Face
á questão ao crime contra a humanidade que ocorreu em Olivença, e que tem
sido sistematicamente silenciado, o problema da devolução ou não deste
território a Portugal é uma questão secundária. A importância histórica e humana
do mesmo transcende a questão da justa pretensão de Portugal para que lhe
seja devolvido parte do seu território usurpado pela Espanha.
Olivença é o primeiro exemplo dos modernos
etnocídios
O método de etnocídio que a Espanha aqui aplicou ao
longo de todo o século XIX, inspirarão durante o século XX outros
Estados, como o alemão durante a II Mundial. O domínio territorial é
assente na anulação da identidade cultural de minorias ou povos dominados,
o que em última instância pode implicar a prática sistemática de
genocídios, deportações, violações de mulheres, etc.
Olivença constituiu a primeira situação na história
contemporânea da Europa, em que uma população inteira foi sujeita um processo
sistemático de anulação da sua identidade cultural e despojada das suas
memórias colectivas, até se tornar sob regimes tirânicos na imagem e
semelhança do próprio invasor.
O respeito pelas vítimas deste etnocídio e
o seu estudo, permitirão certamente compreender a génese dos métodos que
ao longo de todo o século XX foram aplicados na Europa e noutras partes do
mundo para exterminar povos e culturas.
Este estudo e discussão poderão constituir,
nomeadamente para os nossos alunos, num estimulo para a necessidade de
respeitarem as diferenças culturais entre os povos e de se aprofundar o
diálogo entre culturas, de forma a desenvolver uma cultura da tolerância.
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