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História da Formação Profissional e da Educação em Portugal

Carlos Fontes

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Idade Contemporânea - (Séc.XIX)

Ensino Militar

As estruturas de formação militares continuaram a impor-se sobre as civis. Na primeira metade do século, a Academia Politécnica do Porto, Escola Politécnica de Lisboa, e a Escola Veterinária de Lisboa ficaram durante dezenas de anos na dependência do Ministério da Guerra.

     Ao contrario dos outros ramos de ensino civil, as escolas militares tinham ultrapassado desde há muito a dispersão e precariedade do século anterior, e constituíram um sólido  sistema que abrangia todos os níveis: o Real Colégio Militar de Lisboa (1802), para o ensino dos filhos dos militares; as Escolas de Ensino Mutuo , para a alfabetização nos quartéis ( 1815);a Escola de Veterinária ( 183 ); aos grandes estabelecimentos de formação do oficialato, como a Escola do Exercito (1837 ) ou a Escola Naval ( 1845). Destas apenas as duas últimas nos interessam agora analisar.

1. A Academia Real dos Guarda- Marinha, reconstituída após as Invasões Francesas, sofreu profundas mudanças em pleno Liberalismo. A mais importante das quais foi porém a própria abolição em 27 de Agosto de 1832 das prerrogativas que a nobreza gozava , na admissão a esta escola. Mas a reforma mais profunda data do cabralismo ( ? ): a 25 de Abril de 1845 , o ministro José Falcão criou em substituição da antiga Academia, a Escola Naval. Começara de facto um novo período na formação da marinha de guerra e na mercante. O curso de oficial da marinha, a base da escola, tinha uma duração de dois anos, e um currículo actualizado. No entanto, pouco depois, com a difusão o dos navios a vapor e dos estudos hidrográficos, uma nova reforma teve que ser introduzida nos planos curriculares. Para acompanhar a rápida evolução tecnológica da marinha neste século, tudo teve que mudar: as habilitações de acesso, a duração dos cursos  e a complexidade das matérias ministradas. Um facto importante foi a crescente especialização, que se traduziu em meados deste século no aparecimento de novos cursos:  curso de engenheiro construtor naval; curso de engenheiro hidrográfico; curso de maquinista naval e o curso de oficial da marinha de guerra;

2. A tecnologia empregue pelo exercito acompanhou a que ocorria neste século. O mesmo fenómeno de diversificação e especialização que se processou na marinha de guerra e na mercante, passou-se também aqui. Em plenas reformas de Passos Manuel, a 12 de Janeiro de 1837, por iniciativa de Sá da Bandeira é criada a Escola do Exercito, ficando instalada no mesmo edificio da Escola Politecnica[1] .A preparação cientifica era confiada ás Escolas Politécnicas, sendo as matérias especificas ministradas neste estabelecimento militar. Esta escola era responsável em Lisboa pelo ensino de engenharia de construções e minas, tanto para militares como para civis, situação  que se prolongou até 1911.

O quadro das cadeiras que possuía não ultrapassava as 7,assim distribuídas: 1. Arte militar  e fortificações passageiras; 2. Fortificações permanentes; 3.Artilharia; 4.Estabilidade de construções , mecânica aplicada ás máquinas e obras de hidraulica ; 5. arquitectura civil e suas aplicações , no traçado, abertura e construção de estradas, caminhos de ferro, pontes e canais; 6. Desenho topográfico militar e de paisagem. 7. Curso de gramática e língua inglesa.

  O ensino ministrado nesta Escola revelou sempre um profundo arcaismo face ao que se passava no domínio da engenharia militar e ciência da guerra noutros países.

  Em 1891, no jornal "Correio da Tarde", fazia-se um contraste entre o ensino praticado nos Institutos e a Escola do Exercito: enquanto as cadeiras nos primeiros se contavam pelas dezenas, nesta, apenas existiam nove. As únicas que habilitavam, os alunos que haviam tirado 3 ou quatro anos na Universidade ou nas Escolas Politécnicas, ao curso de engenheiros militares, oficiais de artilharia, de infantaria ou cavalaria e de Estado - Maior[2].

Em 1911 a República com a criação do Instituto Superior Técnico põe fim a longa subordinação em Lisboa do ensino de engenharia ás escolas militares. Vocacionando-se a Escola do Exercito exclusivamente para a carreira militar.  

Em construção !

  Carlos Fontes

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Notas:

1] Em 1843 quando ocorreu o incêndio na edificio , mudou-se para as Chagas, e depois para os Capuchos, para em 1850 se fixar até hoje , no Palácio da Bemposta  ou Paço da Rainha.

[2]. Correio da Tarde, 31 de Agosto de 1891, artigo anónimo.