Carlos Fontes

 

 

Caravela. Navio português (séc.XV) 

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Uma Viagem pelo Mundo em Português

 

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Canárias - Portugal

Os portugueses entre os séculos XIV e XV foram os principais descobridores e  colonizadores deste arquipélago. Castela apoiada pelo Vaticano reclamou para si as ilhas. As disputas persistiram até 1480, quando foi firmado o Tratado de Toledo. Portugal cedeu-lhe as Canárias, mas em troca ficou acordado que teria o monopólio do comércio e navegação no litoral africano a sul da linha do Equador. 

Os indígenas locais, cerca de  60 mil guanches ou guanchos no princípio do século XV, foram sendo exterminados. Um grande número foram escravizados, muitos terminaram os seus dias nas plantações da cana do açúcar na Ilha da Madeira. No final do século muitos fixaram-se no Algarve (Portugal), cruzando-se com as populações locais. Nas Canárias, os espanhóis no século XVI acabaram por exterminar os que restavam. 

Em 1993, a Ilha de Lançarote, passou a contar com a mais um habitante: José Saramago. Foi nesta ilha que este ilustre escritor, começou a revelar crescentes manifestações de perturbação mental após anos a fio a idolatrar ditadores como Estaline ou Fidel de Castro, acabando por se transformar num iberista. Não podia ter escolhido local mais inspirador para meditar sobre a obra dos seus mestres.

A Comunidade de Portuguesa foi muito activa até meados do século XVII, estando desde o inicio ligada ao cultivo da cana-do-açúcar, agricultura, comércio e actividades marítimas. No século XVI eram mesmo a principal comunidade da ilhas. A sua influência é ainda notória na toponímica local, costumes, vocabulário e certa forma de ser dos canários. Após ocupação de Portugal (1580-1640), esta influência cessou, muitos portugueses, nomeadamente cristãos-novos fugiram das Ilhas e foram engrossar outras comunidades como a de Londres.

Inquisição de Las Palmas da Gran Canária (Canárias)

(1505-1834)

 

A importante comunidade portuguesa do arquipélago foi das primeiras a ser atingida pelas perseguições da Inquisição espanhola. Uma parte significativa dos 2.329 acusados eram portugueses, assim como a quase totalidade dos 10 queimados vivos.

 

Entre 1504 e 1510 foram presas 34 pessoas acusadas de judaísmo, a esmagadora maioria eram portugueses, entre eles estava -  Juan de Ler (Leiria ?), natural de Portugal, vizinho de Tenerife, condenado em 1507. Trata-se da primeira vítima de uma Auto de Fé nas Canárias (catedral de Las Palmas).  

 

Auto de fé de 1510:

- Alvaro Estevez, almotacén, natural de Portugal, vizinho das Canárias. 

- Pedro Dorador

- Beatriz de la Cruz

- Juan Francisco, tintureiro.

 

- Alfonso Váez, padeiro. Preso a 10/2/1514.

- António Fonseca, natural do Porto. Preso em 1525.

 

Auto de Fé de 24/2/1526, foram condenados entre outros os seguintes portugueses:

- Alvaro González, natural de Castelo Branco, Portugal, vizinho de La Palma. Sapateiro de profissão. Morto em 1526. Os seus bens foram confiscados em 1506.

- Mencia Baez, natural de Castelo Branco, mulher de Alvaro Gonçalves, morto em 1526..  

- Silvestre González, filho dos anteriores. Sapateiro. Morto em 1526. 

- Alomo Yanez, lavrador, natural de Vila Viçosa (Villaviciosa), vizinho de Tenerife. Morto em 1526.

- Diego de Valera (Isaac Levi), médico, chegou a ser administrador da praça portuguesa de Safi, em Marrocos (1517). Foi morto em 1526.

- Hedor Méndez 

 

- Diego Diaz, preso em 1529

- Pedro Gonzalez, preso a 8/8/1530

 

- Duarte Perez e Duarte Gaspar, em 1534, antes de serem apanhados conseguem fugir para Cabo Verde. 

- Catalina Gonzalez, presa em 1570

- Joan Almeida, preso em 1581

- Gaspar Diaz, preso em 1581

- Diego Diaz, preso em 1587/88

 

No princípio do século XVII, um poderoso grupo de mercadores portugueses, instala-se em Tenerife - La Laguna, onde através de uma inteligente ligação às famílias locais consegue resistir, apesar da vigilância e denúncias à Inquisição. O núcleo principal era liderado pelos irmãos Diego e Tomás Pereira de Castro, naturais de Barcelos. Estabeleceram-se como mercadores em 1610, passaram a controlar o comércio  com Portugal, as Indias espanholas e Amesterdão (55), arrendam as rendas reais (1640-1652), adquirem enormes propriedades, ascendem ao governo da ilha. Financiam a construção da Igreja del Santisimo Cristo de Tacoronte, em cujo portal colocam as suas armas...

 

- Sebastião Pais de Vega (natural de Lisboa), Luis Barreto, Simão Mendes, Gaspar Ramos e Luis Peres, em 1610, fugiram de Marrocos para as Canárias, onde acabaram por cair nas mãos da Inquisição espanhola por alegadamente terem renegado à Fé Cristã (59).

 

- Pedro Lobo, mercador. Preso em 1611.

 

Em consequência dos terramotos do Açores por volta de 1620, muitos portugueses fixaram-se nas Canárias. A Inquisição de Las Palmas, assustada com o seu número, move-lhes uma brutal perseguição. O frade Juan de Medina, em 1621, afirma que nas Canárias "Todos os portugueses eram judíos".

 

 Em 1625 sucedem-se as prisões de portugueses:

- António Rodrigues da Fonseca, natural do Porto, mercador em La Laguna (1626)

- Adriana Sosa

- Diego Gomes e os seus irmãos Acosta e Heredia

- Antonio Diaz de Moraes

 

- Inês Granada, moradora em Tenerife. Presa e morta (?) em 1629.

- Perpétua Lopez, Lorenzo Rodriguez Lindo (esposo), Lucinda Rodriguez (sobrinha), Gonzalo Rodriguez Baez (esposo de Lucinda), todos foram presos.

- Fernão Pinto, mercador. Em 1635 foi avisado antes da prisão e consegue fugir para a Holanda.

- Duarte Henriquez Alvarez, arrendatário de rendas, preso em 1658. Foi morto em estátua. 

- Gaspar Pereira, preso em 1663.

- Rafael da Silva y Montero, médico, preso em 1689 e condenado em 1691

Carlos Fontes

 
 

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