Carlos Fontes

 

 

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Cristovão Colombo, português ?

 

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As Provas do Colombo Português 

"Salvador Gonçalves Zarco (Cristobál Colón) e os Livros de D. Tivisco" (1)

Nesta obra o Major G.L. Santos Ferreira (Mafra, 10/01/1849- Lisboa, 26/01/1931), com ajuda nas questões históricas de António Ferreira de Serpa,  tentaram decifrar a sua assinatura cabalística e os dois livros publicados em 1692 e trouxeram novos dados. Estamos perante a principal referência de tudo o que a seguir se disse sobre Salvador Gonçalves Zarco.

1. Assinatura

Santos Ferreira encontra na célebre assinatura cabalística de Colombo, debaixo para cima, primeiro o nome de Cristovão Colon, a que o conduziu a Cristovão Zarco e por último a Salvador Gonsales Zarco. Os "SSS" no topo são o critograma de Consalvis (= Gonçalves); XS , criptograma de Christo Salvo; Ma, de Maria Salvâ; YS, de Josepho Salvo. (pp.135-144). Uma interpretação que não se afasta muito de outros autores.

1. Decifração do "Teatro Genealógico", de Don Tivisco de Nasao Zarco y Colona. 1692.

1.1. Autor

Esta enigmática obra é frequente atribuída ao pai do Marques de Pombal, uma atribuição recusada pelos que a atribuem a Fr. Jeronymo de Sousa, pseudónimo de Jacinto de Sousa, natural de Freixo-de-Numão. Os autores afirmam que o mesmo descendente de João Gonçalves Zarco e da sua mulher Dona Constança Rodrigues de Sá, filha de Rodrigo Eanes de Sá e da Senhora Cecília Colona (p.174). O que justificaria os apelidos "Zarco" e "Colona".

1.2. Decifração do Frontespicio

 Santos Ferreira socorrendo-se de equivalências entre o Hebreu, Latim e o Português, de acordo com as regras cabalísticas, começa por descobrir de novo o nome "Salvador Fernandes Zarco" (p.154).

O que descobre a seguir, ainda no frontespicio, é um verdadeiro romance. A ordem dos textos ocultos descobertos é a do autor:

"Este impio, tendo sido colocado em governador (magnificus) na ilha de Chios, maltratou e defraudou o seu principe, e fugiu vestido como jornaleiro do arrabalde e fingindo-se mudo; e correu mundo; mas, envergonhado e arrependido, emendou-se, e voltou para o seu país natal, e tomou o nome de Cristobal Colón" (p.155).  

"Livro que rompe o mistério que ocultava a sua nobreza e o arrependimento de seus crimes". (p.157).

"Fr. David da Costa encontrou dentro da orla de uma tapeçaria, seis pergaminhos que declararam a ascendência e as culpas do insigne explorador conhecido até agora como Cristobal Colón, o qual os escreveu, na língua hebraica, junto do padre Joam Eanes de Saa". (pp.158-159).

1.3. Decifração de pensamento atribuído a S. Jeronymo  

Voltando a folha do frontespicio, a meio da página do reverso, surge uma falsa citação atribuida a uma epistola de S. Jeronymo. Que texto oculto encontrou aqui Santos Ferreira? (2)

"O Intendente Clemente Innocencio Vieira determinou que os pergaminhos que tinham estado na orla da tapessaria fossem escondidos imediatamente dentro de uma boceta, num vão da parede ao canto do claustro da cisterna do convento de Nossa Senhora dos Remedios dos nossos padres marianos de Lisboa, à mão direita de quem está voltado para a entrada do refeitório." (p.162).

O "Teatro Genealógico", convém referi-lo, foi proibido em 1703.

2. Decifração do Pericope Genealogico, de  Don Tivisco de Nasao, Zarco y Colona

A continuação da história anterior está na outra enigmática obra, editada no princípio do século XVIII, com o mesmo autor e igualmente proibida.

Santos Ferreira, usando a cabala e os seus conhecimentos de hebreu e latim, descobre no frontespício desta obra o seguinte:

"Fr. Caetano Alves, conforme mandato da Inquisição, desfez sobre uma grande fogueira, fora do portão da Congregação do inclito Felipe Neri, no largo das Necessidades, a Alcantara, o livro de Fr. João Eanes de Saa".(p.176).

"Resto da paga da infame maquinação do Padre Felipe do Couto" (p.179).

"O conde da Feira ficou furioso, a ponto de perder os sentidos, em vista do fracasso de Salvador (Jeshuah)" (p.180).

"O maior dos navegadores portugueses de todos os tempos, é o último rebento de Henrique". (p.181).

3. Descoberta no Convento dos Marianos, em Lisboa

Á semelhança do que aconteceu no Convento de Santo António da Castanheira, onde andaram a escavacar paredes e a profanar túmulos para encontrarem "tesouros" escondidos.  Santos Ferreira, em Abril de 1927, andou a escavacar uma parede no Convento dos Marianos, na Rua das Janelas Verdes, em frente à Igreja de Santos-o-Velho, onde Colombo conheceu e se enamorou da Filipa Moniz Perestrelo. 

Na parede do Claustro da Cisterna que dá entrada para o antigo Refeitório, cuja parede do lado direito à ocupada por um grande poial abobadado, foi descoberto um grande vão, com muito entulho, fragmentos de folhas de livros latinos, aparas de madeira, etc. O manuscrito de Salvador Gonsales Zarco não estava lá, mas encontrou-se o local onde o mesmo alegadamente estivera.

Santos Ferreira, a esta história misteriosa, acrescenta uma outra.  Junto ao Convento dos Marianos, ficava em 1927 o Palácio dos Viscondes de Asseca, que afirmavam que os seus antepassados haviam deixado uma caixa guardada no soalho da Igreja do Convento. Acontece que os Viscondes de Asseca, tinham como seus antepassados a família Sá. 

O padre João Eanes de Sá, que o autores afirmam ter sido o confessor e amigo de Salvador Gonsales Zarco,  pertencia à família dos condes de Penaguião, marqueses de Fontes, titulo mudado, mais tarde por D. João V, para o de Marqueses de Abrantes, na pessoa de Rodrigo Pedro Eanes de Sá. Parente dos Correias de Sá, aos quais D. Afonso VI, deu o título de Visconde de Asseca, na pessoa de Martim Correia de Sá, filho de Salvador Correia de Sá (p.168-169). 

Estamos perante um verdadeiro romance histórico, onde factos históricos se confundem com outros muito imaginativos.

4. Sá de Miranda e os Colona

A relação entre os Sá e os Colona não era nova. Sá de Miranda, um dos grande poetas portugueses do renascimento, vivia fascinado com a nobreza dos seus avós. 

A sua avó era filha de Rodrigo Anes de Sá, que foi embaixador de Portugal em Roma, e aí se casou com Cecília Colona, da grande família consular e principesca. 

Entre 1521 e 1524 foi a Itália, onde em Veneza e Milão ouviu falar de muito dos seus parentes: Próspero Colona, Marco António Colona. Em Roma conheceu Vitória Colona, esposa do Marquês de Pescara. Regressado a Portugal não se cansou de evocar estes seus "familiares" italianos.

Sá de Miranda, se faz uma ligação entre os "Sás" e os "Colona", nunca o fez com Cristobal Colón.    

5. Desenvolvimentos Recentes

O final da história do Convento dos Marianos teve nos últimos anos um novo e inesperado desenvolvimento. Manuel Rosa, ao investigar a ligação dos aos Colona de Itália, encontrou pelo meio um Waldislaw III, rei da Polónia (1434-44) rei da Hungria (1440-44), também conhecido como Henrique Alemão, que se terá refugiado na Madeira, por volta de 1550. 

Waldislaw casou-se em 1451 com Senhorinha Annes Sá, que tinha entre os seus antepassados os Colona de Itália.

A teoria de Manuel Rosa é que Cristovão Colombo era um dos filhos de Waldislaw, radicado na Madeira, que como o pai sempre procurou esconder a sua identidade.

Em Construção. Espere um pouco.

Carlos Fontes

  Notas:

(1) Seguimos o texto publicado no Boletim Cultural`92- Câmara Municipal de Mafra. Fevereiro de 1992, Mafra. 

 

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Continuação:

15. Lugares Colombianos em Portugal

16. Cronologia Portuguesa da Vida de Colombo

 

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As Provas de Colombo Italiano

As Provas de Colombo Espanhol

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  Carlos Fontes

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