Moçambique
está situado numa posição estratégica de África, facto que
contribuiu para a sua prosperidade, mas também para a instabilidade
política que o país viveu em muitos momentos da sua história.
Tensões
Religiosas. O Islamísmo e o Cristianismo são as duas principais
religiões organizadas no país. A primeira está associada à presença
árabe no território desde o século VIII, ainda muito forte a
norte, junto á fronteira com a Tanzânia e Malawi. A segunda está
associada à presença europeia desde finais do século XV. Nem sempre
esta convivência tem sido pacífica entre estas religiões, com padrões
culturais e influências políticas muito distintas.
Entre os cristãos, as
duas principais diferenças de culto, reflectem as duas grandes influências
locais, a do portugueses (católicos) e a dos ingleses (protestantes).
Porta
de Entrada e Saída. Os portos de Moçambique de Maputo e da Beira
são desde finais do século XIX, os pontos de entrada e saída para
os produtos de diversos países africanos (Zambia,Malawi, Zimbabué,
Botswana e da própria África do Sul). Este facto conduziu a que Moçambique
tenha sido alvo de intervenções de potências regionais, em
particular da África do Sul, no sentido de controlar as suas opções
políticas.
Tendência
para o Desmembramento. Uma das preocupações do colonialismo
português foi tentar homogeneizar todo o território do Ravuna a
Maputo, debaixo de uma mesma administração e língua distinta da
falada nos países vizinhos. Esta tendência centrípta abrandou
durante a guerra civil (1977-1992), devido sobretudo à destruição
das vias de comunicação, desarticulação da administração do
território, e às contínuas pressões dos estados vizinhos, apoiadas
em grupos de refugiados e emigrantes. Facto que poderá conduzir, no
futuro, ao reforço de tendências para a desagregação, sobretudo
nas zonas mais próximas de fronteiras, onde exista uma continuidade
étnica de um e outro lado da fronteira.
Dependência
da África do Sul. Apesar dos enormes problemas internos,
nomeadamente em termos de distribuição da riqueza entre brancos e
negros, a África do Sul continua a ser a principal potência
regional. Desde o último quartel do século XIX, quando começou as
grandes explorações mineiras que trouxeram a prosperidade a esta
antiga colónia holandesa e inglesa, que os países vizinhos foram
sendo transformados em Estados satélites, nomeadamente para o
fornecimento de mão-de-obra. Moçambique não é, neste contexto, uma
excepção. |