Os Deslocados
 

Sasportes

Carrilho deixou o Ministério da Cultura num caos. Pavoneou-se enquanto pode, quando o orçamento  se revelou escasso para cobrir o despesismo, saiu.  Quando José Sasportes ocupou o seu lugar, a 12/7/2000, era um homem já cansado. Ninguém esperava que alterasse a situação. Sasportes não  defraudou as expectativas. Nada fez, nem se esperava que viesse a fazer qualquer coisa, limitou-se apenas a aguardar a entrada do "senhor que se segue". 

As tribos que reinam no Ministério da Cultura e se alimentam do erário público, fizeram-lhe a vida negra quando este pretendeu beliscar nas suas benesses. Sem energia, nem visão política era à partida um derrotado em qualquer combate político que enfrentava. A única lembrança que deixou foi a de um triste figura que fez aquando de uma atabalhoada atribuição de subsídios ao teatro dito "independente". Deu o dito por não dito, e acabou por manter tudo na mesma.

António Guterres a 3 / 7/ 2001 acabou por o afastar, evitando-lhe mais sofrimentos.

 

Augusto Santos Silva

Era tal o descalabro da actuação de Sasportes à frente do Ministério da Cultura (MC), que para dignificar o cargo, António Guterres se viu obrigado a sacrificar a figura de um ministro da educação, nomeando-o para o lugar de Sasportes.

Augusto Santos Silva, como ministro da educação, estava todavia longe de possuir o saber e a capacidade de Marçal Grilo, seu antecessor. Foi sempre um político de segundo plano, um "homem de gabinete", que era sobretudo reconhecido pelos seus escritos sociológicos.

Foi com alguma expectativa que foram recebidas as suas primeiras declarações. Não acredita nos reis filósofos, só nos reis políticos. Não acha que seja preciso um orçamento maior para que haja mais cultura. O que lhe foi atribuído chega perfeitamente.

É aquilo a que se chama sociologicamente um conformado, ou numa leitura malévola, um adepto dos princípios da qualidade total. A mais subversiva das posturas que se pode ter neste ministério, tantos são os interesses instalados.

Apenas se lamenta que o regabofe de Carrilho&compª. tenha sacrificado muitos projectos estruturais que haviam sido anunciados, como o centro de documentação de artes do espectáculo no CCB, um centro de formação técnica e gestão, o arquivo fotográfico atrás da Torre do Tombo, o espaço de reservas dos museus, a ampliação do Museu do Chiado, etc. O dinheiro não deu para tudo.

A sua curta actuação à frente do MC, acabou por ser marcada pela total descrição. Conformou-se com tudo aquilo que encontrou e nada procurou mudar, não fosse acontecer-lhe o mesmo que ao seu antecessor.

Após a demissão de António Guterres a seguir às eleições autárquicas de 16 de Dezembro de 2001, apagou-se completamente. Até 17 de Março de 2002, quando foram realizadas as eleições para a Assembleia da República, limitou-se a uma mera gestão corrente do Ministério, dado que outra coisa não era capaz.

No dia 6/4/2002 terminou a miserável passagem pelo Ministério da Cultura.

Carlos Fontes

 


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