Carlos Fontes

 

 

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Cristovão Colombo, português ?

 

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Colombo: Espanhol ?

 

 

Exploração da Costa Oriental da América e a questão da Austrália

 

Terão os portugueses, ainda no final do século XV, terão explorado o estreito de Magalhães e a costa oriental da América ? Chegaram à Austrália no princípio do século XVI?  

 

1. Estreito de Magalhães

 

A passagem para do Atlântico para o Pacífico Fernão de Magalhães só a encontrou, a 24 de Agosto de 1520, mas muitos são que afirmam que a descoberta foi muito anterior.

 

- Mapa de Waldseemuller, datado de 1507, onde aparece representado a costa leste do continente americano, desde a Terra Nova (Canadá) ao cabo de Horn no extremo sul do continente. No Brasil surge pela primeira vez a palavra América. No Rio da Prata, o cartógrafo colocou uma bandeira portuguesa. 

 

O mapa reflecte a ideia de D. João II, como afirmou Colombo, que existia a ocidente um novo continente, a quarta parte da Terra.

 

- Expedição de João Nova e Estevão Fróis, em 1512. Não se limitou a explorar o Rio da Prata, na Argentina, terá avançado para sul, tendo segundo alguns historiadores, inclusive explorado a costa Oeste da América do Sul. Em 1513/14, dois mercadores de Lisboa - D. Nuno Manuel e Cristovão Haro - promovem uma nova expedição ao estreito, atingindo o golfo de San Matias a 42º. Sul. Cristovão Haro, mais tarde, depois de "fugir" para Sevilha, financiará a viagem Fernão de Magalhães às Molucas. Mais

 

- Mapa de Piri Re`is, datado de 1513, na mesma zona do estreito de Magalhães, tem escrito: "dos infiéis portugueses". Anota que os dias e as noites tinham 22 horas, o que revela que as expedições portuguesas estiveram perto do oceano antártico.

 

- Globo de Paris, datado de cerca de1535 (Gaspar Vopelius?), de origem portuguesa. A sul do estreito de Magalhães, aparece a inscrição "Terra Australis recentemente descoberta 1499". A legenda procura lançar a confusão sobre a data da exploração do estreito relacionando-a com a expedição de Pinzon.

 

- O capitão António Galvão, em 1563, publica o primeiro "Tratado dos Descobrimentos", em que afirma que em 1428, o Infante Don Pedro, trouxe das suas viagens "um mapa do mundo que tinha todo o âmbito da terra, e o estreito do Magalhães se chamava "Cola do dragam" (cauda do dragão), o cabo da Boa Esperança, fronteira de África, e deste padrão se ajudara o infante Don Henrique em seu descobrimento. " Mais

 

Esta obra tem levado muitos historiadores a afirmarem que os portugueses já sabiam no século XV da existência do Estreito de Magalhães, mas também do sistema fluvial  da América do Sul e até da própria Austrália.

 

Tudo aponta para que ainda no século XV tenham começado a explorar as terras a sul do Brasil, embora só no inicio do século XVI se terão aventurado a explorar a costa oriental da América, ultrapassado o Estreito de Magalhães.

 

 

2. Descoberta da Austrália

 

Restam poucas dúvidas que os portugueses, nas primeiras décadas do século XVI, atingiram a Austrália a partir de Timor, descoberto em 1511/2. 

 

O que alguns historiadores estão agora a afirmar é que a Austrália também foi atingida a partir do estreito de Magalhães, muito antes deste navegador ter descoberto o estreito (1519). 

 

 

Descoberta da Austrália pelos Portugueses

 

Os portugueses foram os primeiros europeus a chegar à Austrália. A afirmação é cada vez mais consensual. Os argumentos avançados  são os seguintes: 

 

Na primeira metade do século XVI os navegadores portugueses percorriam não apenas os mares da Austrália, mas estavam firmemente estabelecidos na região, em ilhas como Timor, Solor, etc. Vários achados arqueológicos e tradições orais aborigenes locais apontam para a sua presença ao longo de todo o século XVI. Por último, observando os mapas portugueses do século XVI, aparecem terras com uma configuração semelhante à actual Austrália. 

A razão porque aí não se terão fixado é simples. A Austrália era demasiado longe de Portugal (mais de um ano de viagem marítima), não tinha população com quem se pudesse fazer comércio ou utilizar como mão-de-obra, mas sobretudo de acordo com o Tratado de Tordesilhas (1494) era um território que seria da Espanha e não de Portugal. 

O assunto continua apaixonar muitos investigadores desta antiga colónia penal inglesa. O nome de Austrália, como é sabido, foi-lhe dado pelo célebre navegador português Pedro Fernandes Queirós, em 1606, quando andava ao serviço da Espanha Atribuiu às Novas Hebridas que descobriu, o nome de "Austrália do Espírito Santo", nome que acabou por abranger a Austrália propriamente dita.

Malaca

Afonso de Albuquerque, em 1511, conquista Malaca (Malásia), transformando esta cidade-fortaleza num entreposto comercial. mas também numa base para a exploração da Ásia. Todos os anos saíam de Malaca uma ou mais expedições oficiais. Paralelamente, como escreveu Luis Filipe Tomaz, muitas outras expedições eram realizadas por iniciativa de mercadores e aventureiros portugueses. Malaca é pois uma referência fundamental para entender as primeiras expedições portuguesas à Austrália.

Timor

Em 1513 os mercadores já estavam instalados em Timor, que dista da Austrália 334 milhas em linha recta, ou seja, 2 dias de viagem com vento de feição (5).

Nova Guiné

Os portugueses chegaram à Nova Guiné, por volta de 1525, ficando mais uma vez muito perto da Austrália. Gomes Sequeira e Diogo Rocha foram para lá enviados por Jorge de Meneses, governador de Ternate (Molucas), tendo atingido as ilhas Carolinas a nordeste da Nova Guiné. No ano seguinte, foi a vez de Jorge de Meneses explorar região, aportando na ilha de Weige, na papua ocidental da Nova Guiné. Em 1538, temos conhecimento que João Fogaça chegou a Papua Nova Guiné, enviado por António Galvão.

O estreito que a separa a papua-Nova Guiné da Australia foi, como veremos, descoberto em 1606 por um português - Luiz Vaz de Torres - ao serviço de Espanha.

Questão das Molucas 

Entre 1519 e 1529 ocorreu um longa disputa entre Portugal e a Espanha sobre a posse das Ilhas Molucas (1519-1529), com base nos limites fixados no Tratado de Tordesilhas (1494). 

É neste período que ocorrem uma série de expedições de Portugal para avaliarem a riqueza das terras ainda não exploradas, como a Austrália. A cidade de Malaca é a base a partir da qual as mesma são lançadas.

A disputa só foi resolvida, apenas em 22 de Abril de 1529, com a celebração do Tratado de Saragoça. Portugal mostrou-se então disposto a pagar uma fabulosa soma pela posse das ilhas Molucas, mas em troca obteve como compensação o avanço da linha de marcação de domínios  portugueses - 14º. para Oeste - de modo a ficar com a parte Oeste da Austrália partir do cabo York, mas também com a China e o Japão. A nova linha de demarcação dos domínios na Ásia passou a ficar a 17º. leste das Molucas, o que corresponde nos nossos dias a 142º E de Greenwich. Uma decisão política que só agora foi possível encontrar a verdadeira explicação. 

Descobridores oficiais

Quatro navegadores portugueses disputam esta descoberta:

a) Diogo Pacheco. Comandou duas expedições à Austrália, então designada por "ilha do Ouro". A primeira inconclusiva ocorreu em 1518 e a segunda no ano seguinte. Na última ,segundo as "Décadas da Ásia" de João de Barros, acabou num naufrágio e na sua morte às mãos dos locais (10). A notícia da sua morte foi transmitida pelos sobreviventes desta expedição. Terá morrido em Kimberley, onde foram encontrados canhões do século XVI portugueses (1).

b) Cristovão de Mendonça. Este capitão, dado por vários historiadores como o descobridor da Austrália, comandou uma expedição, em 1521, composta por três naus, tendo como objectivo a Ilha do Ouro. 

Terá passado pelo estreito de Torres (Luiz Vaz de Torres, outro português ao serviço de Espanha), virou a sul para o cabo York, tendo percorrido a costa oriental da Austrália. No ponto onde virou para regressar a Malaca, acabou por deixar um importante vestígio, o célebre "Mahogany Ship (nau de mogno ou de madeira de caju). A exploração da Ilha do Ouro (Austrália) terminou em 1524.

c) Diogo Rocha e Gomes Sequeira. Diogo Rocha, almoxarife do forte de Ternate (Molucas), embarcado numa fusta cujo piloto era Gomes Sequeira, poderá ter atingido, em 1525, o cabo iorque, de fronte da Nova Guiné. Não faltam testemunhos, como os de João de Barros, assim como registos cartográficos (5). Gomes de Sequeira, fez uma segunda viagem entre 1527-28, em que terá atingido a Nova Zelandia.

d) João Afonso. Conhecido em França como Jean Alphonce de Saintonges, por se ter casado e radicado na região de Saintes (13). Viajou e terá cartografado as costas da Austrália (12), tal como constam nos mapas de Dieppe (5). D. João III procurou por todos os meios evitar a sua fuga para o estrangeiro. Em 1541 o rei Francisco I concedeu-lhe a nacionalidade francesa.

Outros descobridores portugueses

Não faltaram, como escreve Luiz Filipe Tomaz (5), mercadores e aventureiros portugueses que a partir da ilha de Timor tenham abordado a Austrália. Os vestígios arqueológicos apontam claramente para esta probabilidade.

Terão os portugueses informado os ingleses da existência da Austrália no século XVIII ? Recorde-se que a Inglaterra era aliada de Portugal, tendo desde o século XVII lhes sido dadas várias possessões ultramarinas portuguesas como a cidade de Bombaim na India.

Mapas e Crónicas

A análise de vários mapas da primeira metade do século XVI, deixam poucas dúvidas de que os descobridores da Austrália tenham sido os portugueses.  

O mapa português da Austrália, conhecido por "Terra de Java"pertencente à Biblioteca de Huntington, San Marino, Califórnia, EUA. Representa com precisão e com nomes portugueses vários locais ao longo da costa este australiana. A disposição exacta do mapa só recentemente foi descoberta por Peter Trickett. 

 

Os chamados mapas da "Escola de Dieppe" (França) baseados na cartografia portuguesa, tem sido desde o século XVIII um verdadeiro manancial de informações para resolver a questão de quem descobriu a Austrália, Tasmania, Nova Zelândia e outras ilhas da Oceania. Chegaram até nós de 1535 a 1587 um  total de 7 atlas e 12 planisférios, ao todo são 280 cartas.

 

Estes mapas representam a sul de Java as costas de um grande continente (Austrália). A toponímica é de origem inequivocamente portuguesa. O continente está deslocado 16º. para Ocidente, de modo a integrar-se o mais possivel nos limites portugueses definidos no Tratado de Tordesilhas.

 

Os cartógrafos franceses não tendo informações directas da Oceania, trocaram a posição dos mapas que receberam de Portugal, provocando uma verdadeira confusão, por exemplo, na representação da Austrália.

 

Entre os cartógrafos portugueses que estiveram na origem da cartografia de Dieppe e que andaram em explorações nos mares da Austrália, destaca-se, como já referimos, João Afonso, conhecido em França como Jean Alphonce de Saintonges.  Deve-se seguramente ao mesmo os primeiros mapas da Austrália.

 

Entre este vasto conjunto mapas destacam-se o Atlas de Nicolas Vallard (1447) e o Mapa do Delfim (1541).

- Atlas de Vallard (2).Uma colecção de 15 mapas roubados em Portugal, no século XVI.  Peter Trickett descobriu, em 2007, que um deles representava a costa este da Austrália. Os ladrões (franceses) desconhecendo a configuração precisa da Austrália trocaram a posição dos vários mapas lançando desta forma a confusão nos historiadores.

Este mapa contém 120 nomes portugueses para características geográficas.

- Mapa do Delfim (9). Elaborado entre 1536-1538, a Austrália aparece representada, sob a designação de Java Grande (Java la Grande). Os topónimos são quase todos portugueses ou num português afrancesados. Não restam dúvidas que se trata de uma cópia de um mapa português.

O primeiro a estudá-lo em profundidade foi Collingridge que, no final do século XIX, não teve dúvidas em afirmar a prioridade dos portugueses na descoberta (3). McIntryre mais recentemente, encontrou neste mapa a prova decisiva da descoberta da Austrália pelos portugueses (7).

Após o grande período das explorações oficiais portuguesas (1519-1529), escrevia em 1531, o italiano Oronzio Fineo (1494 -1555) - "Uma terra austral recentemente achada, mas ainda não plenamente conhecida" (8). Desconhece-se quem lhe passou a informação.

A Terra Austral, no Globo de Mercator (1541), tem uma curiosa legenda: "Região dos papagaios, assim chamada pelos portugueses por causa da incrível grandeza das aves". Trata-se de pinguins, que apontam para o facto das navegações portuguesas andaram não apenas pelas Austrália, mas muito a sul da mesma.

- O Planisfério de Guilhaume Brouscon (Dieppe,1543). Aparentemente o cartógrafo revela uma inexplicável incompetência ao cartografa, em 1543, a América do Sul.

Na realidade Brouscon, que apenas conhecia os mapas portugueses sobre terras que desconhecia, resolveu encaixar um desses mapas na costa oeste da América do Sul (5). Desta forma temos um pedaço da Austrália na América do Sul. As bandeiras portuguesas mostram que o cartógrafo pretendeu assinalar a quem as mesmas pertenciam.

O mapa que representa as regiões australianas que faziam a ligação à Papua -Nova Guiné, por serem mais fáceis de localizar, foram mantidas na sua posição original. 

O resultado final é monstruoso, mas revelador do modo como os cartógrafos de Dieppe se serviam dos mapas portugueses da Austrália: não sabiam a sua posição e zona onde os haviam de colocar nos planisférios.

Mapa de Nicolas de Desliens, 1566 (em posição invertida). As bandeiras das cinco quinas de Portugal abrangem os cinco continentes, com destaque para a região do mundo onde se situa a Austrália.

O mapa de Nicolas de Desliens  (Dieppe, 1566), seguindo o modelo da escola de Dieppe coloca em evidência o domínio dos mares pelos portugueses espalhando as suas bandeiras pelos cinco continentes.

O mapa de Giacomo Gastaldi (Veneza, 1561),numa massa continental à longitude do cabo da Boa Esperança, tem a legenda: "Terra de vista: fu discoperta questa terra da Portoghesi per fortuna...". O que segundo Luis Filipe de Matos, parece indicar o avistamento da Antártida ou das suas ilhas mais próximas.  (A Summa de Geografía de Martín Fernández de Enciso, em 1519, já apontava navegações nessa direcção). O mapa mundo de Cornelis de Jode (Antuérpia, 1593) confirma  estas expedições escrevendo: "Portugueses, ao percorrerem o promontório do cabo da Boa Esperança viram em direcção a sul existir esta terra, mas ainda não a demandaram".

 

Testemunhos e Cartas de Manuel Godinho de Erédia ou Herédia

Herédia (1563-1623), no final do século XVI, vivia entusiasmado com a ideia de o autorizarem a fazer uma expedição à Australia. Recolheu um importante conjunto de informações sobre este continente, nomeadamente dos que o visitaram. Refere, por exemplo, que Francisco de Resende de Malaca, num barco de junco foi à Austrália a partir de Timor. Outras descrições revelam um impressionante conhecimento dos seus povos.

Uma polémica legenda num mapa abrangendo parte da Austrália, refere que Herédia foi o seu descobridor, em 1601, para logo a seguir mencionar a presença dos holandeses na região (1606). Mais

Os seus mapas têm sido analisados por geografos australianos, revelando uma coincidência prefeita com as várias ilhas. O que mostra que não são fruto da sua imaginação.

Portugueses e aborigenes 

 

Os portugueses chegaram à Austrália na primeira metade do século XVI, tendo estabelecido relações com os aborígenes. Estes terão igualmente estabelecido  relações com possessões portuguesas da região. 

 

Carl Von Brandenstein, afirma portugueses terão naufragado na austrália ocidental. perto da ilha de Depuch, entre 1511 e 1520. Encontrou na lingua dos nativos um número surpreendente palavras "portuguesas". As investigações entre 1967-1989, revelaram que algumas tribos aborigenes tinham antepassados portugueses e de escravos trazidos por estes de África, nos Montes de Kimberley.

 

Achados Arqueológicos:

 

Os achados arqueológicos até agora descobertos na Austrália e na Nova Zelândia confirmam aquilo que os mapas já apontavam, para a inequívoca presença de portugueses no século XVI nestes países.

 

Fortificação.

 - Em 1967 foi redescoberto por Kenneth McIntyre,  uma primitiva fortificação (? ), em Bittaganbee Bay, perto de Eden, na costa sul de Nova Gales do Sul, um pouco ao norte do cabo Howe, que teria sido feita no século XVI, pelos portugueses. 

 

- Perto de Bittaganbee Bay, foi igualmente descoberta cerâmica datável do século XVI.

 

O jovem australiano com o canhão português que encontrou na areia da praia, em Janeiro de 2010.

 

Canhões

- Em 1916 foram descobertos dois canhões, numa pequena ilha situada no interior da baia de Napier Broome, no extremo norte de Kimberley. Os canhões ostentam as armas de Portugal, anteriores a D. Sebastião. 

- Em 1884, numa ilha um pouco a oeste da anterior, um pescador de pérolas, encontrou um canhão de bronze, com cerca de 1 metro, tendo dentro uma bala. Estava decorado um brasão descrito como coroa, tipicamente portuguesa.

- Em Janeiro de 2010, uma rapaz descobriu numa praia (Dundde beach), perto de Darwin, um canhão em bronze português, datado de fins do século XV ou princípios do século XVI. O achado só foi tornado público em Janeiro de 2012.

 

Cerâmica

- Em 1963 foi descoberto um pote de barro, em Olaf Mannes, por um pescador comercial australiano, na costa do mar da Tasmânia. Uma análise mostrou que se tratava de um jarro de vinho, que o cientista David Prince calcula de 1500, com uma margem de erro de 20 anos.

- Nos últimos anos foi descoberto um pote semelhante, ao largo de Gabo Island, que ainda se encontra em estudo.

 

Navios. 

- Em 1836 foram descobertos destroços de navio, a célebre "Mahogany Ship (nau de mogno ou de madeira de caju), encalhado nas dunas de arreia perto de Warrnambool, no estado de Vitória, a oeste de Melbourne, por dois caçadores de focas. Existem 27 relatos diferentes entre 1836 e 1880 deste navio. Trata-se provavelmente do brigantim de Mendonça.

 

- Em Abril de 2004 foi descoberto um navio português, afundado em 1817 (15), ao largo da da costa norte da Austrália Ocidental. Este navio assegurava a ligação entre Lisboa e Macau, demonstrando aquilo que já se sabia: as costas da austrália eram habitualmente percorridas por navios portugueses.

 

Pesos de Chumbo

- Um peso em chumbo para redes de pesca, datável de 1410 a 1630, foi descoberto em Fraser Island, costa oriental da Austrália.

 

Chaves

-Em 1847 foi encontrado um molho de chaves antigas numa praia em Geelong, perto de Merbourne, pelo superintendente do distrito de Port Philip, Charles Joseph de la Trobe. 

 

 

  Achados arqueológicos na Nova Zelândia

Não é apenas na Austrália que se encontram vestígios portugueses, mas em zonas mais distantes de Malaca ou Timor, como a Nova Zelandia.

- Em fins do século XIX foi encontrado Wellington um elmo de ferro, dado ao Colonial Museum de Wellington. A peça é datável de 1450-1580. Foi descoberto no Porto de Wellington. Perto deste local, ao largo da aldeia maori de Petrone, foi descoberta uma bala de canhão.

- Foi encontrado um sino com inscrições em Tâmul, que terá sido trazido do sul da India, por navios portugueses.

 

Um número crescente de historiadores tem vindo a afirmar que a Nova Zelandia foi descoberta pelos portugueso, por volta de 1522. A suposta descoberta por navegadores espanhóis, em 1576, não passam de um equivoco (14).

 

  Holandeses com mapas Portugueses

Durante o século XVI e XVII milhares de portugueses, entre os quais se contavam banqueiros, mercadores e navegadores refugiaram-se na Holanda para fugirem às perseguições da Inquisição em Portugal.

Entre 1580 e 1640, aliaram-se aos holandeses para combaterem os domínios espanhóis, levando-os ao que restava do Império português. Foi neste período que importantes segredos do Estado português foram vendidos a holandeses, franceses, ingleses ou roubados pelos espanhóis.

O cartógrafo português Bartolomeu Lasso, vendeu 25 cartas nauticas aos holandeses, as quais foram editadas por Cornelis Claesz a partir de 1592. Aquisição foi feita por sugestão de Petrus Plancius (1552-1622), o iniciador da cartogafia holandesa e um dos fundadores da companhia das Indias da Holanda. Petrus foi iniciado na cartografia pelos portugueses na Flandres (Bélgica), antes de se refugiar na Holanda.

Mapas de Bartolomeu Lasso foram parar também às mãos de Jan Huygen Van Linschoten, que os incluiu no "Itinerario, Voyage ofte Schipwaert naer Oost Portugaels Indien (Amesterdão, 1596). Este holandes traduziu também roteiros portugueses par o seu "Reys-gheschrift van de Navigatien der Portugaloy sers in Orienten (Amesterdão, 1595).

Uma rede de espiões franceses e holandeses estabelecida em Lisboa, comprava a peso de ouro os mapas da "Casa da India".

Não é pois de estranhar, que os mapas que os holandeses traziam quando chegaram à Australia (1606), Tasmania e Nova Zelandia tivessem topónimos portugueses. Alguns dos quais  continuaram a ficar registados nos mapas que produziram. Mais

 

  Espanhóis com cartas, capitães e pilotos portugueses

 

- Pedro Fernandes Queirós

 

- Luiz Vaz de Torres

 

 

 

Capitão James Cook  e os Portugueses

Desde 1640 que Portugal reforçou os seus laços económicos e políticos com a Inglaterra, em troca de apoio militar (armas e oficiais) para combater a Espanha na Europa e na América do Sul. Na segunda metade do século XVIII, a aliança entre a Espanha e a França, obriga os portugueses a ficarem aumentarem a sua independência da Inglaterra. O resultado foi as invasões franco-Espanholas de Portugal (1801, 1807-1814).

Portugal, em troca deste apoio militar foi cedendo à Inglaterra segredos maritimos e possessões ultramarinas, como Bombaim (India), Tanger (Norte de Africa) e já no século XVIII, a Austrália.

Na segunda metade do século XVIII, como vimos, surgiram logo os primeiros ingleses a afirmarem, com base nos mapas de Dieppe, que os portugueses tinham sido os primeiros a descobrir a Austrália.

a) James Cook e os mapas portugueses

O almirantado inglês que enviou em 1768 - James Cook (1728 -1779) -, a "descobrir" oficialmente a Austrália, deu-lhe os mapas portugueses de Dieppe.

James Cook, em 1770, tendo em conta a linha que dividia os domínios entre Portugal e Espanha (142º E de Greenwinch), tomou posse para a Inglaterra da parte leste da Austrália que pertencia aos domínios da Espanha, acordados nos Tratado de Saragoça (1529).

Peter Trickett, em 2007, demonstrou que o local onde Cook reivindicou a parte leste da Austrália para a Inglaterra corresponde à que está representado no mapa do Delfim, a Botany Bay  (Baye de Herbes, Baia das Ervas), em Sidney.

b) James Cook e a toponímica portuguesa

Foi com surpresa que se constatou que James Cook deu a vários pontos da Austrália, os mesmos nomes de origem portuguesa, que constavam mapas de Dieppe: a "coste Dangereuse" em inglês virou " Bay Perdue"; "Baye de Herbes" passou a "Botany Bay", etc.  

c) James Cook e os  interpretes portugueses

Neste quadro não causou surpresa quando se soube que o capitão James Cook, o "descobridor oficial da Austrália", registara na passagem por Savu, a 19 de Setembro de 1770, ter-se servido de Manuel Pereira, um português embarcado na ‘Endeavour’, no Rio de Janeiro, para se entender com as populações locais da Austrália.

Como se tudo isto não bastasse, a Inglaterra até 1823 não reclamou a descoberta da Austrália, aguardando que Portugal o fizesse (7).

Capitão Arthur Philip, oficial da Armada Portuguesa e Governador da Austrália

Três anos depois de Cook ter "descoberto" a Austrália, Arthur Philip, é recrutado como capitão para a armada portuguesa. Portugal e Inglaterra estão mais do que nunca unidos face a uma ameaça comum. Uma das suas áreas de actuação foi no combate contra os espanhóis na América do Sul, uma área considerada vital para os interesses de Portugal. Em 1778 volta para Inglaterra, para dez anos depois ser nomeado Governador da Austrália, o primeiro desta colónia britânica(16). F

Arthur Philip, enquando governador, fez questão de nunca entrar dentro dos limites da Austrália, que segundo o Tratado de Saragoça, pertenciam a Portugal.

 

 

Carlos Fontes

  Notas:

(1) Peter Trickett,  Beyond Capricorn ...,

(2) Biblioteca de Huntington, San Marino, Califórnia, EUA

(3) George Alphonse Collingridge de Tourcey (1847-1931), entre 1890 e 1925 escreveu dois livros e cerca de trinta artigos a afirmar a prioridade do descobrimento da Austrália pelos portugueses. O seu estudo centrou-se nos mapas de mapas produzidos em Dieppe, entre 1536 e 1566, que mostram uma grande massa de terra, Jave la Grande, com latitudes corretas, mas longitudes erradas. Obras: A descoberta da Austrália (Sydney, 1895), Primeira descoberta de Austrália e Nova Guiné (Sydney, 1906).

Antes deste historiador, muitos outros defenderam a tese da descoberta da Austrália pelos portugueses, baseados na análise dos mapas de Dieppe, como Alexander Dalrymple (1731-1808), Matthew Flinders (1774-1814), Joseph Banks (1743-1820), James Rennel Major (1742-1830), John Pinkerton (1758-1826) e James Burne (1750-1821).

Apesar deste consenso por parte dos historiadores da Grã-Bretenha, a verdade é que depois de 1850, esta tese começou a ser combatida, em virtude de Portugal ser um país católico e um concorrente da Inglaterra em termos de domínios coloniais. Collingridge, em 1890, relança o debate, mas encontra pela frente uma enorme oposição pelos motivos anteriores.

(4) 

(5 ) Luiz Filipe Tomaz: Expedição de Cristovão Mendonça e o Descobrimento da Austrália (Coimbra, Museu da Ciência); Introdução ao Atlas Vallard, edições Moleiro de Barcelona, etc.

(7) Kenneth Gordon McIntyre, A Descoberta Secreta da Austrália (Medindie, 1977). Edição portuguesa: Fundação Oriente/Centro de Estudos Marítimos de Macau. 1989.

Começou por analisar o Mapa de Delfim com base nos conhecimentos científicos, usando o tratado de Pedro Nunes. Uma vez corrigidos os desvios dos cálculos dos cartógrafos portugueses, o mapa Delfim apresentou uma imagem muito correcta da costa Australiana.

(8) Shirley, Rodney - The Mapping of the World - Earl Printed World maps, 1472-1700, The Holand Press. London.

(9) mapa mundo Harleiano ou Delfim (c. 1547), na British Library, London.

(10) Manuel Faria de Sousa, escreveu que os portugueses na segunda exploração Diogo Pacheco, foram vistos pelos indigenas da Ilha do Ouro (Austrália) como "estranhos com pele  como os dos crocodilos", devido às suas couraças peitorais.

(12 ) Melin de Saint Gelays - Les Voyages avantureux du capitaine Jan Alfonce, sainctongeois. Contenant les reigles et enseignemens nécessaires à la bonne et seure navigation. A Poitiers : par les de Marnefs et Bouchetz frères, 1559

(13 ) Luis de Matos - Les Portugais en France au XVIe Siécle. Études et Documents, Universidade de Coimbra. Coimbra.1952

(14)   A suposta descoberta de Juan Fernández, em 1576, baseia-se num documento apresentado a Filipe II, pelo licenciado Juan Luis de Arias, por volta de 1615, "proponiendo conquistar las tierras que había descubierto el piloto Juan Fernández, luego de haber navegado durante un mes desde las costas de Chile hacia el oeste, habiendo sido el mismo que antes había reducido a sólo 30 días de viaje la navegación entre Lima y la costa central de Chile".

O documento não refere qualquer aspecto específico da Nova Zelandia, nem consegue identificar a ilha que Juan Fernández terá aportado.

Baseados nesta referência, 39 anos depois do suposto acontecimento, os espanhóis procuram afirmar que ele descobriu não apenas a Nova Zelandia, mas até a Austrália.

(15) Monteiro, Alexandre - "José Nunes da Silveira, negociante de grosso trato, capitão de longo curso, armador do Correio d`Azia", in, IV Colóquio "O Faial e a Periferia Açoriana nos séculos XV e XX, 17-20/5/2010, Faial-S. Jorge.

(16) McIntree - The Rebello Transcripts Souvenir Press, Lda. Adelaide. South Australia.

 

Continuação: 

 

5Negociante Oportuno de Miragens

6.  Castelhanos

7.  Portugueses em Espanha

8.  Apoio de Judeus

9.  Mentiroso e Desleal

10. Manobrador

11. Assassino de Espanhóis

12. Defensor de Portugueses

13. Impacto da Viagem de Vasco da Gama

14. Perseguido

15. Descendentes 

16.  Falsificações Espanholas

17. Lugares de Um Português em Espanha.

18. Cronologia Espanhola da vida de Colombo

 

 

Provas de Colombo Espanhol

Provas do Colombo Português

 
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