Carlos Fontes

 

 

Caravela. Navio português (séc.XV) 

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Uma Viagem pelo Mundo em Português

 

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Extremadura - Portugal

Nesta região espanhola fronteiriça de Portugal são muitos os locais onde se registou uma forte presença portuguesa

1. Alcantara

2. Albuquerque

3. Barcarrota

Povoação próximo de Olivença que pertenceu a João Afonso de Albuquerque (Lisboa, c.1304-1354), mordomo mor de Maria de Portugal, esposa de Afonso XI, descendia (por bastardia) de D. Dinis. Em Castela era senhor de Albuquerque entre outras terras.

"Biblioteca de Barcarrota".

4. Badajoz

A cidade Badajoz, na fronteira de Portugal está historicamente ligada à guerras entre os dois países, mas não só. As revoltas e guerras civis em Espanha transformam esta região num ponto de passagem para a fuga de exilados.

- D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal. Em Maio de 1169, quando foi ajudar Geraldo Sem Pavor que cercava Badajoz, sofreu um acidente e acabou prisioneiro dos leoneses. Para a sua libertação teve que entregar Trujillo, Cáceres e Montánchez.

- Conquista, Maio de 1396. Após Batalha de Aljubarrota em que os castelhanos foram derrotados, os mesmos recusaram-se durante anos a cumprirem as condições então acordadas. Como forma de os pressionarem, os portugueses neste ano tomam Badajoz.

- Guerra de Restauração. Durante a longa guerra (1640-1668) que se seguiu à restauração da Independência de Portugal, Badajoz e a sua região tornou-se no principal campo de batalha entre português e espanhóis. Entre as muitas incursões dos português, destacam-se os ataques a Badajoz em 1643, 1645, 1646, 1652, 1657 e o grande cerco de 1658. O objectivo era manter esta região fronteiriça da Espanha  sob permanente pressão militar até que fosse negociada a paz e o reconhecimento da independência. 

- Portugueses Defendem Badajoz, 1809-1811.  Em 1809, após mais uma expulsão das tropas franco-espanholas de Portugal, Beresford ordenou ao comandante de Elvas (Portugal) que enviasse para a defesa de Badajoz centenas de artilheiros para defenderem esta praça espanhola. Estas tropas portugueses resistiram com grande heroísmo e elevadas baixas até à conquista da cidade pelos franceses a 10 de Março de 1811.

- Batalha de Badajoz, 1812. A 6 de Abril de 1812, um exercito luso-britânico, procedente de Portugal, constituído por cerca de 60 mil homens toma a cidade de Badajoz, abrindo desta forma outro importante eixo para a invasão de Espanha então sob o domínio das tropas francesas e seus aliados espanhóis.

As invasões "napoleónicas" (1807-1814), tiveram inicio em 1801, quando a Espanha pediu ajuda à França para invadir Portugal. Nessa altura cerca de 20 mil franceses fixaram no norte de Espanha, enquanto outros ajudavam os espanhóis a invadirem o sul de Portugal, na chamada "guerra das  laranjas".

- Década Absolutista (1823-1833), Guerra Carlista (1836/9), Sublevação Republicana (1859). Nos muitos conflitos em que esteve envolvida a Extremadura espanhola na primeira metade do século XIX, Badajoz foi ponto de fuga para Portugal de muitos milhares de refugiados e exilados espanhóis envolvidos nestes conflitos. As mudanças políticas em Portugal despertavam de imediato movimentos políticos na Extremadura provocando reações em toda a Espanha. 

- La Sargentada, 1883. A sublevação militar em 1883 que pretendia implantar uma republica em Espanha, começou em badajoz (5/8), foi secundada em Santo Domingo da Calzada (La Rioja) e Seo de Urgel. Só das guarnições de Badajoz exilaram-se em Portugal mais de mil militares.

- Guerra Civil, 1936/39. Assim que a cidade de Badajoz começou a ser bombarda pela aviação fascista, 6 de Agosto de 1936. Ficaram tristemente célebres os brutais massacres que os fascistas fizeram na cidade, em particular na Praça de Touros. A fronteira portuguesa do Caia encheu-se de refugiados espanhóis em fuga (2). A fuga de refugiados alastrou a outras fronteiras na região, como a de Barrancos. Pouco antes de ocupação de Oliva de la Fronteira pela tropas fascistas (21/9/1936) já mais de mil espanhóis se refugiavam através desta fronteira em Portugal, onde contaram com o apoio do seu responsável - António Augusto Seixas.

Badajoz e a sua região tem sido também o berço de alguns dos maiores criminosos do povo português, como Manuel Godoy. 

- Tratados de Badajoz: 1267 e 1801

Para além das guerras e definição de fronteiras, a presença portuguesa destaca-se em muitos outros sítios da cidade:

-Catedral de San Juan Baptista. Foi concluída em 1542 pelo português Gaspar Mendez, arquiteto de outros obras em Badajoz. Casamento reais: Em 1383 da princesa Dona Beatriz de Portugal com Juan I de Castela;  Em 1729 da princesa Dona Bárbara de Bragança com Fernando VI de Espanha (ainda herdeiro do trono), e do então principe D. José (futuro rei de Portugal) com Mariana Victoria de Bórbon, filha de Felipe V de Espanha.

- Convento de San Francisco. A igreja concluída em 1732 foi na sua quase totalidade financiada por D. João V, rei de Portugal. A capela do "sagrario" tinha o nome de "Capila del Rey de Portugal".

5. Brozas

- Francisco Sánchez de las Brozas

6. Cáceres

O número de portugueses que habitaram esta cidade sempre foi significativo, embora não esteja reflectido nos seus monumentos.

- Concatedral de Cáceres. No retábulo maior (1549-1555) trabalharam dois entalhadores (ensabladores) portugueses: Pedro Dias e Francisco Fernandes.

- Palácio dos Duques de Abrantes. Situado na Plaza del Duque (extramuros) é um dos principais edifcios da cidade, tendo no seu interior uma ermida com uma preciosa relíquia: um  pedaço da "cruz de cristo". O palácio passou para as mãos de um descendente de D. João II, rei de Portugal: Afonso de Lencastre (Azeitão, 1597-1654), que recebeu de Filipe IV de Espanha, em 1642, o título de Duque de Abrantes, por o mesmo permanecido fiel aos espanhóis. Á semelhança de outros traidores da casa Duques de Aveiro, Afonso de Lencastre recebeu inúmeras honrarias em Espanha. O título nunca foi reconhecido em Portugal.

7. Llerena

Inquisição de Llerena (Badajoz) (1485-1834)

 

Um dos tribunais da Inquisição mais sanguinários de Espanha, abrangia as regiões de Ciudad Rodrigo, Plasencia, Coria e Badajoz.  Llerena era a sede da Ordem de Santiago espanhola. Estabeleceu relações privilegiadas com o Tribunal da Inquisição de Évora. Calcula-se que mais de 350 portugueses tenham sido presos ou mortos pela Inquisição de Llerena.

 

Alguns portugueses vítimas da Inquisição de Llerena:

 

- Francisco Gutierrez, morto em 1562.

Em 1569, os inquisidores de Llerena prendem um importante grupo de portugueses (4).

 

No Auto de Fé de 14/6/1579, conhecido por "Auto de Fé dos Alumbrados",  foram condenados e mortos vários portugueses (5), entre eles:

 

- Francisco Diaz, morador em Fregenal.

- Gregório Crespo. Foi preso por afirmar que não era pecado ter relações sexuais com uma prostituta, desde que pagasse o serviço.

- Maria de Cheles, moradora em Cheles. Foi condenada porque não via nenhum pecado em ter relações sexuais com solteiros e clérigos.

- Catalina Afonso, natural de Coimbra, viúva de um escrivão.

 

- Juan Garcia, boticário, filho de portugueses. Casado com Gracia Gómez. Foram presos em 1605.

- Miguel Lobo de Lisboa, casado com Blanca Gómez. Preso em 1614.

- Maria Gonzales, presa em Jerez, 1634

 

No processo chamado "Cumplicidad de Badajoz", em 1638, muitos foram os portugueses acusados e condenados.  

- Isabel e Beatriz de Acosta, presas a 6/2/1639.

 

Na sequência da restauração da independência de Portugal, em 1640, muitos portugueses que se haviam fixado na região de Mérida são acusados de tentarem entregar a cidade às tropas portuguesas (Cfr. Carta de Durán de Torres, escrita em Zafra, 1/10/1643), o que originou grandes perseguições da Inquisição.

 

- Beatriz Mendes, presa a 4/7/1643, consegue fugir.

- Catalina Mendez, natural de Olivença foi presa a 12/7/1646, conseguiu fugir. Foi apanhada e acabou por morrer nos cárceres da Inquisição.

 

O Duque de Béjar, era um dos muitos nobres espanhóis que andou a apropriar-se dos bens de portugueses sentenciados pela Inquisição de Llerena. Ficou, em 1651/4, com os bens de Luisa Rodriguez e do seu esposa Juan Méndez Campos, e de Jorge Rodriguéz Peteno e da sua esposa Blanca Enríquez, entre outros portugueses que foram mortos (6).  

 

- Maria Báez López, natural de Bazin (Beja ?), comerciante, foi presa a 24/3/1660.

 

O Auto de Fé de 23/4/1662, dos 88 condenados 78 eram portugueses ou seus descendentes, entre eles: Juan Gomez, natural de Cabeza David (Cabeço de Vide), mercador; Gaspar Gomes, irmão de Juan; Francisco Fernández Méndez, natural de Chacim, morador em Medellin, era administrador de tabacos.

 

- Francisco Enriquez de Ocalla (Vivarón), natural de Vila Flor (Trás-os-Montes). Morreu nos cárceres desta inquisição (1679). 

- Manuel Lopez, é morto em 1679.

- Manuel Lobato, moleiro. Foi preso a 1/8/1720.

- Martin de Olivenza, preso em 1722, nos cárceres de Coria.

- Família Rodriguez é devastada em 1725.

8. Olivença (Olivenza)

Território português usurpado pela Espanha em 1801. Em Olivença ocorreu o primeiro etnocídio da Europa contemporânea. A população portuguesa, violentada na sua identidade, foi obrigada a esquecer e renegar as suas origens. A limpeza étnica dos nazis retomou e ampliou o exemplo seguido em Olivença.  Mais

9. Medellin

10. Monasterio Real de Nuestra Señora de Guadalupe

A construção deste mosteiro deveu-se a uma rainha portuguesa de Castela - D. Maria de Portugal-, esposa do rei castelhano Afonso XI, que o mandou construir com parte do espólio da batalha do Salado, na qual portugueses e castelhanos derrotaram os mourosTornou-se talvez, por esta razão, um dos locais privilegiados de encontro ntre a nobreza portuguesa e a espanhola. Mais

11. Montijo

Nos campos entre Badajoz e Mérida, junto a Montijo, o exercito português numa das muitas incursões em Espanha, ente 1640 e 1668, foi aqui surpreendido pelos espanhóis sofrendo pesadas baixas. A "Batalha do Montijo" é considerada a grande vitória militar dos espanhóis neste conflito. 

12. Valverde, Eljas

Carlos Fontes

  Notas:

(2) Bernardo Futscher, Pereira - A Diplomacia de Salazar, 1932-1949, ....

(4) Llorente, Juan António - Historia Critica ...., p.166

(5) Baroja, Julio Caro - Los Júdios en la España Moderna y Contemporanea... vol.1, p.474

(6 ) Hervás, Marciano de - La Inquisición en el señorío de Béjar y sus consecuencias, 1514-1515,

 
 

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