1. Bejar - Hervás
Apesar de estarem
encravadas na montanha, longe de Portugal, nem por isso a presença portuguesa foram menores.
Bejar surge na
história de Portugal ligado a um acontecimento trágico. Enrique II de Castela,
concedeu a povoação, em 1375, a Diogo Lopes Pacheco (Diego López
Pacheco), o assassino de Inês de Castro. Bejar foi pouco depois é atribuída a
Diego Lopez de Estuniga.
No século XV existia nestas povoações uma
enorme comunidade de judeus. Quando em 1492 o judaísmo foi proibido em Espanha,
Portugal foi o destino de muitas das famílias judaicas de Bejar e Hervás e assim
continuou a ser por muitos anos.
Em Bejar, por
exemplo, Cristobal Pérez e a sua mulher fugiram para Portugal, onde estava já
casada sua filha (1514). O Duque de Bejar, conseguiu então o privilégio de
ficar com um terço dos bens confiscados a judeus e conversos. Em 1651pelo
menos duas familias de portugueses residentes em Bejar - Luisa Rodrigues e o seu
marido João Mendes Campos, e Jorge Rodrigues Peteno e a sua mulher Branca
Enriques caíram nas garras da Inquisição e viram os seus bens espoliados pelo
Duque de Bejar.
Em Hervás quase
metade dos seus judeus fugiram para Portugal depois do edito de 1491, entre os
quais estava o rabi Samuel, médico de profissão.
Os Duques de Bejar
pela situação estratégica que tinha a sede ducal, tiveram sempre uma relação
especial com Portugal. Foi o Duque de Bejar, por exemplo, quem recebeu
Isabel de Portugal em Espanha e a levou até à corte para se encontrar com Carlos
V. O Duque
Francisco de Zúniga (1523-1591) desempenhou um papel destacado no domínio de
Portugal após a morte de D. Sebastião (1578). O seu sucessor em 1638 foi quem invadiu o Alentejo e tomou a
cidade de Évora para sufocar a revolta contra os espanhóis que alastrou por todo
o país (movimento O Manuelino), etc.
2. Coria
Dada a grande
proximidade da fronteira de Portugal esta cidade tem sido duramente castigada
durante os períodos de guerra entre os dois países. Alguns exemplos:
Após a Batalha de
Aljubarrota (1383), D. João I, em Junho de 1386, invade Castela e monta em Junho
de 1386 um cerco a Coria, mas sem êxito. Durante a longa guerra entre 1640 e
1668, as tropas portugueses não descansam em ações de retaliação em Coria
(1641,1652 e 1661) fazendo verdadeiras razias, matando, roubando ou simplesmente
lançando fogo a colheitas. Na campanha de libertação de Portugal e Espanha do
domínio dos franceses, em Junho de 1809, o exercito luso-britânico comandado por
Wellington toma a Coria. Na contra ofensiva dos franceses entregam-se ao saque
da região. Os franceses, recorde-se, haviam sido convidados em 1801 pelos
espanhóis para os ajudarem a invadir Portugal.
Coria pertencia aos
Duques de Alba, cujo 3º titular, derrotou D. Diogo de Meneses (Julho de 1580) e
depois D. Antonio Prior do Crato na Batalha de Alcantara. Filipe I de Espanha
nomeou-o Condestável de Portugal, vindo a morrer a 11 de Dezembro de 1582 em
Lisboa.
O terramoto de 1 de
Novembro de 1755, à semelhança do que ocorreu em Lisboa, provocou aqui uma
enorme onde de destruição e mortes.
4. Cuenca
Inquisição de Cuenca
Milhares de portugueses
instalaram-se nesta região em meados do século XVI (49), acabando por ser alvo
da cobiça dos espanhóis, sobretudo depois da restauração da independência de
Portugal em 1640. Cerca de 200 famílias, só em 1650, fugiram de Cuenca.
Alguns portugueses vítimas da
Inquisição de Cuenca:
Auto de Fé de 9/3/1614, entre
os portugueses condenados contam-se:
- Miguel Lopo, natural de Lisboa,
médico em Pastrana e Bodia. Era casado com Blanca Goméz ;
- Felipe Rodriguez Montalbo, médico
O Auto de Fé, a 29/6/1654,
envolvendo 57 réus, 9 dos quais foram queimados. A maioria destas vítimas eram
portuguesas, tais como:
- Simón Núnez Cardoso, natural de
Lamego, médico formado em Salamanca, morador em Pastrana, exercia medicina em
Cifuentes. Foi preso em 1652. Era casado com Elena também de Lamego.
- Baltazar Lopez, filho de
portugueses.
- Rafael de la Parra, natural de
Portugal. Esteve preso na Inquisição em Lima, mas foi morto pela Inquisição de
Cuenca em 1654.
- Méndez Núnez. Preso em 1654 (8)
- A familia do banqueiro Manuel
Cortiços, sofre uma brutal repressão, sendo o seus bens confiscados. A sua
mulher - Luisa Ferro, assim como a sua mãe - Luisa de Almeida -, apesar de
todas as tentativas de fuga, acabam por ser presas (1554-1556).
- Mendes Brito,
Auto de Fé de 1656.
- Fernando de Montesinos Téllez,
Auto de Fé de 1656.
- Francisco Coello, natural de
Lisboa, banqueiro, administrador dos impostos de Málaga, condenado em 1654. Os
seus bens foram confiscados.
- Diego Gómez de Salazar,
administrador do monopólio de tabaco de Castela. Condenado.
4. Ciudad Rodrigo
5.Ciudad Real
Inquisição de Ciudad Real
A comunidade portuguesa era muito
activa no comércio e artesanato. O seu acabou por gerar uma profunda inveja, que
não tardou a desencadear o seu saque pelos espanhóis.
- Fernando Méndez, em 1591, é preso.
Os portugueses contam-se entre as
principais vítimas nos oito Autos de Fé entre 1634 e 1681:
- Maria Acosta, presa em 1634
- Tomás Núñez Gómez, comerciante de
tabacos, condenado em 1651.
- Antonio Rodriguez, preso em 1654
- Andrés Núñez Enríquez, mercador,
preso em 1666
- Martín Ruiz, financeiro, preso
entre 1678 e 1681.
- Mateo de la Torre, preso entre
1678 e 1681.
6. Logroño
Os portugueses só podem ter da
capital de La Rioja a pior das impressões. Nos séculos XVI e XVII foram vítimas
de uma feroz perseguição movida pelo Tribunal da Inquisição da cidade. Nas
últimas décadas milhares de portugueses com deficiências mentais, mas não só,
foram mantidos como
escravos nas quintas, nomeadamente nas suas vinhas.
Inquisição de Logroño
(1512-1834)
O Tribunal de Logroño assumiu no
final do século XVI uma importante função estratégica para a Inquisição:
controlar as fugas de portugueses para França, na direcção de Amesterdão.
Filipe II, em 1587, proibiu que os
portugueses pudessem atravessar a fronteira com os seus bens. Com duas
importantes comunidades em San Sebastian e em San Juan de la Luz, os portugueses
ao mesmo tempo que apoiavam as fugas, envolviam-se também no contrabando de
dinheiro (46). Em 1602, o Tribunal de Logroño, tomou medidas especiais contra
eles, enviando espiões para San Juan de Luz (França).
Na primeira metade dos
século XVII, portugueses, oriundos sobretudo de Trás-os-Montes, dominam grande
parte do comercio internacional de Navarra, tornando-se um alvo privilegiado da
Inquisição (30), pela inveja local que provocavam.
Alguns portugueses vítimas da
Inquisição de Logroño:
- Dionis Portugues, morador em
Zervera, morto em 1519.
- Diego de Acosta Cañas,
mercador de produtos chineses. O
T. de Logroño, a pedido do T. de Toledo, participa em 1596 na sua captura.
- Jorge Fernández, vizinho
de Cieza. Condenado em 1593.
- Juan Núnez Vega,
integrando uma sólida rede internacional de mercadores portugueses, oriunda de
Trás-os-Montes. Foi preso em 1621.
- Luis Fernandez Pato,
natural de Vila Real, mercador,
preso em 1635.
- Lorenzo González. Foi queimado
vivo, num lugar chamado "Los Quemados", próximo de Logronho, a 23/8/1719.
7.
Madrid
Com a concentração do poder político
em Madrid, a partir do século XVI, passa a ser uma cidade onde por várias razões
a presença portuguesa se tornou muito significativa.
Santo
António dos Portugueses
Manuel Pereira e Manuel Correia
Notáveis escultures, irmãos,
nascidos na cidade do Porto com uma vasta obra espalhada por Portugal, Polónia e
Espanha, onde se fixaram.
|
|
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Manuel
Pereira. Real Academia de Belas Artes de San Fernando, Madrid |
Manuel
Pereira.Cartuxa de Miraflores, Burgos |
Manuel
Correia. Museu Arqueológico, Madrid |
Pedro Teixeira Albernaz
Conquista de Madrid em 1706
Convento
de las Salesas Reales.
Mandado construir em 1748 pela princesa portuguesa Barbara de Bragança (Lisboa,
1758-Aranjuez, 1758), onde se encontra sepultada.
Tratado de Madrid de 1750
Palácio Real de Madrid.
Na fachada desta palácio do se´culo XVIII, provavelmente por
imposição de Barbara de Bragança, surgem para além da sua estátua
(fachada sul), as do seu pai - D. João V (fachada oste, da autoria de
Luis de Salvador Carmona) -, e a do primeiro rei de Portugal - D. Afonso
Henriques (fachada oeste, da autoria de Juan Porcel).
Inquisição de Madrid
Na Praça Mayor de Madrid largas
centenas de portugueses foram assinados pela Inquisição espanhola, em grandiosos
acontecimentos públicos, presididos pelo próprio rei.
Auto de Fé,
a 4/6/1632, organizado pelo Tribunal de Toledo (34), na Praça Maior de Madrid (Plaza
Mayor), a que assistiu Filipe IV de Espanha, acompanhado de toda a corte. Ao
todo foram condenadas 57 pessoas, sendo 7 queimadas ao vivo e 4 em estátua. A
maioria destas vítimas eram portuguesas, tais como: Miguel Rodriguez e a sua
mulher Isabel Martinez Albarez; Antonio Gomez, médico, professor na Universidade
de Coimbra; Jorge Quaresma, natural de Lisboa, graduado em cânones.
Este Auto de Fé está ligado à
reacção contra os portugueses que se desencadeou em Cádiz em 1629. Estes foram
acusados de terem açoitado e queimado uma imagem do "Cristo de la Paciência".
Sob este pretexto 6 portugueses foram queimados em Madrid, e muitos mais presos
e espoliados. Face a estes acontecimentos, em 1633,
apareceu nas ruas de Madrid cartazes em português, onde se afirmava a
superioridade do judaísmo sobre o cristianismo. Francisco Quevedo (1580-1645), a
este respeito escreve um folheto contra "Los Judíos que hablan portugués"
(Execracion de los Judios, 1633), apelando ao seu extermínio em Espanha.
Pintura de Francisco Ricci do Auto
de Fé, de 30 de Junho de 1680 (Museu do Prado, Madrid).
Foram
sentenciadas 104 pessoas, portuguesas na sua quase totalidade.
a
Auto de Fé, a 30/6/1680,
também em Madrid, na Praça Maior, a que assistiu Carlos II e toda a corte
espanhola. A maioria dos 104 condenados eram portugueses. As idades variavam
entre os 14 anos e os 70 anos de uma idosa portuguesa.
Portugueses mortos
ou condenados
neste Auto de Fé:
- Francisco Leão, vizinho em Málaga
(morto em estátua)
- António de
Vergara, (morto em estátua)
- Leonor Nunez, vizinho em Málaga
- Beatriz Benitez Cardoso, da
comunidade portuguesa de Pastrana (Guadalajara). Desterrada.
- Rodrigo del Caño, mercador em
Málaga.
- Cristobal del Caño, vizinho em
Málaga
- Luisa de Castro, vizinhoa em
Málaga
- Diego Núnez Chacon, mercador de
lenços.
- Melchior Ruiz, vizinho em Málaga
- Leonel de Ribera (ou Daniel Gomez,
Abran Gomes Brito), vizinho de Madrid
- Graviel de Salazar, filho de Diego
Gomes de Salazar, negociante
- André Salazar
- Maria Lopez, solteira, natural do
Porto, vizinha em Orense (Galiza)
- Luis Enriquez, solteiro, vizinho
em Antequera
- Francisco de Salinas (ou
Francisco de Leão)
- António Enriquez, comerciante de
lenços.
- Ana Vargas (ou Ana Gomez, Lopez),
mulher de Manuel Francisco. comerciante. Foi já presa na Inquis. de Toledo
(1651).
- Manuel Suarez da Fonseca, natural
de Trancoso, mercador. Foi preso na Inq. de Valladolid.
- Leonor Pereira, natural de Évora.
Mulher de Manuel de Galvez, comerciante. Foi presa na Inq. de Granada.
- Simón Diego de Morales, natural de
Viseu, comerciante. Foi preso na Inq. de Cordoba.
- Baltasar Lopez Cardoso, oriundo de
Verin (Galiza)
- Filipa Lopes, oriunda de Verin
(Galiza).
- Juana Lopez, viúva de Francisco de
Acosta, natural de Vila Flor, vizinha de Orense. Foi presa na Inq. de Granada.
- Pascoal Nuñez, vizinha de Málaga.
- Francisco Navarro de Acuña,
vizinha de Neiva de Galiza.
- Maria Mendes, filha de António
Mendes, capitão Farapa e Maria Maria Mendes, vizinha de Orense.
- Francisco Machado, natural de Vila
Flor, vizinho de Orense.
- Francisco Rodriguez Castellanos,
natural de Vila Flor, vizinho de Orense.
- Diego Gomes de Salazar (ou Abran
Gomes de Salazar), negociante. Preso na Inq. de Toledo (1677), morto em estátua
em Madrid (1680), faleceu no Bairro d Santo Espírito, em Bayona (França).
- Pedro de
Salazar (Moisés Salazar), foi morto em estátua. Fugiu.
- Felipe de
Campos, natural do Porto, morador em Pastrana. Condenado a prisão perpétua.
- Rafael de
Paz, médico na corte espanhola. Condenado a prisão perpétua.
- Gerónimo Alonso sapateiro.
Condenado a prisão perpétua.
- Manuel de saldanha, natural de
Olivença, solteiro, Condenado a prisão perpétua.
- Fllipa Nogueira, viúva de Luis
Enriquez, natural de Vila Flor. Condenada a prisão perpétua.
- Francisco Nogueira, natural de
Mirandela. Condenado a prisão perpétua.
- Angela Nunes Marques, Vila Flor,
Condenada a prisão perpétua.
- Leonor Núnez Marques, viúva de
Rodrigo da Silva, natural de Vila Flor.
Condenada a
prisão perpétua.
- Gerónimo Nunez Marques, médico na
corte, natural de Vila Flor. Condenado a prisão perpétua.
- Pedro Nunes Marques, Vila Flor.
Condenado a prisão perpétua.
- Manuel Diaz Sardo (Manuel Enriquez),
de Estremoz, Condenado a prisão perpétua.
s,
1680.
Continua.
8. Medina del Campo
Inquisição de Medina del Campo
O número de portugueses presos ou
mortos, a avaliar pelos referências pontuais, foi seguramente muito elevado.
- Gonzalo Baéz, em 1558,
estava preso, tendo sido espoliado dos seus bens.
- Os inquisidores, a
30/3/1605, dão conta que os cárceres secretos deste tribunal estavam
cheios de portugueses, de cujos bens haviam sido espoliados (11).
9. Plasencia
Domínio dos Zuniga
ou Estuniga esta povoação é bem a expressão das guerras fronteiriças. Três
exemplos:
Plasencia durante a
Guerra da Sucessão 1474-1479) tomou partido pelo rei português. Foi aqui que D.
Afonso V se casou, em 1475, com a sua sobrinha Joana Trastamara (Excelente
Senhora/Beltraneja).
Durante a guerra da
restauração da independência de Portugal (1640-1668) a cidade foi seriamente
afectada pelo conflito, entrando em decadência.
Na última invasão
napoleónica, em Maio de 1810 chegou a Espanha o general Auguste de Marmont à
frente da "Armée de Portugal" com que pode evitar que a Ciudad Rodrigo
caísse às mãos de Wellington. Em Julho de 1811, a divisão portuguesa sob o seu
comando, com outra francesa, ocupam a cidade de Plasencia e fazem um saque
idêntico ao que espanhóis e franceses haviam feito em Portugal. A "Armée de
Portugal" é derrotada em 1812 na norte de Salamanca na Batalha de
Arapilles, e quase aniquilada em 2013 na Batalha de Vitória.
Na Igreja (gótica)
Iglesia de San Nicolás, a capela do Bispo de Cória - Pedro de Carvajal
Girón (1604-1621),-,
tem uma escultura do prelado em posição orante do escultor português Andrés
Francisco, natural de Estremoz.
10.
Toledo
Está por escrever a longa e rica
história das relações desta cidade com Portugal. Alguns acontecimentos de renome
internacional passaram aqui, como a assinatura do Tratado de Toledo (Tratado
Alcaçovas-Toledo), em 1480, em que Portugal acordou com Castela a primeira
partilha do mundo a descobrir. Os portugueses asseguraram então a futura posse
do Brasil e a protecção da rota do caminho para a India através da
costa africana.
Convento das Concepcionistas.
Beatriz de
Menezes da Silva (Campo Maior,1424- Toledo,1492), fundadora da Ordem da
Imaculada Conceição- Concepcionistas (1489))
Catedral.
Esta catedral tem uma longa história
ligada a Portugal, registe-se apenas o seguinte:
- Do mais antigo documento escrito
em língua portuguesa - O testamento de D. Afonso II (27/6/1214) - existem
apenas duas cópias, uma na Torre do Tombo em Lisboa e a outra no Arquivo da
Catedral de Toledo.
- D. Sancho II (Coimbra,
1209- Toledo, 1248), rei de Portugal, está aqui sepultado possivelmente
na capilla de los Reys Nuevos.
Fresco de homenagem a
Duarte de Almeida
no Palácio de Justiça
de Vila Pouca de Aguiar, da autoria de Jaime Martins Barata (1969)
- A armadura do heróico alferes-mor
português - Duarte de Almeida encontra-se exposta na capilla de los reys
nuevos. O seu gesto de coragem e determinação continuam a ser um exemplo: Na
batalha de Toro (1/3/1476), tinha a seu cargo o estandarte de Portugal. Foi
cercado pelos castelhanos que lhe deceparam a mão, segurou então o estandarte
com a outra mão, que também foi decepada, segurando por fim o estandarte que lhe
estava confiado com o dentes. O estandarte acabou por ser resgatado por outro
português -
Gonçalo Pires.,
conseguiu
arrancá-la
- D. Manuel I, em 1498, foi
aqui jurado herdeiro do trono de Leão e Castela, na presença dos seus sogros, os
"reis católicos".
Palácio de Fuensalida.
Foi neste palácio que faleceu Isabel de Portugal (1503-1539), imperatriz
da Alemanha e rainha de Espanha.
Monasterio de San Juan de Los
Reys. Mosteiro mandado
construir, em 1477, pelos "reis católicos" para comemorar a Batalha de Toro, em
1476, em que contiveram a ofensiva de D. Afonso V, rei de Portugal.
Museu Militar de Toledo.
Entre as peças ligadas a Portugal, destaca-se a tenda indo-portuguesa de
Martim Afonso de Sousa (c.1490-1564), governador da India portuguesa (1542-
1545).
Alcázar de Toledo.
Antigo palácio real profundamente remodelado no século XVI por Carlos V, esposo
de Isabel de Portugal, foi incendiado em setembro de 1710, alguns historiadores
espanhóis acusam as tropas portuguesas que ocupavam na altura a cidade, que a
tomaram pela primeira vez em Junho de 1706.
Durante a guerra civil espanhola
(1936-1939), cerca de 6 mil fascistas portuguesas combateram ao lado das tropas
dos fascistas espanhóis. Na célebre resistência que os fascistas espanhóis
fizeram no Alcázar de Toledo, em 1936, contaram com o apoio de fascistas
portugueses, nomeadamente de um posto de rádio ao seu serviço: Rádio Clube
Português. Este radio, sediado perto de Lisboa, abrangia as
zonas de Madrid, Toledo, Ciudad Real, Talavera de la Reina, Cáceres, Badajoz e
Mérida, as região de avanço dos fascistas espanhóis entre Julho e Dezembro de
1936.
Inquisição de Toledo
(1485-1834)
A perseguição contra os portugueses
foi sistemática, mas no final do século XVI o terror foi completo (2). De 1566 a
1570 - 20 condenados. 1576-1580 - 10; 1581-1585 - 10; 1586-1590 -3; 1591-1595 -
24; 1596-1600 - 44. Números que não pararam de crescer.
Alguns portugueses vítimas da
Inquisição de Toledo:
- Auto de Fé de 22/2/1501 é
morto pelo menos um português - Luis Dias, alfaiate de Setubal
-
Estevan de Çapata (Zapata?), mercador. Morto em 1581
- Diego Enríquez (mercador de
tecidos), morto em 1581. A sua mulher Justa Febos e outros familiares foram
presos e espoliados. Moravam em Toledo.
- Manuel Thomas. Morto em 1581.
- Felipe de Nájera, bacharel médico
em Argamisilla. Foi preso em 1605 e depois em 1607. Profetizou que Portugal iria
ter um novo rei, livrando-se do domínio espanhol. A sua confiança no futuro do
país era impressionante.
- Joana Carpio, morava em
Granada. Foi presa a 19/8/1616.
- Felipe Godinez, poeta e
dramaturgo. Preso em 1624
As prisões eram continuas.
Em 1625, um grupo de portugueses é preso, denunciado por Diego de Lima,
provavelmente também portugues.
- Diego Garcia (português),
segundo a Inquisição, em 1630, denunciou voluntariamente dezenas de
portugueses.
- Juan Núnez de Saraiva, um
dos maiores banqueiros do tempo, foi preso em 1632 e levado um Auto de Fé, com
outros portugueses a 13/12/1637.
- António Diaz Montesinos
(1582-1633), natural de Mogadouro, foi morto a 22/5/1633. A sua mulher (Isabel
Rodrigues) e outros familiares acabaram também presos.
É impressionante a listagem
dos portugueses que estavam presos, em 1634, nos cárceres da Inquisição de
Toledo, revelando claramente que eram o seu principal alvo (13).
- Bartolomé Febos ou Febo,
negociante, morador em Madrid. Preso m 1634 e morto em 1636 (10).
- Miguel de Silveira,
nascido em 1580 na vila natural de Celorico da Beira. Foi preso em Madrid
(1635), acusado de judaísmo. Conseguiu fugir no ano seguinte para Nápoles, onde
publicou os seus mais conhecidos poemas.
- Manuel Fernandes,
banqueiro. Preso em 1636.
Depois de 1640, quando
Portugal restaurou a sua independência, vários nobres portugueses que não
aceitaram no novo rei (D. João IV), passam a colaborar com a Inquisição
espanhola na perseguição de portugueses que viviam em Espanha. É o caso de
Agostinho de Lencastre, natural de Lisboa, Duque de Abrantes. Em 1680 solicitou
o cargo de familiar da Inquisição de Toledo (9).
- Gaspar Méndez de Vaez,
natural de Portalegre, morto a 20/3/1641 no "hospital" da Inquisição.
- Diego Saraiva, financeiro.
Foi preso em 1641, acabou espoliado.
- Esteban Luis Diamante,
financeiro. Preso em 1646, acabou espoliado. Era sócio de outros portugueses:
Gaspar e Alfonso Rodrigues Pasarino (Foi preso e espoliado).
- Manuel Enrique,
financeiro. Foi preso em 1647, acabou espoliado.
- Valeriano de Figueiredo,
frade. Preso em 1648.
No Auto de Fé de 13/11/1651,
pelo menos 8 portugueses forma condenados, entre eles: Gabriel Enríquez,
natural de Viseu, morador em Madrid;
Gaspar Álvarez Çereço,
natural de Torre de Moncorvo.
O ano de 1655 é marcado por uma
brutal repressão aos portugueses residentes na região de Madrid. No inicio de
Setembro 11 famílias são presas e espoliadas. Em meados do mês são presos 11
homens de negócio portugueses. O objectivo dos espanhóis era o saque.
- Rodrigo Núnez da Silva, mercador
de tabacos, natural da Guarda, vizinho de Colmenar (Madrid). Morto em 1655.
- Juan López de Castro e a sua
mulher Ysabel Rodriguez, foram presos em 1655 e mortos em 1660.
- Luis de Lima Coronel, membro
de uma familia de Ponte de Lima, é preso em 1659. Fora já preso em Cuenca
(1643).
- Simón Fernandez de Acosta e a sua
filha Maria Nunez, estabelecidos em Hita (Guadalajara), foram presos em 1660 e
condenados no ano seguinte.
- Joseph de Borxes ou Borjes,
comerciante de tabaco. Estava preso em 1660.
- Ana da Costa, com apenas 15 anos,
é presa em 26/5/1662.
- Melchior Méndez de los Rios, preso
em Madrid em 1666.
- Luis
Marquez Cardozo, diretor do monopólio de tabacos. Morto no Auto de Fé de 1669.
No Auto de
Fé de 1670 é condenado, entre outros, Diego Lopez Pereira.
- Leonor
Lopez, presa em 1670.
- Pedro
Rodriguez Ferro, mercador. Preso em Setembro de 1670.
- As
principais familias da comunidade portuguesa de Pastrana, em especial - os
Oliveira, Simón Muñoz de Alvarado e os Mendes - a partir de 1678 começam a
sofrer uma brutal perseguição da Inquisição. A comunidade estabeleceu-se aqui no
século XVI, ligada à produção e comercialização de seda.
- Beatriz de
Campos, presa em Dezembro de 1678.Morreu nos cárceres da Inquisição.
- Francisco
Suarez (Abran Suarez), morreu nos cárceres da Inquisição (1679/1680).
- Manuel
Pimentel, mercador, a sua esposa Blanca Rodriguez Francia e o seu filho Simón
Pimentel, moradores em Cádiz, são pesos em 1690.
- Francisco
Baéz Eminente, o maior financeiro de Castela ao tempo. Condenado em 1691.
- Diego Mateo
Zapata (1664 -1745 ),médico, filho de portugueses. A sua mãe foi morta pela
Inquisição (1681), assim como o seu pai. Diego foi preso em 1692.
A primeira
metade do século XVIII é marcada por grandiosos Autos de Fé em Madrid, Sevilha e
Granada, onde os portugueses se destacam entre as principais vítimas.
- Sebastían
Antonio Paz, administrador das rendas de tabacos. Auto de Fé de 19/3/1721.
- Juan
Rodrigues, 33 anos, condenado em 1726 a 8 anos de prisão e às galés.
11. Toro
Monasterio Spiritus el Real.
Fundado por Teresa Gil, de origem Portuguesa. Aqui está sepultada da rainha Dona
Beatriz de Portugal.
12. Tordesilhas
Hospital de Mater Dei,
fundado por Beatriz de Portugal
13.
Talavera de la Reina
14.
Valladolid
Inquisição de Valladolid
(1488-1834)
Este tribunal estava no centro de
uma das principais rotas seguidas pelos portugueses para atingirem a França e os
países do Norte da Europa. Calcula-se que mais de 250 portugueses tenham sido
presos ou mortos nos seus cárceres.
Entre 1519 e 1648 este tribunal e o
de Sevilha não deram descanso aos portugueses que seguiam ideias protestantes,
pelo menos 12 foram presos (24).
- Andreas de Prohaza, estudante de
medicina português é preso em Valladolid, em 1548, sob a acusação de práticas
diabólicas.
- No Auto de Fé de 21/5/1559,
é morto pelo menos um português - Gonçalo Baez -, oriundo de Lisboa, que
havia sido preso em Medina del Campo.
- Genéz Fonseca, estudante
artista de Penamacor. Preso em 1567/74
- Blanca Henriquez, presa em
1567/74
Os estudantes portugueses na
Universidade de Salamanca, em Abril de 1582, espalham pela cidade a profecia que
a Espanha iria entrar em várias guerras e a morte de Filipe II estaria para
breve, em consequência da anexação de Portugal. O facto provocou a intervenção
deste tribunal (20).
- Andrés de Fonseca, natural
de Miranda do Douro, advogado de muitos portugueses em Espanha, morador em
Madrid. Foi julgado em Valladolid em 1624 voltou a sê-lo em Cuenca, no Auto de
Fé de 29/6/1654.
Numa visita da inquisição a
Segovia, em1630, fica-se a saber que estavam nos cárceres 7 portugueses e 2 ou 3
outros estavam a ser perseguidos (19).
Em 1640, os inquisidores de
Valladolid lançam-se na caça aos portugueses e aos seus bens.
A inquisição de Valladolid, notabilizou
pela brutal repressão dos portugueses na década 20 do século XVIII (7). Depois
de 1730, os historiadores identificaram mais de 340 julgamentos de portugueses,
42 dos quais acabaram condenados à morte.
Carlos Fontes
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