Carlos Fontes

 

 
 
 
 
 
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Uma Viagem pelo Mundo em Português

 

 

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  Paris

Desde que Portugal se constituiu como um reino independente no século XII que se assinalam portugueses em Paris. Quando percorremos as ruas de Paris, visitamos muitos dos seus bairros, monumentos, museus ou bibliotecas podemos encontrar testemunhos ou memórias desta presença.

Arc de Triomphe na Place de l'Étoile

Arco do Triunfo. O Arco do Triunfo é um dos monumentos emblemáticos da cidade de Paris. Foi mandado construir por Napoleão Bonaparte, em 1806, para comemorar as vitórias da França.  Nas suas paredes estão gravadas muitas batalhas que se travaram em Portugal, mas também em outros países onde participaram portugueses. Uns ao lado de ingleses contra os franceses, outros defendendo os franceses integrados na Legión Portuguesa (Légion Lusitanienne).

No Pilar Oeste do Arco do Triunfo estão registadas algumas das batalhas em que tropas portuguesas lutaram contra os franceses, quer em território português, quer em Espanha:

- Batalha de Olivença. 22/01/1811

- Cerco de Astorga. 21/03/1810

- Primeira Batalha do Porto. 29/03/1809

- Batalha de Fuentes de Õnoro. 3/05/1811.

- Cerco da Cidade Rodrigo. 26/04/1810

- Cerco de Almeida. 27/07/1810

- Batalha de Gebora. 19/2/1811.

- Cercos de Badajoz. (1811 e 1812).

A Legión Portuguesa, constituída por 9 mil homens, participou em batalhas  em Espanha, Alemanha, Austria e Rússia, tais como: Saragoça, Wagram (1809), Smolensk (1812), Moscovo (1812), Krasnoe (1812), Wilna (1812), Beresina (1812), Habertadt (1813).  Um número indeterminado participa ao lado de Napoleão na batalha de Waterloo. Estavam acantonados em Grenoble. Apenas umas  centenas conseguiram regressaram a Portugal. 

Para os portugueses o Arco do Triunfo não pode deixar de lembrar centenas de milhares de vítimas e um país devastado por guerras (1807-1814).

Universidade de Paris (Sorbonne). Desde os seus primórdios no século XII que estudantes e mestres portugueses frequentavam as escolas de Paris (1). João Peculiar, arcebispo de Braga, por exemplo, estudou em Paris e foi quem coroou D. Afonso Henriques 1º. rei de Portugal.

Os dois mais célebres colégios de Paris contaram sempre com estudantes e mestres portugueses:

- Collège de Montaigu. Fundado em 1314, e renovado em 1483 por Standonck, foi financiando por D. Manuel I , que nele instituiu bolsas de estudo. Ficava no cais d`Austerlitz, no sítio da atual Bibliothèque Sainte-Geneviève).

- Collège de Sainte-Barbe. Fundado em 1460, nele estudaram e ensinaram insignes humanistas portugueses como Diogo de Gouveia (1471-1557), André de Gouveia (1497-1548), Diogo de Teive (1514-c.1565) entre outros. No século XVI foi frequentado por centenas de portugueses. (Rue Valette, antiga Rue des Chiens).

Maison du Portugal – André de Gouveia. (7 P, boulevard JOURDAN), obra do arquitecto José Sommer-Ribeiro (1967). Conhecida por Casa de Portugal da Cité internationale universitaire de Paris (CiuP).

Centro Cultural Calouste Gulbenkian em Paris. O centro foi fundado em 1965 e desenvolve uma intensa actividade na divulgação da cultura portuguesa em Paris. (39 Boulevard de la Tour-Maubourg). Possui uma magnifica biblioteca com mais de 90 mil livros.

Instituto Camões (n.º 26, Rue Raffet, XVI Bairro)

Le Théatre de la Vie (1973), Helena Vieira da Silva, Centro George Pompidou.

Helena Vieira da Silva. Entre outros locais viveu e trabalhou em Paris na rua de l'Abbé Carton, 34,  XIV bairro.

Eça de Queiróz em Paris. "Das cinco cidades estrangeiras onde Eça de Queiróz viveu: Havana, Newcasle, Bristol, Londres e Paris foi Paris onde mais tempo permaneceu (12 anos) e onde preferiu viver. Tomou o consolado português em Outubro de 1888, ano da publicação de Os Maias, vindo a falecer no bairro de Nevilly a 16 de Agosto de 1900 com 54 anos" (A. Campos Matos).

Moradas:

- 5 da rue Crevaux, entre a avenue Foch e a avenue Bugeaud

- 32 da rue Charles Lafitte, esta moradia de Neuilly-sur-Seine foi habitada por Eça de Queirós da primavera de 1891 até (crê-se) finais de 1893. Perto desta morada encontra-se um busto do escritor (202, Av. Charles De Gaulle) da autoria de António Teixeira Lopes (1903).

- 38 Avenue du Roule, em Nevilly (num edificio contiguo nas traseiras, mas já demolido)

 

Mário Sá-Carneiro ( Hotel des Artistes - 29, Rue Victor-Massé, IX Bairro) . Uma placa assinala a casa onde viveu e morreu em Paris.

 

Painel de Manuel Cargaleiro. Estação de Metro Champs- Élysées / Clémenceau (linha 1 – VIII Bairro). (1995)
 

Camões (Av. Camoes, XVI Bairro). A última escultura é da autoria de Clara Menéres e Rui Ramos (1987).

 

Promenade Amália Rodrigues (Bd. Sérurier, XIX Bairro) (2012)

 

 

Cemitério de Judeus Portugueses (nº. 44 Rue de Flandres). Conservam-se alguns vestígios. Foi construído em 1780 por doação de Jacob Rodrigues Pereira. Foi o primeiro cemitério de judeus que abriu em Paris depois da Idade Média.

 

A comunidade de judeus portugueses era muito grande em cidade como Bordéus e Paris. A Assembleia Nacional Francesa, em Janeiro de 1794, reconheceu a plena cidadania aos judeus portugueses.

 

Sinagoga de Buffault. Construída em 1877 por judeus de origem portuguesa que quiseram manter o "rite portugais".

 

Palácio Galliera (Rue de Varennes). Foi aqui que se realizaram grandes festividades, quando a filha do Duque de Paris - Amélia de Orleães (1865-1951), partiu para Lisboa para se casar com o principe D. Carlos, futuro rei de Portugal. O acontecimento teve um enorme impacto no tempo, dado ter sido aproveitado pelos monárquicos para promoverem o regresso da França à monarquia.

Monumento aos imigrantes portugueses, da autoria de Rui Chafes (2008), em Plateau de Champigny-sur-Marne. Neste local entre 1956 e 1974 viveram em condições miseráveis cerca de 15 mil portugueses.

Igreja Sanctuaire Notre Dame de Fátima. Foi construída após a II Guerra Mundial em agradecimento por Paris não ter sido destruída e entregue em 1988 à comunidade portuguesa pelo cardeal Lustiger.

Santa Casa da Misericórdia de Paris (Av. de la Porte de Vanves (XIV Bairro).

L’Hôtel de la Paiva  (25, Av. Champs Elysées, VIII Bairro) . Madame La Païva era Esther-Pauline Blanche Lachmann (1819-1884), que em 1851, ter-se-á casado com um rico dandy português, um suposto “marquês” Albino Francisco Araújo de Paiva - ou de Paiva Araújo (1824-1872)

Embaixada de Portugal ( 3, Rue de Noisel, XVI Bairro). Edificio do final do se´culo XIX, foi restaurado em 1945/6 pelo arquitecto Raul Lino.
 

Biblioteca Nacional de França.

Louvre. L’homme au verre de vin (c.1460) - atribuído a Nuno Gonçalves.

Louvre. Maria Madalena Confortada pelos Anjos, Josefa d`Óbidos (1630-1684)

Centro George Pompidou. Pintura de Amadeo de Souza-Cardozo, Les Cavaliers (1913).

Musée de l'homme.

Musée Quai Branly - Jacques Chirac's.

Musée de la Grande Guerre du pays de Meaux. Aprés une Attaque de Gaz (Depois de um ataque de gás), pintura de Adriano Sousa Lopes (1879-1944). Museu inaugurado em 2011, fica a 50km de Paris. Artista oficial do Corpo Expedicionário Português durante a Iª. Guerra Mundial.

Musée de l`Armee de Paris,  l'hôtel des Invalides. Pinturas de Adriano Sousa Lopes (1879-1944).

Panthéon de la Guerra. Pinturas de Adriano Sousa Lopes (1879-1944).

 

Museu da História da Imigração ( Palais de la Porte Dorée - 293, Av. Daumesnil, XII Bairro).
 

Toponímia

Avenue des Portugais (junto ao Arco do Triunfo). O nome foi-lhe dado no dia 14 de Junho de 1918, em homenagem aos 30 mil portugueses que combateram pela libertação da França (2).

Av. des Portugais, Rue de Lisbonne, Rue du Taje (1877), Rue Vasco da Gama (1904), Rue Magellan (1860), etc.

Restaurantes, Cafés, Livrarias...

 

Uma imagem que correu o  mundo: A Torre Eifel vestiu-se com as cores da bandeira de Portugal quando a selecção portuguesa foi apurada para final do campeonato europeu de futebol, campeonato que ganhou à França, país organizador da competição (2016). 

Eifel. O célebre engenheiro francês tem uma vasta obra edificada em Portugal, como a Ponte Dona Maria  na cidade do Porto. Chegou a viver em Barcelos, no norte de Portugal.

Paris Saint-Germain Football Club (PSG). Principal clube de Paris (fundado em 1970), contou desde a primeiro com jogadores portugueses. Pauleta foi um dos mais populares do clube. Ingressou no clube em 2003. Em 2010 foi eleito o melhor jogador até então do PSG. Artur Jorge foi treinador do PSG, entre 1991–1994, tendo conquistado o campeonato na época 1993-94.

   
 

Carlos Fontes

 

  Notas

(1) Farelo, Mário Sérgio - Os Estudantes e Mestres Portugueses nas Escolas de Paris....,

Lusitânia Sacra, 2001-2002.

(2) Cemitérios Militares em França com soldados portugueses:

- Cemitério Militar de Richebourg  l´Avoué, é o lugar onde oficialmente estão sepultados os soldados portugueses mortos na 1ª. Guerra Mundial. Ao todo possui 1.831 campas. Perto está a Capela de Nossa Senhora de Fátima, em Lorgies.

- Cemitério de Notre-Dame-de-Lorette, inclui incluindo 2.266 nomes portugueses.

- Cemitério militar britânico de Boulogne, tem um talhão português com 44 campas.

- Monumento ao Soldado Português, em La Couture. A escultura é do português António Teixeira Lopes, tendo sido inaugurada a 10 de novembro de 1928.

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