Director: Carlos Fontes

 

 

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Cidadania e Tribalismo 

Uma das principais fontes de conflitos com os ciganos, em Portugal ou em qualquer parte do mundo, reside na forma como encaram a cidadania. A maioria dos ciganos está apenas interessada nos direitos (benefícios), mas recusa-se a assumir deveres para com uma comunidade de não-ciganos.  Esta questão revela a natureza cultural do problema.

1. A cultura cigana tem uma forte matriz tribal, onde o que conta são as fidelidades ao grupo e ao clã familiar. Só no seu grupo de pertença a maioria dos ciganos está disposta a aceitar direitos e deveres. O seu mundo socio-afectivo não é a nação/país, mas a sua tribo/clã familiar. A separação matricial faz-se entre ciganos e não-ciganos - os Outros.

2. Devido à sua matriz cultural, um país é para a esmagadora maioria dos ciganos uma enorme abstracção, com a qual tem sérias dificuldades em se identificar, esvaziando desta forma o próprio conceito de cidadania.  Este é o aspecto que mais choca um cidadão ocidental que possui justamente uma cultura criada a partir da destruição da cultura tribal (Karl Popper).  

3. O nomadismo, inerente à cultura cigana, acaba por contribuir para estimular o seu desenraizamento, levando-os a encarar as leis e as instituições públicas como exteriores à sua própria comunidade, contra as quais tem que se unirem para sobreviverem. 

4. Os ciganos tendem a reagir em grupo, como uma tribo. Um conflito com um cigano é sinónimo de conflito com um grupo de ciganos. É por esta razão que mesmos os pequenos conflitos entre eles, atingem facilmente enormes proporções, com consequências quase sempre imprevisíveis, dada a forma grupal como são assumidos. Esta actuação em grupo acaba por estimular um sentimento de impunidade no seus membros.

5. Neste contexto, não admira que embora desde 1820 a cidadania portuguesa seja reconhecida a todos os ciganos residentes no país, a maioria está pouco interessada em exercê-la. A esmagadora maioria mantém-se afastada de qualquer participação cívica, revelando-se pouco ou nada interessados em contribuir para o Bem Comum. 

A maneira de pensar cigana persiste enraizada em práticas tribais. Este é um dos aspectos que singulariza a sua cultura, e que levará algumas gerações a alterar.  

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Carlos Fontes

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