| 
             4. Estranho Filho de Itália 
               Colombo
                não tinha qualquer ligação com a Italia, com excepção de meros negócios
                com o Banco de S. Jorge de Génova. Não revela qualquer ligação afectiva a
                qualquer cidade italiana, desconhece a língua e dedica quase toda a sua vida a
                combater os italianos e os seus interesses. O pior insulto que lhe podiam fazer
                era associarem-no a Itália. 
              a) Desconhece a Língua
                Materna 
                Não deixa de ser estranho que Colombo não soubesse falar ou escrever em 
                italiano, ou num qualquer dos seus dialectos. Segundo das Atas Genovesas saiu da 
                cidade com 22 anos, chegou a Portugal com 25 anos, voltou a Génova com 27 anos. 
                Convivia com italianos e, supostamente mantinha uma activa 
                correspondência com Itália, devido às suas alegadas atividades de mercador. A 
                verdade é que se esqueceu de TUDO o sabia desta lingua, ou de qualquer um dos 
                seus dialectos, sendo incapaz de a usar para falar ou escrever. 
               Terá tentado traduzir um texto para 
                italiano por volta de 1501, quando andava preocupado em encontrar uma garantia 
                internacional para a transmissão do seu morgadio e privilégios para o seu filho 
                Diego Colon (nascido em Lisboa).  O texto muito confuso que escreveu tem apenas 57 palavras, e está 
                repleto de palavras portuguesas e castelhanas, próprias de quem não sabia nada 
                de italiano, nem de nenhum dos seus dialectos (14). 
               As cartas que escreveu com o seu próprio punho, e não as que ditou, 
                estão escritas em latim, português espanholado e espanhol aportuguesado. 
                Chegou a recorrer a tradutores para se fazer compreender pelos italianos.  
               Nunca se correspondeu em italiano, 
                toscano ou genovês com os seus irmãos, o Banco de S. Jorge (Génova), o 
                embaixador genovês em Castela Nicoló Oderigo , o padre frei Gaspar Gorrício 
                (milanês) e o seu cunhado florentino Francisco Bardi quando lhe enviou uma carta 
                intima em 1505. Fê-lo sempre numa mistura de castelhano e português. 
               Este
                estranho fenómeno ocorreu também com os seus irmão - Bartolomé e Giacomo (Diego) - também eles não sabiam italiano, nem conheciam qualquer palavra desta
                língua ou de qualquer um dos dialectos regionais. 
               Os
                historiadores italianos e espanhóis tem dado explicações absurdas: Colombo só sabia falar genovês, dilecto falado e não escrita, mas nunca
                aprendeu a falar italiano. Era completamente analfabeto quando chegou
                a Portugal com 26 anos de idade.  
               Estudos
                actuais rigorosos e sérios, não deixam dúvidas que a sua língua padrão era o português não o
                italiano.  
               Nos
                21 anos que passou em Espanha, embora se tenha esforçado por falar e escrever
                correctamente o espanhol, nunca o conseguiu completamente. A esmagadora maioria
                dos erros que dava em castelhano deviam-se à persistência da língua
                portuguesa na sua mente. Procura
                frequentemente castelhanizar palavras portuguesas.  
               Juan
                Gil demonstrou que a cosmovisão de Colombo era portuguesa (11), a terminologia
                nautica que utilizava também o era, assim como as palavras que empregou para
                descrever as Indias (América) e se referir por exemplo a alimentos. A própria terminologia que usa para descrever
                fenómenos naturais, acidentes geográficos é portuguesa. Mais               
               b ) Corsário especializado em
                barcos italianos 
                A sua biografia italiana regista um facto estranho: Entre 1469 e 1476, ano em
                que se fixou em Lisboa, Colombo foi um corsário especializado a atacar navios genoveses
                e venezianos ao largo da costa portuguesa.  
              Para
                além do saque destes navios, dedicou-se também a pilhar os que
                pertenciam aos
                reinos de Castela e de Aragão (espanhóis).  Não consta que alguma vez
                tivesse atacado navios portugueses. 
               Os
                venezianos queixaram-se várias vezes ao rei de Portugal (D.
                Afonso V) dos ataques de "Colombo", afirmando que o mesmo era
                português. O jovem Colombo tinha então 18 anos de idade, nas
                contas italianas.  
               Em
                1470, o Senado de Veneza recebe a notícia que um navio veneziano havia sido apresado
                "por Colombo e por portugueses", registando o documento: "...dicese
                esser el corsaro portogalex..." (...) "...diz-se que o corsário é
                português" . O navio fora apressado na Galiza. 
               Os
                ataques prosseguiram, levando em 1474, Veneza num apelo desesperado a pedir a D.
                Afonso V para controlar a actividade deste corsário, com o qual o rei tinha uma
                ligação especial (10).  
               Las
                Casas e Hernando Colón apresentam-no como um corsário envolvido em ferozes
                batalhas, uma das quais, em 1476, foram mortos cerca de 800 genoveses
                ao largo das costas de Portugal. O alegado envolvimento de Colombo nesta
                matança, horrorizou de tal forma estes historiadores que resolveram confundir
                esta batalha com a que ocorreu, em 1485, na qual as vítimas eram venezianos. A
                matança de italianos não terminou aqui, prosseguiu ao longo da sua vida.  Este
                é o herói de Itália ! Mais 
              C)
                Defendeu a Guiné portuguesa de Espanhóis e Italianos 
               Colombo
                de forma inequívoca afirma que durante 14 anos andou a serviço dos reis de
                Portugal, isto é, entre (1470/1-1484/5). Foi muitas vezes à Guiné, assistiu
                à construção do Castelo da Mina, não se cansou de elogiar a acção dos
                portugueses na sua defesa.  
               Não
                restam dúvidas que participou na guerra contra aqueles que tentaram violar
                portuguesa de estrangeiros navegarem nos mares da Guiné, como os castelhanos,
                aragoneses e os italianos (genoveses, florentinos, venezianos).  
               Os
                italianos, como mostrou Peter E. Russel (12), não só pressionaram os
                espanhóis a prosseguirem a guerra, como estavam particularmente interessados no
                fim do monopólio português. Colombo não só lutou contra os interesses dos
                italianos, mas contribuiu, em 1492, para desviar as atenções de África, como
                afirma este Historiador. 
              D)
                Espoliador de Genoveses 
              Em
                1476 Colombo, segundo os seus biógrafos italianos fixou-se em Lisboa, onde se
                dedicou à actividade de mercador. A verdade é que não se lhe conhecem
                negócios que tenha realizado, mas apenas empréstimos que contraiu a genoveses
                até ter fugido para Castela (1484). Pediu dinheiro emprestado a todos os
                que encontrou, mas a nenhum fez questão de lhe pagar. Os estúpidos dos
                genoveses, depois de terem sido saqueados por "Colombo corsário",
                continuaram a sê-lo por Colombo mercador". 
               Um
                dos italianos que deixou na miséria foi Juanoto Berardi, que lhe vendia os
                escravos indios. Em Fevereiro de 1496, como veremos, Americo Vespúcio, deu
                estas dividas por incobráveis. 
               No
                final da vida, quando estava "pobre" e  quase a morrer (1506) é
                que Colombo se lembrou das dívidas que fez entre 1476 e 1484. Nesta altura já
                os credores tinham morrido, e restava apenas os seus presumíveis herdeiros.
                Registou então as suas dividas num apêndice ao seu Testamento para que os seus
                herdeiros se entendessem com os herdeiros dos ditos credores genoveses.  
               Prosseguindo
                a sua prática de espoliador de genoveses, as referências que deixou dos seus
                credores são de tal forma vagas, que não permitiam a ninguém pagar o que quer
                que fosse. Faz ainda questão que o dinheiro para saldar as mesmas fosse
                português !  Mais 
              E
                ) Estranho Comportamento 
               Colombo
                em 1495 manda para Espanha o seu irmão Diego Colón, trazia um importante
                carregamento de escravos e ouro, uma autêntica fortuna. Ao Bispo de Badajoz -
                Juan Rodríguez de Fonseca  - que então dirigia a política espanhola das
                Indias, alguém lhe terá feito constar que Diego era italiano.  
               Nesse
                sentido, escreve aos reis espanhóis para saber como devia proceder. Se devia ou
                não de ficar com o ouro e os escravos, e como devia de agir no caso do mesmo
                querer ir a Itália.  
               Os
                reis rapidamente se apressam a escrever-lhe duas cartas (cartas datadas de
                5/5/1495 e 1/6/1495), onde lhe dizem para deixar Diego Colón com o ouro e os
                escravos que trazia, fosse qual fosse a quantia. Quando à visita a Itália,
                não devia sequer colocar a questão. Ele devia ter inteira liberdade para ir
                onde entendesse.   
               A
                questão é que Diego Colón nada tinha qualquer relação com Itália, onde a
                sua suposta família atravessava enormes dificuldades, o seu alegado pai genovês 
                era vivo em 1498 e a sua irmã em 1516.  
               Estes factos mostram que
                a mentira sobre a origem italiana de Colombo já então circulava, mas que a
                corte espanhola procurava logo agir para não levantar suspeitas sobre a sua
                alegada identidade. 
               F)
                Despreza a sua alegada família genovesa 
               Colombo
                e os seus irmãos ao longo dos anos mostraram-se sempre indiferentes face à
                situação da sua alegada família genovesa. A acreditar na versão italiana
                todos os seus membros morreram na mais completa miséria, sem que os seus irmão
                em Espanha se mostrassem incomodados com o facto. 
               Terão
                sido convocados pelos tribunais a comparecerem em Génova, nomeadamente para
                pagarem dívidas da familia, mas estes ignoraram os pedidos, as dividas e as
                decisões dos tribunais. Mais 
               Colombo
                entre 1502 e1504,andou em conversações com Banco de S. Jorge, em Génova, mas
                fez questão de nunca usar o suposto apelido "Colombo" ou mesmo "Colón", para não o confundirem
                com o tecelão- taberneiro genovês com o mesmo nome.   
               G
                ) Mudança de Nomes  
               Se
                levarmos a sério a tese genovesa, temos que admitir que o desprezo que Colombo
                e os seus irmãos manifestavam por Itália era tão grande, que mudaram
                rapidamente de nome para não serem confundidos com italianos.  
               Colombo,
                mal chegou a
                Portugal, adopta o nome de Cristovão Colom, e é assim que D. João II o trata em 
                1488. 
               Espanha, desde 1486, também não é 
                conhecido pelo seu suposto apelido italiano, mas sim por Colom ou Colon. NUNCA usou o apelido Colombo.  
               A verdade que nunca assinou nenhum documento com o seu nome de guerra:
                Cristobal Cólon. Desde
                1492 assina "Xpo Ferens", "El Amirante", "Virrey",
                e a partir de 1498 passa a usar também um anagra em forma  piramidal. O
                corte é radical com o seu suposto apelido italiano.  
               Quando entre
                1502 e 1504, tenta obter do Banco de S. Jorge (Genovês) protecção internacional 
                do seu morgadio a favor do seu filho Diego (português), escreve apenas o primeiro 
                nome - Cristovão,
                omitindo o último. Faz o mesmo em relação ao seu filho Diego. Nunca se quis confundir com um apelido 
                - Colón - com que muitos o passaram a associar
                a Itália.  
               Bartolomé
                Colombo, mudou também o apelido para Colon, distanciando-se da versão italiana
                (Colombo).  
                Jacome ou
                Giacomo Colombo, teoricamente o último a chegar, mudou o nome para 
                Diego Colon desfazendo-se igualmente da sua suposta origem italiana. 
               No entanto, quando os seus supostos 
                familiares - Juan António e Andrea Colombo - foram para Espanha, 
                nunca mudaram os seus nomes para Colón. 
               Foram sempre tratados como Colombo 
                (13), e nunca por Colón. Tratavam-se efectivamente dois nomes muito diferentes.  
                Cai assim por terra, a ideia que os Colombo (italianos) quando chegam a Espanha 
                mudavam o seu nome para Colón ou Colom.  
               H
                ) Perseguidor e Assassino de Italianos  
               Os
                falsários italianos nunca conseguiram esconder o facto de Colombo ter
                perseguido e matado italianos espanhóis. Não consta que tivesse a um
                português. Os exemplos são múltiplos: 
               - Jacome, el Rico. Foi o único genovês que participou na 1ª. viagem às
                Indias (1492-1493), na companhia de dois outros italianos, um veneziano e outro
                da calábria ( 3 ), ambos criados de Martín Alonso Pinzón, o principal
                inimigo de Colombo. Ao todo embarcaram 87 pessoas. Este facto diz tudo sobre o envolvimento dos italianos
                nestas expedições de Colombo às Indias. 
               Jacome
                ganhava um pouco mais do que um grumete, e menos que um marinheiro. Colombo armou-lhe uma cilada para o matar, deixando-o nas Antilhas
                com outros 38 espanhóis, a maioria dos quais espiões dos reis de Espanha. O
                genovês não tardou a ser morto pelos espanhóis, os quais também apareceram mortos no ano seguinte.
                Quando regressou em 1493 e presenciou a matança, recusou-se a castigar os  assassinos. O seu objectivo
                era eliminar espanhóis e italianos.. 
               - Bernal de Pisa. Embarcou como vedor nomeado pela Corte, na 2ª. viagem de
                Colombo, a 26 de Setembro de 1493. Tinha como função arrecadar o ouro
                descoberto. Bernal desde o inicio que se havia tornado uma fonte de conflitos.
                Pouco antes do regresso forçado de 12 navios (2 de Fevereiro de 1494),  António
                de Torres  ( 1 ) descobre que tinha um plano
                para matar Colombo e apoderar-se de três caravelas. Colombo prendeu-o, ficou
                com as armas e equipamentos dos navios envolvidos denunciando aos reis a
                traição. Estes mais tarde autorizam que este esbirro voltasse a
                Espanha. Colombo viu-se livre de mais um italiano.  
               - Francisco de Bardi. Casou-se por volta de 1505 com a cunhada de Colombo -
                Violante Moniz Perestrelo. A sua familia estava estabelecida em Portugal, entre
                outros negócios, explorava o das cartas de jogar (Vermelhinha). Andava nas transferências
                clandestinas de capitais entre Lisboa e
                Sevilha. Ter-se-á envolvido com os falsários italianos.
                Um mês depois de Colombo morrer, os falsários italianos, alegam que este
                navegador embora estivesse morto lhe terá passado uma procuração fazendo dele o fiel depositário de todos os seus bens
                das "Indias" e dando amplos poderes a um banco italiano pertencente
                aos Medicis. Em Dezembro de 1508 aparece morto, e espoliado de todos os seus
                bens.  
               I
                ) Matava quem lhe Chamasse Genovês 
               O
                pior insulto que lhe poderiam fazer era afirmarem que o mesmo era genovês e
                filho de tecelões. Nas Indias Colombo com os seus irmãos, não hesitavam em
                matar e a cortar a língua aos que se atravessem a afirmar as suas alegadas
                origens genovesas. A sua alegada identidade genovesa era assumida, por Colombo,
                como um verdadeiro insulto ! 
               «VIII
                testigo. Juan de Salaya [...] 
                Yten, dize que el Adelantado, andando de noche azechando por las casas, [e]
                que oyó dezir a dos mugeres, que la una se dezía Teresa de Baeça e la otra Ynés
                de Malaver, que el Almirante e el Adelantado heran de baxa suerte e que don
                Diego, su hermano, aprendyó texedor de seda, e que por ésto les mandó
                cortar las lenguas e açotallas, e que lo sabe porque lo vió. [À
                margem:] Que Teresa de Baeça e Ynés de Malaver dezíam que el Almirante e
                el Adelantado eran de vaxa suerte» (inquirições, fl. 19/19v, p. 196).   Os
                relatos são vários e com cenas horríveis como esta. (2).  
               Perante
                um comportamento tão bizarro deste suposto italiano, alguns historiadores como
                Varela Consuelo, conceberam a ideia que Colombo tinha vergonha do seu
                passado  italiano
                (genovês, veneziano, milanês, etc) e de ter sido durante 15 anos corsário aos
                serviço dos reis de Portugal (1469-1484).   
              J
                ) Cruz da Bandeira 
               Quando
                em Outubro de 1492 Colombo chega às Indias, para além do estandarte real de
                Espanha levava em cada um dos navios a sua própria bandeira que tinha ao centro
                uma cruz.  
               Era
                natural que escolhesse uma cruz vermelha como a da república e da cidade de
                Génova. Muito pelo contrário, escolheu a Cruz Verde que no século XV
                era cruz da  Ordem de
                Aviz, mas também da dinastia real portuguesa que se
                iniciou em 1385 com o mestre desta ordem militar. 
               A bandeira portuguesa e até
                algumas moedas do tempo, tinham esta cruz. A cor que escolheu é um símbolo inconfundível
                da sua nacionalidade portuguesa. 
               É
                curioso verificar que ao longos dos séculos, as pinturas espanholas e italianas
                sempre que retratam esta cena, pintam normalmente bandeiras com cruzes
                vermelhas, apesar de toda a documentação sobre o assunto, ser muito clara, a
                cor da Cruz da bandeira de Colombo era Verde.    
               Colombo
                mostra claramente que as suas ligações são todas com Portugal, e pretende
                manter enormes distâncias em relação aos italianos.   
              
                
                   
  | 
                   
  | 
                 
                
                  | Cruz vermelha da
                    cidade e da República de Génova  | 
                  Cruz Verde
                    de Cristovão Colombo, mas também da Ordem de Aviz (Portugal), da Dinastia de Aviz 
                    e da bandeira portuguesa entre 1385 e 1492.  | 
                 
               
                A
                bandeira de Colombo 
              L
                ) Não Aprendeu Nada Com os Italianos 
               Na suas  cartas e no  Diário de Bordo, nunca afirmou que tivesse
                aprendido qualquer coisa com qualquer italiano. Ignora-os por completo. Face aos
                espanhóis, manifesta idêntica posição, apesar de ter vivido 21 anos entre
                eles. 
               Em
                relação aos portugueses, muito pelo contrário, não se cansa de referir os
                múltiplos ensinamentos que aprendeu. Mais 
               Nunca
                referiu um único navegador italiano ou espanhol, os únicos que indica são
                portugueses. 
              M
                ) Ignora a sua alegada Pátria               
               Colombo
                não deu qualquer importância à Itália, nem a qualquer uma das suas
                repúblicas ou regiões. 
               Este
                facto está bem patente, nas escolhas dos nomes que deu às ilhas que descobriu. Nenhum dos nomes que atribuiu é italiano. A esmagadora maioria são nomes
                de origem portuguesa referentes a localidades e sítios de Portugal ou das suas
                possessões africanas, vindo depois a grande distância nomes espanhóis. Mais 
               Durante
                os 21 anos em que viveu em Espanha nunca visitou a Itália. Apenas se
                correspondeu com banqueiros, mas sempre num castelhano aportuguesado. 
               As únicas relações que manteve com Itália eram apenas financeiras,
                envolvendo empréstimos
                e garantias bancárias,
                nomeadamente (?) com o
                Banco de S. Jorge em
                Génova. Era apenas um cliente !   
                Não deixa de ser curioso que, apenas
                o tenha feito, só na altura que Portugal criou uma feitoria nesta cidade, nunca
                lhe ocorreu tal coisa antes..  
               Ao
                contrário do que seria de esperar, Colombo não confia nos banqueiros genoveses,
                prefere os florentinos estabelecidos em Portugal. Os únicos genoveses com os
                quais se relacionou em Castela e Aragão, foram-lhe impostos pela corte
                espanhola. Nunca negociou com os Centurione, Di Negro ou Spinola,
                estes grandes banqueiros genoveses não lhe mereciam confiança. Os reis de Portugal tinham
                as mesmas preferências, também procuraram  afastar os banqueiros
                genoveses das expedições e comercio marítimo, encarando-os como concorrentes. Mais 
              O
                ) Exclui a Itália das Indias e da partilha do Mundo 
               1.
                Proposta 
               Colombo
                de forma persistente durante 14 anos tentou convencer os reis de Portugal a
                apoiarem a sua expedição. Durante os 7 anos seguintes, tentou convencer de
                novo o rei de Portugal, mas também os de Inglaterra, França e Espanha (Castela
                e Leão) (cfr. Textos p.530). 
                O seu irmão Bartolomeu Colon faz o mesmo
                junto dos reis da
                Inglaterra e França, entre 1489 e 1493. Foram anos e anos de trabalho,  para convencer estes monarcas a aceitarem a
                sua 1ª.
                Viagem. 
               O
                mais espantoso é que NUNCA se dirigiu a Itália para
                propor esta viagem aos experimentados navegadores e ricos mercadores das suas
                cidades. A cidade onde alegadamente nasceu - Génova -, tinha tudo para realizar
                a viagem, mas é como não existisse. 
               A
                única conclusão que podemos retirar é que nunca a considerou qualquer república italiana como uma mera
                hipótese para apresentar a sua proposta. A Itália não
                contava nada na sua vida, nem na dos seus irmãos. 
               Em
                Fevereiro de 1502, numa carta que escreve ao papa, lamenta-se de não ter tido
                tempo, antes de 1492, propor esta expedição a um papa, o que confirma o seu
                distanciamento da Itália e dos Italianos.  
               2.Tratado
                de Partilha do Mundo 
               Depois
                de regressar das Indias, em Março de 1493, dirigiu-se directamente para Lisboa para
                conferenciar com D. João II. A partir daqui envolve-se numa nova missão:
                propor aos reis espanhóis um novo Tratado para a divisão do mundo entre Portugal e Espanha - Tratado de
                Tordesilhas (1494). 
               Uma
                vez mais, coerente com as suas posições anteriores,  exclui
                a Itália e os
                italianos da possibilidade de no presente e no futuro puderem vir a ter uma
                parte do mundo. Este
                Tratado, em qualquer umas das versões por si propostas, exclui desde logo, esta
                possibilidade. 
               É difícil
                assumir uma atitude mais clara contra os interesses presentes ou
                futuros de qualquer cidade, região ou república italiana.  
               A
                sua principal preocupação, como vimos, foi sempre ter em conta os domínios de Portugal,
                salvaguardando as terras que D. João II lhe afirmou existirem a Ocidente e que
                não abdicava da sua posse.  
              P
                ) Destruidor da Economia Italiana 
               A
                relação de inimizade de Colombo para com a Itália alarga-se toda a sua
                economia. 
               O seu projecto
                de chegar à India navegando para Ocidente tinha como objectivo acabar com o
                domínio que os italianos tinham no comércio com o Oriente, arruinando desta
                forma as suas cidades marítimas italianas, como Génova ou Veneza. 
               As cidades italianas no século XV olhavam com temor as navegações dos 
                portugueses. Estava em jogo o monopólio que tinham do comércio com o Oriente. 
                Nesse sentido sempre tiveram em Portugal espiões para os informarem das suas expedições marítimas. 
               Quando os portugueses chegaram à India (1498), os 
                italianos não tardaram a incentivarem os árabes a combatê-los no Índico.
                Fizeram tudo o que podiam para os derrotar. 
                Ora
                o projecto de Colombo de atingir a India através do Ocidente, interessava a todos 
                menos aos italianos. Ditava o fim do comercio marítimo com o Oriente,
                provocando a decadência da prosperidade económica das suas cidades,
                nomeadamente de Génova.  
               A
                sua acção visava por último, secundarizar a
                importância do mediterrâneo, transferindo o centro de poder mundial para o Atlântico. Colombo
                aos olhos dos italianos só poderia ser um traidor, alguém que trabalhava para
                a ruína da Itália. A decadência das cidades italianas foi ditada por estas
                expedições marítimas dos portugueses. 
               É
                difícil acreditar que tivesse alguma vez nascido em Itália, tantas
                são as suas manifestações anti-italianas. 
              
              
                
                  
                    
                      
                        
                          
                            
                              
                                . 
                                  Herança, 
                                    Beatificação e Protagonismo Internacional 
                                  Entre os 
                                    séculos XVI e XVIII, os italianos estavam interessados em Colombo, 
                                    porque sabendo do seu segredo, descobriram uma possibilidade de se 
                                    apropriarem, sem grandes trabalhos, da sua herança (títulos e fortuna). 
                                    Não hesitaram em falsificarem documentos. Mais   
                                  No século 
                                    XIX, dois papas italianos - papa Pio IX e Leon XIII, viram em Colombo o 
                                    primeiro santo que fazia a ligação entre a Europa e as Américas. Colombo 
                                    era apresentado como um servidor de Deus e obediente à Santa Sé.  
                                  Nesse 
                                    sentido, o Vaticano envolveu-se ao longo de todo o século XIX na sua beatificação. Mais 
                                  A Igreja 
                                    Católica para atingirem este objectivo não hesitou em inventar uma 
                                    biografia totalmente mistificada de Colombo, falsificando documentos e 
                                    fazendo desaparecer outros. 
                                  A Itália, 
                                    recentemente unificada, descobriu na figura de Colombo, a possibilidade 
                                    de reclamar para si um enorme protagonismo nas antigas colónias 
                                    espanholas e nos EUA. Os italianos não se cansam de afirma que foi um "italiano" que as descobriu, portanto tudo 
                                    deviam à Itália... Muitas das narrativas da historia da América passaram 
                                    a iniciar-se em Génova... 
                                  Dia de 
                                    Colombo 
                                  Nos EUA, 
                                    a numerosa comunidade de emigrantes italianos começou a organizar uma 
                                    festa, no dia 12 de Outubro, primeiro em Nova Iorque (1866) e depois em 
                                    S. Francisco (1868), a que se seguiram outras cidades norte-americanas. 
                                    Estas festa ganharam um enorme impulso a partir de 
                                    1892, graças ao apoio do presidente Benjamin Harrison, passando a ser 
                                    conhecidas por "Dia da descoberta 
                                    da América" ou "Dia de Colombo" . 
                                   O 
                                    Estado do Colorado, em 1905, oficializa a comemoração, no que foi 
                                    seguido por outros estados norte-americanos. Em 1937 o presidente 
                                    Franklin Roosevelt decretou que o dia 12 de Outubro, feriado nacional - 
                                    Columbus Day. 
                                  A 
                                    Espanha neste processo, habilmente conduzido pelos italianos, acaba por 
                                    ser 
                                    totalmente secundarizada, e o que é mais grave, passou apenas a ser associada ao lado negro 
                                    da  descoberta: extermínio dos indios, destruição de culturas e à 
                                    escravatura. 
                                  Día de la 
                                    Raza 
                                  Para 
                                    contrariar o protagonismo que os italianos haviam adquirido, 
                                    instrumentalizando a figura de Colombo, os espanhóis transformam o dia 12 de Outubro no Dia da Raça, dando-lhe todavia um conteúdo 
                                    racista, xenófobo e imperial. 
                                  As 
                                    comemorações em Espanha e nas suas antigas colónias americanas,  
                                    tinham como objectivo:   
                                  - Afirmação 
                                    da filiação espanhola das classes dominantes; 
                                  - 
                                    Glorificação da empresa conquistadora espanhola, como iniciadora da 
                                    civilização, progresso e redenção das "raças inferiores na América"; 
                                  - 
                                    Reafirmação da "pátria mãe" (30). 
                                  A data das 
                                    comemorações do Día de la Raza foi sendo oficializada nas antigas 
                                    colónias espanholas, como o Uruguai (1915), Argentina (1917), Venezuela 
                                    (1921), Chile (1922), México (1928), Colombia (1935) ou a Costa Rica (1968). 
                                  Desde os 
                                    anos 60 do século XX, o Dia de la Raza, devido ao seu conteúdo racista e 
                                    imperial espanhol, tem vindo a ser substituído por outros conceitos 
                                    ideológicos mais recentes, como Dia do Respeito pela Diversidade 
                                    Cultural, Dia das Culturas, Dia da Resistência Indigena,  etc. 
                                  Columbus 
                                    Day ? 
                                  Nos EUA, o 
                                    Dia de Colombo tem sido alvo de uma crescente contestação, por por dois 
                                    motivos essenciais:  
                                  Os 
                                    movimentos de defesa dos povos indígenas, saíram da 
                                    marginalização a que sempre estiveram votados, e mostraram o outro lado 
                                    do 12 de Outubro de 1492: a violência, etnocídio e genocídio a que foram 
                                    sujeitos os milhões de habitantes que existiam na América depois da 
                                    chegada de Colombo. 
                                  O melhor 
                                    conhecimento da documentação histórica sobre Colombo, revelou a muitos 
                                    historiadores americanos que estavam perante uma gigantesca 
                                      falsificação. A maior parte dos documentos de que se tinham servido, 
                                    para escreverem e divulgarem a biografia de Colombo, eram falsos ou 
                                    tinham sido em grande parte falsificados.  
                                  Cada novo 
                                    volume do - Repertorium Columbianum -, publicado por Geoffrey Symcox, provocou um verdadeiro sobressalto na comunidade de 
                                    historiadores, tantas eram as falsificações encontradas na documentação 
                                    dita oficial sobre Colombo. A personagem que era objecto das 
                                    comemorações, pouco relação tinha com personagem histórica. 
                                  Antonio Gramsci  
                                    e a pátria de Cristovão Colombo 
                                  No final 
                                    do século XIX e princípios do século XX, os intelectuais italianos 
                                    estevam particularmente envolvidos numa intensa propaganda e na 
                                    falsificação de documentos para reclamarem a origem de Colombo.  
                                  Gramsci, 
                                    com enorme frontalidade, afirmou então que toda a literatura que havia 
                                    sido produzida com esta intenção era "completamente inútil e ociosa." 
                                    Colombo  não tinha qualquer relação com a Itália, nem com os 
                                    italianos. 
                                  A questão 
                                    que deveria ser colocada, segundo Gramsci, era a seguinte: "porque 
                                    nenhum Estado (italiano) ajudou Cristovão Colombo, ou porque que Colombo 
                                    não se dirigiu a nenhum Estado italiano?"  
                                  A sua 
                                    conclusão era apenas uma:  "Colombo não se sentia ligado a um 
                                    Estado italiano." 
                                  Antonio 
                                    Gramsci - Os intelectuais e a Organização da Cultura, Civilização 
                                    Brasileira, Rio de Janeiro, 1982, 4ª. Edição, p.70- 71.    | 
                               
                             
                            
                           |  
                                                   Carlos
                Fontes  | 
                       
                      | 
                   
                  | 
               
               
            Início . Anterior . Próximo  |