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Reino Unido  ( Inglaterra )

Alianças Político-Militares

Portugal mantém com o Reino Unido a mais antiga aliança político-militar do mundo (data do século XIV). A Aliança foi para os portugueses um importante apoio na luta contra as tentações totalitárias dos espanhóis, tendo pago pela mesma um pesado tributo económico e político.

Para os ingleses representou a garantia de ter na Europa e no Mundo um importante aliado contra as políticas hegemónicas da Espanha, França e Alemanha.

Ao longo dos séculos os dois países foram aliados em várias guerras, partilhando muitos pontos geo-estratégicos no mundo. Entre as muitas guerras em que andaram envolvidos, destacam-se as seguintes:

1. Guerra contra Espanha  (1383-1385). O ponto alto desta guerra foi a célebre batalha de Aljubarrota (14 de Agoto de 1385), onde os portugueses auxiliados pelos ingleses derrotaram os espanhóis;

2. Sucessão ao Trono de Portugal (1580). A morte de D. Sebastião em Marrocos, permitiu a subida ao trono de Portugal de um espanhol. D. António - Prior do Crato, um dos prendentes portugueses que não aceitou este domínio. O auxílio da Inglaterra à sua causa só chegou muito depois, e em consequência do ataque espanhol com a "Invencível Armada". No dia  Em 16 de Maio de 1589, uma armada inglesa desembarcou em Peniche cerca de 20 mil homens, comandados pelo general John Norris, tendo de seguida rumado para Lisboa, sob o comando do corsário Francis Drake. O objectivo destas forças, constituídas por mercenários, era expulsar os espanhóis apoiando a revolta popular. A verdade é que estes mercenários em vez de os combaterem dedicaram-se à pilhagem das populações, e às primeiras escaramuças desistiram de lutar. 

3. Guerra da Restauração (1640-1668). Após a revolução de 1640, que restaurou a Independência de Portugal, os portugueses lutaram contra os espanhóis durante 28 anos. A Espanha era então uma das grandes potências mundiais e Portugal tinha os Estado destruído e estava sem defesas. A ajuda para esta guerra recebeu-a de vários países, como a Suécia, mas sobretudo da Grã-Bretanha. O apoio prestado pela Inglaterra revelou-se decisivo, o que acabou por estreitar as relações económicas, políticas e militares entre os dois países.

4. Guerra da Sucessão em Espanha (1702-1714). Tendo o trono de Espanha ficado sem herdeiros, Filipe V de França apresentou-se desde logo como pretendente. Formou-se então uma aliança luso-inglesa-austriaca contra a integração da Espanha na França. A Inglaterra reforça o seu apoio a Portugal, esperando o seu maior envolvimento no conflito (Tratado de Methuen- 1703). Em Abril de 1704 a França declara guerra a Portugal. No ano seguinte tropas luso-austriacas invadem a Espanha e conquistam Madrid, em apoio às pretensões da Austria. Em 1712 é assinado um tratado de Paz entre Portugal a Espanha e a França, tendo este último país renúnciado às suas pretensões sobre a margem esquerda do rio Amazonas no Brasil.

5.Guerra dos Sete Anos (1756 e 1763). Embora Portugal não tenha participado directamente nesta guerra, no qual a Inglaterra se opunha à França, não deixou de a favorecer e opor-se aos seus inimigos. Portugal, por exemplo, recusou-se a assinar o "pacto de família",  que impedia a Inglaterra de ter acesso aos seus portos. Como resposta, a Espanha, aliada da França, atacou o sul do Brasil. O conflito só "terminou" em 1777, com o Tratado de Santo Ildefonso. 

6. Guerra Contra a França (1789-1800). Entre o ínicio da Revolução Francesa (1789) e a tomada do poder por Napoleão (1799), a marinha de guerra portuguesa apoiou activamente à Grã-Bretanha na guerra contra a França, e depois contra a Espanha quando quebrou a aliança com Portugal para se  aliar aos franceses. 

a ) A esquadra da marinha portuguesa que desde meados do século XVIII,  actuava no Estreito de Gibraltar apoiou por diversas vezes a Grã-Bretanha entre 1789 e 1797. Uma das mais importantes missões foi a de informar e dar apoio à esquadra inglesa que bloqueou Cádis e depois destroçou a esquadra espanhola na Batalha do Cabo de S. Vicente (Fev.1797). 

b ) Uma esquadra portuguesa entre 1793 e 1795 actuava no Canal da Mancha no ataque a navios, portos e corsários franceses.

c ) Uma outra esquadra, sob o camando do Marquês de Nisa, saiu de Lisboa em 1798 dirigindo-se para o Mediterrâneo para combater ao lado de Nelson. A esquadra só regressou a Lisboa em 1800. Bloqueou o porto de Alexandria, no Egipto, onde se encontrava o ditador Napoleão. Cercou a Ilha de Malta tomada pelos franceses, tendo dado apoio à revolta da população que conduziu à rendição dos invasores. Participou em muitas acções de combate aos franceses nas cidades portuárias de Itália (Nápoles, Trieste, Génova, etc), mas também combateu os seus aliados corsários no norte de África (Argel, Tunis, Tripoli).

7. Invasões Franco-Espanholas (1801-1814).  Portugal foi quatro vezes invadido, primeiro pela Espanha (1801) e depois por este país e a França (1807,1809 e 1811). Centenas de milhares de portugueses foram mortos, o país tornou-se num vasto campo de batalha. O apoio inglês foi decisivo para expulsar os invasores. Entre 1807 e 1821 o exército português foi confiado aos ingleses, numa situação muito próxima de um protectorado. 

8. - 1ª. Guerra Mundial (1914-1918)

9. - 2ª. Guerra Mundial (1939-1945). Embora Portugal tenha se mantido neutral, evitando deste modo o envolvimento da Espanha, a verdade é que a ditadura salazarista não deixou de permitir que o país se tornasse numa retaguarda de apoio aos aliados. Aqui se trocaram prisoneiros com os alemães, e os Açores acabaram ser cedidos para instalação de uma base dos ingleses e depois dos norte-americanos. Logo a seguir à guerra, Portugal está com a Grã-Bretanha no grupo fundador da NATO.   

10. Guerras Coloniais em África (1961-1974). Apesar da Grã-Bretanha ter dado independência às suas colónias logo a seguir à 2ª. Guerra Mundial, neste período, nas instâncias internacionais como a ONU procurou evitar que fosse tomadas medidas contra Portugal pela sua ocupação colonial. 

11.Guerra das Malvinas ou das Falklands (1982). Durante a guerra as bases militares nos Açores estiveram à disposição da Marinha Real Britânica.

12. Invasão do Iraque. Os EUA e a Grã-Bretanha em 2002/2003 desenvolveram uma campanha de propaganda internacional para reunirem apoios que legitimassem a invasão do Iraque. Apesar de fortemente condicionado, o governo de Portugal (chefiado por Durão Barroso) realizou nos Açores, no dia 16/3/2003, uma Cimiera entre Bush (EUA), Blair (Grã-Bretanha) e Aznar (Espanha). Este apoio prestado por Portugal inseria-se no quadro da aliança político-militar com a Grã-Bretanha. Após a invasão (20/3/2003) Portugal enviou cerca de 130 militares da GNR para acções de policiamento e formação dos novos policias iraquianos. Aquilo que os analistas nunca perceberam nesta guerra foi a posição da Espanha, cujas tropas participaram da Invasão do Iraque. Depois de dar mostras de uma super-potência acabou por sair apressadamente quando começou a ter baixas e o caos ameaçava tornar-se incontrolável (Março de 2004). 

Conflitos entre Portugal e a Grã-Bretanha 

Apesar desta célebre Aliança, os portugueses e ingleses tiveram entre si grandes conflitos.

No século XV Portugal esteve em guerra com a Inglaterra por causa da pirataria.

Entre 1580 e 1640, os ingleses, holandeses e franceses aproveitaram-se das fragilidades de Portugal (ocupado pela Espanha), para se apoderarem de muitas das suas possessões. Tratou-se de uma acção na qual participaram muitos portugueses, pois desta forma combatiam a Espanha (consultar). No Oriente, os ingleses chegaram a aliarar-se com os muçulmanos para explusar os portugueses e  os católicos da região. Uma estratégia igualmente seguida pelos holandeses.

Depois de 1640 o saque destes piratas ingleses aos navios e colónias portuguesas abrandou, mas não terminou. Os ingleses a continuavam a tirar partido das fragilidades do país. Estes factos mostravam-lhes que, embora precisassem dos ingleses, não podiam confiar nos mesmos.  

Durante as invasões franco-espanholas (1801-1814), os ingleses procuraram apoderar-se de Macau, mas foram repelidos por forças portuguesas ajudadas por chineses. Uma acção idêntica tentaram fazer em Goa (India) mais do que uma vez, mas com idênticos resultados. 

Ao longo de todo o século XIX, sucedem-se os conflitos entre Portugal e Inglaterra por causa da partilha de África. Alguns desses conflitos:

- Ilha de Bolama, na Guiné-Bissau. Os ingleses procuram apossar-se desta ilha e da costa adjacente no continente africano.As tropas portuguesas, em 1830, ocupam-na. Em 1860, o ingleses ordenam que a ilha fosse anexada à sua colónia da Serra Leoa. Portugal recusa e a questão é decidia por uma comissão arbitral internacional presidida pelos EUA (Grant). A sentença, em 1870, foi favorável a Portugal. 

- Baia de Maputo, em Moçambique. Aproveitando-se do facto de Portugal estar mergulhado numa convulsão interna entre liberais e absolutistas, em 1832, a marinha britânica procura apossar-se na baía de Lourenço Marques (Delagoa Bay). As disputas prolongaram-se até 1875, quando uma comissão arbitral presidida pela França, deu razão a Portugal. 

- Zambia e Zimbabué. O mais importante destes conflitos ocorreu no século XIX, em torno da questão da partilha de África (1891), envolvendo a disputa dos territórios entre Angola e Moçambique, o célebre "Mapa Cor de Rosa". Depois deste acontecimento a amizade luso-britânica nunca mais foi a mesma.

Nos anos 30 do século XX, o governo inglês chefiado por Neville Chamberlain e o Adolf Hitler (Alemanha), negociavam em segredo a partilha entre si de Angola e Moçambique. O evoluir dos acontecimentos na Europa e a substituição de Chamberlain por Winston Churchill (Setembro de 1939), deitou por terra mais esta traição britânica.

Na fase final da guerras coloniais e no pós-independência das colónias, os ingleses assumiram posições de defesa intransigente dos seus interesses sem qualquer consideração pelos seus aliados.

Fim da Aliança ? 

A partir de meados anos 50 do século XX, a Aliança entre Portugal e Inglaterra foi perdendo a sua importância. A entrada de Portugal para a NATO (1950), alterou o quadro de alianças militares, secundarizando a importância da Inglaterra e fazendo crescer a dos EUA. O pedido de adesão de Portugal à CEE (actual União Europeia), em 1977, secundarizou ainda mais a relevância das relações bilaterais entre os dois países.  

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  Carlos Fontes

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