Navegando na Filosofia - Carlos Fontes

Que articulação podemos estabelecer entre liberdade e responsabilidade ?

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Textos

 

Não é por acaso que os pensadores de hoje falam mais facilmente da condição do homem que da sua natureza. Por condição entendem mais ou menos distintamente o conjunto dos limites "a priori" que esboçam a sua situação fundamental no universo. As situações históricas variam: o homem pode nascer escravo numa sociedade pagã ou senhor feudal ou proletário. Mas o que não varia é a necessidade para ele de estar no mundo, de lutar, de viver com os outros de ser mortal. 

Os limites não são nem subjectivos nem objectivos, têm antes uma face objectiva e uma face subjectiva.

Objectivos. porque tais limites se encontram em todo o lado e em todo o lado são reconhecíveis; subjectivos, porque são vividos e nada são se o homem os não deixar viver, quer dizer, se o homem não se determina livremente na sua existência em relação a eles.",

Jean-Paul Sartre, O Existencialismo é um Humanismo, p.216-217.   

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Esquemas

 

 

 

 

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Síntese

Liberdade, Consciência e Responsabilidade

 

 

1. Problema do Livre-Arbítrio

O problema do livre-arbítrio consiste em saber se é possível afirmar que tudo o que acontece é resultado de uma causa e ao mesmo tempo sustentar que a ação humana é livre, isto é, não é determinada por uma lei que a torna necessária e previsível.

O estudo das condicionantes da ação humana mostraram-nos que é possível explicar todas as nossas ações com base em causas que são alheias à nossa vontade. O estudo da natureza mostra também que tudo o que acontece só pode ser explicado com base numa sucessão de causa-efeito, partindo do princípio que nada acontece ao acaso. Será o ser humano uma excepção ?

2. Conceito de Liberdade

Apesar de todos os condicionamentos, continuamos a afirmar que o homem é um ser livre, pois em última instância é sempre ele que decide agir ou não.

-. Sendo livre pode decidir ajustar-se ou não às regras sociais que encontra. Pode realizar ou não actos que constituem verdadeiras rupturas com os condicionalismos e as solicitações externas ou internas (Liberdade de).

-Sendo livre toma decisões que têm como objectivo responder à sua necessidade de realização pessoal, em conformidade com o seu próprio projecto de vida (Liberdade para).

Mas o que se entende por liberdade? - Designa a capacidade que todo o homem possui de actuar segundo a sua própria decisão.

3. Pressupostos da Liberdade

A liberdade implica:

- Autonomia do sujeito face às suas condicionantes. Embora o homem esteja sempre condicionado por factores externos e internos, para que uma acção possa ser considerada livre é necessário que ele seja a causa do seus actos, isto é, que tenha uma conduta livre. 

- Consciência da acção. A acção humana é a manifestação de uma vontade livre e portanto consciente do seus actos. Este pressuposto implica que o sujeito não ignore a intenção, os motivos e as circunstâncias, assim como as consequências da  da própria acção. Pressuposto que está todavia longe de estar sempre satisfeito.

- Escolhas fundamentada em valores. A acção implica sempre a manifestação de certas preferências, implicando o homem nessa escolha. Nem sempre contudo, esta dimensão da liberdade é consciente, embora seja sempre materializada na própria acção.

4. Formas de Liberdade

- Liberdade interior: autonomia face a si mesmo (Liberdade psicológica) e de agir segundo valores livremente escolhidos (Liberdade Moral)

- Liberdade Exterior: autonomia face à sociedade (Liberdade sociológica) e de exercer os direitos básicos de qualquer cidadão (Liberdade Política).

5. Responsabilidade

A liberdade é inseparável da responsabilidade, pois aquele que reconhece como suas determinadas decisões, tem que igualmente reconhecer e assumir as consequências e os efeitos das mesmas. Este será uma assunto que desenvolvermos em detalhe quando abordarmos, em detalhe, a dimensão ética do agir.

6. Individualização

Embora o homem não seja livre de escolher  o que lhe acontece, é todavia livre de responder desta ou daquela forma ao que lhe acontece (F. Salvater).

É nestas escolhas que o homem faz que define a sua individualidade, personalidade. As opções que tomamos ao longo da vida é que nos diferenciam. É por elas que somos julgados e avaliados nas nossas condutas. Aquilo que somos manifesta-se portanto naquilo que fazemos. 

Carlos Fontes

A Liberdade ou a Morte (1795), pintura de Jean-Baptiste Regnault.

Carlos Fontes

10º. Ano Programa de Filosofia

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