Director: Carlos Fontes

 

 

Caravela. Navio português (séc.XV) 

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Uma Viagem pelo Mundo em Português

 

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França - Portugal

As relações entre a França e Portugal remontam ao século XI, quando um cavaleiro francês vem para a Península Ibérica e passa a apoiar o desejo de autonomia populações que viviam entre o Douro e o Minho. O seu filho, D. Afonso Henriques será o primeiro rei de Portugal. A partir daqui as relações entre Portugal e a França não pararam de se reforçar, nomeadamente através de casamentos reais e da formação das suas elites culturais.

Ordens Religiosas. No século XII estabeleceram-se em Portugal diversas ordens religiosas que eram verdadeiros potentados em toda a Europa. Entre elas sobressai a Ordem de Cister, cuja casa-mãe estava em França. Ao longo dos séculos constituiu um poderoso meio de ligação entre Portugal e este país. 

 

Casamentos Reais. No século XV, destaca-se a figura de Isabel de Portugal, filha de D, João I (1385-1433), casada com Filipe III, o Bom, em 1429. Esta rainha portuguesa teve enorme importância no mecenato artístico na Borgonha. Está sepultada em Dijon. No século XVII, D. Afonso VI e depois o seu irmão D. Pedro II casam-se com uma princesa francesa, filha do Duque de Nemours (Maria Francisca Isabel de Sabóia). No século XIX, D. Carlos casou-se com D. Amélia de Orleães, filha dos condes de Paris, a última princesa da Casa Real de França.

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Guerras. Foram muitas as guerras entre os dois países, a maior parte das vezes como inimigos, mas algumas como aliados. A lógica destas alianças foi quase sempre a seguinte: se Portugal se aproxima da Inglaterra, a França faz o mesmo em relação à Espanha. Se a Espanha se liga à França, Portugal alia-se à Inglaterra. Foi este o verdadeiro equilíbrio do terror que chegou até ao nossos dias. 

 

Entre as muitas guerras ficaram na memória colectiva as seguintes:

 

- Séc.XIV : 1383/85: A França apoiou a invasão de Portugal pelos Castelhanos/Espanhóis. Os portugueses receberam o apoio da Inglaterra. 

 

- Séc. XVI/XVIII: Neste longo período a principal actividade marítima da França foi andar no saque dos navios e populações portuguesas e espanholas, assim como das suas colónias. Os seus piratas e corsários faziam verdadeiras razias na costa portuguesa, dos Açores, Madeira, Cabo Verde e Brasil. 

 

A França não tinha poder para mais. Foi talvez por isso que se manifestou contra a ocupação espanhola de Portugal (1580-1640) e apoiou, com a Inglaterra, a revolta dos portugueses contra os invasores. Ao enfraquecer a Espanha tornava mais fácil o saque e a eventual conquista das suas colónias. Finda a ocupação, prosseguiu a mesma linha política de aliança com a Espanha, de modo a evitar a reconstrução de Portugal.

 

- Séc.XVIII: A França por diversas vezes alia-se aos espanhóis (1702-1714, 1762, 1797, etc), Portugal como resposta apoia as incursões dos ingleses em Espanha e França.

 

- Séc.XIX: 1801-1814. Em 1801 apoiam os espanhóis em nova invasão de Portugal, da qual resultou a usurpação de Olivença. Instalados em Espanha voltam a invadir Portugal entre 1807 e 1813, tendo destruido e roubado o país a mando do ditador Napoleão Bonaparte. Centenas de  milhares de portugueses foram mortos.Só 50 mil morreram à fome durante os cinco meses do cerco de Massena às Linhas de Torres Vedras. Os franceses acabaram por ser derrotados e expulsos com os seus lacaios espanhóis pela população portuguesa e tropas luso-britânicas. Napoleão contou também ao seu serviço como uma Legião Portuguesa (1808 - 1813, que participou nas campanhas assassinas pelas Europa, incluindo a Rússia. 

 

- Séc.XX: 1916/18. Dado que a Espanha tinha uma posição neutral no conflito, Portugal participa na guerra ao lado da Inglaterra e da França...

 

Comunidade Francesa em Portugal. Desde o século  XII que muitos franceses se instalaram em Portugal. Nos séculos XV e XVI a comunidade era muito próspera. Alguns importantes artistas franceses aqui trabalharam. Em Lisboa construiram a Igreja de São Luis dos Franceses (1552 e 1622), junto á qual edificaram um hospital e um colégio para a sua comunidade. A partir do séc. XVIII, verificou-se a vinda de livreiros franceses para Portugal, onde se inclui o nome de Pedro Faure, que viria a fundar a Livraria Bertrand. Durante a Revolução Francesa (1789-1793), vieram também inúmeros exilados políticos franceses, que aqui prosseguem a difusão da sua cultura. O principal fluxo de pessoas era da França para Portugal e não o contrário, uma tendência que se irá alterar no século XX.

Comunidade Portuguesa em França. A maioria dos portugueses que íam para França entre o séculos XIII e século XX era para estudar. Pontualmente ocorreram algumas vagas de emigração por razões económicas ou políticas: 

a ) No século XVI muitos capitães, pilotos e cartógrafos e marinheiros portugueses estiveram ao serviço da França, como Pedro Serpa (1525, piloto ao serviços dos normandos), Estêvão Dias (capitão e piloto, conhecido por "Brigas", em 1526 partiu de Honfleur, na Normandia, para as Molucas pelo Estreito de Magalhães), Pêro Fernandes (D. João III conseguiu afastá-lo de uma nova viagem às Indias Orientais patrocionada por Jean Ango) , Jean Alfonse de Saintonge (1484-1544, de origem portuguesa), André Homem (cartógrafo ao serviço de Carlos IX), Bartolomeu Velho, etc. Nesta época foram para França inúmeros Diários de Bordo e mapas portugueses, instrumentos preciosos que permitiram aos piratas e corsários franceses navegarem pelo mundo.


No mesmo ano de 1532, encontrava-se na Flandres um português foragido que se apresentou como piloto, tendo sido muito bem acolhido. D. João de Mascarenhas avisou de imediato D. João III do sucedido, informando o rei da ocorrência de muitos casos similares que "cá no estrangeiro vem muitos destes portugueses que ainda que preguem marinharia falsa como bulas, com serem portugueses lhes dão crédito neste mister de pilotagem". Ainda durante o reinado de D. João III, o piloto Pero Fernandes foi afastado do envolvimento em nova viagem às Índias Orientais devido à acção do representante da Coroa portuguesa Pero Mascarenhas. É patente a dívida dos monarcas franceses para com os navegantes portugueses que os guiaram na exploração do mundo.
  

b ) Milhares de judeus portugueses refugiram-se nos século XVI e XVII neste país, constituindo importantes comunidades em Bordéus, Baiona (Espanha, na fronteira com a França), San Juan de Luz, Biarritz, Bidart, Tartas, Lyon, La Rochelle, Marselha e Rouen

Bordéus, esta comunidade possuía locais próprios de culto, cemitério, dominando o comércio, banca e construção naval. Era muito activa ainda no século XIX.

Ao longo dos séculos membros destas comunidades portuguesas tiveram grande notoriedade pública em multiplos domínios como: Jacob Camille Pizarro (1831 - 1903), pintor impressionista; Pierre Mendes-France (1907 - 1982), político, etc. 

c ) Muitos foram os cientistas, escritores e artistas portugueses que viveram ou se fixaram em França (Ribeiro Sanches, Abade Correia da Serra, etc,etc).

d ) Durante a 1ª. Guerra Mundial (1914-1918) e nos anos que se seguiram muitos portugueses fixam-se em França. Nos anos 50 do século XX começou a afluir em massa à França, um novo tipo de emigrantes portugueses. Fugiam a um regime político ditatorial e à miséria que se havia instalado no país. Mais

Cultura. Se a Inglaterra pouca influencia cultural teve em Portugal, o mesmo já não se poderá dizer da França. Foi muito significativa entre o séculos XII e XIV, depois em finais do século XVII, e ao longo de todo o século XIX até às últimas décadas do XX. A influência cultural francesa é hoje muito reduzida, sobretudo nas camadas mais novas da população portuguesa.

Por todas as regiões de França encontram-se testemunhos da presença de Portugal e dos portugueses.  

Portugueses em Paris (em construção)

 

Continuação

 

Carlos Fontes

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