Carlos Fontes

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Rota Cisterciense (Ordem de Cister)

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Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça

Fundação. D. Afonso Henriques para ocupar e desenvolver os territórios que conquistou a sul de Coimbra, em 1153, atribuiu carta de doação e couto do lugar de Alcobaça a S. Bernardo, abade do mosteiro de Claraval. O Mosteiro de Alcobaça em cujos coutos e granjas existiam treze vilas desempenhou nos primeiros séculos, uma importante função no povoamento e na economia da Estremadura.

Em 1157 chegaram a Alcobaça, vindos de França, os primeiros monges. A ligação a Claraval manteve-se até 1459, quando Alcobaça foi dispensado de visitas da casa-mãe e o abade deixou de ser obrigado a comparecer nas reuniões do capitulo geral em França.

Arquitectura. A construção do mosteiro, o primeiro grande edifício gótico em Portugal,  conheceu várias várias fases ao longos dos séculos. A primeira entre 1178 e 1195, durante a qual foi destruído ou danificado pelas incursões muçulmanas em 1184 e 1195. Seguiu-se a de 1195 a 1252, na qual mosteiro se tornou habitável (1222), a igreja foi dada por concluída em 1223, sendo sagrada em 1252.

As dimensões da igreja de Alcobaça, com 106 metros de comprimento, fazem dela a terceira maior entre os mosteiros cisterciense, só ultrapassada pelas da abadias de Vaucelles e Longpont.

Alcobaça ao longo dos séculos procurou manter fiel à memória da sua ligação à independência de Portugal. Não foi por acaso que durante a crise dinástica de 1383/5, o seu abade apoiou ativamente a causa do Mestre de Aviz contra Castela.

Como reconhecimento da sua importância na formação de Portugal três reis da primeira dinastia fizeram-se sepultar em Alcobaça: D. Afonso II, D. Afonso II e  D. Pedro I

 

Prosperidade. O Mosteiro de Alcobaça até meados do século XV goza de enorme prosperidade económica, tendo  desempenhado um papel de enorme relevo na cultura em Portugal.

Biblioteca.

Ensino

Escultura

Iluminura

Ourivesaria

Abades Comendatários. Os abades a partir de 1475 passam passam a gozar de benefícios seculares, desfrutando de benefícios eclesiásticos seculares  como atribuições ou desfrutam de rendas por razões históricas. D. Jorge da Costa foi o primeiro abade secular (1475-1505), a sua grande preocupação como abade foi sobretudo centrada no aumento dos seus rendimentos pessoais, como aconteceu com os outros que lhe seguiram.

Resistência e Renascimento. Durante o domínio filipino (1580-1640), os monges cronistas de Alcobaça mostram-se abertamente defensores da restauração da independência de Portugal.

Frei Bernardo de Brito (cronista da Ordem em 1597 e cronista -mor em 1614), tece uma mítica origem de Portugal, e no quadro da beatificação do primeiro rei de Portugal inventa o célebre "milagre de Ourique".

Frei António Brandão ( nomeado cronista-mor em 1629), desenvolve o mesmo discurso de mitificação deste rei, continuando a sustentar que o reino de Portugal se deveu a uma vontade divina. A sua existência era sagrada..

Depois de 1640 e em particular após as pazes com Espanha (1668), através de crónicas do reino, mas por um elaborado discurso visual pictórico e escultórico, os monges prosseguem a mitificação da fundação do reino de Portugal, fazendo corresponder, por exemplo, as épocas de decadência do país àquelas que os reis se afastaram da Ordem de Cister e as de progresso aquelas que a apoiaram.

Na fachada norte do Mosteiro, em 1716, os monges colocam uma estátua de D. Afonso Henriques, cuja presença provocou desde logo acontecimentos milagrosos segundo relatos do tempo, como referiu recentemente o historiador de arte -Carlos Moura

Continua...

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