Carlos Fontes

 

 

Caravela. Navio português (séc.XV) 

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Uma Viagem pelo Mundo em Português

 

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País Basco / Eukadia

Esta região de Espanha, com uma lingua própria e uma forte identidade nacional, ao longo dos séculos gerou alguns dos católicos mais fanáticos, os quais sempre encontraram em Portugal um terreno propício para a sua expressão. Dois exemplos: 

- Francisco de Xavier (Pamplona). Os portugueses levaram-no até ao Oriente e promoveram-no à categoria de Santo. 

- Iñigo (Inácio) Lopez (Loyola). Com dez companheiros, entre os quais o português Simão Rodrigues, fundou a Companhia de Jesus (1940). Os portugueses levaram a Companhia aos confins do mundo. No século XVIII, o Marques de Pombal, liderou os governos europeus na extinção desta Ordem.   

Alguns intelectuais bascos, como Unamuno (Bilbau) mantiveram uma ligação muito próxima com Portugal. Até fins do século XVIII é possível encontrar muitos portugueses como mercenários nos barcos desta região que se dedicavam à pirataria e ao tráfico negreiro.

Na segunda metade do século XX, no País Basco desenvolveu-se um movimento nacionalista que reclama a independência desta nação de Espanha: ETA - Euskadi Ta Askatasuna (País Basco e Liberdade, 1959). 

O que levou a população de Euskadi (país basco) a pegar em armas e cometer tantos atentados bombistas contra os seus inimigos (entenda-se os espanhóis)? Será que a luta pela separação de Espanha justifica tais actos? Uma coisa é certa: a autonomia que lhes foi concediada pelo Estado espanhol não a contentou. Afirmam que querem ser livres!.

A barbárie que ocorre nesta região europeia, desde os finais do século XIX, é dificil de ser explicada se não tivermos em conta as causas mais profundas deste conflito que tantas mortes já provocou.

O que o povo basco TEME é o fim da sua própria existência e identidade como povo, a sua total castelhanização: o Etnocídio.

Olhando para o que os espanhóis fizeram aos povos indigenas na América Latina e aos portugueses em Olivença, sabem que o seu futuro está traçado: Um dia eles também irão desaparecer. O que restará serão casas e uma lindissima paisagem para recordar que ali habitou um outro povo muito distinto dos seus ocupantes. Mas então já não restará lá ninguém vivo para contar, apenas os herdeiros dos invasores a reclamarem casas e terras que não lhes pertencem, memórias que não possuem. Para a história só os mortos darão testemunho da barbárie. É por isso os olhos dos bascos e dos catalães estão postos em Olivença, e o seu futuro que ali vêem horroriza-os!

26 de Abril de 1937. Franco, o caudilho que governou a Espanha entre 1939 e 1975, convida Hitler a participar na matança do povo basco. A população de Guernica é assassinada pela aviação alemão!

Pintura mural numa rua da cidade de Baiona (Julho de 2003), onde se alude á violência que ocorre nesta região.

 

Na última fase do franquismo sucederam-se as execuções de membros da ETA e de outras organizações revolucionárias. A questão levantou um coro de protestos mundiais. No dia  27 de Setembro de 1975, em que foram executados 8 activistas políticos: 

-  Juan Paredes Manot (21 anos), em Barcelona; Ángel Otaegui Echevarría( 33 anos), em Madrid, ambos acusados de pertencerem à ETA. 

- José Luis Sánchez Bravo (22 anos), Ramón García Sanz (27 anos), José Humberto Baena Alonso (24 anos), todos executados em Madrid e acusados de serem membros da "Frente Revolucionario Antifascista y Patriota (FRAP)".

Perante esta barbárie, em Lisboa organizou-se uma manifestação de repúdio por estas condenações e a Pena de Morte em Espanha. Milhares de pessoas (anarquistas, militantes da UDP, MES e do PRP), assaltaram e destruiram o Consulado e a Embaixada de Espanha em Lisboa. Dois meses depois morria Franco, a pena de morte só foi abolida em Espanha no ano de 1995 (Portugal - 1867). Este caso gerou em Portugal uma enorme onde de simpatia pela causa dos nacionalistas bascos. O número de mortes e presos neste conflito não tem parado de aumentar, não se perspectivando o seu fim.

Nestes e outros conflitos muitas vezes sido referido o envolvimento de portugueses. No século XX, muitos milhares participaram na Guerra Civil de Espanha (1936-1939), nos dois lados em confrontos. Um número ainda não quantificado alistou-se na Legião Espanhola.

Depois de 1975 muitos tem sido referidos como estando ligados a organizações como a ETA e os GRAPO do Partido Comunista de España reconstruido, (maoista), mas também a outras organizações que as combatem. Durante a última campanha de propaganda iberista (depois de 2002), foram levantadas suspeitas que a ETA tenha bases em Portugal. Nada todavia justifica que nos nossos dias hajam portugueses envolvidos nas lutas intestinas espanholas. 

Carlos Fontes

 

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