Navegar na Formação

Carlos Fontes

Formador.

O termo presta-se a enormes confusões, devido à diversidade de funções profissionais a que se aplica. Todos os que exercem a sua actividade neste campo tendem a ser rotulados indistintamente de formadores.

Estamos aliás num campo onde é comum uma mesma pessoa exercer diversas funções em simultâneo. Atendendo a predomínio de uma dada função, podemos distinguir 6 grandes grupos (Gaspar, 1986, p.35 e segs):

-   Dominante pedagógica.

-   Dominante de ligação

-   Dominante de análise e diagnóstico

-   Dominante auditoria

-   Dominante de animação e orientação

-   Dominante consultoria

-   Dominante de chefia

-   Dominante Administrativa

 

Os profissionais que são objecto de referência, neste trabalho, são apenas aqueles cujas funções dominantes são de natureza pedagógica. A sua  actividade principal centra-se na relação com os formandos, transmitindo ou com eles construindo saberes de natureza essencialmente profissional, e aos quais compete a avaliação de todo o processo de aprendizagem.   Retomando um conceito anterior podemos dizer que o formador é aquele que dá “forma”, isto é, determina algo, conferindo-lhe uma estrutura ou maneira de ser estável.  Esta questão coloca o problema do “perfil” e “competências do próprio formador.

 

Evolução do Estatuto de Formador

1.O formador ligado à formação profissional emergiu no contexto de trabalho. O que se exigia é que soubesse da sua profissão, não de pedagogia. Esta é a matriz dos formadores objecto do nosso estudo.

2.O aumento da complexidade do sistema produtivo, e por consequência do sistema de formação profissional, implicou a existência de formadores que a par de conhecimento profundo no seu ofício, reunissem aptidões e conhecimentos adequados de métodos pedagógicos. Esta exigência emergiu em resultado da difusão do ensino técnico-Profissional.

Entre nós a exigência de uma formação pedagógica dos formadores data apenas de finais do século XIX. O sistema de formação profissional exterior ao sistema de ensino formal só criou estruturas próprias de formação de formadores nos anos 60 do século XX.

3.A progressiva complexidade dos sistema de formação profissional implicou como vimos, uma progressiva especialização dos intervenientes na formação.

Perfil do Formador

A questão da definição do perfil do formador, isto é, tem ocupado inúmeros autores. Restringindo-se apenas à produzida em Portugal, são apontadas as seguintes características:

1.O Formador deve possuir larga experiência profissional e dominar a profissão;

2. Acompanhar o desenvolvimento da sua profissão, mantendo-se actualizado; 

3. Ser capaz de inserir a sua actividade profissional no contexto da empresa e do sector;

4. Ser capaz de facilitar a inserção dos formandos no mundo do trabalho;

 

Competências

A definição das competências do formador, referem-se a esse “não sei quê”, como diz Rui Canário, que revelam a competência de alguém para desempenhar determinadas funções. Não é fácil defini-las, dado que a mera aquisição de saberes não corresponde necessariamente a um conjunto de competências para com eles operar num dado desempenho profissional.  

Podemos todavia fazer uma distinção entre dois tipos de competências,  as de natureza técnica e as pedagógicas.

 

 

Competências dos Formadores

 

 

Competências técnicas

 

Mobilizam saberes próprios duma dada profissão

 

Competências pedagógicas

Mobilizam saberes ligados ao processo de comunicação, mecanismo e processos de aprendizagem e planeamento e avaliação da formação:

-Psicologia da aprendizagem

-Métodos e técnicas pedagógicas

-Organização de sessões de formação

-Planeamento da formação

-Avaliação da formação

-Comunicação interpessoal

- Dinâmica de grupos

 

Continua

Carlos Fontes

 

 

 

Para saber mais:

A Formação de Formadores em Portugal (2002), Carlos Fontes

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