Director: Carlos Fontes

 

 

EDITORIAL

ANGOLA

BRASIL

CABO VERDE

GUINÉ-BISSAU

MOÇAMBIQUE

PORTUGAL

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

TIMOR

OUTROS PORTOS

CONTACTOS

PORTUGAL 

O Simbolismo da Morte de Iberistas

 

Anterior

Os portugueses consideram sempre os iberistas como elementos degenerados de um povo orgulhoso da sua história e identidade cultural. A actuação dos iberistas na sociedade portuguesa, em cerca de 9 séculos de História, traduziu-se sempre em divisões e conflitos que degeneraram em guerras civis, com um cortejo interminável de mortes.   

Alguns assassinatos de iberistas ficaram célebres na História de Portugal, sendo celebrados por inúmeros artistas portugueses ao longo dos séculos. 

Não deixa de ser curioso, que os portugueses tenham espalhado as representações destas mortes de iberistas pelo mundo, tal era o profundo simbolismo que lhes atribuíam. 

A morte dos iberistas era entendida como um acto de defesa de valores que consideravam fundamentais - dignidade, identidade cultural e liberdade -, mas também uma manifestação de respeito por si próprios. Um povo que não se respeita a si próprio, nunca será respeitado por outros. Ora, iberista sempre manifestou um profundo desprezo pela dignidade e liberdade do povo português, agindo de modo a destruir a comunidade que o viu nascer.

É por isso que as razões que os portugueses apresentaram para justificar a morte dos iberistas são em tudo idênticas às apresentadas depois da IIª. Guerra Mundial (1939-1945), para a condenação à morte nazis e fascistas. Em ambos os casos tratava-se de reafirmar, através destas acções violentas, que existem princípios que não podem ser transgredidos, nomeadamente o respeito que todos os seres humanos merecem na sua dignidade, identidade e liberdade.

Dois Iberistas. As mortes de dois iberistas assumiram uma enorme carga simbólica na história portuguesa, sendo continuamente evocadas: a morte do Conde João Fernandes Andeiro e a morte de Miguel de Vasconcelos. 

A morte do Conde de Andeiro, fidalgo galego, foi assumido como o símbolo de liberdade de um povo que recusa as ingerências externas e os jogos palacianos para lhes imporem o que não quer. Este iberista, um típico traidor castelhano, participou em diversas conspirações ao serviço de Portugal e de Inglaterra. Em Lisboa, acabou por ascender a uma elevada posição na corte, tendo recebido de D. Fernando o título de Conde de Ourém, pondo-se durante a crise de 1383/5, ao serviço de Castela. Foi assassinado, a 6 de Dezembro de 1383, por D. João, mestre de Avis e futuro rei de Portugal. A sua nefasta acção e de outros esbirros iberistas, em finais do século XIV, traduziu-se numa violenta guerra civil que só terminou quando os portugueses exterminaram os aliados de Castela.

A morte de Miguel de Vasconcelos exprime simbolicamente a afirmação da identidade cultural de um povo, cuja forte individualidade saiu reforçada após uma opressão de 60 anos. Este iberista, secretário do governo espanhol, ficou tristemente célebre pelo ódio que nutria pelos seus concidadãos. Em 1634 os portugueses tentaram-no matar pela primeira vez. Se o tivessem feito, muitas vidas teriam sido provavelmente poupadas. Na manhã de 1 de Dezembro de 1640, quando os portugueses restauraram a independência de Portugal, foi o primeiro a ser morto depois de o terem descoberto escondido dentro de um armário.  A acção deste e outros iberistas, entre 1580 e 1640,  traduziu-se numa brutal opressão da população portuguesa durante 60 anos. Após a morte deste esbirro, o povo português travou com a Espanha, durante 28 anos, uma sangrenta guerra na Europa e na América do Sul pela defesa da sua liberdade e dignidade. 

"A Morte do Conde João Fernandes Andeiro, pintura de A. J. S. Azevedo, Museu Nacional Soares dos Reis. Porto 

.

"Morte de Miguel de Vasconcelos", pintura. Centro Português de Santos - São Paulo. (Brasil).

"Morte de Miguel de Vasconcelos", painel de azulejos. Museu Militar de Lisboa.

.

É Legitimo Condenar à Morte Responsáveis por Crimes Contra a Humanidade ?

Os iberistas ao longo da história de Portugal, ao pretenderem criar um união contra natura com a Espanha, acabaram por provocar enormes divisões no povo português. A morte destes elementos foi assumida, pelos portugueses, como uma forma de evitar males maiores. Apesar dos crimes que cometeram terá sido legitima a sua morte ? A resposta não é consensual hoje em dia.

A longo da história da humanidade inúmeras vezes a questão tem sido colocada.

Será que o assassinato destas horríveis criaturas que provocaram a morte a milhares ou milhões de pessoas é justificável ? Ou pelo contrário, por maiores que tenham sido os seus crimes, nenhum ser humano tem o direito de lhes tirar a vida ?

Os italianos quando prenderam Mussolini deveriam terem-no encerrado numa prisão em vez de o matarem ? E se Hitler tivesse sido preso pelos aliados, estes deveriam terem-no condenado a prisão perpétua ou assassinado ?

Os vários atentados que estes ditadores foram alvo são condenáveis, mesmo sabendo muitas mortes que teriam sido evitadas se os mesmos tivessem sido bem sucedidos?

A pena de morte foi abolida em Portugal pela Lei de 1 de Julho de 1867.

.

Carlos Fontes

..

Iberismo e Iberistas: 

1. Novos Discursos   2.Desestabilização da Sociedade Portuguesa  3. Decadência   4. Imprensa  5. Ingerências Externas. 6. Morte de Iberistas  7. Traição à Pátria  8. Alianças Políticas.  9. Imagem de Portugal. 10.  Oliveira Martins - Ideólogo do Iberismo  11. Olivença  12. Bibliografia

Para saber mais:

Tradição Totalitária e Xenófoba Espanhola

Misérias da Emigração Portuguesa em Espanha

 

   

Editorial | lAngola | Brasil | Cabo Verde | Guiné-Bissau  | Moçambique | Portugal | São Tomé e Príncipe | Timor |  | Contactos

Para nos contactar: