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Iberismo e Iberistas 

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Comunistas e Monárquicos Iberistas

Com o fim da ditadura e do Império Colonial (1974/1975) gerou-se na sociedade portuguesa alguma inquietação sobre o futuro do país, dado que durante séculos se havia difundido a ideia que não poderia sobreviver sem o Império. É neste contexto de alguma indefinição que vão emergir dois pequenos grupos de iberistas oriundos de duas áreas políticas aparentemente muito distintas: os monárquicos e os estalinistas.

Monárquicos. Os monárquicos eram após o 25 de Abril de 1974 um grupo político inexpressivo, algo folclórico. A maioria não tem dúvidas que Portugal jamais regressará a um regime monárquico. A forma que encontraram para divulgar as ideias monárquicas foi porem-se a enaltecer o regime monárquico espanhol, fazendo uma activa propaganda da sua família real, casamentos, baptizados, etc. A idiotice desta ideias rapidamente lançou estes monárquicos no desespero. Uma coisa é a coscuvilhice outra a política. Na década de 80 entre eles emerge um bando de iberistas que se reclamam do pensamento de Oliveira Martins e António Sardinha, acabando a defender a União Ibérica como a derradeira tentativa de re-implantar em Portugal um regime  monárquico. A um disparate juntam outro.  

Estaline e Mao. Durante dezenas de anos, alguns dos actuais iberistas, idolatraram estes ditadores.    

 

Comunistas. Entre os membros do Partido Comunista Português (PCP) vai emergir outro dos aberrantes grupos iberistas. A esmagadora maioria tem um passado de convictos estalinistas, ligados à linha mais ortodoxa do partido (estalinista). Durante anos dedicaram-se defender a URSS e a ditadura do proletariado. Impressionava-os a sua grandeza da URSS, o poderio do Estado Soviético e a força do seu partido. Era-lhes absolutamente indiferente que a URSS tenha sido construída sobre inúmeros massacres de milhões pessoas e a negação da identidade cultural de muitos povos. Estes estalinistas mantiveram um silêncio cúmplice perante o esmagamento da revolta do povo da Hungria (1956) ou o da Checoslováquia (1967).

 

Lopes Graça. Conhecido musicólogo português e membro do PCP. Viveu grande parte da sua vida durante a ditadura. O facto de nunca poder assumir, em público, a sua homossexualidade deixou-o psicologicamente perturbado, passando a alimentar uma profunda aversão à sociedade portuguesa da sua época. Assumiu o fim de Portugal como um processo de libertação dos seus próprios traumas, aderindo a ideias totalitárias. Em 1976 foi condecorado com a Ordem da Amizade dos Povos pelo Soviete Supremo da URSS.

 

Em 1982, no auge da propaganda iberista, numa entrevista ao "Jornal de Letras" afirma que "a separação de Portugal de Espanha foi um erro histórico". Propondo como solução política: "uma federação, tal como a federação dos povos soviéticos, cada um com a sua personalidade, mas com um projecto social, político e económico comum."  O modelo totalitário da ex-União Soviética era a sua principal fonte de inspiração política, aproximando os comunistas das teses iberistas assentes numa matriz igualmente totalitária. 

José Saramago. Nos anos oitenta, quando a URSS se desfazia e Portugal se interrogava sobre o seu futuro, alguns comunistas (estalinistas) começaram a transformarem-se em iberistas.  Um dos expoentes máximos deste tipo de iberistas é o notável escritor José Saramago  (Prémio Nobel). 

O seu percurso ideológico é comum a outros iberistas. Filho de um GNR (Guarda Nacional Republicana), uma força repressiva da ditadura em Portugal, durante a infância e adolescência militou na Mocidade Portuguesa (Juventude Fascista durante a ditadura), converteu-se depois ao comunismo, militando no PCP, onde era conhecido pelas suas posições ortodoxas (estalinistas). Durante os anos conturbados de 1974/1975, à frente do jornal "Diário de Notícias" (1975), tornou-se conhecido como inquisidor-mor (censura, saneamento de jornalistas, etc). Após se casar com uma espanhola e ir viver para Espanha, passou a defender abertamente a auto-dissolução de Portugal. Publicou neste país e só para espanhóis lerem um ensaio intitulado "Sobre o meu Iberismo" (1990). Talvez por temer as reacções dos portugueses este admirador confesso do ditador cubano Fiel de Castro, nunca autorizou a sua tradução para português. 

Saramago, desfruta presentemente de alguma fama internacional, fala de forma tão arrogante que parece que todos lhe devem a existência, revelando sinais crescentes de insanidade mental.

Os Iberismos de Saramago

No ano que Portugal entrou para a União Europeia (então CEE), em 1986, José Saramago escreve o romance "Jangada de Pedra". A obra reflecte uma visão isolacionista e reaccionário sobre Portugal e as suas relações internacionais. Com base numa metáfora propõe que o país se afaste da Europa e do contacto com outros povos europeus, formando com a Espanha uma ilha perdida no Oceano Atlântico a caminho do Árctico. 

Vinte anos depois, numa "carta aberta" que publicou no Jornal de Letras, a 4 de Junho de 2006, abordando a questão da integração de Portugal na Espanha, escreve: "Especulo, porque pessoalmente não estou a favor nem contra, mas digo-vos que até poderia ocorrer que, como Estado Federado ao lado da Espanha, o país adquirisse uma importância que agora não tem". No dia 15 de Julho de 2007, o jornal Diário de Notícias, publica mais algumas das suas insultuosas afirmações: Portugal vai tornar-se em breve numa província de Espanha, não porque os portugueses o queiram, mas porque é melhor para eles. Quem o diz é este iluminado comunista que depois da 2ª. Guerra Mundial defendeu o extermínio de povos pela antiga União Soviética.

Perante estas declarações Marx e Engels não teriam dúvidas em afirmar que estamos perante um alienado social. Um individuo que renegou as suas raízes nacionais, mostrando-se indiferente perante os sentimentos e as convicções nacionais dos seus concidadãos.

W. Reich diria provavelmente que se trata de mais um "Zé Ninguém" marcado no passado por uma educação autoritária, um partido repressivo e castrador, e que, no presente, vive um grave problema de impotência orgástica. O resultado é um Zé Ninguém revoltado contra tudo e todos, que busca encontrar um chefe e aspira a diluir-se num grande Estado. Os que o conhecem, dizem apenas que com o avançar da idade se foi tornando cada vez mais reaccionário, derrotista e que projecta actualmente no país à sua própria imagem de decadência. Não admira que tenha recuperado um tema recorrente no século XIX, o da Decadência de Portugal.

 

Pina Moura/Mário Lino. Quando o Bloco Soviético mostrava evidentes sinais colapso, a partir de 1989, muitos  estalinistas saíram do PCP aderiram ao PS e ao PSD, tornando-se acérrimos defensores da economia de mercado (capitalismo), tendo alguns ascendido a elevados cargos políticos nos respectivos partidos. Um  punhado destes ex-comunistas não tardaram a confessarem as suas convicções iberistas. Uns fizeram-no enquanto eram ministros (Mário Lino), outros mal saíram do governo colocaram-se de imediato ao serviço de empresas espanholas em sectores que estavam a seu cargo quando exerciam funções ministeriais (Pina Moura). 

A matriz estalinista (totalitária)  é em tudo idêntica à iberista, razão pela qual a transição do comunismo para o iberismo seja tão fácil.

Escola de Alienados ? 

A banalidade até assusta. A partir dos anos 80 tornou-se banal ver em todo o mundo comunistas e ex-comunistas renegarem os seus ideais que durante anos apregoaram. Na sua quase totalidade converterem ao neoliberalismo passando a defender um sistema capitalista selvagem, onde os princípios mais elementares dos direitos humanos são ignorados. Um grande número dedicou-se a vender os seus concidadãos, criando máfias que controlam redes internacionais de traficantes de seres humanos e drogas. Em Portugal, um pequeno grupo tenta inclusive vender a sua própria pátria (iberistas). A mentalidade é a mesma.

Estas bizarras conversões não são novas. Recordemo-nos que no final da Iª. República (1910-1926), destacados membros do Partido Comunista Português se haviam também convertido ao fascismo e ao catolicismo mais retrógrado. José Carlos Rates, fundador e primeiro Secretário-Geral do PCP, aderiu em 1931 à União Nacional (organização fascista da ditadura salazarista.  

Carlos Fontes

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Iberismo e Iberistas: 

1. Novos Discursos   2.Desestabilização da Sociedade Portuguesa  3. Decadência   4. Imprensa  5. Ingerências Externas. 6. Morte de Iberistas  7. Traição à Pátria  8. Alianças Políticas.  9. Imagem de Portugal. 10.  Oliveira Martins - Ideólogo do Iberismo  11. Olivença  12. Bibliografia

Para saber mais:

Tradição Totalitária e Xenófoba Espanhola

Misérias da Emigração Portuguesa em Espanha

Invasões Franco-Espanholas (1801-1813)

   

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