Memórias

 
   

Emigração Portuguesa

Algumas Referências Históricas

Século XV

Os primeiros destinos dos portugueses, acompanharam as conquistas, as descobertas e a expansão marítima. As primeiras vagas foram para as praças fortes do norte de África (Marrocos): Ceuta (1415), Tanger, Arzila, Alcácer Ceguer, Safim, Azamor, Mazagão, Cabo de Guer.

Instalam-se nas ilhas as ilhas atlânticas da Madeira (1420-1425), Açores (1427). 

À medida que as descobertas avançam, e se criam praças fortes ao longo da costa africana, para lá emigram milhares de portugueses: Desde o litoral saariano (Arguim), rios da guiné, Serra Leoa, costa do Golfo (São Jorge da Mina) no Congo, Angola, etc. 

No final deste século cerca de 100 mil portugueses haviam já emigrado.

 

Século XVI

A descoberta do caminho marítimo para a Índia, abre novas oportunidades à emigração. Estabelecem-se na longo da África Oriental, depois no golfo pérsico, Ormuz na Índia, Goa, Diu, Cochim, Coulão, Bassaim, Chaul. Avançam mais para oriente e estabelecem-se na costa de Coromandel (Bengala), em Malaca, Molucas, na China, Japão, em Timor e Solor (Indonésia). É para a India que se dirige o grosso da emigração portuguesa neste século, formandos importantes comunidades em cidades como Goa, Baçaim, Chaul, Damão, Cochim, Columbo e São Tomé de Melimpor.

Na Europa e nas Américas, a emigração portuguesa faz-se sentir em todos os azimutes. A sua presença faz-se sentir em Bruges, Antuérpia nas actividades comerciais, mas também em Sevilha, Londres e em diversas cidades de França e Itália. A emigração para o Brasil começa a tornar-se cada vez mais importante até que no século XVII se torna no principal destino dos portugueses.

Durante a dominação filipina (1580-1640), dezenas de milhares de portuguesas emigram para Espanha e as suas possessões.  

Os portugueses, neste século, estão já espalhados por todo o mundo: do Brasil ao Japão, da Terra Nova (Canadá) ao Perú, dos países baixos a Moçambique e à Abissínia, de Ormuz (Golfo Pérsico) e da Pérsia a Timor e às Filipinas, do Rio da Prata a Sevilha e Interior de Castela.

A expulsão dos judeus portugueses, contribui igualmente para esta diáspora.  Estabelecem-se grandes colónias de emigrantes portugueses nos Países Baixos (Holanda e Bélgica) e no Sudoeste da França, Alemanha,Inglaterra, mas também para o Norte de África e a região da actual Turquia. Muitos outros rumaram para a India e o Brasil.

Calcula-se que entre 1500 e 1580 tenham saída de Portugal cerca de 280 mil pessoas. Durante a dominação filipina, cerca de 360 mil (Dados de Vitorino Magalhães Godinho).

O número de emigrantes é tal, que Portugal a partir do século XVI que importar mão-de-obra (escravos) para compensar esta constante saída dos seus naturais. 

 

Século XVII

A ocupação territorial do Brasil, absorve a partir da segunda metade do século XVI, grande parte deste fluxo de emigrantes. A expansão para o Oriente é abandonada em favor do Brasil. Ainda no século XVI os primeiros emigrantes dirigem-se para o Nordeste (Baía e Pernanbuco) e logo depois para a região do Rio de Janeiro, penetrando cada vez mais para o interior.

No final do século, com a descoberta de jazigos auríferos e pedras preciosas, os portugueses estabelecem-se em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. 

Embora a emigração tenha diminuído entre 1640 e 1700, mesmo assim calcula-se que tenha de cerca de 120 mil portugueses(Dados de Vitorino Magalhães Godinho)..  

 

Século XVIII

Acentua-se a imigração para o Brasil, devido á exploração mineira, especialmente entre 1697 e 1760. A Madeira e os Açores passam a exportar também emigrantes, nomeadamente para o Brasil (povoamento do litoral de Rio Grande do Sul e de Santa Catarina), mas também para África (Moçambique e Angola).

O número de emigrantes, entre 1700 e 1760, calcula-se que tenha atingido as 600 mil pessoas (Dados de Vitorino Magalhães Godinho). Números impressionantes se tivermos em conta que a população de Portugal, em 1732, rondaria os 2,4 milhões individuos.  

 

Século XIX

O estabelecimento da Corte portuguesa no Brasil, e a posterior independência deste país (1822), não diminuem o caudal de emigrantes.

No último quartel deste século ocorre uma verdadeira debandada do país que se prolonga até 1930. Estes emigrantes dirigem-se para o Brasil, EUA, Argentina, Uruguai, Guiana Inglesa, Oceania, ilhas do Hawai, etc.

A emigração para a Europa, dirige-se sobretudo para Espanha (agricultura, minas e pescas), mas também para a França a partir do fim do século.

O incremento da colonização de África faz igualmente disparar o números de emigrantes que se instalam nos planaltos de Angola, Moçambique, etc. Trata-se de uma emigração repleta de perigos, pelo que o Estado frequentemente recorre a emigrantes " à força" (degradados, vadios, ciganos, orfãos, etc), pratica corrente até ao século XIX. 

 

 

Século XX

Na primeira metade, a emigração continua  a dirigir-se para o outro lado do atlântico (Brasil, EUA, Argentina, Venezuela, Uruguai, etc ), e depois da 2ª. Guerra Mundial também para o e depois para o Canadá. A partir dos anos 50, os emigrantes portugueses  rumam sobretudo para a Europa (França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Grã-Bretanha, Suíça, Luxemburgo, Suécia, etc.).Registam-se também importantes fluxos emigratórios para a Austrália.

A política de colonial do anterior regime, sobretudo a partir dos anos 30 do século XX, provocou igualmente um importante fluxo de emigrantes para as ex-colónias (Angola, Moçambique, São Tomé e Principe, Guiné-Bissau, Estado da Indía (Goa, Dão e Diu), Macau, Timor).  Apesar do número destes emigrantes ter aumentado continuamente até aos anos 70, foi sempre inferior ao daqueles que rumavam para o Brasil e a França. A emigração para a África do Sul, sobretudo entre 1964 e 1967, atinge valores muito elevados.  

Os números sobre a emigração de portugueses, neste período, são impressionantes. Entre 1958 e 1974, as estatísticas oficiais registam que 1,5 milhões de indivíduos tenham abandonado Portugal. Em 1973, por exemplo, foram 123 mil. No ano seguinte, mesmo após todas as restrições à emigração por toda a Europa, saíram do país 71 mil pessoas.

Nos anos oitenta e noventa a emigração continua, sobretudo para a Alemanha e a Suíça. O fenómeno mais importante foi todavia, primeiro o repatriamento de emigrantes das ex-colónias(1974-1977), e depois o retorno de emigrantes dos país europeus (reformados) a partir dos anos oitenta. 

 

A emigração portuguesa, ainda está por estudar em toda a sua extensão e implicações. Ao longo de quase seis (6) séculos muitos milhões de portugueses espalharam-se por todo o mundo. Muitas vezes fizeram-no por razões culturais, outras por espírito de aventura, mas quase sempre por motivos de sobrevivência. Convém não esquecer este ponto, numa altura que chegam a Portugal  centenas de milhares de imigrantes à procura de melhores condições de vida que não possuem nos seus países de origem.     

Carlos Fontes

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