Director: Carlos Fontes

 

 

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Estado Pós-Colonial

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  Embora o fim do "Império Colonial Português" só tenha termiando em 1975, apenas na última década o país entrou plenamente numa fase pós-colonial.

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  1. Multi-etnias. Todos os antigos Estados coloniais mais tarde ou cedo acabam por se tornaram nos locais de emigração natural das populações das suas ex-colonias.

A Grã-Bretanha está hoje repleta de paquistaneses, indianos, sul-africanos, etc.

Na França os muçulmanos das suas colónias em África representam já cerca de 10% da população, condicionando a sua política interna e externa. É previsivel que o número de muçulmanos atinja proporções muito mais significativas.

Na Holanda os emigrantes do Suriname (antiga Guiana Holandesa), Antilhas Holandesas e da Indonésia estão amplamente disseminados pelo país.  

A Espanha os equatorianos são a maior comunidade de emigrantes, seguindo-se os marroquinos. Recorde-se que este país continua a ter dois enclaves em Marrocos: Melila e Ceuta (antiga cidade portuguesa). Seguem-se os colombianos, bolivianos, peruanos e os argentinos.

Portugal depois de 1975 começou a receber um crescente número de emigrantes das suas ex-colónias africanas. Os cabo-verdianos tornaram-se rapidamente na maior das comunidades.

Na década de 90 disparou o número de brasileiros que no ínicio do século XXI acabou por superar todas as outras comunidades, compensando inclusivé as saídas de outros grupos (ucranianos, moldavos, romenos, russos, etc).

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  2. Importação de Problemas. A descolonização não marca o fim de um corte entre as metrópoles e as antigas colónias. Quanto mais profundas tiverem sido as ligações histórias e culturais, maior será as importação de problemas como os conflitos internos das suas ex-colónias.

Dois exemplos:

Os conflitos armados em Angola ou Moçambique provocaram não apenas um enorme afluxo de refugiados para Portugal, mas também exportaram para aqui lutas políticas internas, provocando por vezes conflitos igualmente sangrentos.

O aumento do tráfego de droga numa ex-colónia tem reflexos quase imediatos em Portugal.

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  3. Culpabilização. A incompetência dos lideres das ex-colónias, as dificuldades de desenvolvimento são quase sempre atribuídas em primeiro lugar aos antigos colonizadores.

Este discurso funciona igualmente como um argumento para solicitar maior solidariedade, isto é, mais dinheiro como compensação pelos danos provocados por séculos de colonização.

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  4. Língua. A língua quando é comum pode transformar-se num problema suplementar, na medida que é usada frequentemente para acusações de tentações neo-coloniais por parte das antigas ex-colonias. No caso de Portugal, o Brasil só no século XIX colocou a questão,  depois deixou de ter qualquer devido ao enorme crescimento demográfico deste país. O Brasil tem hoje 186 milhões de habitantes e Portugal apenas 10 milhões.

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  5. Estabilidade/Mudança. Os emigrantes vindos da ex-colónias, por mais que comunguem das mesmas matrizes culturais  são quase sempre forças de mudança em hábitos e tradições culturais das metrópoles. Os antigos "colonos" afirmam que as mesmas devem ser preservadas e mantidas inalteráveis. Os "ex-colonizados" tem uma outra relação menos sacralizadora e complexada com o passado do país, estimulando deste modo uma interessante renovação cultural. Muita coisa ser irá perder, mas outras se irão ganhar. 

Carlos Fontes

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