Guerras Espanha - Portugal
Ao longo dos
séculos tem sido inúmeras as guerras entre portugueses e espanhóis. As
tentações hegemónicas de Castela e depois da Espanha tem ciclicamente
lançado a Península Ibérica na barbárie, com consequências devastadoras
para ambos o países.
Guerras Medievais.
Se as guerras com os muçulmanos no território de Portugal, terminaram em
meados dos século XIII, as guerras com os castelhanos nunca terminaram. A batalha de Aljubarrota,
em 1385, continua a ser uma das mais celebradas pelos portugueses, pois o
exército castelhano apoiado pelos franceses foi completamente devastado.
Novas Frentes de Guerra.
Portugal cedo avançou para a sua expansão marítima, ocupando primeiro as
Canárias (século XIV), e partir de 1415 começa a exploração e conquista de
África, a que se seguiu a América e depois a Ásia. Abre-se então novas frentes de guerras com os
castelhanos/espanhóis, que o célebre Tratado de Tordesilhas, em 1494, procurou
limitar os estragos. A paz na Europa entre os dois países deixou de significar
paz efectiva, pois a guerra entre eles foi frequentemente transferida para outras parte do mundo.
Ocupação Espanhola
(1580-1640).
A ocupação de Portugal em virtude da morte do rei D.
Sebastião (1578), em Marrocos, apenas serviu
para acentuar a separação entre os dois povos. Os espanhóis aproveitaram este
período para saquearem as suas riquezas, apossarem-se de algumas das suas
colónias (Ceuta, etc), mas também para destruirem a sua marinha e exército,
deixando deste modo o seu Império à mercê de outras potências europeias
(Holanda, Inglaterra, França).
Enquanto prossegue a revolta interna, no
exterior muitos portugueses apoiam a destruição do Império Espanhol, numa
guerra onde a pirataria e os corsários tiveram um papel decisivo (consultar).
Guerras da Restauração
(1640-1668).
Após a restauração da
Independência seguiu-se um longo período de guerras que
debilitaram ainda mais a economia de ambos os países. Para fazer frente às
dificuldades de apoio militar, Portugal reforçou a aliança
luso-britânica com com pesados custos para a sua economia. No final do século
XVII a Espanha estava arruinada.
Guerra da Sucessão em Espanha
(1702-1714).
Um curto ciclo de paz só surgiu quando em 1705, Portugal
invadiu a Espanha e conquistou Madrid. Os espanhóis acalmaram na Europa, mas as guerras entre os dois países
prosseguiram na América do Sul. Os conflitos armados não tardaram a voltar ao solo
europeu.
Invasão Franco-Espanhola
(1762).
Aproveitando um
fase de grandes dificuldades internas ( um terramoto em 1755 arrasara Lisboa e
grande do sul do país), em Abril de 1762, os espanhóis de surpresa invadem Trás-os-Montes,
e uma força franco-espanhola invade a Beira. A Inglaterra prestou então novo
apoio a Portugal, sendo o comando das tropas confiadas a um príncipe alemão, o
conde reinante de Schaumbourg-Lippe.
Invasões Franco-Espanholas
(1801-1814).
No final do século XVIII, quando
os espanhóis se apercebem que os portugueses atravessavam graves problemas internos, pedem ajuda aos franceses para
invadirem Portugal. A
traição consuma-se em 1801 quando
ajudados pelas tropas francesas saqueiam os Alentejo e usurpam
Olivença,
praticando o primeiro etnocídio da Europa contemporânea.
Esta acção acabou por promover a invasões francesas de Portugal (1807-1814),
mergulhando toda a Península Ibérica na barbárie, afectando de novo e de modo profundo o
desenvolvimento ambos os países.
Época Contemporânea.
Ao
longo
de todo o século XIX foram contínuos os conflitos entre os dois países,
implicando nomeadamente a intervenção de outras potências europeias como
medianeiras (Tratado da Quadrupla Aliança, 1834) ou como forças de paz
(Patuleia, 1847).
Na 1ª. metade do
século XX, a Espanha ameaçou por diversas vezes invadir Portugal, mas fica-se
só pelas ameaças.
Após a implantação da República
em Portugal (1910), a Espanha apoia as várias revoltas contra o novo regime
político. Como resposta, os portugueses apoiam acções de revolucionários
espanhóis contra o regime monárquico. A instabilidade política passa a
afectar ambos os países, onde as tentações ditatoriais (nacionalistas) são
cada vez maiores.
A IIª. República Espanhola (1931-1939)
cometeu um dos
seus mais graves erros ao ameaçar a soberania de Portugal. Ameaças que lhe
custaram caro. A questão foi logo aproveitada pela Ditadura em Portugal
(1926-1974) que passou a apoiar as forças de extrema-direita em Espanha.
Portugal torna-se numa base da contra-revolução espanhola.
Durante
a Guerra Civil de Espanha (1936-1939), a ditadura em Portugal temendo o
domínio dos repúblicanos e comunistas, apoiou activamente
a tomada do poder pelos falangistas (Franco), fornecedo-lhes informações,
armas, alimentos, bases militares, etc. Milhares de portugueses envolveram-se
neste conflito em ambos os lados do confronto. Cerca de 500 mil espanhóis foram
mortos e mais de 1 milhão tiveram que se refugiar no estrangeiro.
Finda a guerra as duas ditaduras colaboraram na repressão e na morte dos seus opositores, como foi o
caso do assassinato do General Humberto Delgado (1965).
Um ano depois da queda da ditadura
em Portugal (1974), termina a ditadura também em Espanha (1975). Entre 1974 e
1977 foram muito intensas as movimentações políticas entre os dois países,
envolvendo nomeadamente grupos políticos armados de todos os quadrantes.
No pós 25 de Abril de 1974, a
despudorada
e irresponsável propaganda
Iberista promete de novo exaltar as animosidades adormecidas,
despertando velhos fantasmas. Os espanhóis parecem não aprender nada na
História da Península Ibérica nos últimos 9 séculos.
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