Carlos Fontes

Olivença

Usurpação e Etnocídio

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Colaboracionistas 

     
   
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Colaboracionistas 

Portugal é uma Estado independente desde 1143, mas desde então não tem faltado traidores dispostos a venderem os seus concidadãos. Alguns ficaram tristemente célebres, outros foram remetidos ao mais completo desprezo tanto pelo país que traíram, como por aqueles que procuraram servir.

 

 

Olivença é desde 1801, um verdadeiro laboratório para podermos observar as formas que pode assumir a colaboração com os crimes contra a humanidade. 

 

 

Historiadores Falsificadores

Portugal é o único país do mundo onde os historiadores em vez de promoverem os feitos dos seus concidadãos deliberadamente omitem. Chegam ao ponto de apagaram dos mapas  territórios que durante séculos foram portugueses. O concelho de Olivença é um dos melhores exemplos deste trabalho de falsificação histórica. Estes concelho desaparece dos mapas de Portugal, nas obras de alguns dos melhores historiadores portugueses da actualidade, como José Matoso (História de Portugal, 7 vols ). Incapazes de explicarem a barbárie que ocorreu durante dois séculos em Olivença, preferiram ignorá-la, fazendo de conta que nunca existiu. O melhor expediente que encontraram foi suprimir este concelho do mapa.

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Realismo Político

Uma das forma mais comuns de traição consistiu em secundarizar a questão do etnocídio em Olivença para não ferir susceptibilidades ao invasor. Os interesses económicos, diplomáticos e outros que estavam em jogo sobrepuseram-se à defesa da vida dos cidadãos portugueses, sancionando desta forma a ocultação do etnocído.

Esta posição foi largamente seguida na segunda metade do século XIX, e depois durante a ditadura fascista (1926-1974).De um lado e outro da fronteira os ditadores estavam unidos em silenciar o etnocídio. 

A história contemporânea da Europa e do mundo está repleta destes exemplos. Foi para não ferir as susceptibilidades da Alemanha que a Polónia foi massacrada durante a segunda guerra mundial perante o olhar cúmplice da Europa. Foi com esta mesma cumplicidade que os nazis empreenderam os extermínio dos judeus e ciganos, e mais recentemente a população de Timor-Leste foi dizimada durante duas décadas pelos indonésios.

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Oliveira Salazar, o ditador que governou Portugal entre 1929 e 1968 constituiu a melhor expressão deste posicionamento político. Apesar do seu apregoado nacionalismo procurou sempre silenciar a questão de Olivença. Tornou-se durante a Ditadura de Franco (1939-1975) um problema incómodo entre dois regimes políticos com afinidades ideológicas. É significativo constatar que na conhecida História de Portugal do principal historiador do regime - João Ameal - nem sequer se refere a usurpação de Olivença. Tudo é silenciado.

Porquê?  A sobrevivência da ditadura em Portugal estava, segundo Salazar,  intimamente ligada à existência de um regime ditatorial também em Espanha. É por isso que Salazar evita todos os possíveis conflitos com a Espanha e apoia activamente as várias ditaduras neste país (Primo de Rivera, Franco). Silencia não apenas o etnocídio de Olivença, mas também a barbárie de Guernica, assim como se recusa a apoiar cerca de  trinta mil judeus holandeses descendentes de portugueses para não desagradar a Hitler, etc. 

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Silenciar a Memória dos Mortos

Ninguém ignora que em Olivença estão sepultados milhares de portugueses que deram a sua vida durante séculos para defenderem o país que hoje habitamos. Todos sabem mas todos fingem ignorar. Nenhum tributo lhes é prestado, nenhuma evocação lhes é feita. 

Ninguém ignora que a ocupação de Olivença foi uma usurpação que a Espanha fez a Portugal, sem nenhum motivo justificativo que não fosse a mera rapina. Todos sabem, mas todos procuram ignorar.

Ninguém ignorava também, quando o crime do etnocídio se estava a dar no outro lado da fronteira, o que estava a acontecer. Todos sabiam, mas todos procuravam esquecer. 

Estamos perante a mesma atitude que afinal tornou possível a ascensão do nazismo na Alemanha e o holocausto de milhões de judeus nos campos de concentração. Apesar de ouvirem, lerem, saberem, todos procuraram ignorar. É este facto que torna justamente actual o caso de Olivença, e por isso deve ser reflectido nas escolas de todo o mundo. Os crimes contra a humanidade nunca prescrevem.

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Ao longo de 30 anos de regime democrático, a esmagadora maioria dos políticos portugueses continua a seguir a pegadas do ditador Salazar. Olivença é um tema incómodo, algo que gostariam de silenciar de vez. O problema é que a história não se apaga e a sua traição também não.

A Espanha aproveita-se do comportamento indigno destes políticos e compra-os com empregos em empresas espanholas, prémios, caçadas reais, etc. Uma infâmia !   

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Iberismo e Racismo

Em Portugal ao longo dos séculos, tem surgido esporádicos grupos de colaboracionistas, denominados de "Iberistas". Sonham com a unificação de todos os povos ibéricos debaixo de um mesmo poder, manifestam em geral uma repulsa pela diversidade de povos e culturas. Talvez por isto, entre os iberistas tenham surgido os mais racistas de todos os portugueses, assim como os principais defensores de soluções políticas ditatoriais.

Oliveira Martins (1845-1894). Historiador, político de todos os quadrantes (socialista, republicano, monárquico), apoiou a ditadura de João Franco e terminou os seus dias desiludido com os portugueses. No final da vida destacou-se pelas suas concepções iberistas, racistas e proto-integralistas.

António Sardinha (1888-1925), um dos mais conhecidos iberistas. Monárquico ultra-reaccionário foi também o mais acérrimo defensor da discriminação racial e do anti-semitismo. Destacou-se igualmente na preparação do clima ideológico que antecedeu a ditadura militar instaurada em 28 de Maio de 1926, sendo o fundador do denominado Integralismo Lusitano, um movimento de características fascistas. Mais

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Toureiros

A Praça de Touros em Olivença foi desde a sua construção, em 1856, o principal símbolo da ocupação espanhola. Ela constitui a glorificação da morte na sua forma espectacular.

Desde o século XX que diversos "toureiros portugueses" são convidados a participarem nas corridas realizadas nesta praça. A sua presença é depois largamente publicitada em Portugal através de cartazes impressos em Espanha onde o nome de Olivença é substituído por Olivenza. Desta forma a Espanha com a colaboração destes "artistas touromáticos" procura naturalizar o etnocídio que praticou em Olivença. Alienados na sua consciência social estes toureiros manifestam-se indiferentes à simbólica da sua presença na praça de Olivença. 

Se o exemplo de Olivença fosse também neste caso seguido em Auschwitz, Birkeneau, Majdanek, Treblinka, Sobibor, Belzec, Chelmno e outros campos de concentração nazis, teriamos hoje artistas judeus a realizarem espectáculos nos seus fornos crematórios para entreterem os turistas que os visitam. A situação não deixa de ser profundamente vexatória para a memória colectiva dos portugueses. 

É preciso dizer que uma boa parte dos aficionados pelos touros em Portugal afirma as suas preferência por regimes monárquicos. Se tivermos em conta o caso de Olivença, percebemos melhor porque a  esmagadora maioria da população portuguesa é convicções republicanas e também a razão porque as corridas de touros estão em completa decadência em Portugal.

 

 
 

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Qual é o preço?

Uma  das formas mais patéticas utilizadas pelos jornalistas portugueses em relação a Olivença, consiste em perguntar aos actuais habitantes deste território se querem ou não ser portugueses, tendo em conta os ganhos e as perdas de uma possível transação de nacionalidade. 

Colocada a questão nestes termos, o problema de Olivença, como o do País Basco, ou mesmo o de Gibraltar, reduz-se a um simples negócio: fixar o valor ou as condições adequadas para a transação (mudança de nacionalidade). A população actual é tratada como mera mercadoria, despojada da sua dignidade como pessoas.

 

 

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Dossier sobre Olivença

1. Resistência .2. Cultura . 3. A Tradição de Bolboa . 4. A traição de "nostros hermanos".  5. Isolamento e Extermínio6. A Legitimação da Usurpação.  7.Colaboracionistas  8. Outros casos de etnocídios. 9.Memorial  10. Bibliografia

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