Carlos Fontes

 

 

 

ANGOLA

 

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Racismo em África

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  O tema do racismo é omnipresente em todo a parte. Os africanos acusam outros povos de racismo, sendo por sua vez acusados de discriminarem outros povos

Em Angola, a julgar por múltiplos testemunhos, as principais vítimas são os portugueses brancos, os "Tugas". Eles carregam o passado de antigos colonizadores e escravocratas, sendo amiúdo acusados de não respeitarem as leis do país, de se estarem a apoderar das suas riquezas, etc. 

Os burocratas do Estado aproveitam todas as ocasiões para se vingarem dos "tugas" dificultando-lhes a vida, por exemplo, na instalação e desenvolvimento das suas empresas. Todos pretextos servem para lhes darem uma lição: a "carta de condução" de um jogador (Mantorras) em Portugal, a interdição dos aviões da "Taag" voarem no espaço da União Europeia, atrasos na concessão de vistos em Luanda , etc.

Uma das manifestações racistas mais chocantes do Estado angolano está na obrigatoriedade de nos Bilhetes de Identidade dos seus cidadãos constar a menção da cor da pele. Desta forma as autoridades pretendem controlar quem entre eles são brancos, onde nasceram e moram, assim como a sua percentagem na população (2007). 

O fenómeno nada tem de novo, aconteceu o mesmo em todas as colónias que se tornaram independentes. Faz em geral parte de um processo de afirmação da identidade nacional de qualquer jovem país, onde existe a necessidade psicanalítica de matarem o Pai (a antiga potência dominante). 

Na Guiné-Bissau, por exemplo, em 1975, não foram só os brancos (portugueses) a serem discriminados, mas também os negros mais claros, identificados como caboverdianos,  os "BURMEDJOS", que foram sistematicamente discriminados e excluídos até à ruptura que se deu em 1980.

Em Moçambique, onde a transição foi mais "pacífica", ainda hoje não é fácil ter a pele de cor branca ( consultar ).

Em muitos países africanos os brancos foram literalmente expulsos das terras onde nasceram e queriam viver, pelo simples facto de serem brancos e carregarem a culpa colectiva da sua cor de pele. 

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Exemplo Brasileiro

Quando o Brasil se tornou independente, em 1822, embora o novo país continuasse a ter à sua frente membros da família real portuguesa até 1889, a verdade é que os portugueses que chegaram depois da Independência foram alvo de múltiplas manifestações racistas por parte dos seus concidãos que haviam adoptado a nacionalidade brasileira.

Eles foram identificados com o passado colonial, e muitos demagogos virarem contra eles os estratos mais baixos da população brasileira para os espoliarem.

Passada a fase da demagogia, os emigrantes portugueses no Brasil passaram a ser invariavelmente retratados como estúpidos através de anedotas e piadas muito populares neste país.  (consultar: O "Português" nas piadas brasileiras e Os "portugueses" nas telenovelas brasileiras ).

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  Apesar de tudo, nos últimos anos os discursos racistas em Angola tem vindo a perder a sua violência retórica, o que poderá significar que a demagogia está a perder terreno e a sociedade angolana está agora mais aberta à diferença e ao contributo de outros povos para o seu desenvolvimento. O número de residentes chineses, em 2007, ultrapassou largamente o de portugueses. 

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Símbolos do Racismo Africano

O racismo está longe de ter sido apanágio dos ditadores europeus como Napoleão Bonaparte (França), Adolfo Hitler (Alemanha) ou os brancos racistas da África do Sul. A partir de finais dos ano 50 do século XX, o discurso da negritude e a luta contra os colonialismo acabou por produzir em África uma significativa série de ditadores racistas e sanguinários. Grande parte da sua popularidade advinha-lhes da forma como fomentavam o ódio aos brancos e os identificavam sumariamente como racistas e colonialistas. Um discurso que servia depois para os espoliar, numa versão similar usada por Hitler com os judeus. O resultado foi a barbárie e a pobreza.

Mobutu Sese Seko Nkuku wa za Banga (República Democrática do Congo, ex-Zaire). Entre 1965 e 1997, a luta contra os brancos foi muitas vezes utilizada para os espoliar. Mobutu, o "Grande Leopardo" acumulou fora do Zaire uma enorme fortuna, mas atrás de si deixou um povo dividido, empobrecido apesar das suas colossais riquezas naturais. Morto um ditador outro se lhe seguiu (Laurent-Désiré Kabila).

As encenações imperiais de Bokassa ao mesmo tempo arruinavam a República Centro Africana, enriqueciam as empresas ocidentais que as produziam. 

Jean-Bédel Bokassa ( República Centro Africana). Entre 1966 e 1979, quando foi derrubado este auto-proclamado Imperador, afirmando-se entre outras coisas como o 13º. Apóstolo. Os seus apoiantes deliravam quando humilhava os brancos. Entretanto a população deste país ía sendo morta e roubada. Bokassa acumulou como a maioria dos ditadores, uma enorme fortuna fora no estrangeiro.

Idi Amin Dada (Uganda). Durante oito anos(1971-1979) transformou o Uganda numa barbárie. Começou por expulsar e humilhar os brancos, para depois chacinar tribos inteiras e executar em massa os seus opositores. Estima-se que mais de 300 mil pessoas tenham sido mortas.

Ahmed Sékou Touré (Guiné-Conakry). Entre 1958 e 1984, com o apoio da antiga União Soviética instala regime de ódio contra os brancos, que termina na chacina do povo. Derrubado o ditador, outro se lhe seguiu.

Robert Mugabe (Zimbabué) O mais mediático dos ditadores africanos em funções. 

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Carlos Fontes

 

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