. Independência
e Guerra Civil Na sequência do
derrube da ditadura em Portugal (25 de Abril de 1974), abrem-se perspectiva
imediatas para a independência de Angola. O Governo português, negoceia com os
três principais movimentos de libertação ( MPLA- Movimento Popular de Libertação
de Angola , FNLA-Frente Nacional de Libertação de Angola e UNITA-União
Nacional para a Independência Total de Angola ), o período de transição e o
processo de implantação de um regime democrático em Angola (Acordos de Alvor,
Janeiro de 1975). A independência de
Angola não foi o inicio da paz, mas o inicio de uma nova guerra aberta. Muito
antes do dia da Independência, a 11 de Novembro de 1975, já os três três
grupos nacionalistas que tinham combatido o colonialismo português lutavam
entre si pelo controle do país, e em particular da capital, Luanda. Cada um
deles era na altura apoiado por potências estrangeiras, dando ao conflito uma
dimensão internacional.
A União Soviética e Cuba apoiavam o MPLA, que controlava a cidade de Luanda e
pouco mais. Os cubanos não tardaram a desembarcar em Angola (5 de Outubro de
1975).
A África do Sul que apoiava UNITA, por seu lado, invade Angola (9 de Agosto de
1975).
O Zaire que apoiava a FNLA invade também este país (Julho de 1975). A
FNLA conta também com o apoio da China, mercenários portugueses e também com
o apoio da África do Sul.
Os EUA que apoiaram inicialmente apenas a FNLA, não tardam a ajudar também a
UNITA. Neste caso, o apoio manteve-se até 1993. A sua estratégia foi
durante muito tempo dividir Angola.
Em Outubro de 1975,
o transporte aéreo de quantidades enormes de armas e soldados cubanos,
organizado pelos soviéticos, mudou a situação, favorecendo o MPLA. As tropas
sul-africanas e zairenses retiraram-se, e o MPLA conseguiu formar um governo
socialista unipartidário.
Em 1976 as Nações
Unidas reconheciam o governo do MPLA como o legitimo representante de Angola, o
que não foi seguido nem pelos EUA, nem pela África do Sul .
No meio do caos que
Angola se havia tornado, cerca de 300 mil portugueses abandonam este país entre
1974 e 1976, o que agrava de forma dramática a situação económica.
Em Maio de 1977, um
grupo do MPLA encabeçado por Nito Alves, desencadeia um golpe de Estado, que é
afogado num banho de sangue. No final deste ano, o MPLA realiza o seu 1º
Congresso, onde se proclama um partido marxista-leninista e adopta o nome de
MPLA-Partido do Trabalho.
A guerra continuava
a alastrar por todo o território. A UNITA e a FNLA juntaram-se então contra o
MPLA. A UNITA começou por ser expulsa do seu quartel-general no Huambo, sendo
as suas forças dispersas e impelidas para o mato. Mais tarde, porém, o partido
reagrupou-se, iniciando uma guerra longa e devastadora contra o governo do MPLA.
A UNITA apresentava-se como sendo anti-marxista e pró-ocidental, mas tinha também
raízes regionais, principalmente na população Ovimbundu do sul e centro de
Angola.
Agostinho Neto,
morre em Moscovo a 10 de Setembro de 1979, sucedendo-lhe no cargo o ministro da
Planificação, o engenheiro José Eduardo dos Santos.
No inicio dos anos
oitenta, o número de mortos e refugiados não pára de aumentar. As
infra-estruturas do país são brutalmente destruídas. Os ataques da África do
sul não páram. Em Agosto de 1981, lançam a operação "Smokeshell"
utilizando 15.000 soldados, blindados e aviões, avançando mais de 200 km na
província do Cunene (sul de Angola). O Governo da África do Sul justifica a
sua acção afirmando que na região estavam instaladas bases dos guerrilheiros
da SWAPO, o movimento de libertação da Namíbia. Na realidade tratava-se de
uma acção de apoio à UNITA, tendo em vista a criação de uma "zona
libertada" sob a sua administração. Estes conflitos só terminaram em
Dezembro de 1988, quando em Nova Iorque foi firmado um acordo tripartido
(Angola, África do Sul e Cuba) que estabelecia a Independência da Namíbia e a
retirada dos cubanos de Angola.
A partir de 1989, com a queda do bloco da ex-União Soviética, sucedem-se em
Angola os acordos de paz entre a Unita e o MPLA, seguidos recomeço das
hostilidades. Em Junho de 1989, em
Gbadolite (Zaire), a UNITA e o MPLA estabelecem uma trégua. A paz apenas durou
dois meses. Em fins de Abril de
1990, o Governo Angola anuncia o reinicio das conversações directas com a
UNITA, com vista ao estabelecimento do cessar fogo. No mês seguinte, a UNITA
reconhecia oficialmente José Eduardo dos Santos como o chefe de estado
angolano. O desmoronar da União Soviética acelera o processo de democratização.
No final do ano, o MPLA anunciava a introdução reformas democráticas no país.
A 11 de maio de 1991, o governo publica uma lei autorizava a criação de novos
partidos, pondo fim ao monopartidarismo. A 22 de Maio os últimos cubanos saem
de Angola. 31 de Maio de 1991,
com a mediação de Portugal, EUA, União Soviética e da ONU, celebram-se os
acordos de Bicesse (Estoril), terminado com a guerra civil desde 1975, e
marcando as eleições para o ano seguinte.
As eleições de
Setembro de 1992,dão a vitória ao MPLA (cerca de 50% dos votos). A UNITA
(cerca de 40% dos votos não reconhece os resultados eleitorais. Quase de
imediato sucede-se um horrendo banho de sangue, reiniciando-se o conflito
armado. Em 1993, o Conselho
de Segurança embarga as transferências de armas e petróleo para a UNITA.
Tanto o governo como a UNITA acordaram, em parar as novas aquisições de armas,
mas tudo não passou de palavras.
Em Novembro de 1994,
celebra-se o Protocolo de Lusaka, na Zâmbia entre a UNITA e o Governo de Angola
(MPLA). A Paz parece mais do que nunca estar perto de ser alcançada. A UNITA
usou o acordo de paz de Lusaka para impedir mais perdas territoriais e para
fortalecer as suas forças militares. Em 1996 e 1997 adquiriu grandes
quantidades de armamentos e combustível, enquanto ia cumprindo, sem pressa, vários
dos compromissos que assumira através do Protocolo de Lusaka.
Em Dezembro de 1998,
Angola retorna ao estado de guerra aberta, que só parou em 2002, com a morte de
Jonas Savimbi (líder da Unita).
Carlos Fontes
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