Reino
Unido ( Inglaterra ) - Portugal
Desde a Idade Média que se regista a presença regular de portugueses
em Inglaterra pelos motivos mais diversos (económicos, políticos, etc).
Alianças e Conflitos Político-Militares
Portugal mantém com o Reino
Unido a mais antiga aliança político-militar do mundo (data do século XIV).
A Aliança foi para os portugueses um importante apoio na luta contra as
tentações totalitárias dos espanhóis, tendo pago pela mesma um pesado
tributo económico e político. Mais
Casamentos Reais
Dois casamentos reais estiveram
ligados a esta Aliança. Um no século XV entre D. João I e Dona Filipa de
Lencastre. Outro no século XVII, de Catarina de Bragança com Carlos II. Foi
Catarina de Bragança quem introduziu na Inglaterra o hábito de tomar chá, mas
levou consigo um dote fabuloso no qual
fazia parte muitas terras portuguesas como Tanger (Marrocos) e Bombaim na India. Bombaim foi a
porta de entrada dos ingleses no sub-continente asiático. Ao longos dos
séculos as relações entre os dois países tem sido assinaladas por visitas
regulares dos seus mais altos representantes.
Expansão Marítima e
Territorial Desde os séculos XVI que
encontramos um grande de portugueses ao serviço de piratas, corsários ou da
própria marinha inglesa. Foram mesmo decisivos na condução dos piratas e
corsários ingleses ao coração das possessões espanholas. Outros
realizaram importantes expedições, como o piloto Simão Fernandes. Em
1576 era o piloto-mor e mestre do galeão da Coroa inglesa Tiger. Em 1580 fez uma viagem de reconhecimento à Nova Inglaterra na América do Norte, enviado pelo navegador Sir Humphrey Gilbert. Cinco anos depois, encontrava-se a navegar nas Caraíbas, mestre a bordo do Lion, navio-almirante da expedição de Grenville à efémera colónia inglesa na costa norte-americana (ilha de Roanoke, na actual Carolina do Norte).
No século XVII, pelo apoio
militar que os ingleses prestavam a Portugal receberam em troca possessões
portuguesas em África e na India, para além de
informações essenciais para a sua expansão no mundo.
Economia
Ao longo dos séculos as
relações comerciais entre a Inglaterra e Portugal foram sempre muito
intensas. Em 1353, por exemplo, firmou-se um tratado comercial entre as
cidades do Porto e Londres. Nos século XV e XVI os mercadores ingleses tinham
com os italianos (genoveses e florentinos) e os alemães, privilégios
especiais. No entanto, a preponderância dos ingleses na economia de Portugal
só ocorre durante as Guerras da Restauração (1640-1668), sendo mesmo uma
das suas consequências mais notórias. Na
realidade tratava-se da contrapartida que o país se viu obrigado a pagar pelo
apoio à sua defesa.
O primeiro grande tratado que
selou estas relações foi o Tratado de Methuen (1703), no qual os portugueses
se comprometiam a comprar
tecidos da Inglaterra e os ingleses a consumir os vinhos de Portugal. O
segundo ocorreu em 1808, quando Portugal abriu os portos do Brasil, e logo a
seguir assinou um acordo com a Inglaterra concedendo-lhes privilégios
especiais. Desde finais do século XVII
até fins do século XIX, os ingleses tiveram em Portugal condições
sempre excepcionais para desenvolverem os seus negócios. As suas companhias
estavam solidamente implantadas não apenas no país, mas também nas suas colónias.
Em 1960 ambos os países estão
no grupo fundador da EFTA e hoje integram a União Europeia. As trocas
comerciais e investimentos mútuos, depois de 1986 diminuiam de forma
significativa.
Comunidade Inglesa em Portugal
A emigração inglesa
para Portugal foi sempre muito numerosa. Em Lisboa e depois no Porto tiveram
importantes Feitorias, que espelhava a dimensão dos seus negócios,
nomeadamente no Vinho do Porto e no Vinho da Madeira (séculos
XVIII/XIX). Em Lisboa, a comunidade possui hospital, cemitério,
escolas, etc. No cemitério inglês de Lisboa, pode admirar-se o túmulo do escritor
Henry Fielding, falecido em Lisboa a 8 de Outubro de
1754. Foi o criador do romance inglês e autor da obra História de Tom
Jones (The History of Tom Jones ).
Comunidade Portuguesa na
Grã-Bretanha
A
emigração portuguesa para Inglaterra foi durante séculos constituida
essencialmente por gente ligada ao mar (marinheiros, pilotos, etc), mercadores, judeus
e exilados políticos. A emigração só se tornou expressiva nas duas últimas
décadas. Mais
Cultura
Apesar a profunda ligação
entre o dois países, nomeadamente no campo económico, político e militar, a
influência cultural mútua foi sempre residual. Um das explicações
para este facto, reside nas diferenças religiosas dos dois
povos, um é predominantemente católico e o outro protestante. Este facto
provocou da parte dos ingleses frequentes ditos jucosos sobre o povo
português, classificado como "ingovernável" e "incivilizado",
dado que não se deixava aculturar, mantendo-se agarrado ao catolicismo
(papistas) e às suas tradições.
Os portugueses entre os séculos XVIII e XIX
viram também com maus olhos o excessivo peso dos ingleses na sua economia, a
maioria das vezes ligada ao mero saque de recursos ou exploração de
mão-de-obra.
Embora aliados em termos
militares desde o século XIV, os portugueses cedo se aperceberam que não
podiam confiar nos ingleses, por isso procuraram evitar cair na sua total
dependência. Usarem neste domínio uma estratégia muito diversificada de
recursos:
Entre 1640 e 1820, o período
em que Portugal esteve mais dependente da Inglaterra em termos militares
e económicos, procuraram diversificar as suas relações internacionais, mas
também impedir o seu domínio cultural, uma dimensão fundamental na preservação
da sua independência.
Inúmeras medidas foram então
tomadas para que tal acontecesse, como por exemplo: Os principais
especialistas militares que contratados pelo Estado português eram alemães,
como o Conde Lippe.
Os protestantes ingleses foram sempre condicionados no seu culto e na difusão
das suas ideias em Portugal. A própria Inquisição, uma estrutura político-religiosa
que controlava os desvíos neste domínio, só foi dissolvida em 1820. Não
deixa de ser curioso que a própria formação dos padres
católicos irlandeses, que combatiam o domínio inglês na Irlanda, foi
feita em Portugal. A familia real portuguesa depois de ir para o Brasil
(1807), deu um sinal claro que devia de ser evitada a influência
cultural inglesa, ao contratar franceses para as grandes obras que aí mandou
realizar.nglaterra mantém com Portugal a mais antiga aliança político-militar entre
dois países |