Carlos Fontes

 

 

 

Olivença

Usurpação e Etnocídio

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Cultura

     
   
Entre o século XII e 1801, desenvolveu-se em Olivença uma notável actividade cultural que ainda hoje é visível nos seus monumentos, apesar do saque e destruição que a Espanha fez ao longo de 200 anos de ocupação.

Ao visitá-la temos a mesma sensação que sentimos quando percorremos as localidades onde existem ruínas dos aztecas, mais, incas e tantos outros povos da América Latina. Tratam-se tão somente de ruínas. É preciso algum esforço da imaginação e informação prévia para as tornarmos vivas, dado que a cultura que encarnam só muito vagamente têm a ver com a população que aí vive.

Ainda que estas populações possam ter origem nos antigos povos que as construíram, a verdade é que as suas memórias colectivas foram cuidadosamente apagadas para permitir a sua substituição pelas referências do invasor. No caso de Olivença os nomes portugueses foram substituídos por espanhóis, brasões arrancados, os símbolos de Portugal destruídos, etc.  

Aquilo que eram coisas carregadas de significado, tornaram-se pedras cujo sentido se perdeu. Neste aspecto Olivença constitui um dos melhores exemplos de etnocídios na história contemporânea da Europa.

Temos pois que evocar pessoas e algumas referências históricas para perceber estes vestígios e dar-lhes vida. Fenómeno típico em todos os locais do mundo onde ocorreram etnocídios.

 

 

 
  Pessoas

Olivença, a nobre e leal terra portuguesa, foi o berço da família de Vasco da Gama aí nasceu o pai deste ilustre navegador.

 

Apesar de abastardadas as suas casas apalaçadas, não deixam de evocar os seus os seus antigos moradores, como os marçais, os sousas ou os duques do Cadaval. Muitas delas foram usurpadas pelo Estado Espanhol para aí instalar os seus símbolos de poder. No solar dos Duques do Cadaval, que ostenta o seu magnífico portal manuelino, está instado o Ayuntamiento da cidade. 

 

  Igrejas

Os padres espanhóis, acumulando uma longa experiência histórica de conversões forçadas de muçulmanos e judeus, dedicaram-se a converter à cultura espanhola o que restava das populações portuguesas. Tiveram um papel importante neste etnocídio. Não foram contudo capazes de destruir os templos construídos pelos portugueses, muito embora os saques continuem até aos nossos dias. 

 

 
  Entre as igrejas de Olivença, destacam-se a manuelina Igreja da Madalena, antiga Sé da Diocese de Ceuta, a cidade que hoje é reclamada à Espanha por Marrocos e que durante séculos foi administrada por Portugal. A construção desta Igreja ficou a dever-se a ao Bispo  Henrique de Coimbra, companheiro de Pedro Alvares Cabral no descobrimento do Brasil

Interior da Igreja da Madalena, cujo recheio tem vindo a ser delapidado

 

 
  A Igreja da Santa Maria dos Castelo, de traça renascentista e posteriores acrescentos barrocos.   
  Entre as mais notáveis está todavia a Igreja da Misericórdia, fundada em 1501, onde mesmo depois da ocupação espanhola se manteve mais viva a especificidade desta terra portuguesa.  Mais informação

 

 
  Fortificações

Símbolos da defesa de uma identidade usurpada pela Espanha, continuam a erguer-se altaneiros malgrado a sistemática destruição que este país paulatinamente vai realizando.

Em lugar estratégico ergue-se o seu castelo e a sua torre de menagem medievais (37 metros de altura). Devem ainda referir-se os baluartes seiscentistas com a elegante Porta do Calvário e a torre do quartel do Dragões de Olivença datado do período pombalino (século XVIII).

Porta do Calvário

 

 
  Traçado da Cidade

Onde melhor podemos observar os vestígios de Olivença é no tipo de construção de muitas das suas casas (alvenaria, cal, cantaria, imponentes chaminés, etc), cujos elementos são em tudo idênticos às vilas portuguesas do Alentejo. 

 

 
  Comida

Ainda até meados do século  XX, Olivença distinguia-se da Extremadura  espanhola pela excelência da sua gastronomia e doçaria. O etnocídio que aqui ocorreu destruiu entretanto uma das maiores riquezas desta terra.

 

 
 

Povoações do Concelho de Olivença

A destruição dos Vestígios Incómodos

S. Francisco, S. Rafael, Vila Real, S. Domingos de Gusmão, S. Bento da Contenda, S. Jorge de Alor e Talega

 

 

Dossier sobre Olivença

Inicio .1. Resistência . 2. Cultura . 3. A Tradição de Bolboa . 4. A traição de "nostros hermanos".  5. Isolamento e Extermínio6. A Legitimação da Usurpação.  7.Colaboracionistas  8. Outros casos de etnocídios. 9.Memorial  10. Bibliografia 

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