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  1128-1300

É difícil quantificar o numero de pessoas que viviam em Portugal (antigo condado Portucalense), quando D. Afonso Henriques, em 1128, na batalha de S. Mamede proclamou a independência. Estima-se que em 1100 seriam  495.000 habitantes, e dois séculos depois 700.000.

A densidade populacional do país era muito reduzida, e assim continuou a ser durante muitos séculos.

Grupos étnicos: Até finais do século XV, Portugal assumiu-se como um reino plural, constituído por várias etnias e religiões.

A  maioria da população pertencia a três grandes grupos: povos originárias da Península Ibérica (cristãos), berberes e árabes (muçulmanos) e judeus.  

Saídas: A reconquista levou à fuga de inúmeros habitantes das povoações reconquistadas, em particular dos berberes e árabes. 

Entradas: D. Afonso Henriques contou com o apoio de cruzados - ingleses, normandos, franceses, alemães e flamengos -, muitos dos quais acabaram por se fixar em Portugal, onde tiveram larga descendência. 

Saldo: O número de habitantes, apesar de guerra com os muçulmanos e duas guerras civis, não parou de crescer. 

 

  1301 -1400

A "economia" baseada na guerra, deu origem a uma outra assente da produção agrícola, o que permitiu o ligeiro crescimento populacional. Portugal no inicio do século XIV contava cerca de 1.000.000 de habitantes.

Saídas: Embora não se tenham registado saídas significativas do reino, a partir da Primavera de 1348 ocorreu uma verdadeira catástrofe - a Peste Negra. Um grande número de povoações ficaram despovoadas e outras viram diminuir drasticamente o número dos seus habitantes.

EntradasA conquista definitiva do Algarve aos muçulmanos permitiu ao europeus atravessar as costas de Portugal sem problemas, o que estimulou o incremento do tráfego comercial regular entre o mediterrâneo e o Norte da Europa. Assistiu-se então à fixação de muitos "italianos" - genoveses, milaneses e florentinos.

Saldo: O número de habitantes não aumentou ao longo de um século.   

 

  1401-1500

Aquando da conquista de Ceuta, em 1415, Portugal contava com cerca de 1.000.000 habitantes. A partir daqui uma grande parte da população irá estar ligada aos descobrimentos, conquistas no Norte de África, e povoamento de muitas ilhas no Atlântico. O incremento das relações internacionais, nomeadamente como o Mediterrâneo e a Flandres irão 

Saídas: As expedições marítimas, conquistas, pirataria, corso e manutenção das praças no Norte de África assim como  o povoamento de muitas ilhas (Açores, Madeira, etc), implicaram a contínua saída do reino de uma boa parte da população. Cristovão Colombo afirmava no final do século XV que cerca de metade da população portuguesa havia morrido em consequências dos descobrimentos (consultar).   

Entradas: O incremento do comércio de escravos mostrou-se incapaz de compensar a saída de pessoas para as expedições marítimas. O comércio marítimo atraiu a fixação de inúmeros estrangeiros dos pontos mais distantes da Europa.

As continuas perseguições de judeus em Espanha (Castela e Aragão), e depois a sua definitiva expulsão (1492), fizeram disparar o número de judeus em Portugal. A maioria dos historiadores calcula que terão vindo cerca de 180.000. 

Diáspora: Ao longo da costa ocidental de África, mas também na Flandres, Sevilha e muitas outras cidades da Europa formaram-se importantes comunidades de portugueses que não tardaram a cruzarem-se com as populações locais.

Saldo: O número de habitantes não aumentou ao longo de um século. Em meados do século chegou inclusive a diminuir.

 

  1501 -1800

Ao longo de três séculos a população passou triplicou, passado de pouco mais de 1 milhão de habitantes para 3.215.330 em 1801.

Saídas: A criação de um Império à escala global provocou o despovoamento de Portugal. Apesar das altas taxas de fertilidade, a população não aumentava, devido á continua saída de habitantes.  Dos seus portos todos os ano partia, muitos vezes para não mais voltarem, uma enorme percentagem da população portuguesa, a qual se espalhou por todo o mundo.   

As população portuguesa não apenas se dirigiu para as possessões portuguesas, mas também para as dos espanhóis. Desde 1492 que muitos milhares de portugueses participavam nas suas descobertas e conquistas.

A colonização do Brasil, incrementada a partir de 1534, exigiu a saída todos os anos de muitos milhares de portugueses. É por esta razão que as elevadas taxas de natalidade não se traduziam em aumentos significativos da população.

A "expulsão" dos muçulmanos e judeus, em 1496, e depois as perseguições da Inquisição, levaram à saída de  inúmeros portugueses para a Holanda, França, Grécia, Turquia, etc. O Terror inquisitorial durante o domínio espanhol (1580-1640), provocaram a fuga de cristãos-novos em proporções nunca vistas.

Entradas: O despovoamento do país foi compensado pela importação de escravos que passaram constituir uma boa parte significativa da população de muitas cidades, como Lisboa. Apenas no século XVIII, o célebre Marques de Pombal, acabou com escravatura em Portugal.

Milhares de estrangeiros fixaram-se também em Portugal, nomeadamente ligados às actividades marítimas.

Diáspora: É verdadeiramente impressionante o número de comunidades de portugueses formadas pelo mundo, a maioria dos quais nunca regressará ao país. um movimento que se acentuará nos séculos seguintes. 

Saldo: Ao longo de todo o século XVI o aumento foi muito modesto: 200 mil habitantes. O aumento mais significativo ocorreu entre 1620 e 1640, tendo-se se passado de 1,2 milhões para 1,9 milhões. Só depois da restauração da Independência, em 1640, se inicia um gradual e sustentado crescimento populacional.

 

  1801-1900

Em 1801 a população atingiu os 3.215.330 habitantes, atingindo o 5 milhões no final do século XIX.

Portugal continuou a ser um país essencialmente rural com uma baixa densidade populacional. Lisboa, Porto e Braga eram os principais núcleos urbanos.

Saídas: As guerras com os espanhóis e franceses (1801, 1807-1814), provocaram a morte e abandono de Portugal de centenas de milhares de pessoas. Uma situação que foi agravada com a saída da Corte para o Brasil (1807-1821). A Guerra Civil de 1828-1834 levaram também à fuga para o estrangeiro de muitos milhares de portugueses.

Ao longo de todo o século XIX mais de um milhão de portugueses emigraram para o Brasil, um fenómeno que se acentuou no final do século. A emigração para os EUA foi também muito significativa.

Entradas: No início do século XIX regressam a Portugal muitas comunidades judaicas, vindas de Gibraltar e do Norte de África. Instalaram-se também no país muitos estrangeiros, nomeadamente ingleses. 

Saldo: Entre 1801 e 1821, o número de habitantes diminuiu, só voltando a crescer de forma sustentado quando terminou a Guerra Civil (1834).  Ao longo do século o aumento da população residente foi sempre muito modesto, quando comparado com outros países europeus. A emigração tornou-se numa verdadeira hemorragia.

 

 

1901-2009

A população portuguesa passou de  5.446.760 habitantes em 1900 para 10,073 milhões em 1997,atingindo os 10,599 milhões em 2007. Este aumento, na última década,  ficou a dever-se aos imigrantes.

Saídas: 

Na primeira metade do século os portugueses emigraram às centenas de milhares para o Brasil, EUA, Argentina e Venezuela. Na segunda metade sobretudo para França, Canadá, Bélgica, Alemanha, Holanda, Luxemburgo, Andorra, Suécia, mas também para Angola, Moçambique, África do Sul e Austrália. Nas últimas décadas têm-se fixado em grande número na Suíça, Inglaterra e muitos outros países.  

Estas saídas calculadas em vários milhões, justificam o modesto aumento da população residente em Portugal no contexto europeu. No período entre 1960-1970 o crescimento populacional foi mesmo negativo.

No inicio do século XXI a emigração de portugueses continua a ser muito significativa, envolvendo agora uma mão-de-obra altamente qualificada (fuga de cérebros). Os portugueses continuam hoje, como no passado, a espalharem-se por todo o mundo.

Entradas:

Durante os anos 30 e 40 do século XX, regista-se a fixação em Portugal de milhares de refugiados da Espanha, em consequência da Guerra Civil (1936-39), de refugiados da II Guerra Mundial (1939-1945).

A partir de 1974 começam a chegar pessoas fugidas às guerras e ditaduras em África e Timor. Nos anos 80 começam a chegar os brasileiros, seguidos no final dos anos 90 dos ucranianos, moldavos, romenos, búlgaros, russos e chineses. Nos últimos anos tem aumentado o número de paquistaneses e indianos.

Apesar da vinda deste número de imigrantes, a população portuguesa, cada vez mais multi-étnica e multi-cultural, continua a registar uma forte tendência para diminuir. 

Em 2007, pela primeira vez desde 1918, o número de mortes foi superior ao de nascimentos. Nasceram 102 492 pessoas e morreram 103 512.A

Saldo:  Apesar da população portuguesa ter duplicado ao longo de todo o século XX, o seu aumento  m foi sempre muito  modesto quando comparado com a maioria dos países europeus, como a Holanda ou a Espanha. A taxa de natalidade é agora das mais baixas da Europa, depois de ter sido durante séculos das mais altas. 

Projecções:

O Instituto Nacional de Estatística, em 2009, revelava que o país terá menos 25 por cento de população dentro de 50 anos. De acordo com projecções do INE, em 2060 o país terá dez milhões de habitantes a contar com os imigrantes.

Carlos Fontes

 

  Bibliografia: 

- Rodrigues, Teresa Ferreira (dir.) - História da População Portuguesa. Porto. 2008.

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