Carlos Fontes

 

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Milhões de portugueses (exploradores, marinheiros ou simples emigrantes) ao longo dos séculos tem percorrido o mundo, estabelecendo-se nos seus lugares mais recônditos. Descubra um pouco desta história fantástica de um povo que fez do mundo a sua pátria de eleição.

Carlos Fontes

 

Caravela. Navio português (séc.XV) 

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Uma Viagem pelo Mundo em Português

 

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Colombia - Portugal

No século XVI muitos são os portugueses que se instalam no litoral norte da América do Sul, em Santa Marta, Novo Reino de Granada, etc. Fundaram muitas cidades e participaram expedições espanholas de conquista da região. A partir do Brasil exploram também os territórios da actual Venezuela, Colombia e as Guianas. 

A Expedição de Rodrigo de Bastides que, em 1525, fundou a cidade de Santa Marta, para além de outros portugueses, contava com dois destacados oficiais superiores: Antonio Díaz Cardoso  (capitão, natural de Santa Comba Dão) e  Alonso Martín, acompanhado do seu filho Juan de San-Martin. 

Esta cidade foi de inicio muito frequentada por piratas portugueses, que dominavam a região desde o inicio do século XVI.

Nas expedições que se seguiram, a sua presença foi sempre uma constante, sendo de destacar as de García Lerna (1528), Federman (1530), Pedro de Heredia (1533), Jerónimo de Ortal (1533), Jorge Espira (1534), Jorge de Robledo (1535), Antonio de Sedeño (1536), G. Jimenez de Quesada (1536), Jerónimo de Lébron (1541). 

Gaspar de Rodas. Filho de Florêncio de Rodas, alcaide-mor de Loulé e de Guiomar Coelho, natural de Lamego. Andou na conquista do Perú (1540) e Reino de Quito. Ao serviço de Belalcázar , assumiu o governo de Popayán. Em 1569 subjugou a ferro e fogo a Antioquia (Colombia). Criou várias cidades: San-Juan de Rodas (1571), Zaragoza de las Palmas (1581), etc.  

É praticamente infindável as referências a portugueses que participaram na conquista e povoamento desta região do império espanhol. 

Cartagenas das Indias

Em Cartagena funcionava desde o século XVI, o principal mercado de escravos que abastecia a Colombia, Venezuela e o Perú. 

Os primeiros escravos entraram por volta de 1534, sem pagarem impostos. Em 1549 a corte espanhola autorizou a compra directa aos negreiros portugueses, que rapidamente se estabeleceram na cidade. Em 1630, quando foi feito um recenseamento dos estrangeiros, foram identificados 192, sendo 159 deles portugueses, quase todos ligados ao comércio e nenhum possuía licença de residência.

A restauração da independência de Portugal em 1640, provocou em Cartagena uma grave situação económica (3). Os escravos passaram a ser comprados em Curaçao e na Jamaica, onde os portugueses também estavam em grande número. Os intermediários passaram a ser todavia os ingleses, holandeses e alguns genoveses. O comércio clandestino disparou, fazendo subir os preços. 

Este comércio sórdido em Cartagena esteve nas mãos os portugueses até 1702 (4), quando  foi proibida de operar a Companhia do Cacheu (Companhia Real da Guiné, portuguesa), por estar envolvida numa monumental fuga aos impostos.  

Santa Marta

Desde a sua fundação muitos portugueses residiam na cidade, o que não impediu que outros portugueses a tenham saqueado, como o fez, em 1597, o pirata Cristovão Cordello (Cristóbal Cordello).

Palenque de San Basilio

Povoado criado por escravos fugidos de Cartagena, liderados Benkos Biohó, também conhecido por Domingo Bioho, nascido na região de Biohó, Guinea Bissau, onde foi comprado pelo traficante de escravos português Pedro Gómez Reynel, e revendido ao comerciante Juan de Palacios, que depois vendeu, em 1596, ao espanhol Alonso del Campo.

Palenque de San Basilio converteu-se, em 1713, na primeira povoação de escravos livres na América. A sua população continua a falar uma língua própria  que tem origem no português antigo, misturado com palavras africanas (crioulo).

Inquisição de Cartagena

Ao contrário do que aconteceu em outros partes das Indias espanholas, a Inquisição de Cartagena (1610- ), não se dedicou a perseguir os portugueses, mas sim piratas, corsários e luteranos ingleses e holandeses. Embora muitos portugueses tenham aqui sido sentenciados pela Inquisição, nenhum foi morto.

A razão para esta situação aparentemente insólita está no facto da prosperidade de cidades como Cartagena estar assente no comércio de escravos, fornecidos pelos portugueses. Se estes os deixassem de fornecer, acabaria esta importante fonte de receitas levando à ruina a economia local.O poder dos portugueses acabava por estender-se dessa forma à Inquisição através de um vasta rede de cumplicidades (2).

Carlos Fontes

  Notas

(1) Navarrete, Maria Cristina - Génesis u Desarrolo de la Esclavitud en Colombia siglos XVI y XVII. Cali, Programa Editorial, Universidad del Valle, 2005.

(2 ) Ventura, Maria da Graça A. - Os Gramaxo Um caso paradigmático de Redes de Influência em Cartagena das Indias, in 

(3) A restauração da independência de Portugal, em 1640, provocou enormes problemas económicos em toda a América espanhola. Os espanhóis deixaram de ter quem lhes fornecesse mão-de-obra (escravos), os principais circuitos comerciais e transporte marítimo nas mãos dos portugueses entraram em colapso, fazendo disparar o comércio clandestino e a pirataria.

(4) SERRANO MANGAS, Fernando, La encrucijada portuguesa. Esplendor y quiebra de la unión ibérica en las Indias de Castilla (1600-1668), Badajoz, Excelentísima Diputación Provincial de Badajoz, 1994.

VIDAL ORTEGA, Antonino, Cartagena de Indias y la región histórica del Caribe, 1580-1640, Sevilla, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 2002.

VILA VILAR, Enriqueta,  “La sublevación de Portugal y la trata de negros”, en Ibero-Amerikanisches Archiv, Berlín, Ibero-Amerikanisches Institut, 1976.

VILA VILAR, Enriqueta, , “Los asientos portugueses y el contrabando de negros”, en Anuario de Estudios Americanos, Vol. 30, Sevilla, Escuela de Estudios Hispanoamericanos, 1973.

 

 

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