Navegando na Filosofia. Carlos Fontes

 

O que defendem as duas principais correntes filosóficas sobre a natureza  dos valores?

 

 

Textos

 

Aos olhos do sociólogo, os únicos valores reais são sempre os de uma sociedade particular; são os ideais que uma colectividade escolhe para si e a que adere. Os valores são pois sempre específicos duma dada sociedade: são-no também dum tempo histórico, porquanto variam não só no tempo como de uma sociedade para outra. ,Guy Rocher, Sociologia Geral, I Vol.

 

 

Síntese

 Objectividade ou Subjectividade dos Valores

 

 

Os valores valem por si mesmos, independente das relações que os homens possam manter com eles? O mesmo é dizer são absolutos, intemporais e incondicionados? Ou pelo contrário, todos os valores são sempre relativos, historicamente determinados? Sobre esta questão existem duas posições essenciais, a dos que defendem a subjectividade dos valores e a dos que defendem a sua objectividade.

Subjectividade dos valores: Ao longo da história da filosofia muitas correntes têm defendido esta posição. Os sofistas afirmavam, por exemplo, que a verdade ou a moral não passavam de convenções que variavam de sociedade para sociedade, de indivíduo para indivíduo. F. Nietzsche afirma que a natureza carecia de valores e somos nós que lhos damos. J.P. Sartre, ao defender a liberdade humana proclama que cabe ao homem a tarefa de inventar os seus próprios valores.

Esta concepção assenta na constatação empírica que ao longo dos tempos os valores estão sempre a mudar. O ideal de beleza numa época, por exemplo, torna-se num na expressão do mau gosto noutro período histórico. 

Objectividade dos valores: A maioria das religiões defende esta posição. Os cristãos, por exemplo, apoiados no Novo Testamento declaram que certos valores como o amor ao próximo e as normas morais são absolutos, isto é, não dependem das sociedades nem dos indivíduos, uma vez que correspondem à vontade divina. Na filosofia encontramos a mesma posição em filosófos como Platão. Este considera que o belo, o bem e o justo existem idealmente como entidades imutáveis e incondicionadas. Mais recentemente, a objectividade dos valores foi defendida por filósofos como Max Scheler e Nicolay Hartmann.

Esta concepção assenta na convicção que em todas as épocas históricas ou culturas sempre existiram pessoas que tomaram um conjunto de valores, como o Bem, Belo ou a Justiça como ideais a atingir, não os identificando todavia com nada de concreto ou circunstancial. Não os sabendo definir com rigor, sabem todavia muito bem aquilo que não são.

           Carlos Fontes

Sócrates, as suas duas esposas e Alcebiades (c.1655), pintura de Reyer Jacobsz van Blommendael

 

Carlos Fontes

10º. Ano - Programa de Filosofia 

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