Carlos Fontes

 

 

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Portugal à Venda

 
 

Num gesto simbólico um grupo de cidadãos no dia 26 de Junho de 2015 colocou em dezenas de edifícios públicos, como a Assembleia da República uma faixa com a palavra "vendido".

A receita da UE-FMI para a saída da crise financeira em que Portugal se viu arrastado em 2008 é conhecida:

- Venda do país aos capital estrangeiro de modo a ganhar a confiança dos mercados. Uma medida, como veremos, o governo de direita se mostrou particularmente célere em cumprir.

- Um longo período de austeridade necessário para pagar as rendas que os credores internacionais possuem em Portugal. Para que estas rendas possam ser geradas é necessário a redução do estado português à sua mínimo expressão através de cortes nos apoios sociais, investimento público, redução de salários, asfixiar a população com impostos, etc, mas também facilitar os despedimentos e indeminizações. Só assim se conseguirá, segundo a UE-FMI obter a confiança dos mercados.

O governo esperava que com a venda ao desbarato do património público ocorresse uma entrada massiva de capital estrangeiro em Portugal de modo a relançar o crescimento económico, o que não aconteceu. Tem-se assistido ao desmantelamento das empresas portuguesas, vendidas aos pedaços, e à brutal redução do emprego qualificado. Os novos grupos estrangeiros que se instalaram no país estão apenas preocupados com as suas rendas e em sacar o máximo de recursos financeiros.

Desde Junho de 2011 que o actual governo de direita (PSD/CDS-PP), sob as ordens da UE-FMI tem vendido ao desbarato empresas, edifícios e terrenos públicos alegadamente para pagar uma dívida que não para de aumentar.

A divida publica que em 2008 era de 71,7% do PIB, subiu para  96,2% em 2010 (1º.resgate da Grécia), superando agora os 130% (2015).

Numa política de verdadeiro saque da população para responder às crescentes exigências dos "credores", o  governo cortou nos apoios sociais, nomeadamente no subsídio de desemprego, convidando os jovens a emigrarem. Cerca de 350 mil portugueses emigraram entre 2011 e 2015.

O brutal aumento da carga fiscal para arranjar dinheiro para os credores diminuiu o consumo interno, provocando o encerramento de inúmeras empresas. O desemprego historicamente baixo em Portugal subiu vertiginosamente. Em 2008 estava nos 7,6%, subiu para 10,8% em 2010 atingindo final de 13,9% em 2014.

Os serviços públicos têm sido mínimo de modo a cortar nas despesas de forma a gerarem receitas (excedentes primários) para entregar aos credores...

Privatização de Empresas Públicas

Nesta onda privatizadora a única preocupação do governo tem sido a de gerar receitas, atuando como uma comissão liquidatária de Portugal. Neste capítulo são absolutamente irrelevantes as consequências que podem resultar da alienação de sectores estratégicos para o futuro da economia do país. Portugal foi posto à venda !

 

 
  PT- Portugal Telecom. Era uma das empresas mais inovadoras de Portugal e do mundo no domínio das telecomunicações. Durante largos anos foi também a que realizou maiores investimento e empregava quadros altamente qualificados. O governo decidiu a sua venda aos franceses da Altice que já prepararam a sua venda a retalho.

 

 
  EDP - Uma empresa bastante lucrativa de Portugal foi vendida pelo estado português a uma empresa estatal chinesa - China Three Gorges. As célebres rendas que a empresa recebe e que justificaram a sua venda continuam agora para o bolso dos chineses.

 

 
  REN - A empresa estatal chinesa, a State Grid, tomou conta da empresa que mantém a rede eléctrica de Portugal.

 

 
  ANA- A empresa francesa (VINCI) que comprou esta empresa responsável pelos aeroportos de Portugal prometeu baixar os custos e melhor a eficiência nos serviços. O resultado tem sido o aumento sucessivo de taxas e a degradação dos serviços aeroportuários..

 
  TAP- Transportes aéreos portugueses. Vendida por 10 milhões (!) a um grupo estrangeiro que tem como testas de ferro David Neeleman (norte-americano) e o patrão da barraqueiro.

EMEF- Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário. Vendida. Operação do governo que procura desmantelar a CP- Caminhos de Ferro de Portugal vendendo-a aos pedaços.

CP Cargo. Vendida. Operação do governo que procura desmantelar a CP- Caminhos de Ferro de Portugal vendendo-a aos pedaços.

Carristur - Gestora dos autocarros de turismo. Vendida.

 

 
  CTT - Após a sua venda passou a ser controlada por dois bancos - o Goldan Sachs (EUA) e o Deutsche Bank (Alemanha).

 

 
  FIDELIDADE - A Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi obrigada a vender a companhia de seguros, que acabou nas mãos dos chineses da Fosun.

 

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  Hospitais Privados de Portugal- A CGD foi obrigada a vender ao chineses da Fosun as suas participações nos hospitais privados, incluindo o da Luz.

 

 
  Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Nos últimos anos a empresa foi lançada para o abismo por sucessivas administrações corruptas que prepararam o caminho à sua privatização. Após ser vendida ao grupo Martinfer (português) a empresa regressou aos lucros e o governo fez-lhe encomendas de novos navios...

 

 
  ENATUR. O governo está a estudar a venda de 51% que tem nas ENATUR, proprietária de 35 pousadas em monumentos históricos.

Pousadas da Juventude. Está em curso o processo da sua venda ou concessão.

 
 

 

EGF -Gestora de Lixos. Vendida

Concessões:

Metro. Concessão ganha por um grupo espanhol controlado por mexicanos.

Carris. Concessão ganha por um grupo espanhol controlado por mexicanos.

STCP. Em curso

Transtejo-Soflusa. Em curso

CP. Em curso

REFER. Em curso.

 

Oceanário de Lisboa. Dava lucro, por isso o governo resolveu vendê-lo a um grupo económico.

Distribuição de água. As redes de distribuição de água em Portugal estão a ser rapidamente privatizadas. Os chineses da Beijing Entreprises Water Grupo adquiriam já quatro redes de distribuição.

 

 
 

Destruição de Grupos Económicos

Grupo Espírito Santo (BES, BESI, etc). Um grupo com mais de 400 empresas e quase 40 mil trabalhadores foi rapidamente desmantelado pelo governo e posto à venda todo o seu património.

Novo Banco (antigo BES). O Banco de Portugal, sob as orientações da UE-FMI, dividiu o antigo BES em dois bancos, o "banco bom" e o "banco mau". O Estado e os depositantes portugueses ficaram com os "banco mau" (prejuízos), os estrangeiros ficaram com o "banco bom" (a parte lucrativa).

BESI. Adquirido pelos chineses do Haitong.

 

 
 

Foram também na Onda

Cimpor. Numa ação conduzida pelo governo, a Cimpor, a maior multinacional portuguesa foi vendida aos brasileiros da Camargo Côrrea que não tardaram em parti-la aos pedaços, reduzindo drasticamente o número de postos de trabalho em Portugal.

Brisa. Passou para as mãos de um grupo brasileiro.

EFACEC Handling Solutions. Vendida aos alemães

BCP. Controlada pela Sonangol (angolanos)

BPI. Controlada por Isabel dos Santos (angolanos)

NOS. Controlada por Isabel dos Santos (angolanos)

Petrogal Brasil. Passou a ser controlada pelos chineses da Sinopec

Grupos estrangeiros controlam já neste momento a maioria dos canais de televisão e da imprensa em Portugal, o que lhes permite desenvolverem uma intensa campanha de intoxicação da opinião pública. 

 

 
 

Propriedades

Três actos simbólicos marcam a venda de Portugal aos estrangeiros pelo atual governo:

A venda a um espanhol de um pedaço do território nacional junto à fronteira, na freguesia de Cristoval, em Melgaço (JN, 13/04/2014). As autoridades locais não foram consultadas e mesmo perante o seu protesto o governo avançou com a venda de solo nacional junto à fronteira. 

A venda apressada e Londres de um conjunto de telas do pintor Juan Miró, as quais saíram ilegalmente de Portugal por uma das comissões liquidatárias nomeadas pelo governo. O objectivo da venda, segundo a besta do secretário de estado da cultura era "gerar receitas para pagar a dívida" (!). Graças à tenaz ação de um grupo de cidadãos foi parada mais esta ação de venda de obras de arte.

A venda dos edificios da alfandega de Lisboa, mandados edificar pelo Marquês de Pombal, sob projeto de Eugénio dos Santos. 

-Companhia das Lezírias (em estudo).

 

 
 

Política da UE: assegurar as rendas dos credores

A UE, como ficou patente nesta crise económica que se arrasta desde 2008, atua ao serviço dos grandes grupos económicos, seguindo as orientações da potência hegemónica europeia - a Alemanha.

Depois de um longo período de fomentou o endividamento do Estado, empresas e familias, quando percebeu que Portugal e outros estados membros estavam "maduros" para colher, impôs a venda do país aos estrangeiros, e exigiu em paralelo brutais medidas de austeridade de forma a empobrecer a população e retirar a capacidade de iniciativa interna.

A UE aos credores internacionais garante-lhes que até a dívida pública portuguesa ser reduzida até 60% do PIB (está acima dos 130%), o país será objecto de um saque sistemático que lhes garantirá as respectivas rendas. Será ? Portugal para fazer esta redução deverá ter excedentes primários de 1,5% a 2% durante vinte anos !

Depois de 2011 grupos estrangeiros passaram a controlar em Portugal a banca, seguros, energia, telecomunicações, imprensa, transportes terrestres e aéreos, aeroportos, portos, auto-estradas, água, construção naval, hospitais privados, hotelaria, etc.

 

 
 

Carlos Fontes

   
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