Carlos Fontes

 

 

Caravela. Navio português (séc.XV) 

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Uma Viagem pelo Mundo em Português

 

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Guerras Espanha - Portugal

Ao longo dos séculos tem sido inúmeras as guerras entre portugueses e espanhóis. As tentações hegemónicas de Castela e depois da Espanha tem ciclicamente lançado a Península Ibérica na barbárie, com consequências devastadoras para ambos o países. 

Guerras Medievais.

 Se as guerras com os muçulmanos no território de Portugal, terminaram em meados dos século XIII, as guerras com os castelhanos nunca terminaram. A batalha de Aljubarrota, em 1385, continua a ser uma das mais celebradas pelos portugueses, pois o exército castelhano apoiado pelos franceses foi completamente devastado. 

Novas Frentes de Guerra.

Portugal cedo avançou para a sua expansão marítima, ocupando primeiro as Canárias (século XIV), e partir de 1415 começa a exploração e conquista de África, a que se seguiu a América e depois a Ásia. Abre-se então novas frentes de guerras com os castelhanos/espanhóis, que o célebre Tratado de Tordesilhas, em 1494, procurou limitar os estragos. A paz na Europa entre os dois países deixou de significar paz efectiva, pois a guerra entre eles foi frequentemente transferida para outras parte do mundo. 

Ocupação Espanhola (1580-1640).

A ocupação de Portugal em virtude da morte do rei D. Sebastião (1578), em Marrocos, apenas serviu para acentuar a separação entre os dois povos. Os espanhóis aproveitaram este período para saquearem as suas riquezas, apossarem-se de algumas das suas colónias (Ceuta, etc), mas também para destruirem a sua marinha e exército, deixando deste modo o seu Império à mercê de outras potências europeias (Holanda, Inglaterra, França). 

Enquanto prossegue a revolta interna, no exterior muitos portugueses apoiam a destruição do Império Espanhol, numa guerra onde a pirataria e os corsários tiveram um papel decisivo (consultar).

Guerras da Restauração (1640-1668).

Após a restauração da Independência seguiu-se um longo período de guerras que debilitaram ainda mais a economia de ambos os países. Para fazer frente às dificuldades de apoio militar,  Portugal reforçou a aliança luso-britânica com com pesados custos para a sua economia. No final do século XVII a Espanha estava arruinada. 

Guerra da Sucessão em Espanha (1702-1714). Um curto ciclo de paz só surgiu quando em 1705, Portugal invadiu a Espanha e conquistou Madrid. Os espanhóis acalmaram na Europa, mas as guerras entre os dois países prosseguiram na América do Sul. Os conflitos armados não tardaram a voltar ao solo europeu.

Invasão Franco-Espanhola (1762).

Aproveitando um fase de grandes dificuldades internas ( um terramoto em 1755 arrasara Lisboa e grande do sul do país), em Abril de 1762, os espanhóis de surpresa invadem Trás-os-Montes, e uma força franco-espanhola invade a Beira. A Inglaterra prestou então novo apoio a Portugal, sendo o comando das tropas confiadas a um príncipe alemão, o conde reinante de Schaumbourg-Lippe.

Invasões Franco-Espanholas (1801-1814).

 No final do século XVIII, quando os espanhóis se apercebem que os portugueses atravessavam graves problemas internos, pedem ajuda aos franceses para invadirem Portugal. A traição consuma-se em 1801 quando ajudados pelas tropas francesas saqueiam os Alentejo e usurpam Olivença, praticando o primeiro etnocídio da Europa contemporânea. 

Esta acção acabou por promover a invasões francesas de Portugal (1807-1814), mergulhando toda a Península Ibérica na barbárie, afectando de novo e de modo profundo o desenvolvimento ambos os países.

Época Contemporânea.

Ao longo de todo o século XIX foram contínuos os conflitos entre os dois países, implicando nomeadamente a intervenção de outras potências europeias como medianeiras (Tratado da Quadrupla Aliança, 1834) ou como forças de paz (Patuleia, 1847). 

Na 1ª. metade do século XX, a Espanha ameaçou por diversas vezes invadir Portugal, mas fica-se só pelas ameaças. 

Após a implantação da República em Portugal (1910), a Espanha apoia as várias revoltas contra o novo regime político. Como resposta, os portugueses apoiam acções de revolucionários espanhóis contra o regime monárquico. A instabilidade política passa a afectar ambos os países, onde as tentações ditatoriais (nacionalistas) são cada vez maiores.  

A IIª. República Espanhola (1931-1939) cometeu um dos seus mais graves erros ao ameaçar a soberania de Portugal. Ameaças que lhe custaram caro. A questão foi logo aproveitada pela Ditadura em Portugal (1926-1974) que passou a apoiar as forças de extrema-direita em Espanha. Portugal torna-se numa base da contra-revolução espanhola. 

Durante a Guerra Civil de Espanha (1936-1939), a ditadura em Portugal temendo o domínio dos repúblicanos e comunistas, apoiou activamente a tomada do poder pelos falangistas (Franco), fornecedo-lhes informações, armas, alimentos, bases militares, etc. Milhares de portugueses envolveram-se neste conflito em ambos os lados do confronto. Cerca de 500 mil espanhóis foram mortos e mais de 1 milhão tiveram que se refugiar no estrangeiro.

Finda a guerra as duas ditaduras colaboraram na repressão e na morte dos seus opositores, como foi o caso do assassinato do General Humberto Delgado (1965).

Um ano depois da queda da ditadura em Portugal (1974), termina a ditadura também em Espanha (1975). Entre 1974 e 1977 foram muito intensas as movimentações políticas entre os dois países, envolvendo nomeadamente grupos políticos armados de todos os quadrantes. 

No pós 25 de Abril de 1974, a despudorada e irresponsável  propaganda Iberista promete de novo exaltar as animosidades adormecidas, despertando velhos fantasmas. Os espanhóis parecem não aprender nada na História da Península Ibérica nos últimos 9 séculos.

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,Carlos Fontes

 
 

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