, 3º. senhor de Vagos e de Isabel de Meneses, aia e camareira-mor da rainha Isabel. Esta ligação à família Silva será de uma importância extrema em Espanha. Mais

 

 

Alvaro de Bragança e Filipa de Melo tiveram pelo menos seis filhos: 

 

Rodrigo de Melo, primogénito - regressou a Portugal, recebendo depois de 1500 os títulos de Conde de Tentúgal  e marquês de Ferreira de Aves (1533).  Fruto da enormes cumplicidades de Alvaro de Bragança com os Portocarrero, foi firmado um contrato de casamento com Maria de Portocarrero, senhora de Moguer e Villanueva del Fresno (Olivença), mas a noiva faleceu. 

 

Casou-se então com Leonor de Almeida e Pereira, filha de D. Francisco de Almeida, 1º. Vice-Rei da India e irmão de Lourenço de Almeida que, em 1506, deu o nome de Colombo a uma cidade da ilha de Ceilão.

 

Rodrigo de Melo em segundas núpcias, casou-se com Beatriz Menezes e Almada ( ? -1530). 

 

Participou em várias acções militares em Marrocos, como a conquista de Azamor, em 1513, pelo Duque de Bragança, D. Jaime (35).

 

A casa do Condes de Tentúgal (33), amplamente beneficiados pelos reis de Portugal e de Espanha (1580-1640), constituíram no século XVII, a poderosa casa dos Duques do Cadaval (1648) (34) .

 

- Isabel de Castro - dama da rainha Isabel, a Católica, casou-se em Espanha com o IV º. Conde de Belalcaçar e 2º. Duque de Béjar - Alonso de Sotomayor - pertencente a uma das principais casas de Castela e Aragão.

 

- Jorge Alberto de Lencastre e Melo, nascido em Lisboa (40), casou-se em 1ªs núpcias com Guiomar de Ataíde (39), e em 2ªas núpcias com Isabel Colón y Toledo - neta de Colombo e do 1º. Duque de Verágua, cujos títulos herdou (ver no fundo). Alvaro de Bragança fez questão que o seu filho fosse também educado em Portugal, onde recebeu aulas do célebre humanista Cataldo Sicula (1500-1501), perceptor de D. Jorge de Lencastre, filho bastardo de D. João II.

 

- Beatriz ou Brites de Vilhena e Melo, duquesa de Coimbra. Casou-se em 1500,  com Jorge de Lencastre (1481-1550), filho de D. João II, o rei que assassinou os seus tios. Foi criada com a Rainha Dona Leonor de Lencastre, em cujo Paço de S. Elói se casou. 

 

D. Jorge era mestre da Ordem de Santiago e da Ordem de Avis. Tiveram muitos filhos com ilustre descendência em Portugal, Espanha (3) e Itália.

 

- Maria de Meneses, casou-se em Julho/Agosto de 1515, com João da Silva, 2.º Conde de Portalegre.

 

- Joana de Vilhena, casou-se em 1515, com Francisco de Portugal, 1º Conde de Vimioso.

 

 

 

1. Relações com D. Afonso V e D. João II

 

No reinado de D. Afonso V participou, em 1475 nas campanhas militares em Castela, na batalha de Toro (1476), onde foi ferido. Com Rui de Sousa, antes da batalha de Toro, procurou com o Duque de Alba e o Almirante de Castela, estabelecer a paz entre os dois reinos. Acompanhou D. Afonso V a França. Foi regedor da casa da suplicação e chanceler-mor (1475-1481).

 

D. Afonso V foi muito generoso com as familias nobres que o apoiaram na batalha de Alfarrobeira (1449) e os braganças em particular

 

D. João II (r.1481-1495), como vimos, procurou limitar a riqueza e os poderes da nobreza. Nesse sentido, pretendeu destruir as duas principais casas da nobreza de Portugal, impondo-lhes uma severa sujeição ao poder real.

 

Alvaro de Bragança embora tivesse um papel destacado nas Terçarias de Moura (11 de Janeiro de 1481), acabou por ser afastado do cargo de chanceler mor. D. João II procurou impedi-lo de se casar com a filha e herdeira do 1º. Conde de Olivença, de modo a não permitir que aumenta-se o seu património.  O conflito instalou-se rapidamente com o rei.

 

Nas cortes de Évora, em 1481, apôs-se à política de D. João II que defendia a continuação das conquistas territoriais em África e a exclusividade do acesso de Portugal à Guiné.

 

Alvaro de Bragança defendia uma política centrada na luta contra o Reino de Fez (Marrocos), abrindo mão das restrições do acesso de outros reinos cristãos à Guiné. Neste sentido, condenou a construção de uma fortaleza na Mina (Gana). 

 

Uma das razões porque defendia esta posição é claramente expressa por Colombo: a politica de expansão marítima que estava a ser seguida por Portugal, já custara a vida a metade da população portuguesa. Não havia recursos humanos para a continuar a prosseguir e garantir a defesa do reino, nomeadamente de Castela. 

 

É neste sentido, que Alvaro de Bragança reúne o apoio de grande número de nobres que chefiavam a defesa das fronteiras de Portugal. D. João II não podia tolerar esta situação, pelo que Alvaro de Bragança se tornou num a alvo a abater. A conspiração da Casa de Bragança foi o pretexto ideal para o expulsar de Portugal.

 

1.1. "Carta,  que o Senhor de D. Alvaro escreveu a El Rey D. João II no tempo, que estava em Castela, para onde passou por causa da morte do Duque D. Fernando II na qual trata dos agravos, que del Rey tinha recebido".  Mais

 

Após a sua saída de Portugal, em 1483, escreveu uma célebre carta onde narra as perseguições que D.João II lhe fez depois de ser coroado. Colombo tinha esta carta nos seus arquivos pessoais. Mais

 

 

 

2. Paços em Lisboa

 

Alvaro de Bragança tinha um imponente Palácio em Lisboa, junto à Igreja de S. Cristovão, mais tarde adquirido pelos Silvas (Condes de Aveiras).

 

 

3. Exílio em Castela

 

Após a conspiração de 1483, em que terá aparentemente tomado parte, D. João II deixou-o sair de Portugal, acompanhado de uma vasta corte de serviçais e fidalgos. Filipa de Melo foi autorizada depois a sair do reino.

 

A sua intenção era dirigir-se para Jerusalém, mas face ao bom acolhimento que recebeu dos reis católicos resolveu ficar em Castela, onde lhe foram dadas enormes mercês, tornando-se em pouco tempo num dos seus principais homens de total confiança dos reis católicos (32), ao ponto de lhe confiarem a presidência do Conselho Real de Castela. Participou na conquista de Málaga (1487) e Granada (1492) .

 

Apesar viver em Espanha manteve sempre uma ligação muito estreita com Portugal, sobretudo depois da morte de D. João II (1495), estando directamente envolvido nos negócios das explorações marítimas portuguesas e espanholas. 

 

Foi claramente um nobre que utilizou a informação secreta de Portugal para ascender na Corte espanhola, dando a Leão e Castela um "Novo Mundo", servindo-se de navegadores portugueses que se dispuseram a conduzir os espanhóis às Indias (América).

 

Depois de 1483 veio esporadicamente a Portugal, morrendo em Segóvia (1503), havendo suspeitas de ter sido envenenado. Este facto deu-se numa altura que em Colombo era acusado de ter traído os espanhóis e de os ter levado para uma falsa India. 

 

É por todas estas razões que constitui a a chave de toda a trama que envolve Colombo. 

 

 

3.1. Títulos e Cargos em Espanha

 

Alvaro de Bragança desempenhou os mais elevados cargos de Castela. Foi o grande orientador da política internacional dos reis católicos.

 

Como muitos outros nobres portugueses, participou conquista do Reino de Granada. Em 1487 esteve na linha da frente no cerco a Malaga, onde quase foi morto quando um mouro o confundiu com o rei Fernando de Aragão. Depois da conquista da cidade, tornou-se num dos seus principais proprietários, cujo repovoamento contou entre 1487 e 1493, com centenas de portugueses. Destacou-se também na batalha de Andújar (Jaén, 1489).

 

Isabel, a Católica nomeou-o para vários cargos:

 

- Alcaide de Andújar (Jaén), 

 

- Governador da Justiça de Castela

 

- Membro do Consejo Real de Castilla /Reis Católicos: desde Março 1485 (2). Presidente: 1485 (12); 1489-1495; 1497-1504.

 

A interrupção de 1495 a 1497, deve-se ao facto do cargo ter sido simbolicamente ocupado pelo principe João de Trastâmara (1478 - 4/10/1497), único filho varão dos reis católicos. Depois da sua morte, Alvaro de Bragança, voltou a assumir a presidência do conselho. No período entre 1497 e 1501 ainda houve algumas interrupções, devido ao facto de estar envolvido nos contratos de casamento das filhas dos reis espanhóis com o filho de D. Manuel, mas também com este rei.

 

Durante o reinado dos reis católicos apenas dois nobres ocuparam a presidência deste Conselho: Alvaro de Bragança e Juan de Silva (Conde de Cifuentes).Todas as propostas que Crsitovão Colombo apresentou à Corte Castelhana foram previamente analisadas por este Conselho, sob a presidência de Alvaro de Bragança.

 

- Membro do Consejo Secreto de Castilla.

 

- Contador-mor (contador mayor). Nos últimos anos passou a controlar as finanças de Espanha (14).

 

- Alcaide dos reais alcázares e dos reais atanazares de Sevilha (desde 6/11/1495). 

 

- Fundador e primeiro presidente da Casa de la Contratación de Sevilha (1503). (41)

 

- Cavaleiro vinte e quatro do cabido de Sevilha (desde 1494)

 

Como membro e depois presidente do Consejo Real de Castilla, tinha a seu cargo tudo o que dissesse respeito à administração e justiça do reino de Castela. Na prática era o governador de Castela e na última fase da vida também administrava as suas finanças. Dominava também a cidade de Sevilha. O seu poder era enorme.

 

 

3.1.1. Mercês e Empréstimos

 

Alvaro de Bragança foi o nobre português mais bem pago pelos reis espanhóis, não sendo todavia fácil apurar os montantes globais que recebia pelos vários cargos, rendas e ajudas de custo.

 

Em 1490 de uma só vez recebeu 1.100.00 de maravedis, acrescidos de 500.000 para ajudas de custo (Quesada, 1973,p.296). É provável que parte deste valor corresponda ao empréstimo de 1.000.000 de maravedis que fez, em 1489, à Corte para financiar a Guerra de Granada. 

 

As ajudas de custo anuais que recebia desde 1485 foram certamente superiores a meio milhão de maravedis. Uma quantia muito significativa para a época.

 

A sua própria esposa - Filipa de Melo - consta também das listagens dos abonados pelos reis espanhóis.    

 

Alvaro de Bragança (Braganza, em castelhano), recebeu muitos bens confiscados aos conversos de Sevilha, como as casas que pertenciam a Sancho Diaz de Medina, onde fundou o Convento de Santa Maria de Jesus (11)

 

Para além de avultadas tenças e rendimentos que recebia da Corte Espanhola, possuia vastos dos domínios, nomeadamente em toda a Andaluzia. Era, por exemplo, um dos grandes proprietários de Málaga onde tinha ao seu serviço muitos criados portugueses: Alvaro Gago, Fernán Vaz, Alvaro de Almadana, etc. O seu capelão - Alvaro de Minjanes -, tornou-se cónego da Igreja de Málaga (19).

 

3.2. Governo de Castela

 

Dois anos depois de se fixar em Castela, a sua prima, a rainha Isabel, fê-lo membro do Conselho Real. O seu nome aparece desde logo à frente dos mais diversos assuntos da governação. Dois exemplos:

 

a) Política dos Texteis. Esteve à frente da estruturação do comércio textil em toda a Espanha (1494/95) (21).

 

b) Cardeal Cisneros. Quando Fray Francisco Ximenes de Cisneros, a 20/2/1495, se recusa a aceitar o cargo de arcebispo de Toledo, primaz de Espanha, os reis espanhóis encarregam Alvaro de Bragança de o demover dessa intenção (22).

 

 

3.2.1. Casamentos reais

 

Alvaro de Bragança após D. Manuel I ter coroado rei de Portugal (1495), passa a ser o negociador na Corte Espanhola, do casamentos do rei com as filhas dos reis católicos:

 

- Em 1496/97, negoceia o casamento da Infanta Isabel de Aragão e Castela (1470- 28/8/1498), seis anos depois de ter morrido o seu anterior esposo - D. Afonso de Portugal, filho de D. João II (23). Foi ele quem, em Burgos, assinou em nome do rei português, o contrato de casamento (1496). A boda de casamento foi feita a 8/10/1497, em Valência de Alcantara. No dia seguinte, no mesmo local, a rainha de Castela assinava uma Real Provisão destinada a fornecer certa quantia de trigo da Ordem de Alcantara para os gastos de Colombo nas India. 

 

Dias depois do casamento morria o principe de Espanha, e D. Manuel I tornava-se o principal herdeiro do trono. A Infanta espanhola acabou por falecer um ano depois, durante o parto do seu filho - D. Miguel da Paz . 

 

- Em 1501, negoceia o casamento da Infanta Maria de Aragão e Castela (1482-1517) que deixou larga descendência. 

 

Estes casamentos, entendidos na altura como vitais para a paz na Península Ibérica, e ao respeito pelos tratados entre os dos paises, implicaram várias deslocações de Alvaro de Bragança entre a duas cortes.

 

 

3.3. Governo das Indias Espanholas 

 

Alvaro de Bragança controlava praticamente tudo o que dissesse respeito às Indias espanholas. Governo que assumiu formalmente em 1502, tendo exercido o cargo até falecer..

 

Não se limitou a orientar a política internacional dos reis católicos, geriu os assuntos da indias espanholas, apoiou as trafulhices de Colombo, negociou contratos para novas explorações maritimas, ameaçou um governador inimigo de Colombo, etc.

 

Quatro exemplos:

 

a) Casa de la Contratación de Sevilha (1503). Ao contrário do que se tem afirmado, a criação desta instituição foi uma obra sua, assim como foi o seu primeiro presidente. Procurou reunir nesta cidade um vasto grupo de experimentados navegadores portugueses (15). 

 

b) Nicolás de Ovando (13), primeiro governador espanhol das Indias e inimigo de Colombo, ao contrariar as suas ordens, foi logo ameaçado ser posto na prisão, um facto relatado por Bartolomeu de las Casas. Ovando que em Setembro de 1501 fora nomeado "Juez y Governador de las Islas y Tierra Firme del Mar Oceano", em substituição de Francisco de Bobadilla, recebeu ainda de Juan Rodriguez de Fonseca as suas primeiras instruções de governo, mas que se revelaram depois inadequadas. Alvaro de Bragança deu-lhe então novas instruções de governo, datadas de 20/3/1503, em Alcalá de Henares, metade das quais referem-se aos indigenas.

 

c)  Cristobal Guerra, a 28/8/1503, escreve-lhe uma célebre carta sobre o contrato para a sua terceira viagem às Indias (20).

 

d) Escravatura. Seguindo uma ideia de Colombo (ou de ambos), sugeriu e apoiou a escravatura e a venda dos indios das Antilhas (caraibas), apanhados na guerra (15). Recorde-se que Marchione, com quem tinha negócios em Portugal, dominava o tráfico de escravos em Portugal, mas também em Espanha.

 

3.4. Sevilha 

 

D. Alvaro de Portugal, como era conhecido em Espanha, era o grande senhor de Sevilha, ocupando os mais elevados cargos na cidade.

 

O Palácio de Alvaro de Bragança, em Sevilha, onde se ergue depois o Palácio dos Condes de Gelves, abrangia uma vasta área delimitada pela calle Rodrigo Caro (actual Barrio de Santa Cruz ou antigua judearia de Sevilla), abrangendo Plaza de los Caballos (actual Doña Elvira), Pozo Seco (actual Plaza de la Alianza), calle Mateos Gago e Hospital de los Venerables. Uma das características deste palácio era a decoração mudejar (25), que depois irá exportar para o Alentejo.

 

Convento de Santa Maria de Jesús (Sevilla),  interior da Igreja.

 

Convento de Santa Maria de Jesús, das clarissas descalças, na calle Águillas, em pleno casco de Sevilha, fundado por D. Alvaro de Bragança é um dos símbolos do seu poder na cidade. Para tal adquiriu as casas e terrenos que eram propriedade da Condessa de Faro (portuguesa). A autorização do papa data de 24/11/1498. A licença foi-lhe concedida, a 4/8/1502, pelo arcebispo de Toledo. Fez questão a primeira abadessa fosse Maria de Villaseca, patrona, fundadora e monja do Convento de Santa Isabel de los Angeles (Córdoba) (24). 

 

Depois de um incêndio, em 1765, foi profundamente modificado pouco restando dos seus elementos originais (36). No interior da Igreja, o altar dedicado a Santo António, liga-o a Pádua e omite Lisboa, onde o santo nasceu, estudou e aderiu à Ordem Franciscana.

 

 

4. Alvaro de Bragança - Colombo

 

Alvaro de Bragança foi a figura central em toda a missão de Colombo, na medida que tinha acesso a todos os níveis da Corte de Castela e de Aragão, coordenando em Espanha a vasta rede de nobres portugueses que aí se exilaram ou haviam radicado. Só ele tinha condições para manter o segredo que rodeava a família Colombo e lhe proporcionar os apoios necessários.

 

Antes e depois de 1492-93, apoiou e negociou os privilégios de Colombo com os reis espanhóis.

 

Alvaro de Bragança, após o regresso de Colombo da primeira viagem, em Março de 1493,  neutraliza Martin Alonso Pizon, o único que na altura podia desmentir Colombo. Chamou a si todos os assuntos referentes à familia dos Pinzon, nomeadamente as questões da herança paterna.

 

A sua ação foi particularmente significativa, depois do regresso de Colombo da sua segunda viagem às Indias (1493-1496). Os resultados da viagem e o governo das Indias um desastre. Muitos eram os que exigiam o seu afastamento, tantos eram os abusos e as mentiras.

 

Graças à intervenção de Alvaro de Bragança, Colombo consegue tudo o que quer, nada lhe é negado.

 

- Os reis começam por afastar Alonso Rodriguez de Fonseca substituindo-o por Antonio de Torres, mas devido às exigências exorbitantes deste, o cargo acabou por não lhe ser atribuído.

 

Na cidade de Burgos, onde permanece entre 13 de Setembro de 1496 e 10 de Maio de 1497, a intervenção de Alvaro de Bragança foi de tal modo notória, que Colombo destaca-a no Memorial de Agravios:

 

- Os reis renovam o titulo de vice-rei e governador das Indias;
- Confirmam todas os privilégios que tinha, e que eram iguais aos dos Almirantes de Castela;

- Assinam grande parte da documentação da terceira viagem (1498-1500). Concedendo-lhe 6 milhões de maravedís para organizar a viagem, para além de muitas facilidades, etc.;

- Concedem-lhe a faculdade de criar um morgadio (mayorazgo). Em Fevereiro de 1498, concretiza esta faculdade.

 

Em Medina del Campo, onde permanece entre 22 de Maio a 18 de Julho de 1497, com uma curta estadia no Convento de la Mejorada (19 a 20 Julho). Graças à ação de Alvaro de Bragança, consegue ainda mais poderes:

 

- Confirmação do cargo de adiantado das Indias e da Terra Firme para o seu irmão, Bartolomeu Colón;

- Revogação do livre comércio nas Indias, estabelecido por Alonso Rodriguez Fonseca a 10/4/1495. Colombo passava a controlar todo o comércio, de forma a extorquir melhor os seus rendimentos;

- Faculdade de poder repartir terras conforme quisesse;

- Faculdade de poder nomear quem quisesse nas indias.

 

Fruto desta ação, Colombo passa a alimentar a ideia que é possível expulsar os espanhóis das Indias, movendo-lhes uma verdadeira guerra.

 

Colombo e os seus irmãos acabam por ser presos, em 1500, e enviados para Espanha.

 

Alvaro de Bragança não o abandona. Em 1501, Colombo nomeia-o seu representante junto da Corte Espanhola para defender os seus direitos, nomeadamente na cobrança da décima dos rendimentos da Indias (10).

 

A aliança entre os dois homens irá permitir a Colombo volta uma vez mais às Indias (1502-1504), mas quando regressa a Espanha,  Alvaro de Bragança já tinha morrido (ou foi assassinado?).

 

Não estamos perante uma ligação esporádica, mas uma permanente relação e cumplicidade entre dois homens exilados em Espanha.

 

 

4.1. Toledo, 1498

 

Alvaro de Bragança foi o obreiro de um importante negócio entre os dois reinos. Como contrapartida pela entrega do seu trono de Espanha a D. Manuel I rei de Portugal, Colombo teve acesso ao roteiro para atingir a "Terra Firme que D. João II lhe falara".

 

O acordo que foi celebrado, em Toledo, poucos dias depois de 24 de Abril de 1498, data em que D. Manuel I chegou à cidade. O rei português autorizou a expedição de Colombo a entrar no seus domínios marítimos, e a partir de Cabo Verde dirigir-se para Ocidente até atingir a Terra Firme.

 

Os roteiros e os mapas que Colombo recebeu foram provavelmente elaborados por Duarte Pacheco Pereira.  A 30 de Maio de 1498 partirá para a sua terceira viagem às Indias. A coincidência de datas é total.

 

 

4.2. Alcácer do Sal e outras judiarias

 

Entre os enormes bens que Alvaro de Bragança possuía em Portugal, constava todos os direitos e rendas das judiarias de Alcácer do Sal, Santiago do Cacém, Sines e Colos, bastiões da Ordem de Santiago.

 

Em relação a Alcácer do Sal, sede desta Ordem militar, trata-se de um dado da maior relevância.

 

Estes rendimentos, em 1469, pertenciam a um membro da família dos melos - Rui de Melo - à qual passou a pertencer Alvaro de Bragança, depois do casamento com Filipa de Melo. Ignoramos como lhe foram atribuídos as mesmas. O certo é que em 1482 estavam na sua posse (8), sendo confiscados depois de 1484 por D. João II, devido ao seu envolvimento na conspiração contra o rei. D. Manuel I, depois de 1496, procurou compensar Alvaro de Bragança pela sua perda, atribuindo-lhe outros proventos de valor equivalente (9). 

 

O caso nada tinha de especial, não fosse Alcácer do Sal sede da ordem de Santiago em Portugal, e sobretudo de Colombo ter uma enorme ligação com esta Ordem e a virgem que se encontrava nesta vila. Consultar Trata-se de mais um dos muitos elementos que revelam as cumplicidades entre estes dois homens. 

 

 

5. Rede de Amizades e Cumplicidades

 

Em Espanha, Alvaro de Bragança formou à sua volta, uma verdadeira rede de exilados portugueses e de castelhanos com origem portuguesa. Entre eles destacamos:

 

- Cristovão Colombo 

 

- Braganças: Isabel de Portugal, Marquesa de Montemor; Jaime e Dinis, filhos do Duque de Bragança morto em 1483, com a sua vasta corte: Arias Pinto, o aio; etc, etc., tinha-os a s eu cargo em Castela; Os conde de Faro, etc.

 

- Juan Omen (português). Fê-lo primeiro "alguaçil mayor en la çibdad de Andújar", e depois tenente na alcaidaria do Alcázares de Sevilha (1497) e seu representante nos vinte e quatro desta cidade. A filha deste português - Francisca Morales - era moça de camara de Isabel, a Católica.

 

-Isaac Abravanel.

- Juan de Silva, Conde de Cifuentes. Foi também membro e presidente do Consejo Real de Castilla e governador de Sevilla, entre 1483 e 1506. Ambos participaram na batalha de Toro, em partidos opostos. As forças comandadas por Alvaro de Bragança e do Conde Faro venceram-no, tornando-se a partir daí grandes amigos. Mais 

 

- Pedro Portocarrero, senhor de Moguer. Acordaram casar entre si dois filhos de cada um deles. Em virtude de Alvaro de Bragança ter falecido, o contrato ficou sem efeito.

 

Um dos objectivos desta rede foi o de aproveitarem os conhecimentos marítimos portugueses, para s colocarem ao serviço de Espanha, retirando daí importantes beneficios. 

 

 

6. Duplicidade ou Conciliação de Interesses ?

 

Não é fácil de definir a política seguida por Alvaro de Bragança, entre 1483 e 1503, mas tudo no leva a crer que procurou conciliar os interesses de Portugal e de Castela/Espanha, nomeadamente na sua expansão marítima.

 

 Nesse sentido, não se coibiu de usar segredos da Corte portuguesa, mas também experimentados navegadores colocando-os ao serviço de Espanha, de modo estabelecer uma efectiva partilha do mundo. Foi assim desde que chegou a Castela até à hora da sua morte. Ainda em 1503, regulava as condições e os castigos que os naturais de ambos os reinos deveriam ter no caso de violarem os tratados de paz, em particular no caso dos espanhóis tentarem ir, sem permissão, à Guiné, ilha Fernando Pó, e por suposto, ao Brasil (42).

 

Enquanto apoiava Colombo em Espanha, Alvaro de Bragança manteve sempre uma ligação profunda com Portugal, nomeadamente com os negócios das explorações marítimas, em que estava envolvido Marchione. 

 

Procurou harmonizar os interesses marítimos e imperiais de Portugal e de Espanha.

 

Durante o reinado de D. Manuel I, participou activamente no financiamento das expedições portuguesas à verdadeira India. Foi seguramente o maior investidor privado na carreira da India (27).

 

Em 1500 armou a nau Anunciada, em parceria com Marchione, Girolamo Sernigi e Antonio Salvago, que integrava a armada de Pedro Alvares Cabral, com destino à India. As armadas que partiram para com o mesmo destino, em 1501 e 1502, contavam com navios que financiara.  Não se limita a financiar, envia também capitães, seus criados:

 

a) Diogo de Barbosa, na armada de 1501, comandada por João da Nova;

 

b) Lopo Dias, na armada de 1502, comandada por Vasco da Gama;  

 

Em Sevilha era o centro à volta do qual girava toda a comunidade portuguesa. Criou aqui também uma verdadeira corte de nautas portugueses, os quais serão depois integrados na Casa da Contratação.

 

Para além de Colombo, apoiou também  Diogo de Barbosa que após uma viagem  à India, no regresso abandonou Portugal e fixou-se em Sevilha. Passou então a protegê-lo, fazendo dele tenente do Alcaide de Sevilha, comendador da Ordem de Santiago, sendo mais tarde nomeado alcaide de los Alcazares y Atanazares de Sevilha. Pouco depois casou-o  com Maria Caldera, que pertencia à mais rica família da cidade. 

 

Foi na casa deste navegador português que se alojou um outro navegador mais conhecido - Fernão de Magalhães (20/10/1517). Graças aos contactos que estes portugueses possuíam, foi fácil a Magalhães chegar a Carlos V e obter o apoio da Casa de la Contratación para a sua viagem de circum-navegação.  

 

Pouco antes de morrer, como Presidente del Consejo Real de Castilla, mandou entregar "ciertas cantidades como ayuda" de casamento às suas duas filhas, mas também a Pedro Sarmiento e a Pedro Portocarrero, senhor de Moguer.  Os dois últimos estavam ligados a Colombo, mas também a expedições clandestinas às Indias.

 

 

6.1. Mercadores-banqueiros

 

Alvaro de Bragança montou em Castela uma verdadeira rede de negócios, envolvendo uma rede própria de mercadores-banqueiros que actuavam em Portugal e Castela, com profundas ligações ao próprio Colombo.

 

Á chave desta rede está na família Salvago. O mordomo-mor de D. Alvaro de Bragança em Castela era o conhecido genovês Balian Salvago, irmão de António Salvago feitor da Casa da India de Lisboa ! Este mercador-banqueiro funcionava como intermediário em muitos negócios entre os dois reinos peninsulares:

 

a) Importação para Portugal de redes ou cabos para navios de Sevilha, envolvendo outros intermediários como Valian Salvago e Ottoviano Calvo (28).

b) Exportação de escravos para as Indias espanholas, envolvendo entre outros o seu irmão Balien Salvago (29).

c) Transferências financeiras entre a corte de Castela e Portugal (30).

d) Transporte de trigo entre Sevilha e Lisboa, envolvendo, em 1500, Bartolomeu Dias, patrão da caravela chamada Santa Maria da Luz (31).

 

Muitos são os negócios que estes irmãos andaram envolvidos entre Castela e Portugal, sob a orientação e protecção de Alvaro de Bragança.

Outro dos marcadores-banqueiros genoveses protegidos por Alvaro de Bragança  era - Francisco Pinelli (Pinelo) -, que aparece associado ao financiamento da segunda de Colombo (1493-1496) e mais tarde à criação da Casa da Contratação de Sevilha, que o português foi o criador e primeiro responsável.  

 

6.2 Conquistas e Explorações marítimas em Portugal e Espanha

 

Em Espanha e em Portugal coordena na prática as respectivas políticas de expansão marítima. Um facto ignorado na história de ambos os países.

 

Está em Portugal, nos momentos de enorme simbolismo do reinado de D. Manuel I, como a transladação dos restos mortais de D. João II para o Mosteiro da Batalha (27 Outubro de 1499).

 

Após a morte de D. Miguel da Paz (20/7/1500), o rei D. Manuel I, vê esfumar-se a possibilidade de obter o trono de Espanha, e como reacção toma uma série de medidas no sentido de impedir que nobres como Alvaro de Bragança, pudessem intervir na política do país, ocupando nele cargos importantes.   

 

 

 

7.  Alvaro de Bragança  -  D. Manuel I

 

Após a morte de D. João II (1495), o seu filho bastardo D. Jorge de Lencastre apresenta-se como um dos seus possíveis sucessores. 

 

Alvaro de Bragança mobiliza em Espanha um exército pronto a intervir a favor de D. Manuel I, que reúne junto à fronteira de Portugal forças também dos Duque de Medina Sidónia e do Duque de Alba. 

 

Na Páscoa de 1496 vem a Portugal com  o seu filho Rodrigo de Melo, numa acção de reconciliação promovida por D. Manuel que lhe vai restituindo os cargos que D. João II lhe havia retirado:  O seu assentamento que lhe rendia 259.00 reais ano, o posto de desembargador da Casa da Suplicação, o cargo de chanceler-mor do reino, as rendas e direitos da vila de Beja e seu termo, a posse do Cadaval (1496), a renda da portagem de Beja (1496), as rendas de Tentúgal (1497) e até o contrato de casamento com Filipa de Melo, que lhe permitiria ter acesso ao cargo de alcaide-mor de Olivença e respectivo condado (1499). 

 

Os seus rendimentos que passou a dispor em Portugal equivaliam a uma enorme fortuna na época. Em Espanha seriam naturalmente equivalentes, senão superiores. Estes cargos e rendimentos em Portugal serão depois transferidos para o seu filho Rodrigo de Melo.  

 

 

8. Geografia dos Domínios em Portugal

 

Os domínios de Alvaro de Bragança concentravam-se em algumas regiões de Portugal, que nos podem elucidar sobre as suas cumplicidades.

 

Alvaro de Bragança, a 28/7/1476, recebeu de D. Afonso V, grande parte do património que havia pertencido ao Infante D. Pedro, Duque de Coimbra, derrotado e morto na Batalha de Alfarrobeira (1449).

 

O seu património em Portugal foi-lhe confiscado, em 1484, por D. João II, sendo-lhe mais tarde devolvido por D. Manuel em 1496. 

 

Região de Viseu:  Ferreira das Aves (Satão).

Satão pertencia desde 1401 aos domínios do Infante D. Henrique. Uma das suas antigas povoações chama-se "Romãs" (de romanis ? Romana ?). Não deixa de ser curioso assinalar que Alvaro de Bragança tenha no solar de Agua de Peixes (Alvito),  um brasão com uma coroa com romãs. Em Sevilha, na Casa da Contratação, a célebre pintura de virgem dos navegantes, tem uma personagem com um manto de três romãs e uma coroa real. Esta personagem tem sido identificada com Colombo, mas tudo indica que se trata de Alvaro de Bragança ( Consultar ).   

 

Região da Guarda: Vilar Maior (Sabugal)  

 

Região de Coimbra ( antigos domínios do Infante D. Pedro): Tentúgal (1476, Montemor-o-Velho), Póvoa de Santa Cristina (idem),  Vila Nova de Anços (1476, Soure), Buarcos , Rabaçal (Penela), Penacova, Anobra (1476, Condeixa-a-Nova).

 

Tentúgal, era o centro dos seus vastos domínios na região centro do país. D. Afonso V deu-lhe as rendas da vila, paços, casas, celeiros, jurisdição civil e criminal. No inicio do século XVI, quando foi constituído o Condado de Tentúgal, a favor do seu filho - Rodrigo de Melo -, foi aqui constituída uma ouvidoria, cuja correcção se estendia às vilas de Buarcos, Povoa de Santa Cristina, Penacova, Vila Nova de Anços, Rabaçal, Alvaiazere, Arega e Mortágua. A ouvidoria só foi extinta em 1825. 

 

Região de Leiria: Alvaiázere,  Arega (Figueiró dos Vinhos).

 

Região de Santarém: Torres Novas (até 1476, trocada por Anços e Anobra ), Cadaval, Peral (Cadaval/Azambuja), Cercal (Cadaval/Azambuja), Muge (?)

 

Região de Évora: Olivença,  

 

Região de Beja:  Água de Peixe ( 1501, Alvito) (6), Albergaria dos Fusos (1503, Cuba) (7), Vila Ruiva (1503 ?, Cuba), Vila Alva (?, Cuba).

 

No inicio do século XVI, Alvaro de Bragança andava a comprar terras em volta de Vila Ruiva (Cuba), uma terra onde Bartolomeu Colon afirma que Colombo nasceu. Qual a razão ? 

    

 

Mistério do Paço de Água de Peixes

 

O que o terá levado, Alvaro de Bragança, em 1501 a adquirir a herdade e o solar de Água de Peixes, e ao seu redor domínios em Albergaria dos Fusos, Vila Ruiva e Vila Alva

 

A explicação mais óbvia que de natureza familiar: Vasco Martins de Melo ( ?- 1388) (16) , antepassado de Filipa de Melo, detinha no século XIV a propriedade de Água de Peixe, tendo aí começado a construir o paço da sua família.  O objectivo de Alvaro de Bragança terá sido o de edificar um grande solar, no centro histórico da linhagem dos melos no Alentejo, assumindo-se como o seu herdeiro natural. Mais

 

A verdade é que estas terras estavam também ligadas aos Zarcos, povoadores da ilha da Madeira, o que tem dado originado muita especulação.

 

Não deixa de ser significativo que Vasco Martins de Melo seja igualmente o antepassado comum a Filipa Moniz Perestrelo e aos três irmãos Albuquerques de Angeja

 

No plano simbólico, o seu brasão em Água de Peixes possui uma coroa com três romãs, as mesmas que aparecem na célebre pintura do Alcazar de Sevilha. Alvaro de Bragança, recorde-se, era também senhor de Ferreira das Aves (Satão), que fica junto a uma localidade denominada "romãs".

 

Em Cuba, onde se tornou num dos grandes senhores, tem sido assinalado o facto do patrono local ser S. Vicente, o mesmo de Lisboa, mas ter também um enigmático fresco com S. Cristovão. Alvaro de Bragança, como dissemos, tinha um palácio em Lisboa junto à Igreja de S. Cristovão, e por isso conhecido por Paço de S. Cristovão. O primeiro nome adoptado por Colombo era Cristovão...

 

Arte Mudejar, a Marca dos Exilados

 

O regresso de muitos dos exilados de Espanha, permitido por D. Manuel I, foi particularmente sentido no Alentejo. 

Alvaro de Bragança assinalou esse facto com a difusão de um novo estilo arquitectónico e decorativo - o mudejarismo (mourisco) -, caracterizado sobretudo pelos seus elementos decorativos e materiais utilizados. 

 

A longa presença destes exilados portugueses na Andaluzia impregnou-os dos gostos mouricos, numa altura em que eram extintas as poucas mourarias ainda existentes em Portugal ... 

 

No Alentejo este estilo que está bem patente no Paço de Água de Peixe (Alvito), a Sala do Capitulo do Convento dos Lóios (Évora)  em outros edificios construídos ou remodelados em fins do século XV e primeira metade do XVI, como o Paço de Cadaval (Évora), Paço da Sempre Noiva (Arraiolos), Palácio dos Condes de Basto (Évora), Paço Real de S. Francisco (Évora), Ermida de S. André (Beja), Ermida de S. Sebastião (Alvito), Igreja de Santa Maria (Beja), etc. 

 

 

 

10.  Panteão dos Melos

 

Alvaro de Bragança morreu em Toledo no princípio de Maio de 1504, foi primeiramente enterrado em Segóvia, no convento de S. Francisco. Foi depois trasladado e sepultado no panteão dos Melos, no Convento de São João Evangelista ou Convento dos Lóios, em Évora (1 ), de que foi um dos principais protectores.

 

O convento foi iniciado pelo seu sogro em 1485, mas por morte deste (1487), Alvaro de Bragança continuou a financiar as obras, mesmo estando em Castela. A sagração só ocorreu no dia de natal de 1491. 

 

O facto é da maior importância pois comprova que o mesmo nunca se desligou de Portugal e fazia intenção de aqui ser sepultado na igreja no convento.

 

Recorde-se que esta Ordem religiosa, fundada em Portugal em 1428, teve um papel pioneiro na evangelização de África e da própria India.

 

Entre as ilustres personagens que estão sepultadas neste panteão conta-se Rui de Sousa, navegador, senhor da Guiné, diplomata, plenipotenciário de D. João II às cortes de Inglaterra e Espanha, e a quem coube ratificar, em 1494, o célebre Tratado de Tordesilhas. Um seu parente - Pêro de Sousa - exilara-se também em Castela.

 

Em Castela, Alvaro de Bragança, permaneceu fiel à causa de Portugal, como demonstra também os casamentos escolhidos para os seus filhos. Depois da sua morte, em 1504, Colombo entrou em desgraça, sendo cada vez mais um homem isolado em Espanha.

 

11. Felipa de Melo, traidora?

 

Na Secção de Manuscritos da Biblioteca Nacional de Madrid, existe um enigmático manuscrito (Sign. Aa.98,n.9241). É formado por 57 folhas de papel, onde estão desenhadas as praças fortes portuguesas que defendiam as regiões do Alentejo, Beira, Trás-os-Montes, Entre o Douro e Minho. Faltam-lhe os primeiros fólios até ao 14, e desde o 17 ao 32 inclusive.

 

O seu autor é anónimo, mas era seguramente era um português. Trata-se de um trabalho de espionagem ao serviço do rei de Espanha, cuja intenção parece ser bélica. Estaria a Espanha a pensar numa invasão de Portugal?

 

O levantamento é em tudo idêntico ao que Duarte de Armas realizou, em 1509, tem todavia a particularidade de acrescentar desenhos de outras praças de guerra portuguesas e de fornecer o nome dos respectivos alcaides.

 

Um nome aparece mencionado neste manuscrito -  o de Felipa de Melo, na condição de viúva de Alvaro de Bragança (26). Qual a sua ligação com este espião português ao serviço do rei espanhol ?.

 

 

12. Continuidade em Espanha: Condes de Gelves, Duques de Verágua, Almirantes das Indias.  

 

Alvaro de Bragança deixou em Sevilha uma sólido potentado que irá prosseguir o seu trabalho ao longo de todo o século XVI: 

 

12.1. Condes de Gelves

 

- Jorge Alberto de Portugal y Melo (Lisboa,1490-Gelves,23/9/1543), 1º Conde de Gelves (1527, Carlos V), depois de um primeiro casamento com uma parente de Vasco da Gama (Guiomar de Ataíde e Silva), do qual não resultou descendência, voltou a casar-se com a neta de Colombo - Isabel de Toledo y Toledo (3/5/1531 ?) de quem teve oito filhos. 

 

O  neto de Isabel anos depois veio a herdar os títulos de Colombo, assim como o Ducado de Verágua restabelecendo desta forma a ligação (oficial) da família à Casa Real de Portugal. 

 

Foi um dos pagens do príncipe D. Juan ( -1497), filho de Isabel e Fernando, entre os quais se contavam também os dois filhos de Cristovão Colombo, e outros nobres das mais importantes famílias de Castela (4). Sucedeu ao seu pai, em 1504, como alcaide dos Alcazares e Atanazares de Sevilha. Foi camareiro mor de Carlos V.

 

Com mão de ferro, em 1520-21, apoiou Carlos V contra a rebelião dos "comuneros" (1520-1522), tornando-se mordomo mayor deste Imperador.

 

Em 1527 compra a vila de Gelves, dois anos recebe  o título de Conde de Gelves, e em 1539 o de senhor de Villanueva del Ariscal e Gelves, recebendo muitas outras possessões (Almuédano, Torrequemada, etc). Foi cavaleiro da Ordem de Alcantara, governador e capitão general de Oran (Argélia), presidente do conselho de Guerra, etc. 

 

A vila de Gelves, símbolo do poder dos braganças em Sevilha, ainda no século XX, ostentava no seu brasão cinco escudos das armas de Portugal, e uma cruz que evocava o brasão dos braganças (37).

 

Jorge Alberto morreu a 24 de Setembro de 1543, nos seus aposentos de los Reales Alcazares de Sevilha. Foi sepultado por vontade própria na Igreja paroquial de Gelves, frente ao altar mor.

 

- Alvaro de Portugal y Melo (1532-1589), 2º. conde de Gelves, filho do anterior, casou-se com Leonor Fernandez de Cordoba y Milán Aragon. Este s foi um dos grandes mecenas do seu tempo, tendo apoiado entre outros: Fernando de Herrera, Juan de Mal Lara, etc. Foi igualmente um sofrível poeta.

 

- Jorge Alberto de Portugal y Fernandez de Cordoba (1566), 3º. Conde de Gelves, casou-se com Bernardina Vicentelo de Leça y Corso.

 

- Leonor de Portugal Colon de Toledo, 4ª. condessa de Gelves, 1ª. Marquesa de Gelves (Filipe III) , casou-se em 1as. núpcias com Fernando Ruiz de Castro Portugal, e em 2as núpcias com Diego Pimental, Marques de Gelves, vice-rei de Aragão e conselheiro de Estado. Não teve descendência.

 

Os condes de Gelves, no inicio do século XVI, uniram-se com os Duques de Verágua, herdeiros dos títulos de Colombo:

 

- Nuno Alvares Pereira Colón y Portugal, filho do 2º Conde de Gelves, herdou os títulos de Cristovão Colombo, tornando-se 5º. almirante das Indias, 3º. Duque de Verágua e de Vega,  Marquês da Jamaica (1605), Adelantado Mayor das Indias, cavaleiro de Calatrava. Casou-se com Aldonza de Portocarrero, outra familia de origem portuguesa.

 

- Álvaro Jacinto Colon y Portugal, filho do anterior, tornou-se  6º Almirante das Índias, 5º duque de Veragua e de Vega, Marques da Jamaica, 5º. Conde de Gelves, casou-se com Catarina de Castro y Portugal, 5ª condessa de Gelves.

 

A linhagem dos Colon de Portugal prosseguiu ocupando os mais elevados postos no governo da Espanha e no seu império.

Brasão de Pedro Nuno Colon de Portugal y Castro, 6º. Duque de Verágua, 6º Conde de Gelves

Vice-rei da Nova España (1673), morreu na cidade do México.

 

A ligação a Portugal dos Duques de Verágua e Condes de Gelves só terminou em meados do século XVIII. A Vila de Gelves até 1837 tinha como brasão as armas de Portugal.

 

Má Memória

Durante a ocupação de Portugal entre 1580-1640, os reis espanhóis nomearam para importantes cargos em Portugal, membros de antigas familias de exilados portugueses que se fixado em Espanha.

Um bisneto de Alvaro de Bragança - Nuno Alvares de Portugal (38) - foi nomeado corregedor da cidade de Lisboa (presidente do município) por Filipe II de Espanha, e depois fez parte da 1ª. Junta Governativa do reinado de Filipe III de Espanha, entre 1/9/1621 e 30/8/1623. Esteve ligado a um dos períodos mais negros da História de Portugal.

 

 

13. Ocultação da Traição

 

Um neto de Alvaro de Bragança será o grande censor do cronista Damião de Góis, quando pretendeu escrever sobre as conspirações e conspiradores de 1483 e 1484. Os duques de Bragança e os duques de Viseu-Beja assumiram nela um papel de traidores.

 

 

Carlos Fontes

  Notas:

( 1 ) O Convento dos Loios foi fundado em 1485 por D. Rodrigo de Melo, 1º. Conde de Olivença e capitão de Tanger, cuja filha se casou com D. Alvaro de Bragança, o qual mandou gravar na Igreja os feitos de armas do seu sogro no norte de África. A sepultura de D. Alvaro está no panteão da família do fundador e dos seus descendentes mais próximos: os pais do fundador, Martim Afonso de Melo e D. Margarida de Vilhena; o arcebispo de Braga D. João de Melo, seu irmão; D. Rodrigo de Melo e D. Isabel de Meneses; D. Álvaro de Portugal e D. Filipe de Melo ( no pavimento); D. Rodrigo de Melo, 1.° Conde de Tentúgal e 1.° Marquês de Ferreira e D. Brites de Meneses, sua esposa; D. Francisco de Melo, 2.° Marquês de Ferreira e D. Eugénia de Bragança; os 1.°, 2.° e 3.° Duques de Cadaval, D. Nuno Álvares Pereira de Melo, D. Luís Ambrósio e D. Jaime de Melo, além das Princesas D. Luísa de Portugal e D. Henriqueta Gabriela de Lorena. Na Igreja encontram-se outros tumulos, como os de D. Manuel de Melo, governador de Tanger e reposteiro-mor de D. João II, e seu filho D. Francisco de Melo, conselheiro e capelão-mor de D. João III e mestre dos infantes. Estamos perante um panteão dos Melos. Recorde-se que os dois irmãos de Colombo, segundo a genealogia de Varagua eram também Melos.  Existem também outros túmulos dos Silvas, outras das familias portuguesas ligadas a Colombo.  

O Convento de Loios pertencia à Congregação dos Cónegos Regulares de S.João Evangelista, fundada em Portugal em 1423 por João Vicente (Bispo de Lamego e de Viseu) entre outros. A casa-mãe era em Areias de Vilar (Vilar de Frades), Barcelos.

(2 )

(3 ) Num dos ramos da sua descendência em Espanha, conta-se Francisco de Melo de Bragança (Estremoz, 1597 - Madrid, 1651), I conde de Asumar (1636- Portugal),  I marqués de Vellisca (1646-Espanha ), os seus sucessores passaram a chamar-se Villescas. Foi embaixador no Ducado de Sabóia 1632), nas repúblicas de Lucca e Florencia (1633-36) e junto do Imperador austro-hungaro (1638), vice-rei da Sicilia (1639-41), passou para a Flandres como plenipotenciário na Dieta de Ratisbona. Como militar comandou as tropas na reconquista da praças de Aire (1641), Lens (1642), La Bassée (1642) e outras praças, mas acabou derrotado pelo duque de Enghien. Em 1640, durante a restauração da Independência de Portugal decidiu ficar em Espanha, rompendo com as suas ligações com a Casa de Bragança. Em 1647, comanda o exército espanhol que combateu a revolta da Catalunha, sendo afastado do seu comando depois de ter perdido Tortosa (1648). A partir daqui afastou-se da corte espanhola.

(4 ) Libro de la Cámara Real del Príncipe Don Juan, Gonzalo Fernández de Oviedo. Consultar a edição crítica. 

(5 ) Alvaro de Bragança fazia parte deste Conselho pelo menos desde março de 1485. Cfr. Juan Manzano Manzano - Cristobal Colon. Siete Años..., p.61

O 3º. Conde de Gelves, terá sido Jorge Alberto Colon y Portugal (Sevilha,1560-Gelves,1583), que também foi governador de Sevilha. A filha deste último, a IIIª. Condessa de Gelves, casou-se em primeiras núpcias com Diego Pimentel, assistente real ou governador de Sevilha, capitão general da costa da Andaluzia e cavalaria, de Milão e vice-rei de Aragão. Era também descendente de portugueses (Duques de Benavente).

(6) Agua de Peixes ou Peixe. Em 1501, Alvaro de Bragança comprou a Diogo Lopo, 2º. barão do Alvito, as terras e a quinta de Agua de Peixes.

(7) Albergaria dos Fusos. Alvaro de Bragança, em 1503, comprou grande parte desta povoação, a Violante de Moura, abadessa do Convento de Santa Clara de Beja. A escritura foi assinada a 17/12/1503 pelo seu procurador Diogo de Barbosa. A compra foi confirmada por D. Manuel I a 14/3/1516 e depois por D. João III, a 14/8/1425.

(8) Torre do Tombo, Chanc. de D. João II, liv. 2, fl.31vº. Referido por M. José Pimenta Ferro Tavares, Os Judeus ....no século XV, vol. II, quadro 6, p.739

(9) Pereira, Maria Teresa Lopes - Pedro Nunes. Em busca das suas origens. Lisboa. Colibri. 2009, p.186-187   

(10) Consuelo, Varela, Colon y la Casa de la Contratación, p.232...

(11) Gil, Juan - Los Conversos y la Inquisicion de Sevilla, vol. VII. pp. 475-476. 

(12) Alvaro de Bragança a 1/12/1485 é já referido como sendo o "presidente del Consejo Real de Castilla", cargo que poderá ter exercido temporariamente (cfr. Szászdi, Leon-Borja - El Memorial Portugues de 1494..., p.69 )

(13 )Las Casas, Historia de las Indias, T. III, Libro II, cap. L,

(14) Szászdi León-Borja, István - El Magnifico Señor Álvaro de Portugal, Contador Mayor de Castilla. Una Trayectoria Política-Administrativa, in, Castilla y el Mundo Feudal. Homenaje al Profesor Julio Valdéon. ..., Junta de Castilla y León. Universidad de Valladolid.2009.

(15)  Szászdi León-Borja, István - Los portugueses y el nacimiento ....p. 308-309 

(16)  Vasco Martins de Melo (?-1388), guarda-mor de D. Pedro, D. Fernando e D. João I. Pertenceu ao Conselho Real de Portugal. Durante a crise de 1383/85 tomou o partido de Portugal. Foi pai de Martim Afonso de Melo (c.1360-1432), senhor de Arega (Figueiró dos Vinhos) e de Barbacena, alcaide de Évora.  

Este último gerou,  por sua vez, Martim Afonso de Melo, alcaide-mor de Olivença, casado com Margarida de Vilhena, pais de Rodrigo Afonso de Melo, 1º. Conde de Olivença, que se casou com Isabel de Meneses.  Foi deste casamento que nasceu Filipa de Melo, esposa de Alvaro de Bragança.

(17) D. Rodrigo de foi alcaide de Olivença, guarda-mor do rei, mordomo-mor da infanta Dona Joana, capitão de Tanger (1471-1484). Foi nomeado Conde de Olivença em 1476. D.Isabel de Meneses era filha de Aires Gomes da Silva, senhor de Vagos, cavaleiro do Infante D. Pedro. Casou em segundas núpcias com Beatriz de Meneses, aia da rainha. Cfr. João Paulo  Oliveira e Costa , O conde de Tentúgal e a linhagem dos Melos na política ultramarina manuelina, in, ........

(18) Dávila, Maria Berreto - D. Fernando I, 2º. Duque de Bragança: Vida e Acção Política. Dissertação de Mestrado de História Medieval. Set. 2009. FCSH-UNL.

(19) Los Portugueses en el Reino de Granda en Época de los Reys Católicos (Málaga,1487-1518), Maria Teresa López Beltran e Raúl Gonzales Arévalo, in, Baética-Estudios de Arte, Geografia e História, 24, 2002. Málaga. Univ de Málaga.

(20) Navarrete, Martin Fernández de - Coleccion de los viages y descubrimientos que hicieron por mar los españoles desde fines del siglo XV... vol.2 

(21) Murugarren, Paulino Iradiel - Evolución de la Industria Textil Castellana en los Siglos XIII-XVI: Factores .... pp.137-138

(22) Peñas, Leandro Martinez - El Confesor del Rey en el Antiguo Régimen ... Editorial Complutense. p.112

(23) Fernandez, Luis Suaréz - Los Reis Católicos: El camino hacia europa. ...pp.108-115

(24) Montoto, Santiago - Esquinas y Conventos de Sevilla ...pp.140-143; Centeno, Gloria - Monasterio de Santa Maria de Jesus. Sevilla. Guadalquivir. 1996, etc.

(25) Giasante, Donatella - La Colección de madera hispano-árabe y mudéjar del Museo Arqueológico de Sevilla, in, Laboratorio de Arte, 15 (2002), pp.309-333. Neste museu existem vários exemplares do Palácio de Alvaro de Bragança.

(26) Este facto permitiu datar o manuscrito de 1504 a 1508. Consultar: Revista de Archivos, Bibliotecas y Mueos, Ano XIV-Mayo-Junio de 1910. Núms. 5 y 6

(27) Oliveira e Costa, João Paulo de - O Conde de Tentugal e a Linhagem dos Melos na Política Ultramarina Manuelina, in, Actas do Colóquio Internacional. A Alta Nobreza e a Fundação do Estado da India. Cham. UNL. Lisboa. 2004

(28) Otte, Enrique - Sevilla y sus mercaderes a fim de la Edad Media..., p.90

(29) Quesado, Miguel Angel Ladero - El primer Oro de America: Los comiezos de la casa de la contratación de las yndias (1503-1511). Real Academia de la Historia.2002

(30) Fernandez, Violeta Medrano - Un Mercado entre Fronteras: Las Relaciones Comerciales entre Castilla y Portugal al final de la Edad Media... Universidade de Valladolid. 2010

(31) Leon, Juan Manuel Bello - Mercaderos Extranjeros en Sevilla en Tiempos de los Reys Católicos...

(32) G.Fernandez de Oviedo - Batallas Y Quinquagenas , ed. de la Real Academia de la Historia, pp.435-43

(33) Condes de Tentúgal:

- Rodrigo de Melo (? -1545), 1º. Conde de Tentúgal, 1º. Marquês de Ferreira de Aves.

- Francisco de Melo (- ), 2º. Conde de Tentúgal. Casou-se, em 1549, com Eugénia de Bragança. Fundador do Convento das Carmelitas em Tentúgal (1560-5).

- Nuno Alvares Pereira de Melo ( ? - 28/11/1597), 3º. Conde de Tentúgal. Participou na batalha de Alcácer Quibir (1578), onde ficou cativo. Casou-se, em 1586, com Mariana de Castro, dama de infantas espanholas, filha do 4º. Conde de Altamira.

- Francisco de Melo ( 1588-1645), 4º. Conde de Tentúgal, 3º. Marquês de Ferreira de Aves, 15º. Condestável de Portugal. Foi um dos nobres que tomou parte activa na restauração da independência de Portugal em 1640.

 

(34) D. João IV atribuiu este título a Nuno Alvares Pereira de Melo ( 1638 - 1725), pela acção que o seu pai teve na restauração da independência de Portugal em 1640. Herdou e expandiu o vasto património que vinha de Alvaro de Bragança.

 

(35) Costa, João Paulo Oliveira e, O Conde de Tentúgal e a Linhagem dos Melos na Política Ultramarina Manuelina, in A Alta Nobreza e a Fundação do Estado da Índia. Colóquio Internacional. Actas, org. João Paulo Oliveira e Costa e Vítor Luís Gaspar Rodrigues, Lisboa,  2004; Freire, Anselmo Braancamp, Brasões da Sala de Sintra, vol. III, Lisboa, Imprensa Nacional, 1973.

 

(36) Gutiérrez, Pedro Luengo - Reconstrución del Convento de Santa Maria de Jesús en Sevilla., in, Real Academia de Bellas Artes de Santa Isabel da Hungria. Temas de Estética y Arte. XXIV. Sevilla. 2010

 

(37) Enciclopedia Universal Ilustrada. Europeo-Americana. Vol. 25.

 

(38) Nuno Alvares de Portugal, era filho de Afonso de Portugal, 2º. Conde de Vimioso e de Luisa de Gusmão.

 

O seu irmão - Francisco de Portugal (Lisboa, 1550-Açores, 1582), 3º Conde de Vimioso, foi um  heróico combatente pela causa de D. António, Prior do Crato, tendo morrido na batalha naval de Vila Franca (S. Miguel, Açores). Este facto levantou muitas suspeitas em Espanha sobre a sua fidelidade aos filipes.

 

Era neto de Francisco de Portugal (- Évora, 8/12/1549), 1º. Conde de Vimioso, e de Joana de Vilhena, filha de Alvaro de Bragança. Casou com Joana de Mendonça Corte Real, senhora do morgado de Vale de Palma. Dois dos seus filhos foram para frades no convento dominicano de S. Domingos de Benfica, e a sua filha "Margarida de Columna ou Coluna", entrou para o Convento do Sacramento também em Lisboa (cfr. José Miguel João de Portugal de Valença - Instrucçan que o Conde de Vimioso...., Lisboa, 1741). Trata-se de uma ramo dos braganças com uma forte ligação aos frades dominicanos ( Luis de Cacegas, Luis de Sousa e outros - Historia de S. Domingos, 3ª. Edição, Vol. VI, Liv. III, cap.XLVIII. 1861)

 

(39) Guiomar de Ataíde, era filha de João de Vasconcelos e Menezes, 2º. Conde de Penela, donatário da Ilha do Fogo (cabo Verde), vedor da fazenda de D. Manuel I e de D. João III, e de Maria de Ataide (filha de João de Sousa, 4º. senhor de Gouveia). Foi ama de Leonor de Austria (ou de Habsburgo) (1498-1558), irmã de Carlos V, e que veio a ser rainha de Portugal (casada com D. Manuel I) e de França (casada com Francisco I).

 

(40) João carlos Feo cardoso de Castelo Branco e torres, Visconde de Sanches Baena - Memorias Historico-Genealogicas dos Duques portugueses do século XIX. Lisboa. 1883

 

(41) Szászdi, István - Casa de la Contratation Sevillana el año de 1503 - La Huella de don Alvaro de Portugal, in, O Tempo Historico de D. João II  nos 55o anos do seu nascimento. Actas do Colóquio. 2,3 e 4 de maio de 2005. Academia Portuguesa de Historia. Lisboa. 2005

 

(42) Szászdi, István - Casa de la Contratation Sevillana..., p.307

 

 

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  Carlos Fontes
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