Carlos Fontes

 

 

Caravela. Navio português (séc.XV) 

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Uma Viagem pelo Mundo em Português

 

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Catalunha - Portugal

O Condado de Barcelona remonta ao século IX, quando no outro extremo da Península Ibérica surgia o Condado Portucalense (868 - 1139),  a partir do qual se formou o Reino de Portugal. Fez parte do antigo reino de Aragão, com os quais os portugueses tinham muitas ligações políticas.

Século XIII

Pedro de Portugal no "Llibre dels privilegis de Mallorca" (1334)

Pedro Sanches de Portugal (Pere I d'Urgell o Pere de Portugal )(1187-1258), filho de D. Sancho I e de Dulce de Aragão, foi conde consorte de Urgel (1231-1236), senhor de Maiorca (1236-1258). Abriu a tradição da nobreza portuguesa procurar casamentos em Aragão. Está sepultado na catedral de Maiorca (Mallorca ).

Século XIV

Dona Leonor de Portugal (Aliénor, Eleonor), rainha de Aragão (1347-48), casada com Pedro IV de Aragão, está sepultada no panteão do Real Monasterio de Santa María de Poblet.

Século XV

D. Pedro (1429-1466), Condestável de Portugal e mestre da Ordem Militar de Avis. Filho do Infante D. Pedro, foi  e rei de Aragão - Pedro IV de Aragão (1464-Granollers, 29/06/1466).

O que pode ver de D. Pedro, condestável (conestable, condestable) de Portugal?

 

- Espada, com 132, 5 cm, na catedral de Barcelona. É considerada uma das mais belas espadas góticas.

 

- Retablo do Condestable de Jaume Huguet (1466), onde surge retratado como rei mago. Capela de Santa Águeta, Palau Reial Major, Museu de História de Barcelona

- Retablo de San Bernardino y el ángel custodio, de Jaume Huguet, onde surge também retratado. Esta na catedral de Barcelona

- Pedra tumular na Igreja de Santa Maria do Mar

- Casa do Condestável em Granollers, na Calle de Sant Roc. D Pedro faleceu (envenenado?), no dia 2)/06/1466, no Palácio de Juan de Montebuy de Granollers.

 

Painel do Retábulo do Condestável, onde surge como rei mago D. Pedro de Coimbra (de pé à esquerda)

 

 

Perseguições da Inquisição em Barcelona (1484-1834). Foram já identificados 31 portugueses condenados pelo Tribunal da Catalunha. O número total é seguramente muito superior, dada a forte comunidade que aqui existia até ao século XVIII.

 

 

,Século XVI

Fadrique (Frederico) de Portugal (1465 ? - 1539). Filho dos Condes de Faro. Cónego de Segorbe e Albarracin, abade de Ripoll (1490-1504)(15), bispo de Calahorra e de S. Domingos da Calçada (30/12/1503-22/12/1508), bispo de Segóvia (22/12/1508-12/3/1512). Entre 12/3/1512 e 23/2/1532 foi bispo de Singuenza, onde deixou várias e importantes obras (10), nomeadamente a capela a Santa Liberata (mártir "portuguesa").  Foi arcebispo de Saragoça entre 23/2/1532 e 6/1/1539.

Durante o reinado de Carlos V  exerceu entre 1525 e 1539, o cargo de Vice-Rei da Catalunha e dos condados de Rossilhão, Sardenha, etc . Participou nas cortes gerais de Barcelona (1528) e Cortes de Monzón de 1533 e 1537.

 

No mesmo período foi Capitão General da Catalunha, tendo mandado fortificar a cidade de Barcelona. Participou, ao lado de Carlos V  na expedição de Tunes (1535). Nesta expedição, participou uma armada portuguesa chefiada pelo Infante D. Luis, irmão da imperatriz Isabel de Portugal e de D. João III. Entre os nobres que dela fizeram parte, contava-se Francisco de Faro, sobrinho de Frederico de Portugal. Desenvolveu uma importante acção no combate à pirataria

 

Faleceu em Aragão no dia dos reis em 1539. Encontra-se sepultado na Catedral de Santa María de Sigüenza, onde o seu mausoléu ostenta orgulhosamente as armas da Casa de Bragança e numa inscrição a sua origem portuguesa

 

Pedro Nunes (Pere Nunyes, ? -1554). Pintor português que é um dos maiores expoentes do renascimento na Catalunha

Henrique Fernandes. Pintor português.

Século XVII

A restauração da independência de Portugal e a revolta pela independência da Catalunha, em 1640 estão sob múltiplos aspectos ligadas.

Interessava a Portugal a luta catalães e por isso a apoio por todos os meios disponíveis, nomeadamente por uma propaganda internacional. Francisco Manuel de Melo (1608-1666), que assistiu ao inicio da revolta dos segadores (ceifeiros, 7/06/1640), deixou-nos um dos principais relatos da guerra dos catalães contra a Espanha: "Historia de los movimientos, separación y guerra de Cataluña en tiempo de Felipe IV".

Foram também muitos os portugueses que lutaram ao lado de Espanha contra a revolta dos catalães apoiados pelos franceses. Três exemplos:

O general Felipe da Silva, filho dos Condes de Portalegre, foi general da cavalaria da Flandres e em Itália, pertenceu ao Conselho da Flandres (1638), comandou o exercito espanhol do Rossilão (Rosellón),  e chefiou o exercito espanhol de aragão (1643-44), tendo reconquistado Monzon (Montsó) e Lérida (1644), derrotando o comandante do exercito franco-catalão comandado por Felipe Houdancourt, conde de la Motte.

Gregorio de Brito, cavaleiro português e governador da praça da cidade de Lérida (LLeida), em 1647,distinguiu-se também na defesa desta praça, cercada por Luis II de Borbón-Condé, mais conhecido por Duque de Enghien.

Na defesa da cidade de Tarragona, distinguiu-se outro português - Paulo de Parada (Pablo de Parada).

 

Século XVIII

A campanha do Rossilhão (1793-95), sul da França, consistiu numa campanha militar em que Portugal participou, a pedido da Espanha, numa coligação internacional contra a França na qual participava também a Inglaterra. Cerca de 5 052 militares portugueses foram enviados para a Catalunha para serem integrados num exercito sob as ordens do John Forbes Skellater, tenente-geral inglês. O resultado foi uma sucessão de traições, nas quais Portugal acaba por ficar isolado. A Espanha de aliada, passa a inimiga e em aliança com a França invade Portugal em 1801...

XIX / XX

Ao longo de todo o século XVIII, os portugueses continuam a apelar à resistência dos catalães contra o domínio espanhol (castelhano).

No século XIX, os catalães, sentindo-se impotentes para fazerem frente aos espanhóis passam a defender uma Federação Ibérica, que incluiria Portugal. Um deles foi Ignasi Ribera i Rovira - “Iberisme” (1907), para a qual Teófilo Braga escreveu um prólogo. Segundo esta singular concepção catalã, os portugueses em pouco tempo desagregariam esta Federação e a Catalunha teria finalmente a oportunidade de voltar a ser independente.  

Durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), centenas de portugueses combateram na Catalunha em defesa da liberdade. O Movimento Anarquista em Portugal desde o século XIX até aos anos 80 do século XX teve sempre um especial ligação à Catalunha.

Durante a II Guerra Mundial, Aristides Sousa Mendes, consul de Portugal em Bordeus, passou vistos a muitos catalães que lhes permitiu fugirem para Lisboa e daqui para outros destinos como Nova Iorque, como acontece com Salvador Dali e Elena Gala (1940).

Carlos Fontes

 

Aragão - Portugal

(em construção)

Saragoça (Zaragoza). Vários acontecimentos e personagens históricas ligam esta cidade a Portugal:

- S. Vicente. Segundo a lenda nasceu em Huesca, viveu em Saragoça, foi martirizado em Valência. O seu corpo foi parar à ponta de Sagres (Algarve). D. Afonso Henriques após a conquista de Lisboa (1147), mandou trazer para Lisboa os seus restos mortais. É desde o século XII patrono da cidade.

- Rainha-Santa Isabel de Portugal, esposa de D. Dinis. Nasceu em Saragoça, veio para Portugal com 12 anos para se casar com D. Dinis. Destacou-se pela sua atividade pacificadora não apenas em Portugal,  mas com D. Dinis conseguiu estabelecer a paz entre Jaime II de Aragão e Fernando IV de Castela (1304). Ficou também conhecida pelos seus milagres, muito idênticos aos da sua tia-avô, rainha da Hungria. Está sepultada no convento de Santa Clara em Coimbra. Foi canonizada em 1625. Na cidade de Saragoça no final do século XVII foi construída uma magnifica igreja em sua memória - Igreja de Santa Isabel de Portugal.

- D. Miguel da Paz, principe de Portugal e das Astúrias. Depois de D. Manuel I ter sido jurado em Toledo (1498) herdeiro do trono de Espanha, dirigiu-se para Saragoça com a sua esposa Isabel de Aragão grávida. No Palácio do Arcebispo acabou por nascer antes do tempo - o principe D. Miguel da Paz (Saragoça,1498- Granada,1500), mas a sua mãe faleceu.

D. Manuel I regressou a Portugal, tendo a criança ficado em Espanha à guarda do seus avós - Isabel de Castela e Fernando de Aragão.

O principe faleceu em Granada, foi enterrado em Toledo (convento de Santa Isabel) e depois trasladado para a Capela Real em Granada.

- Fadrique de Portugal, como já dissemos, foi arcebispo de Saragoça entre 23/2/1532 e 6/1/1539.

- Tratado de Saragoça 1529. Depois do célebre Tratado de Tordesilhas (1494), subsistindo dúvidas sobre a partilha do mundo entre portugueses e espanhóis quando à linha de demarcação no Oceano Pacífico foi firmado nesta cidade um novo tratado. Portugal procurou assegurar não apenas o mar de Timor, mas também parte da Austrália.

Tribunal da Inquisição de Saragoça (Zaragoza)

O número de portugueses presos e mortos ascende a mais de 100 pessoas. Não foram mais porque  depois de 1643, a comunidade portuguesa fugiu quase toda da região.

Auto de Fé de 25/2/1639, entre outros foram condenados os seguintes portugueses:

- António Rodrigues

- Diego Rodriguez

- Beatriz Nunez, esposa de Diego Rodriguez

- Serafina Nunez, esposa de Manuel Ferreira

- Pedro Rodriguez Arras, mercador

- Gaspar Ibanez, mercador

- Francisco Pineyro

- Simón Pineyro

 

Valência - Portugal

Inquisição de Valência (1482-1834)

Alguns portugueses vítimas da Inquisição de Valência:

 

- Daniel Português é morto em 1/8/1502 

- António Enriquez foi morto em 1598, acusado de sodomia.

- Luis Portugues. Foi denunciado à Inquisição, em 1626, por um seu vizinho de Tortosa, por práticas de sodomia (cfr. Archive Historico Nac. Inq.Libro 940, fol. 232).

 

 

Maiorca (Mallorca) - Portugal

Inquisição de Maiorca  (1488-1834)

 

A perseguição de portugueses é anterior a 1516, quando já se contavam com pelo menos duas condenações (54), o que se seguiu foi a barbárie. 

 

Alguns portugueses vítimas da Inquisição de Maiorca:

 

No Auto de Fé de 13/1/1673 foram condenados à morte em estátua, entre outros:

- Lázaro Rodriguez

- Gaspar Rodriguéz e Isabel Mendes (esposa)

- António Moldonado e Beatriz Pereira (esposa).

 

- Francisco Diaz, do Porto. Cativo em Argel, renegou o cristianismo, andava no corso. Foi preso em 1579.

- António da Fonseca, de Oleiros. Renegado. Foi preso em 1581

- Antor, como mouro Alza, de 65 anos. Renegou em Argel. Foi preso em 1614.

 

A importante comunidade portuguesa que aqui existia no século XVII foi quase exterminada entre 1675 e 1691, quando pelo menos 300 portugueses foram condenados (51).

 

 
 

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