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Ingerências Externas em Portugal

 

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As tentativas de ingerências externas não são novidade em qualquer país, Portugal não é excepção. 

A Espanha no plano internacional, continua a constituir a principal ameaça à sua segurança colectiva dos portugueses. Com excepção deste país, em quase 900 anos de história, só a França representou num dado momento histórico uma idêntica ameaça. A verdade é que mesmo neste caso, quando a França invadiu Portugal, em 1807, foi a Espanha que iniciou as hostilidades e deu apoio ao franceses nesta operação.

O balanço das tentativas ingerência espanholas e francesas acabaram por se traduzir sempre em humilhantes derrotas militares. É por esta razão, que o ditador espanhol Francisco Franco, em 1939, quando a falange lhe propõe a invasão de Portugal recusa a ideia. No ano seguinte, ainda faz planos para uma rápida invasão, mas acaba por desistir ao perceber que não pode contar com o apoio da Alemanha. A história dava-lhe suficientes lições do que lhe podia acontecer. 

A partir do século XIX, a Espanha, a ingerência espanhola nos assuntos portugueses assentou  sobretudo na divisão interna de Portugal através do apoio a movimentos políticos fracturantes. Durante a primeira metade do século XIX, financiou  e apoiou os absolutistas contra os liberais. Depois da implantação da República (1910) apoiou as incursões monárquicas que pretendiam derrubar o novo regime. 

Há todavia uma forma de ingerência mais antiga e que se tem revelado mais sistemática: a criação de um movimento iberista. Na verdade, desde 1640, que os espanhóis nunca o deixaram de financiar e apoiar.    

A Quem Serve o Iberismo ?

A Espanha sabe que a ideia de uma união com Portugal é algo contra natura. Sabe também que se algum dia a questão se colocasse, os iberistas seriam de imediato eliminados. Sabe igualmente que o iberismo sempre foi em Portugal, uma manifestação patológica de indivíduos, sem apoio social, que na maioria dos casos sofrem de perturbações mentais, nomeadamente problemas de identidade.

Sabendo isto, porque tem insistido na criação de um movimento iberista em Portugal ? Qual é a importância estratégica destes traidores ? Que serviço lhe prestam ?

Ao longo da história é fácil de perceber que para a Espanha a existência de um hipotético movimento iberista em Portugal serve os seguintes objectivos: 

 

a) Argumento nacionalista espanhol contra os separatistas catalães e bascos.  

A propaganda iberista assenta numa argumentação falaciosa: Um punhado de iberistas é identificado com todo o povo português. O seu desejo de acabarem com Portugal, é a prova provada de que todos os portugueses reconhecem que foi um erro histórico a sua independência em 1128. A partir deste bando de alienados retiram a conclusão que todo o povo português está disposto a cometer uma loucura colectiva,  tornando-se espanhol. 

Este argumento falacioso é depois difundido em Espanha, de modo a tornar ridículas as  pretensões à independência dos bascos e catalães. Nesta lógica, na verdade deixaria de fazer sentido quererem separarem-se de Espanha, quando os próprios portugueses pretenderiam tornar-se espanhóis. 

O povo basco, assim como o catalão não se deixam iludir por esta propaganda espanhola, e continuam a lutar pela independência. 

1. A nação basca (Euskadi), antigo reino de Navarra, está hoje repartida entre a França e a Espanha. Desde finais do século XIX que existe aqui um forte movimento defensor da independência, baseado na existência de uma língua e cultura milenares, fortes raízes étnicas de uma parte da população, que manifesta uma enorme aversão aos espanhóis. 

A resposta espanhola a este movimento tem sido brutal, nomeadamente durante a Guerra Civil (1936-1939), quando populações inteiras de povoações bascas foram massacradas de forma indiscriminada. 

Em 1959 foi fundada a ETA (Euskadi Ta Askatasuna,  Pátria Basca e Liberdade), que dez anos depois inicia uma sangrenta luta armada que até 2009 resultou na morte de 828 pessoas, e na perda de 200 activistas. O luta armada tem assentado numa estratégia de terror, com recurso sistemático à utilização de carros-bomba,  violência urbana e assassinatos selectivos por toda a Espanha. 

Diversos governos nacionalistas do país basco têm vindo metodicamente a preparar as condições para uma futura cisão política com a Espanha. 

2. A nação catalã, antigo reino de Aragão, desde o século XVII que luta pela sua separação da Espanha. No século XX, este movimento foi por diversas vezes reprimido: o ditador Primo de Rivera (1923-1927) proibiu o uso do catalão e todas as manifestações públicas de afirmação da cultura catalã. A ditadura de Francisco Franco (1939-1975) prosseguiu de forma brutal esta repressão. Depois da queda do Franquismo, o movimento pró-independência tem vindo a ganhar cada vez mais força no plano político. A língua catalã tem sido incentivada, senão mesmo imposta na região, assim como os grandes símbolos separatistas. 

Um dos casos mais conhecidos desta afirmação separatista da Catalunha é o próprio FC Barcelona. Foi fundado em 1899, por um suíço, para "celebrar os catalães e seu sonho de independência". Uma chama que este clube de futebol procura alimentar. Ao contrário dos bascos, os catalães tem procurado obter a sua independência por via pacífica.

Esta luta ultimamente  tem aumentado de intensidade, nomeadamente com a realização de referendos locais, onde tem ganho o movimento favorável à independência.

Face a este panorama de desagregação política interna da Espanha, percebe-se a razão mais profunda do investimento do estado espanhol na promoção de ideias iberistas em Portugal. O seu objectivo político é descredibilizar internamente a luta dos separatistas catalães e bascos. Estamos em todo o caso, perante um grave ingerência externa na sociedade portuguesa tendo em vista instrumentalizar um bando de alienados para os exibir em acções propagandísticas internas.

b )  Interesses Catalães e Bascos.  

A difusão das teses iberistas não têm deixado de servir os interesses dos bascos e dos catalães, embora por motivos muito diferentes. 

Catalães. Desde o século XIX, que na difusão das ideias iberistas se tem destacado diversos esbirros catalães, tais como Sinibald de Mas, e actualmente esbirros como Josep Lluis Carod-Rovira, etc. A explicação para este facto, dever-se-ia ao facto de muitos catalães ao reconhecerem que são incapazes de fazerem frente à hegemonia dos castelhanos, imaginarem que o poderiam fazer caso Portugal estivesse integrado na Espanha. A população portuguesa, com a sua forte individualidade, voltaria a fazer frente às forças centrifugas de Madrid, lançando a Espanha num caos, contribuindo para a sua desagregação e decadência como o fez no século XVII. 

Bascos. Os bascos em relação à difusão do iberismo em Portugal tem uma posição que os aproxima dos ingleses. O principal impacto do iberismo é exacerbar no povo português os sentimentos nacionais anti-castelhanos, abrindo espaço para uma maior simpatia pela causa basca e outros movimentos separatistas em Espanha. Da simpatia ao apoio logístico vai um passo, como ocorreu no século XVII, quando Portugal se tornou numa base de apoio à revolta da Catalunha. 

Reacções previsíveis. O fenómeno de simpatia/apoio de portugueses a movimentos separatistas nada tem de novo, ocorreu diversas vezes em Portugal desde o século XV, sempre que houveram tentativas de união peninsular. Tratou-se quase sempre de acções levadas acabo por portugueses patriotas que entendiam que dessa forma estavam a defender o país de possíveis ingerências espanholas.

Não deixa de ser curioso que esta última campanha iberista (iniciada em 2002), tenha sido acompanhada pela acusação por parte das autoridades espanholas da existência em Portugal estruturas de apoio logístico à ETA (Público, 27/8/2007). 

O iberismo acabou sempre por fomentar a criação em Portugal de bases de apoio ao terrorismo em Espanha. Dois exemplos recentes. No dia 10/1/2009, são presos dois etarras em Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa. Pouco depois, no principio de Fevereiro a polícia descobriu uma casa em Óbidos, onde a ETA preparava centenas de quilos de explosivos para atentados em Espanha. A criminosa propaganda iberista, apoiada pelo estado espanhol, é a arma mais poderosa para a sua própria desintegração. 

c) Um devaneio imperialista da direita espanhola que desde 1640, ainda continua a sonhar com uma Península Ibérica sob o domínio de Madrid.  

A Espanha surgiu, em 1492, a partir da destruição de vários reinos, povos e culturas que existiam na Península Ibérica. Está inscrito no seu código genético uma matriz racista e totalitária de que ainda não se livrou (consultar). Esta matriz foi depois aplicada na América, tendo resultado no extermínio inúmeros povos e culturas (cerca de 70 milhões de mortos).

O Império Espanhol que no final do final do século XVI dominava o mundo, incluindo Portugal, não concebia nem admitia a diversidade. A restauração Independência de Portugal, em 1640, constituiu um verdadeiro trauma para a Espanha, ditando a sua decadência. O império espanhol não tardou a começar a desfazer-se. A ideia de recuperar Portugal nunca foi abandonada por bandos de paranóicos espanhóis, que sonham com um poder hegemónico espanhol no extremo ocidental da Europa. A última grande tentativa ocorreu no final do século XVIII, conduzindo Portugal e a Espanha para a ruína (consultar).  

Em 1898 quando os EUA correram com os espanhóis de Cuba e das Filipinas, muitos espanhóis passaram a  sonhar com a reconstituição de um Império reduzido à sua dimensão ibérica. 100 Anos depois, durante a Exposição Mundial de Lisboa, em 1998, a Espanha não encontrou nada melhor para se apresentar ao povo português e ao mundo do que evocar a entrada de Filipe II em Lisboa. Um facto que assinalou o domínio espanhol de Portugal entre 1580 e 1640. 

 

d)  O iberismo é um factor de desmoralização dos portugueses e de descrédito internacional do país.  

A propaganda iberista serve objectivamente os interesses do Estado Espanhol,  pois mina a credibilidade externa do Estado português, dado que o seu futuro é posto em causa. Não deixa também de minar a confiança dos portugueses no seu futuro colectivo, estimulando a falta de respeito por si próprios e os outros, contribuindo para se instalar um ambiente interno de abandono e de desleixe, o que facilita a penetração dos capitalistas espanhóis em áreas estratégicas da economia. 

 

e )  Interesses Franceses

A integração de Portugal na Espanha diminuiria a influência da Inglaterra e dos EUA na Península Ibérica. Ao contrário de Portugal, a Espanha e a França têm um contencioso histórico com estes países. 

 

f ) Interesses Ingleses.

A Inglaterra tem interesse igualmente na difusão do iberismo em Portugal, mas por razões diferentes da Espanha e França. Na verdade, a Inglaterra sabe que quanto mais forem difundidas as ideias iberistas, maior será a reacção dos portugueses a uma aproximação da Espanha. Os sentimentos nacionalistas não tardarão a despertar, provocando mais divisões do que aproximações entre os povos. A última onda iberista conduziu Portugal para uma mudança de regime e a implantação de uma ditadura anti-espanhola.  

É por todas estas razões que o iberismo deve ser considerado não apenas uma ofensa ao povo português, mas um crime lesa pátria.

O Super - Estado Ibérico

No intimo de cada Zé Ninguém existe um desejo de vingança por todos aqueles que teimam em ser livres. Ele não tem forças para lutar, por isso no intimo deseja reduzir todos à sua condição de impotentes. A energia que lhe resta é canalizada na procura de quem lhe satisfaça o seu desejo de vingança. Alguém que oprima os outros e o oprima a ele também. Wilhelm Reich mostrou como os impotentes e frustrados deste mundo levaram Hitler ao poder. O medo de serem livres tornou-os orgulhosos de serem escravos.

Os iberistas em Portugal são melhor expressão da mentalidade dos Zés Ninguém. Nas épocas de crise em que o país mais carece do trabalho e iniciativa dos seus cidadãos, o iberista apela à demissão, ao abandono. Nada os satisfaz, nem encontra nada de positivo à sua volta. A sua revolta leva-os a aliarem-se com todos aqueles que conspiram para destruir Portugal.

Quando se pergunta a um iberista o que é que ele fez para modificar as situações que identificou com erradas ?. Quais foram os seus contributos concretos para melhor a situação da comunidade onde vive ?  A resposta é NADA !

O Iberista como o Zé Ninguém, estudado por Wilhelm Reich, nada faz de positivo pela comunidade em que vive, espera apenas um salvador, um chefe, um Estado forte que o compense da sua impotência orgástica e das suas frustrações.  

As suas ideias resumem-se a propor a dissolução do Estado português, num Estado Ibérico pretensamente mais forte. O iberista, no fundo odeia-se a si próprio, gostaria de se aniquilar só que não tem forças para o fazer, por isso só lhe resta esperar que outros o façam. 

Na perspectiva iberista a Suiça devia de dissolver-se na Itália, a Bélgica na França, a Holanda na Alemanha, a Finlândia na Rússia, etc. , pois só os grandes estados tem sentido de existir.

Os Zés Ninguém tornam-se assim, como Wilhelm Reich demonstrou, obreiros instrumentalizados da criação de regimes totalitários.   

Bibliografia Recomendada:

- Wilhelm Reich, Psicologia de Massas do Fascismo. Lisboa. P.D.Q. 1976

- Wilhelm Reich, Escuta, Zé Ninguém !. Lisboa. P.D.Q. 1975

- Wilhelm Reich, A Função do Orgasmo. Lisboa. P.D.Q. 1975

- Wilhelm Reich, Análise de Carácter. Lisboa. P.D.Q. 

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Propagada Iberista Espanhola nos Últimos Dez anos

Carlos Fontes

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Para saber mais:

Tradição Totalitária e Xenófoba Espanhola

Misérias da Emigração Portuguesa em Espanha

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