Director: Carlos Fontes

 

 

EDITORIAL

ANGOLA

BRASIL

CABO VERDE

GUINÉ-BISSAU

MOÇAMBIQUE

PORTUGAL

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

TIMOR

OUTROS PORTOS

CONTACTOS

PORTUGAL 

Lusofonia ou Lusotopia ?

Numa recente entrevista, o escritor norte-americano Richard Zimler, afirmava que uma das razões porque decidira escrever romances históricos inspirados na história de Portugal, era porque o  povo português se espalhara por todo o mundo (1). Existem desde há muitos séculos, em todos os continentes, comunidades, tradições, vestígios e memórias que envolvem portugueses ou os seus descendentes. Histórias para um bom romance cosmopolita não faltam.

.

 
  1.  Língua. Fernando Pessoa, afirmava que a língua portuguesa era a sua pátria. Uma pátria comum a mais de 220 milhões de pessoas em todo o mundo. Mas a língua não esgota o sentimento de comunidade. Milhões de pessoas que não falam o português, nem por isso deixam de se sentir menos ligadas às suas raízes lusofonas. 

2.  Património cultural. em todos os continentes do mundo existem milhares de cidades, vilas e aldeias fundadas por portugueses. Em muito lugares preservam-se importantes testemunhos de antigas comunidades, noutras apenas simples vestígios ou tradições cuja origem é apenas localmente recordada ou recriada. Na maioria dos casos, em volta destes lugares (topos) não apenas se constróem identidades, mas se continuam a cruzar influências numa rede que ultrapassa a própria língua falada.

Em 2005, dois locais ligados à presença portuguesa no mundo foram promovidos a património da Humanidade pela UNESCO. Um foi na Barém (golfo Pérsico) outro foi na China (Macau). Em ambos os casos, os respectivos países procuraram assinalar a importância dos mesmos como pontos de encontros de povos, culturas e civilizações.

3.  Pessoas. Em muitos países do mundo existem milhões de pessoas descendentes de portugueses, não falam português, mas nem por isso deixam de evocar as suas raízes, afinidades ou afectos lusófonos. Ainda recentemente, um planeta foi baptizado de Moraes pelo cientista que o descobriu, o  japonês Hiromu Maeno (2). Pretendeu desta forma homenagear o escritor português Wenceslau de Moraes que viveu e morreu no Japão entre 1898 e 1927, tendo realizado um pioneiro na promoção da cultura japonesa no mundo ocidental. 

Confinar a "lusofonia" à questão da língua portuguesa é manifestamente limitativo. O espaço de cumplicidades e afectos é muito mais amplo, abrange o mundo. 

Carlos Fontes

(1) Richard Zimler é autor entre outros títulos de "O Último Cabalista de Lisboa", "Goa ou o Guardião da Aurora".

( 2) O planeta tem cerca de 10 quilómetros e gira numa órbita de 5,53 anos entre Marte e Jupiter. 

  Início

Editorial | lAngola | Brasil | Cabo Verde | Guiné-Bissau  | Moçambique | Portugal | São Tomé e Príncipe | Timor |  | Contactos

Para nos contactar: