Director: Carlos Fontes

 

 

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Assembleia da República

 

 
  A Assembleia da Republica é hoje, com a Justiça uma das instituições mais desacreditadas de Portugal. É hoje consensual que a maioria dos deputados falham completamente nas suas principais missões: Não representam a população de forma adequada, não fiscalizam de forma efectiva o governo, nem produzem uma legislação ajustada às necessidades do país. 

Os deputados falam de uma tradição anti-parlamentar: a população portuguesa nunca os viu com bons olhos, identificando-os como um bando de inúteis, em casos de tráfico de influências e corrupção. 

A população, por seu lado, afirma que se trata de uma evidência: - a maioria dos deputados não está à altura do cargo que desempenha. 

Excesso de Deputados

Uma coisa é certa, a Assembleia tem um claro excesso de deputados - 230 no total. Há muito que se reclama a sua redução para 180 deputados. Segundo o testemunho de um antigo deputado, José Macário Correia, durante boa parte do ano o trabalho que existe chega e sobra para 20/30 deputados (Público, 27/4/2006). A maioria dos deputados arrasta-se durante o ano na mais completa inutilidade pública.. 

Este excesso de deputados repete-se nas assembleias das regiões autónomas dos Açores e Madeira. Nesta última, ao excesso de deputados junta-se a mais completa promiscuidade entre o público e o privado, mas também um ataque de loucura generalizado. A insanidade manifestada por alguns dos seus membros tem sido de tal forma evidente que em Fevereiro de 2006 foi aprovado nesta Assembleia o exame às faculdades mentais de uma grande número dos seus deputados. Desconhece-se o estado mental em que já se encontravam os deputados que solicitaram o referido exame psiquiátrico aos seus colegas.  

1.Nas eleições legislativas os eleitores apenas conhecem os lideres partidários, ignorando por completo os restantes candidatos. Um fenómeno que atingiu a sua máxima expressão nas eleições de 27 de Setembro de 2009. Este sistema tem permitido que muitos candidatos, com um passado repleto de práticas criminosas, continuem a ser eleitos a reboque dos seus lideres sem que os eleitores se apercebam do facto. 

Dependentes

2. É hoje consensual que a esmagadora maioria dos deputados, estão longe de  se identificar com os cidadãos. A sua escolha não foi feita pelo povo, mas pelos directórios partidários. A sua dependência é para com os mesmos e não para com os cidadãos, aos quais não prestam contas nem mantém qualquer ligação. Muitos destes deputados, uma vez eleitos são logo de seguida substituídos por outros de acordo com os interesses pessoais ou partidários do momento. Não existe qualquer responsabilização política perante os eleitores. 

Em Maio de 2006, apenas nove meses após as eleições legislativas, constatava-se que cerca de um terço do deputados já haviam abandonado a Assembleia da República, sendo substituídos outros que os eleitores não haviam eleito.

3.  Muitos deputados são eleitos por distritos a que nunca vão. Á semelhança de artistas circenses são usados como meras cabeças de cartaz nos diferentes distritos, que não conhecem nem pensam conhecer. Tratam-se dos chamados "deputados pára-quedistas" ou "locomotivas". 

Este facto não os impede depois de receberem subsídios por estarem deslocados ou por deslocações que nunca fizeram. Nas eleições de 2005 , por exemplo, entre os "pára-quedistas" ficaram tristemente conhecidos os casos no  CDS, de Teresa Caeiro, eleita por Leiria. No PSD, Freire Antunes e Raul dos Santos (Porto), de Pereira da Costa (Algarve), Patinha Antão (Braga), Rosário Águas (Vila Real), José Luís Arnaut (Viseu), Matos Rosa (Lisboa), Paes Antunes (Leiria), Mário David (Leiria), Miguel Frasquilho (Guarda), Zita Seabra (Coimbra) e Pignatelli Queirós (líder do Partido Monárquico, eleito pelo Porto). No PS, o caso mais mediático foi o de António José Seguro, que combateu Menezes em Braga. A estratégia de ter figuras nacionais a encabeçar listas fez, por exemplo, com que João Cravinho fosse eleito pelo Algarve, António Vitorino por Setúbal, Carrilho por Viseu e Matilde Sousa Franco por Coimbra. O desrespeito para com os eleitores é total.

Em 2010, veio a publico um dos muitos casos da imoralidade que predomina na Assembleia da República: o país descobriu que uma deputada eleita por Lisboa - Inês Medeiros  (PS) -, tinha a sua residência em Paris, e exigiu que o Estado lhe pagasse viagens semanais ao doce lar parisiense... Um deputado eleito por Castelo Branco - Costa Neves (ex-líder do PSD/Açores e ex-ministro da Agricultura) recebe ajudas de custo para ir aos Açores onde mora e ao distrito de Castelo Branco onde em teoria devia ouvir os eleitores. Dois casos paradigmáticos do despudor como os partidos escolhem os representantes dos cidadãos e a Assembleia da República esbanja os recursos do país em ajudas de custo.

Estas práticas acabam por desvirtuar por completo as próprias eleições. A Assembleia está hoje transformada numa câmara corporativa de partidos que actuam na mais completa impunidade.

4.  A Assembleia é assim controlada por directórios partidários exteriores à mesma, o que coloca em causa a sua independência. Em Portugal, chegou-se ao ponto de alguns líderes partidários nunca terem sido deputados, apesar de terem um enorme poder na sua escolha, opções de voto, etc. 

Desqualificados

5. A esmagadora maioria dos deputados não tem qualquer tipo de ligação com os cidadãos, porque não têm autonomia ou um pensamento próprio sobre o país. A mediação entre os deputados e os cidadãos é feita pelos partidos. 

A maioria dos deputados nunca faz qualquer intervenção no parlamento, não se lhe conhece uma única ideia, limitam-se a cumprir as ordens dos directórios partidários. 

6. Desconhecidos pelos cidadãos que os "elegeram", uma larga percentagem procura associar-se a outras protagonistas públicos para obterem alguma notoriedade pública. Uma das formas é associarem-se aos clubes de futebol. Todos os anos, por exemplo, um vasto grupo de deputados, almoça na Assembleia da República com o presidente do Futebol Clube do Porto (indiciado num processo de corrupção desportiva), tentando desta forma darem-se a conhecer aos adeptos portistas... 

Outros deputados, tentam obter notoriedade pública candidatando-se a presidentes de clubes de futebol. 

7. Vários estudos tem apontado para os levados custos provocados pela má qualidade das leis produzidas na Assembleia da República.  O Procurador Geral da Republica (Pinto Monteiro), chamou à atenção para  os frequentes erros de português nestas leis, que dificultam a aplicação da Justiça. Ninguém se entende com a sua interpretação.

8. A população portuguesa tem a percepção que a maioria dos deputados é constituída por pessoas  desqualificadas, que se limita a seguir as ordens que lhes são dadas. O seu sentido de voto é determinado não pelos próprios, mas pelo partidos a que estão ligados. A des-responsabilização parece estar generalizada. Por diversas vezes, algumas leis tem ficado por votar por falta de quórum.

Demagogia

9. Ao longo dos anos, os portugueses habituaram-se a ver na Assembleia da República uma escola de demagogos. Os partidos de poder (PS, PSD ou CDS) mudam de posição sobre medidas concretas conforme estão no poder ou na oposição. O interesse nacional é secundarizado em função dos interesses partidários, revelando-se incapazes de estabelecerem compromissos.

Os chamado partidos de protesto (PCP, Bloco de Esquerda, etc), a sua posição desde 1976 é o "deita abaixo", transformando-se numa mera caixa de ressonância dos protestos de rua, de reivindicações sindicais, grupos profissionais, locais, regionais, etc.

Saque e Corrupção

10.  Neste contexto de total des-responsabilização individual dos deputados, tem-se por vezes a percepção que a sua principal preocupação é acumular privilégios e subsídios (pensões, ajudas para viagens, etc). Os custos com os 230 deputados não páram de aumentar, mas o trabalho é cada vez menor e mediocre. Em 2005, face à escandalosa situação dos privilégios dos deputados, tentou-se refrear o processo, mas sem grande sucesso. 

Em 2010, no auge da crise económica internacional que abalou as finanças em Portugal, estes ilustres  deputados não se coibiram de aprovarem aumentos de despesas, nomeadamente para beneficiarem  inúmeros caciques locais: aumentaram na altura o vencimento dos 2.460 presidentes da juntas de freguesia.    

11As imunidades parlamentares parlamentares, tem servido para muitos deputados se furtarem à justiça. Alguns partidos, actuando numa lógica corporativa, procuram proteger os seus membros a contas com a justiça recorrendo a todos os meios. Os casos que tem ocorrido nos últimos anos, contribuíram para o actual descrédito da Assembleia da República.   

12.  A questão das incompatibilidades parlamentares constitui uma área totalmente cinzenta. Paulo Morais (19/6/2011), ex-vice-presidente da CM do Porto, não teve dúvidas em identificar a Assembleia da República como a principal fonte da corrupção em Portugal: 

a) Mais de 30% dos deputados estão ligados a empresas privadas nacionais ou estrangeiras que negoceiam directamente com o Estado. Neste sentido, os deputados não representam os cidadãos que os elegerem, mas as empresas para as quais trabalham, muitas das quais estão envolvidas no financiamento das campanhas dos partidos políticos.

b) Uma elevadíssima percentagem de deputados pertencem a escritórios de advogados que trabalham para o Estado ou tem  litígios com o Estado. As leis são redigidas nestes escritórios de acordo com os interesses dos seus clientes privados, sendo depois apresentadas na Assembleia da República para aprovação. 

c) A confusão legislativa e as dificuldades na aplicação das leis portuguesas, inserem-se neste esquema global de corrupção institucionalizada. Estes deputados-advogados em exercício, fazem fortunas a dar pareceres sobre os alçapões que introduziram na legislação que eles próprios produziram. O seu objectivo é dificultar a luta contra a corrupção, lucrando com interpretações da lei que permitem a criminosos fugirem à Justiça.

d) Os deputados, tal como os governantes de Portugal, são meros serventuários das grandes empresas e bancos, nos quais são aliás recrutados ou acabam por se empregar depois de os servirem.  

A promiscuidade entre o público e o privado é total, um facto repetidamente denunciado pelo bastonário da Ordem dos Advogados (19/6/2011). Falar de independência dos deputados, nestas circunstâncias, é uma pura ilusão. Eles comportam-se, em geral, como um bando de mafiosos ao serviço dos interesses partidários.  

13. Descalabro

A fim de darem continuidade ao saque de Portugal, os deputados criarem um conjunto de instituições paralelas à própria Assembleia da República, onde vão sacar verbas do orçamento de Estado para as mais variadas atividades extra-parlamentares.

Em Outubro de 2012 ficou-se a saber que, no momento em que os portugueses são sobrecarregados de impostos, a famigerada "Associação dos ex-deputados do parlamento" e o "Grupo Desportivo do Parlamento", recebem largos milhares de euros para pagarem torneios de golfe, jantaradas e outras festas de deputados e ex-deputados.

Os deputados escolhidos pelos partidos políticos, nas últimas décadas, têm revelado uma verdadeira mentalidade plutocrática, desconhecendo em absoluto o princípio da "res publica" (coisa pública).

Por tudo isto, não admira, pois, que a Assembleia da República seja dos orgãos da República Portuguesa mais des-credibilizados.

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  Carlos Fontes.

Comissões de Inquérito

Face ao enorme descrédito em que caiu a Assembleia da Republica (AR), os deputados numa manobra tendente a desviarem as atenções da sua completa inutilidade, lembram-se de transformar as Comissões de Inquérito em verdadeiros espectáculos televisivos, recheados de escândalos, insinuações, lavagem de roupa suja, etc. O Canal do Parlamento tornou-se num novo colector de esgoto publico.

O êxito obtido com a comissão de Inquérito ao Banco Português de Negócios (BPN) (2009), onde sem nada terem concluído de relevante, conseguiram na opinião pública uma expressiva audiência, levou os deputados a criarem novas comissões para justificarem o ordenado e regalias que auferem.

1.Comissão de Ética sobre a Liberdade de Expressão em Portugal. O mote apurar a intervenção do Governo (PS-José Sócrates) ,na aquisição da PT de 30% do capital da TVI, na suspensão do "Jornal de 6.ª" e no suposto condicionamento do semanário "Sol". Em Maio de 2010, após terem ouvido dezenas de pessoas, concluíram os doutos deputados que a situação é "preocupante", sem conseguirem apontarem um único facto que corroborasse as suas conclusões. 

2. A Comissão de Ética, desdobrou-se numa nova (2010), tendo como objectivo apurar se o 1º. Ministro mentiu ou não mentiu quando afirmou que não interferiu na tentativa de aquisição de 30% da TVI pela PT. O espectáculo rasca dado pelos deputados, confundido opiniões com factos, propaganda com provas, contribuiu ainda mais para descredibilizar a descrebilizada AR.

O Anti-Patriotismo dos Novos Republicanos

No ano em que se comemora o 1º. Centenário da Implantação da República (2010), os novos deputados republicanos assumiram na Assembleia da República uma actuação que está a conduzir ao suicídio do próprio regime: 

Dirigentes de empresas portuguesas, como a PT, foram enxovalhados na praça pública quando pretendiam adquirir posições que estrangeiros possuíam numa empresas portuguesa ( TVI ). 

Estes ilustres deputados fizeram passar na opinião pública a ideia absurda que estamos perante um crime, que nenhum governo deverá tolerar. Os portugueses devem desistir de investir no próprio país, limitando-se a vender empresas aos estrangeiros.

Nesta acção anti-patriótica utilizaram todo o tipo de estratégias, como inquéritos parlamentares, para defenderem a continuidade das empresas portuguesas nas mãos de estrangeiros, em especial dos espanhóis. 

Após terem realizado este insólito trabalho na "casa da democracia" em Portugal, a Telefónica (conhecida empresa espanhola), lançou-se na aquisição da Vivo, uma empresa que a PT possuía no Brasil... 

Os deputados portugueses haviam feito tudo o que puderam para desvalorizar a PT na bolsa de valores, assim como desacreditarem os seus dirigentes. 

Uma infâmia que recorda, o trabalho feito pelos negreiros portugueses no século XVI, quando para obterem contratos de exclusividade no tráfico de escravos para as Indias espanholas, conspiraram acabar com a independência de Portugal, entregando o país aos espanhóis. 

 

 

Breve História da Vida Parlamentar em Portugal 

 

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