Ocupação de Portugal
(1580-1640)
A morte de D. Sebastião em
Alcácer Quibir (Marrocos), em 1578, deu aos espanhóis a oportunidade
histórica de ocuparem Portugal (1580-1640). Esta tragédia nacional só foi
possivel devido a uma conjugação de traições:
a ) Traficantes de Escravos
Os
ricos e poderosos negreiros portugueses viram na perda da Independência uma
excelente oportunidade para obterem o exclusivo (assiento) deste tráfico para
as colónias espanholas, o que efectivamente vieram a conseguir entre
1595 e 1640. Os lucros obtidos por estes negreiros foram fabulosos. Entre 4 a 5
mil escravos foram vendidos por ano (cerca de 150 mil no total).
Neste sentido
assumiram desde o início da sucessão dinástica posições pró-espanholas.
Depois ocupação espanhola (1640), viraram-se para o tráfico de escravos
destinado às colónias inglesas, mas não foram pouco felizes no negócio. Os
negreiros ingleses fora mais hábeis e rapidamente os suplantaram. Os espanhóis
ainda lhes deram uma mão, entre 1685 e 1701, ao concederem-lhe tão lucrativo
monopólio.
b ) Católicos Fanáticos
Desde o século XV que largos sectores da Igreja Católica em Portugal via com maus olhos o aumento de
judeus no país. Após a sua expulsão de Espanha (1492), apoiaram a pressões
deste país e do Vaticano para fosse feito o mesmo em Portugal. D.Manuel I, em 1497,
cedeu as suas pressões, obrigando que os judeus fossem convertidos à força ao cristianismo.
A maioria continuou a praticar em privado as suas crenças (cristãos-novos). O
estabelecimento da Inquisição, em 1536, alterou em grande parte a situação.
A repressão contra os cristãos-novos aumentou, mas as práticas continuarem a
ser feitas em segredo.
A perda da independência de
Portugal, em 1580, foi apoiada por estes católicos fanatizados, pois confiavam que as perseguições
dos cristãos-novos iriam aumentar. O terror e as denúncias
passaram a ser a Lei.
Os cristãos-novos foram logo
proibidos de sair do reino (1580). A Inquisição estendeu as suas garras à Madeira,
Açores e Brasil (1591), assim como a outros territórios portugueses que até aí tinham sido
poupados (1597). Aumentarem as perseguições, as torturas e as mortes. Foram impedidos de exercerem múltiplos
cargos e actividades. Um
número incontável de portugueses teve que abandonar o país.
Depois da restauração da Independência
(1640), estes fanáticos temendo que Portugal fosse de dominado pelos
cristãos-novos (judeus), passaram a conspirar de novo a favor dos espanhóis. O
inquisidor -geral (D. Francisco de Castro) é apanhado pouco depois numa conjura
destinada a matar o rei (D. João IV).
Ao longo dos anos, apoiados na Inquisição
inventam conjuras de cristãos-novos para justificarem perseguições e a
aniquilação de os portugueses que procuravam desenvolver económica e
culturalmente o país. A influência nefasta deste sector da Igreja católica
(iberista), prolongou-se até aos nossos dias, sendo uma das causas de certos
atrasos estruturais de Portugal.
É impressionante o número de
portugueses que foram vítimas da Inquisição espanhola, ultrapassando
inclusive o que foram mortos em Portugal. Mais
c ) Nobres Traidores
Uma
das típicas acções castelhanas/espanholas ao longo dos séculos foi sempre o
de promover conspirações e depois comprar traidores portugueses, de modo
a estes funcionarem interna e externamente como seus agentes de propaganda.
Muitos nobres portugueses, por exemplo, que se refugiaram em Espanha após
conflitos com os reis, foram neste país promovidos aos mais altos cargos do
Estado. Antes, durante e após a ocupação muitos foram os que se deixaram comprar
traindo a sua pátria.
D. Raimundo de Lencastre, 4º
Duque de Aveiro (1620 -1666) foi um exemplo paradigmático destes traidores. Na última fase da
sua vida comandou expedições militares contra o país onde nasceu.
Contra a ocupação de Portugal,
muitos foram os portugueses no país e no estrangeiro que combateram os
espanhóis minando-lhes as defesas e destruindo-lhe o Império. Em 1647 a
Espanha estava na bancarrota. Após a longa
guerra que travou com Portugal (1640-1668) era um país empobrecido
com um Império à deriva.
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