Carlos Fontes

Olivença

Usurpação e Etnocídio

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Memorial de Olivença

 

     
   
Face á questão ao crime contra a humanidade que ocorreu em Olivença, e que tem sido sistematicamente silenciado, o problema da devolução ou não deste território a Portugal é uma questão secundária. A importância histórica e humana do mesmo transcende a questão da justa pretensão de Portugal para que lhe seja devolvido parte do seu território usurpado pela Espanha. 

Olivença é o primeiro exemplo dos modernos etnocídios

O método de etnocídio que a Espanha aqui aplicou ao longo de todo o século XIX, inspirarão durante o século XX outros Estados, como o alemão durante a II Mundial. O domínio territorial é assente na anulação da identidade cultural de minorias ou povos dominados, o que em última instância pode implicar a prática sistemática de genocídios, deportações, violações de mulheres, etc.

Olivença constituiu a primeira situação na história contemporânea da Europa, em que uma população inteira foi sujeita um processo sistemático de anulação da sua identidade cultural e despojada das suas memórias colectivas, até se tornar sob regimes tirânicos na imagem e semelhança do próprio invasor. 

O respeito pelas vítimas deste etnocídio e o seu estudo, permitirão certamente compreender a génese dos métodos que ao longo de todo o século XX foram aplicados na Europa e noutras partes do mundo para exterminar povos e culturas. 

Este estudo e discussão poderão constituir, nomeadamente para os nossos alunos, num estimulo para a necessidade de respeitarem as diferenças culturais entre os povos e de se aprofundar o diálogo entre culturas, de forma a desenvolver uma cultura da tolerância.

 

 

Memorial

É neste sentido que deverá ser erigido em Olivença, um Memorial aos portugueses que combateram durante séculos pela preservação da sua identidade cultural antes de 1801, e a todos aqueles posteriormente foram desapossados das suas terras e bens, e sobretudo lhes foi negada a dignidade de existirem como tais.

Neste Memorial deverão ser também evocados outros povos a quem lhes foi igualmente negada a sua identidade, alguns do quais foram completamente exterminados (genocídios). Os povos da América Latina, deverão ter aqui um lugar destaque, nomeadamente pelas afinidades e responsabilidades históricas que portugueses e espanhóis possuem com os mesmos.

A localização de Olivença é um aspecto da maior relevância, dada o facto de serem originários da vizinha Extremadura espanhola, a maior parte dos exterminadores de povos e culturas da América Latina.

 

 

Solidariedade e Reflexão

Os edifícios que simbolizaram a usurpação, como a Casa dos Duques do Cadaval, deverão ser transformados em espaços públicos de reflexão sobre o diálogo entre culturas, e promoção de iniciativas de solidariedade para com os povos sujeitos a situações similares às que ocorreram em Olivença.  

 

É neste espírito de universalidade que Olivença, pode não apenas deixar de ser um exemplo de traição e de barbárie entre povos vizinhos, mas contribuir para fortalecer os valores respeito pelo Outro.  

 

Dossier sobre Olivença

Inicio .1. Resistência . 2. Cultura . 3. A Tradição de Bolboa . 4. A traição de "nostros hermanos".  5. Isolamento e Extermínio6. A Legitimação da Usurpação.  7.Colaboracionistas  8. Outros casos de etnocídios. 9.Memorial  10. Bibliografia

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