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19 de Maio de 2002 (foto Reuter)

Crianças Timorenses festejam a independência

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Breve Cronologia Histórica

Cronologia

Antes dos Portugueses

- Alguns achados arqueológicos permitem supor que a ilha fosse povoada desde o Paleolítico por espécies anteriores ao homo sapiens. No Neolítico (c.3.500 a.C.) a civilização do machado oval foi introduzida talvez pela raça papua-melanésia. Cerca de 2.500 a.C. surge a civilização neolítica mais avançada, com a raça proto-malaia, a que parece remontar a actual cultura timorense. Houve depois outras vagas de povos, registando-se influências indianas e chinesas. A influência mais nítida contudo a malaia, fazendo-se sentir na lingua, no traje, na culinária e nas técnicas de navegação e pesca dos povos ribeirinhos.

 

1512-1514

- É incerta a datada chegada dos portugueses a Timor, terá ocorrido durante a expedição da armada do vice-rei da Índia, Afonso de Albuquerque, que conquistou Malaca (1511) e as Ilhas Molucas (1512-1515).

- Timor já figura nos mapas do piloto-cartógrafo Francisco Rodrigues, desenhados em 1512. Em 1514, escrevendo de Malaca, Rui de Brito informa que timor, ilha além de Java, tem muito muito sândalo, mel e cera. Nos anos seguintes a ilha foi visitada por naus portuguesas para buscar sândalo. Os portugueses limitam-se numa primeira fase a frequentar sazonalmente as costas, a mercandar sândalo.

 

1561

- Missionários portugueses dominicanos estabeleceram-se primeiro nas ilhas de Solor e Flores, passando depois para a vizinha ilha de Timor, fazendo numerosas conversões ao catolicismo. O primeiro reino convertido foi o de Mena, no Servião (perto de Oé-Cussi), onde em 1590 já havia uma igreja. As missões de Solor e Timor ficaram foram até 1834 confiadas a estes frades, na dependência dos Bispos de Malaca. Para defesa das missões e dos interesses dos portugueses, os missionários ergueram um forte em Solor, cuja capitania foi confiada a fidalgosportguses idos de Goa.

 

1595

- Os holandeses aparecem na região. Fugindo aos ataques dos Holandeses, a capitania de Solor foi sucessivamente transferida para Larantuca, nas Flores (1613), para Cupão (1646), na parte ocidental de Tmor e depois para Lifau, em Oé-Cussi.

 

1633

- Os holandeses conquistam as possessões portuguesas no arquipélago, com excepção de excepto Timor Oriental.

1636

- Uma frota da Companhia Holandeza das Indias Orientais invade Solor, ocupa o forte dos dominicanos, expulsando da ilha os frades portugueses que se refugiam em Timor. Começa então um longo período de guerras contra os portugueses, agravada com a perda de Malaca em 1641. Os bispos desta cidade, cuja diocese incluia a Insulíndia, passam a ter residência em Timor, até à extinção do bispado no século XIX.

1651

- Os holandeses atacam Timor, instalando-se definitivamente na parte ocidental da ilha. Em 1661, Portugal conclui com a Holanda um tratado em que lhe são devolvidas as ilhas de Solor e Flores, a troco do reconhecimento da soberania holandesa sobre Cupão (Kupang).

 

1701

- É formalmente criado o cargo de governador de Timor. Na prática a administração portuguesa do território estivera até então confiada aos dominicanos. O terceiro governador do território -António Coelho Guerreiro -, foi o primeiro a estabelecer os rudimentos de uma verdadeira administração pública no território. Os reinos em que Timor se encontrava dividido passam a pagar uma finta ou tributo á Coroa, imposto que se manterá até ao fim do século XIX. Em caso de guerra fornecem também ao governador os seus arraiais de tropas.A hierarquia feudal nativa é integrada na hierarquia portuguesa, recebendo os régulos (os chefes dos reinos) a patente de coronel, os chefes de suco a de major, os de povoação a de capitão.

- Ao longo do século XVIII reacedem-se as revoltas contra os portugueses, em grande parte instigadas pelos holandeses. Partindo de Cupão (Kupang), os holandes acabam por tomar metade da ilha de Timor, cercam Lifau, obrigando o governador a transferir em 1769 a capital para Dili, na província dos Belos.

 

1834

- Com o inicio das lutas liberais em Portugal, Timor cai num progressivo estado de abandono, devido à falta de missionários e à concorrência comercial holandesa.

 

1850

- Timor torna-se numa província portuguesa autónoma da de Macau, com governador próprio.

- Com as exportações de sândalo para a China em declínio devido à concorrência britânica, em meados do século são introduzidas no território as plantações de café, que desde então se torna a principal exportação.

 

1859

- Após inúmeros conflitos diplomáticos, Portugal que entretanto vendera à Holanda os estabelecimentos de Solor e Flores (1851), estabelece com estes país os limites exactos dos territórios que ocupa em Timor (20/4/1859).

 

1912-1913

- Ocorre a mais célebre das rebeliões contra a presença de Portugal, foi liderada por Dom Boaventura de Munafahi, um "Luirai" (régulo) local (1912-1913).

 

Anos Trinta

- Salazar transforma Timor num local de degredo para os oposicionistas ao regime.

 

1941-1945

- Durante a II Guerra Mundial Timor é ocupado por tropas australianas e holandesas, e depois pelos japoneses (Fevereiro de 1942) que fazem dezenas de milhares de mortos. Derrotado o Japão pelas forças aliadas, em Setembro de 1945, é reposta a administração portuguesa.

 

1949

- Depois da proclamação da República dos Estados Unidos da Indonésia, a parte ocidental de Timor faz parte deste novo país.

 

1974

- Aparecem em Timor as primeiras organizações políticas, aproveitando as condições de liberdade ocorridas depois do 25 de abril de 1974, com a queda da Ditadura em Portugal. A UDT defende um processo gradual de independência. A FRETILIM a indepência imediata. A APODETI bate-se pela integração na Indonésia. Inicia-se um processo de ferozes lutas políticas.

 

1975

- Não param de agudizarem-se as lutas políticas em Timor. A FRETILIM, a 11 de Março exige ser considerada a única representante do Povo, rompendo com o diálogo com as outras forças políticas. A UDT a 11 de Agosto tenta um golpe de Estado, contra a qual a FRETILIM proclama a insurreição geral armada em 17 de Agosto. Grande parte da unidades do exercito português colocam-se a partir de 20 de Agosto sob as ordens do Comité Central da FRETILIM. O Governador português abandona Díli e refugia-se na Ilha de Atauro. A FRETILIM, chefiada pelo por Nicolau Lobato controla grande parte do território, e a 28 de Novembro declara a independência, criando a República Democrática de Timor Leste. O novo Estado é apenas reconhecido por alguns países africanos de expressão portuguesa.

- A Indonésia, com o apoio dos EUA, e alegando um pedido de intervenção de timorenses, a 7 de Dezembro, invade o território provocando nos primeiros quatro anos mais de 200.000 vítimas e milhares de refugiados (6.000 refugiam-se na Australia, cerca de 1.500 em Portugal).

1976

- Arnaldo Araújo, antigo colaborador dos japoneses e lider da APODETI, é nomeado pela Indonésia, chefe do "Governo Provisório de Timor Loro-Sa`e". A 31 de Maio promove em Dili uma "Assembleia Popular" destinada a pedir por "unanimidade", a integração de Timor na Indonésia. A 17 de Agosto, após alteração da Constituição para permitir a anexação, o Governo Indonésio declara Timor Leste (Timor Timur) a 27ª. província da Indonésia. Esta anexação não é reconhecida por Portugal, nem pela ONU, o que não impede que muitos países o façam.

- Portugal começa um lento processo de pressão junto da comunidade internacional para que seja garantido o direito à autodeterminação do povo timorense.

- A resistência armada contra os indónesios estava ainda profundamente dividida. A principal força armada é constituida pelas milícias da FRETILIM (as Falintil) que a partir das montanhas desenvolvem uma permanente luta de guerrilha contra o invasor.

 

1980

- A partir deste ano, a Diocese de Dili começa a denunciar o genocídio e a fome criadas pela ocupação indonésia. As homílias e declarações de Mons. Martinho Lopes, Administrador Apostólico da Diocese, tem grande audiência interna e externa.

 

1981

- Xanana (José Alexandre) Gusmão passa a dirigir o Conselho da Resistência Nacional. Em 1987, as FALINTIL são despartidarizadas e no ano seguinte é criado o Conselho Nacional da Resistência Maubere. A Indonésia inicia a política de "transmigração", instalando em Timor-Leste habitantes de outras ilhas.

 

1989

- O Papa João Paulo II visita Timor, as manifestações a favor da independência são brutalmente reprimidas.

 

1991

- Violento massacre levado a cabo pelas forças indonésias no cemitério de santa Cruz (12/11). As imagens do massacre, divulgadas pelas televisões originam um repúdio internacional e uma intensificação dos esforços pela libertação do povo timorense.

 

1992

- Xanana Gusmão é preso (Novembro). Julgado em Maio do ano seguinte, é condenado a prisão perpétua. Face às pressões internacionais o Presidente a Indonésia reduz a pena para 20 anos.

 

1995

- Realiza-se na Austria o primeiro encontro intratimorense, sob os auspícios da ONU, reunindo líderes pró-independência e pró-indonésia, para auscultação de opiniões sobre o futuro do território. Enquanto se multiplicam os contactos diplomáticos, a indonésia desenvolve a estratégia de contra-guerrilha territorial tentando aniquilar as unidades das Falintil que resistem na montanhas.

 

1996

- O bispo D. Ximenes Belo e o José Ramos -Horta recebem o Prémio Nobel da Paz. A cerimónia, em que participam o Presidente da República de Portugal e chefes do Estado e de Governo dos PALOPS e do Brasil, transforma-se em mais uma chamada de atenção do mundo para a violação dos direitos humanos em Timor-Leste. D. Ximenes Belo é acolhido em triunfo no regresso a Díli. Ao longo de 1997, a Comissão de Direitos Humanos da ONU aprova uma resolução condenando Jacarta, como resposta a Indonésia reforça a sua presença militar em Timor-Leste.

 

1998

 

- A Convenção Nacional Timorense Timorense na Diáspora, realizada em Portugal, reune-se pela primeira vez todas as sensibilidades políticas opostas à Indonésia e aprova uma Carta Magna que estabelece os contornos do futuro estado independente. É criado o Conselho Nacional da Resistência Timorense.

- A Indonésia entre numa profunda crise económica. Em Maio de Suharto, o ditador indonésio é forçado a demitir-se depois de meses de revolta popular. O novo presidente indonésio, Iussuf Habbie inicia algumas reformas reformas democráticas.

 

1999

- Aproveitando a fragilidade do Governo Indonésio, Portugal pressiona-o para obter rápidas concessões a favor da causa timorense.

Janeiro. Portugal e a Indonésia abrem secções de interesses nas duas capitais (Janeiro). 

5 de Maio. Os ministros Jaimes Gama e Ali Alatas e o secretário-geral da ONU, Kofi Annan assinam um acordo para realização de um referendo de autodeterminação em Timor -Leste, sob a égide das Nações Unidas.

30 de Agosto. Apesar de todas as ameaças os resultados do Referendo são inequívocos quanto aos desejos do povo timorense: 98,6% dos recenseados votam. Os resultados anunciados a 4 de Setembro dão 78,5% a favor da Independência e apenas 21,5% votam pela autonomia. As tropas indonésias e grupos de mílicias pró-integração começam a destruir Timor-Leste, massacram a população e deportam mais de 250.000 para parte ocidental de Timor e outras partes da Indonésia. 

5 de Setembro. A situação é caótica em Díli. Há relatos falam de milhares de mortos, incêndios, casas destruídas. Começam as manifestações por todo o país, secundadas por uma grande actividade diplomática do governo português para uma intervenção da ONU.

7 de Setembro. Xanama Gusmão é libertado. 

10 de Setembro. D. Ximenes Belo chega a Portugal e encontra um país mobilizado em torno da causa timorense. A 12 de Setembro milhares de portugueses e timorenses manifestam-se em Madrid junto à Embaixada da Indonésia.

15 de Setembro. Face à pressão da opinião pública internacional, a ONU aprova o envio para o território de uma força multinacional dotada destinada a estabelecer a paz por todos os meios ( a Interfet, com 7 mil homens, comanda pela Austrália).

 

20 de Setembro. A Interfect chega a Dili esvaziada dos seus habitantes. Cerca de 250 timorenses são expulsos ou transferidos para a zona ocidental, sob controlo indonésio, pelas milicias. A violencia faz entre mil a 2 mil mortos.

 

1 de Outubro Xanana Gusmão chega a Portugal e  22 de Outubro é aclamado em Dili. Timor entra numa nova fase da sua história, conquistando o direito de determinar o seu próprio destino como país independente.

19 de Outubro. O parlamento indonésio aceita o resultado da votação timorense.

25 de Outubro. Criação de uma administração provisória da ONU apoiada por cerca de 8 mil capacetes azuis.

 

2000

12 de Julho. O Conselho Consultivo Nacional aprova o primeiro gabinete de transição formado por quatro representantes do Conselho Nacional da Resistência Timorense e quatro personalidades internacionais designadas pela ONU. 

 

2001

20 de Abril. Uma investigação da ONU confirma que os mais  mais altos responsáveis do Exército indonésio prepararam e orquestaram, em 1999, o saque de timor.

30 de Agosto. A Fretilim ganha 85 dos 88 lugares da nova Assembleia Constituinte, durante o primeiro escrutínio democrático do território.

20 de Setembro.Novo Governo de transição dominado pela Fretilim.

 

2002

14 de Abril. Xanana Gusmão é eleito presidente com 82% dos votos.

20 de Maio. Ás 0 horas era proclamada a República Democrática de Timor Leste. A administração do território passa da ONU para Timor-Leste. 

Carlos Fontes

 

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