Director: Carlos Fontes

 

 

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Porque é que os portugueses não gostam de si próprios ?

Em Construção ! 

 

 
 

 

Entre os países da União Europeia, a população portuguesa, é de longe a mais pessimista de todas.

Diversas sondagens comparativas realizadas nos últimas décadas são muito claras a este respeito. A maioria dos portugueses aplica uma energia considerável a defender a ideia que Portugal não tem futuro, mergulhando depois num deplorável estado de desanimo e derrotismo colectivo. 

Uma atitude aparentemente inexplicável, sobretudo quando se verifica o seu pouco empenho colectivo em melhorar as situações que tanto criticam. O facto nada tem de anormal, muito pelo contrário, como veremos.

Durante séculos os médicos europeus denominaram os estados depressivos marcados por uma profunda tristeza e abandono de "melancolia portuguesa". No início do século XX, muitos autores interpretaram o negativismo dos portugueses, o seu estado de resignação, como resultante de um "complexo de inferioridade" colectivo face a outros povos. Estamos perante auto-imagens, que valem o que valem, mas não deixam de ser significativas.

1. Comparações Estatísticas

Este fenómeno parece ter-se agravado nas últimas décadas, em resultado da divulgação sistemática de dados estatísticos referentes aos países da União Europeia. Muitos dos maus resultados de Portugal, nomeadamente no confronto com os países do Norte da Europa, são vividos não como desafios a enfrentar, estímulos para se fazer melhor, mas como a prova de uma condenação histórica a que os portugueses estariam votados.    

2. Factores Históricos

- Fatalismo muçulmano

- Sentido trágico judaico

- Resignação católica

- Emigração

- Iberismo

3. Referências Culturais

Desde o século XIX que se tornou moda as chamadas análises psico-sociais, onde se tenta captar a "psicologia" de um dado povo, neste caso o português. O retrato é frequentemente a projecção das "taras", "manias, estados de espírito ou  dos "esteriótipos" de quem faz as análises.  

- Sorte

No século XVII muitos estrangeiros assinalavam o pouco valor que os portugueses pareciam dar à vida, abandonando-se à sorte dos acontecimentos, descurando as questões de segurança (C.Boxer). Uma situação que justificava a elevada mortalidade, por exemplo, no mar. 

O aparente desprezo pela vida, leva-os a atribuir os bons resultados à sorte e não ao trabalho. 

Entregues à sorte, ao caso, o português deixa de confiar nele próprio, nas suas capacidades, diminui-se face à sorte. Passa a lamentar-se da sua "má sorte", dos infortúnios da vida, a carpir-se. 

- Inveja

Os portugueses, segundo muitos analistas, consideram-se frequentemente um povo de invejosos, o que o que leva a denegrirem os sucessos obtidos por alguém, caindo na maledicência

O sucesso de alguém é olhado com desconfiança, não é motivo de regozijo colectivo, mas de preocupação. 

A única explicação que o invejo aceita para o êxito de alguém, é que o mesmo se deve ao acaso (sorte), ou outra pessoa que não o próprio. O invejoso não acredita nos resultados do trabalho, muito menos nos méritos de alguém.

- Pessimismo Crónico

Confiando apenas na sorte  e não no trabalho, minados pela inveja, os portugueses passaram a sofrer, para muitos analistas, de tendências bipolares. Tanto se entregam a festas desbragadas, como mergulham numa profunda melancolia ou em estados suicidas.

O português sabe que a boa sorte nem sempre acontece, e não confia no trabalho para se conseguir algo. O invejoso acha preferível que alguém seja desgraçado a que tenha êxito. O resultado desta combinação psico-social foi que o povo português tenha um prazer doentio em  dizer mal de si próprio, da sua sorte, lamentando-se da sua própria existência colectiva. 

"Os portugueses não gostam de si próprios". Tornaram-se parte do problema e não da solução. Almada Negreiros sintetizou esta visão, de forma lapidar:

"O Povo completo / será aquele que tiver reunido/ no máximo todas as qualidades/ e todos os defeitos.

Coragem, portugueses,/ só vos faltam as qualidades". in, "Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX."  

- Fado

A "canção nacional", como muitos gostam de referir, estava neste contexto mental destinada ao sucesso. Fado é destino, algo que ninguém controla. Abandonados à sorte, os portugueses revelam as suas profundas tendências fatalistas. O discurso é conhecido, mas profundamente redutor deste género musical urbano.

- Símbolos Nacionais

O Hino de Portugal, criado no final do século XVI, insere-se na categoria do hinos de guerra, como era aliás próprio de um país que viveu quase sempre em guerra. A particularidade do Hino português está no facto de apelar a um verdadeiro acto suicida: "Contra os canhões marchar, marchar!" .

Outros versos reforçam no subconsciente colectivo a ideia de que o país vive, desde o século XVI, numa longa fase de decadência.. 

- Glórias do Passado/Insignificâncias do Presente

A empolgante história dos descobrimentos portugueses teve uma efeito perverso na mentalidade dos portugueses actuais, ao fazê-los sentirem-se demasiado pequenos e insignificantes face aos seus antepassados. 

Ombrear com um passado mitificado tornou-se impossível para as novas gerações de portugueses, pelo que a maioria decidiu ignorar a História de Portugal, para se puderem reconciliarem com a sua dimensão presente.

4. Solução ?

- Uma falsa questão ?

- Perspectivas

Carlos Fontes

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