Breve Cronologia
Histórica Cronologia
Antes dos Portugueses
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Alguns achados arqueológicos permitem supor que a ilha fosse povoada desde o
Paleolítico por espécies anteriores ao homo sapiens. No Neolítico
(c.3.500 a.C.) a civilização do machado oval foi introduzida talvez pela raça
papua-melanésia. Cerca de 2.500 a.C. surge a civilização neolítica mais avançada,
com a raça proto-malaia, a que parece remontar a actual cultura timorense.
Houve depois outras vagas de povos, registando-se influências indianas e
chinesas. A influência mais nítida contudo a malaia, fazendo-se sentir na
lingua, no traje, na culinária e nas técnicas de navegação e pesca dos povos
ribeirinhos.
1512-1514
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É incerta a datada chegada dos portugueses a Timor, terá ocorrido durante a
expedição da armada do vice-rei da Índia, Afonso de Albuquerque, que
conquistou Malaca (1511) e as Ilhas Molucas (1512-1515).
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Timor já figura nos mapas do piloto-cartógrafo Francisco Rodrigues, desenhados
em 1512. Em 1514, escrevendo de Malaca, Rui de Brito informa que timor, ilha além
de Java, tem muito muito sândalo, mel e cera. Nos anos
seguintes a ilha foi visitada por naus portuguesas para buscar sândalo. Os
portugueses limitam-se numa primeira fase a frequentar sazonalmente as costas, a
mercandar sândalo.
1561
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Missionários portugueses dominicanos estabeleceram-se primeiro nas ilhas de
Solor e Flores, passando depois para a vizinha ilha de Timor, fazendo numerosas
conversões ao catolicismo. O primeiro reino convertido foi o de Mena, no Servião
(perto de Oé-Cussi), onde em 1590 já havia uma igreja. As missões de Solor e
Timor ficaram foram até 1834 confiadas a estes frades, na dependência dos
Bispos de Malaca. Para defesa das missões e dos interesses dos portugueses, os
missionários ergueram um forte em Solor, cuja capitania foi confiada a
fidalgosportguses idos de Goa.
1595
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Os holandeses aparecem na região. Fugindo aos ataques dos Holandeses, a
capitania de Solor foi sucessivamente transferida para Larantuca, nas Flores
(1613), para Cupão (1646), na parte ocidental de Tmor e depois para Lifau, em
Oé-Cussi.
1633
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Os holandeses conquistam as possessões portuguesas no arquipélago, com excepção
de excepto Timor Oriental.
1636
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Uma frota da Companhia Holandeza das Indias Orientais invade Solor, ocupa o
forte dos dominicanos, expulsando da ilha os frades portugueses que se refugiam
em Timor. Começa então um longo período de guerras contra os portugueses,
agravada com a perda de Malaca em 1641. Os bispos desta cidade, cuja diocese
incluia a Insulíndia, passam a ter residência em Timor, até à extinção do
bispado no século XIX.
1651
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Os holandeses atacam Timor, instalando-se definitivamente na parte ocidental da
ilha. Em 1661, Portugal conclui com a Holanda um tratado em que lhe são
devolvidas as ilhas de Solor e Flores, a troco do reconhecimento da soberania
holandesa sobre Cupão (Kupang).
1701
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É formalmente criado o cargo de governador de Timor. Na prática a administração
portuguesa do território estivera até então confiada aos dominicanos. O
terceiro governador do território -António Coelho Guerreiro -, foi o primeiro
a estabelecer os rudimentos de uma verdadeira administração pública no território.
Os reinos em que Timor se encontrava dividido passam a pagar uma finta ou
tributo á Coroa, imposto que se manterá até ao fim do século XIX. Em caso de
guerra fornecem também ao governador os seus arraiais de tropas.A hierarquia
feudal nativa é integrada na hierarquia portuguesa, recebendo os régulos (os
chefes dos reinos) a patente de coronel, os chefes de suco a de major, os de
povoação a de capitão.
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Ao longo do século XVIII reacedem-se as revoltas contra os portugueses, em
grande parte instigadas pelos holandeses. Partindo de Cupão (Kupang), os
holandes acabam por tomar metade da ilha de Timor, cercam Lifau, obrigando o
governador a transferir em 1769 a capital para Dili, na província dos Belos.
1834
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Com o inicio das lutas liberais em Portugal, Timor cai num progressivo estado de
abandono, devido à falta de missionários e à concorrência comercial
holandesa.
1850
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Timor torna-se numa província portuguesa autónoma da de Macau, com governador
próprio.
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Com as exportações de sândalo para a China em declínio devido à concorrência
britânica, em meados do século são introduzidas no território as plantações
de café, que desde então se torna a principal exportação.
1859
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Após inúmeros conflitos diplomáticos, Portugal que entretanto vendera à
Holanda os estabelecimentos de Solor e Flores (1851), estabelece com estes país
os limites exactos dos territórios que ocupa em Timor (20/4/1859).
1912-1913
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Ocorre a mais célebre das rebeliões contra a presença de Portugal, foi
liderada por Dom Boaventura de Munafahi, um "Luirai" (régulo) local
(1912-1913).
Anos
Trinta
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Salazar transforma Timor num local de degredo para os oposicionistas ao regime.
1941-1945
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Durante a II Guerra Mundial Timor é ocupado por tropas australianas e
holandesas, e depois pelos japoneses (Fevereiro de 1942) que fazem dezenas de
milhares de mortos. Derrotado o Japão pelas forças aliadas, em Setembro de
1945, é reposta a administração portuguesa.
1949
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Depois da proclamação da República dos Estados Unidos da Indonésia, a parte
ocidental de Timor faz parte deste novo país.
1974
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Aparecem em Timor as primeiras organizações políticas, aproveitando as condições
de liberdade ocorridas depois do 25 de abril de 1974, com a queda da Ditadura em
Portugal. A UDT defende um processo gradual de independência. A FRETILIM a
indepência imediata. A APODETI bate-se pela integração na Indonésia.
Inicia-se um processo de ferozes lutas políticas.
1975
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Não param de agudizarem-se as lutas políticas em Timor. A FRETILIM, a 11 de
Março exige ser considerada a única representante do Povo, rompendo com o diálogo
com as outras forças políticas. A UDT a 11 de Agosto tenta um golpe de Estado,
contra a qual a FRETILIM proclama a insurreição geral armada em 17 de Agosto.
Grande parte da unidades do exercito português colocam-se a partir de 20 de
Agosto sob as ordens do Comité Central da FRETILIM. O Governador português
abandona Díli e refugia-se na Ilha de Atauro. A FRETILIM, chefiada pelo por
Nicolau Lobato controla grande parte do território, e a 28 de Novembro declara
a independência, criando a República Democrática de Timor Leste. O novo
Estado é apenas reconhecido por alguns países africanos de expressão
portuguesa.
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A Indonésia, com o apoio dos EUA, e alegando um pedido de intervenção de
timorenses, a 7 de Dezembro, invade o território provocando nos primeiros
quatro anos mais de 200.000 vítimas e milhares de refugiados (6.000 refugiam-se
na Australia, cerca de 1.500 em Portugal).
1976
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Arnaldo Araújo, antigo colaborador dos japoneses e lider da APODETI, é nomeado
pela Indonésia, chefe do "Governo Provisório de Timor Loro-Sa`e". A
31 de Maio promove em Dili uma "Assembleia Popular" destinada a pedir
por "unanimidade", a integração de Timor na Indonésia. A 17 de
Agosto, após alteração da Constituição para permitir a anexação, o
Governo Indonésio declara Timor Leste (Timor Timur) a 27ª. província da Indonésia.
Esta anexação não é reconhecida por Portugal, nem pela ONU, o que não
impede que muitos países o façam.
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Portugal começa um lento processo de pressão junto da comunidade internacional
para que seja garantido o direito à autodeterminação do povo timorense.
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A resistência armada contra os indónesios estava ainda profundamente dividida.
A principal força armada é constituida pelas milícias da FRETILIM (as
Falintil) que a partir das montanhas desenvolvem uma permanente luta de
guerrilha contra o invasor.
1980
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A partir deste ano, a Diocese de Dili começa a denunciar o genocídio e a fome
criadas pela ocupação indonésia. As homílias e declarações de Mons.
Martinho Lopes, Administrador Apostólico da Diocese, tem grande audiência
interna e externa.
1981
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Xanana (José Alexandre) Gusmão passa a dirigir o Conselho da Resistência
Nacional. Em 1987, as FALINTIL são despartidarizadas e no ano seguinte é
criado o Conselho Nacional da Resistência Maubere. A Indonésia inicia a política
de "transmigração", instalando em Timor-Leste habitantes de outras
ilhas.
1989
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O Papa João Paulo II visita Timor, as manifestações a favor da independência
são brutalmente reprimidas.
1991
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Violento massacre levado a cabo pelas forças indonésias no cemitério de santa
Cruz (12/11). As imagens do massacre, divulgadas pelas televisões originam um
repúdio internacional e uma intensificação dos esforços pela libertação do
povo timorense.
1992
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Xanana Gusmão é preso (Novembro). Julgado em Maio do ano seguinte, é
condenado a prisão perpétua. Face às pressões internacionais o Presidente a
Indonésia reduz a pena para 20 anos.
1995
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Realiza-se na Austria o primeiro encontro intratimorense, sob os auspícios da
ONU, reunindo líderes pró-independência e pró-indonésia, para auscultação
de opiniões sobre o futuro do território. Enquanto se multiplicam os contactos
diplomáticos, a indonésia desenvolve a estratégia de contra-guerrilha
territorial tentando aniquilar as unidades das Falintil que resistem na
montanhas.
1996
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O bispo D. Ximenes Belo e o José Ramos -Horta recebem o Prémio Nobel da Paz. A
cerimónia, em que participam o Presidente da República de Portugal e chefes do
Estado e de Governo dos PALOPS e do Brasil, transforma-se em mais uma chamada de
atenção do mundo para a violação dos direitos humanos em Timor-Leste. D.
Ximenes Belo é acolhido em triunfo no regresso a Díli. Ao longo de 1997, a
Comissão de Direitos Humanos da ONU aprova uma resolução condenando Jacarta,
como resposta a Indonésia reforça a sua presença militar em Timor-Leste.
1998
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A Convenção Nacional Timorense Timorense na Diáspora, realizada em Portugal,
reune-se pela primeira vez todas as sensibilidades políticas opostas à Indonésia
e aprova uma Carta Magna que estabelece os contornos do futuro estado
independente. É criado o Conselho Nacional da Resistência Timorense.
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A Indonésia entre numa profunda crise económica. Em Maio de Suharto, o ditador
indonésio é forçado a demitir-se depois de meses de revolta popular. O novo
presidente indonésio, Iussuf Habbie inicia algumas reformas reformas democráticas.
1999
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Aproveitando a fragilidade do Governo Indonésio, Portugal pressiona-o para
obter rápidas concessões a favor da causa timorense.
Janeiro.
Portugal e a Indonésia abrem secções de interesses nas duas capitais
(Janeiro). 5
de Maio. Os ministros Jaimes Gama e Ali Alatas e o secretário-geral da ONU,
Kofi Annan assinam um acordo para realização de um referendo de autodeterminação
em Timor -Leste, sob a égide das Nações Unidas.
30
de Agosto. Apesar de todas as ameaças os resultados do Referendo são
inequívocos quanto aos desejos do povo timorense: 98,6% dos recenseados votam.
Os resultados anunciados a 4 de Setembro dão 78,5% a favor da Independência
e apenas 21,5% votam pela autonomia. As tropas indonésias e grupos de mílicias
pró-integração começam a destruir Timor-Leste, massacram a população e
deportam mais de 250.000 para parte ocidental de Timor e outras partes da Indonésia.
5
de Setembro. A situação é caótica em Díli. Há relatos falam de milhares de
mortos, incêndios, casas destruídas. Começam as manifestações por todo o país,
secundadas por uma grande actividade diplomática do governo português para uma
intervenção da ONU.
7
de Setembro. Xanama Gusmão é libertado.
10
de Setembro. D. Ximenes Belo chega a Portugal e encontra um país mobilizado
em torno da causa timorense. A 12 de Setembro milhares de portugueses e
timorenses manifestam-se em Madrid junto à Embaixada da Indonésia.
15
de Setembro. Face à pressão da opinião pública internacional, a ONU
aprova o envio para o território de uma força multinacional dotada destinada a
estabelecer a paz por todos os meios ( a Interfet, com 7 mil homens, comanda
pela Austrália).
20
de Setembro. A Interfect chega a Dili esvaziada dos seus habitantes. Cerca
de 250 timorenses são expulsos ou transferidos para a zona ocidental, sob
controlo indonésio, pelas milicias. A violencia faz entre mil a 2 mil mortos.
1
de Outubro Xanana Gusmão chega a Portugal e 22 de Outubro é
aclamado em Dili. Timor entra numa nova fase da sua história, conquistando o
direito de determinar o seu próprio destino como país independente.
19
de Outubro. O parlamento indonésio aceita o resultado da votação
timorense. 25
de Outubro. Criação de uma administração provisória da ONU apoiada por
cerca de 8 mil capacetes azuis.
2000
12
de Julho. O Conselho Consultivo Nacional aprova o primeiro gabinete de
transição formado por quatro representantes do Conselho Nacional da
Resistência Timorense e quatro personalidades internacionais designadas pela
ONU.
2001
20
de Abril. Uma investigação da ONU confirma que os mais mais altos
responsáveis do Exército indonésio prepararam e orquestaram, em 1999, o saque
de timor. 30
de Agosto. A Fretilim ganha 85 dos 88 lugares da nova Assembleia Constituinte,
durante o primeiro escrutínio democrático do território.
20
de Setembro.Novo Governo de transição dominado pela
Fretilim.
2002
14 de Abril. Xanana Gusmão é eleito
presidente com 82% dos votos.
20 de Maio. Ás 0 horas era proclamada a
República Democrática de Timor Leste. A administração do território passa
da ONU para Timor-Leste.
Carlos Fontes
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