Director: Carlos Fontes

 

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Milhões de portugueses (exploradores, marinheiros ou simples emigrantes) ao longo dos séculos tem percorrido o mundo, estabelecendo-se nos seus lugares mais recônditos. Descubra um pouco desta história fantástica de um povo que fez do mundo a sua pátria de eleição.

Carlos Fontes

 

Caravela. Navio português (séc.XV) 

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Uma Viagem pelo Mundo em Português

 

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Bolívia - Portugal

O território que hoje constitui a Bolívia foi alvo de contínuos conflitos entre a Espanha e Portugal. Os espanhóis tentarem limitar a expansão do Brasil aos limites definidos no célebre Tratado de Tordesilhas (1494), mas os portugueses rapidamente os ultrapassaram. No princípio do século XVIII estavam solidamente implantados no curso do Amazonas procurando aproximarem-se cada vez das minas de Potosi.

Cada novo tratado firmado entre os dois países confirmava o avanço dos portugueses, dando origem a novos avanços (Tratado de Madrid- 1750; Tratado do Pardo-1761;Tratado de Santo Ildefonso-1777, etc ). 

O desinteresse da Espanha pelas regiões das suas colónias que faziam fronteira com o interior do Brasil facilitou-lhes a expansão.

Lenda do "El Dorado"  e a Rota do Rio da Prata

A descoberta das ricas minas de Potasi, está ligada à lenda do "El Dorado", que era contada pelos indigenas da América do Sul aos navegadores. Afirmavam que junto às nascentes dos grandes rios que desaguavam no Atlântico existiam grandes minas de ouro e prata. 

Os portugueses, como os espanhóis, trataram logo de subirem os rios para chegarem às ditas minas. É nesse sentido, que irão explorar os curso de vários rios, como o Amazonas ou o Rio da Prata (nome português).

O Rio da Prata revelou-se o mais importante para este objectivo. Entre os portugueses que o exploraram destacam-se: Gonçalo Coelho que em 1502 o descobriu; Um piloto anónimo português, em 1513, explora o Rio da Prata; Em 1514,os portugueses Nuno Manuel, Cristóbal de Haro e o piloto Juan de Lisboa, chegaram ao grau 86, altura do Rio, a que deram o nome de Jordão, julgando tratar-se de um golfo. João Dias de Solis (Juan Díaz de Solís) e Aleixo Garcia que o exploram em 1515. Em 1521 Fernão de Magalhães volta a passar pelo Rio da Prata, sem o explorar, o seu objectivo era outro.

Aleixo Garcia, à frente de uma grande expedição, em 1525, chegou à região de Cochabamba, na actual Bolívia, onde veio morrer num combate com os indios. Aleixo Garcia é considerado o verdadeiro descobridor da Bolívia. 

Os sobreviventes, conduzidos por um português, trouxeram bastante ouro e prata, confirmando assim a riqueza desta região do Império Inca. A rota do Rio da Prata foi a mais utilizada para escoar a prata de Potosi, atravessando os actuais territórios da Argentina, Paraguai e Bolívia.

A coroa portuguesa depois de 1525 fez dezenas de tentativas para se apoderar desta rota da prata, levando os espanhóis a criarem várias cidades no seu percurso.

Potosi

Na exploração das minas de Potasi, a mais importante de todo o Império espanhol estavam envolvidos milhares de portugueses.

A exploração destas minas só atingiu as proporções obteve, devido à descoberta em 1563, por um português de minas de mercúrio em Huancavelica, situada a 220 km a sudoeste de Lima e a mais de 1.200 km a noroeste de Potasi. 

Na cidade de Potasi, o número de portugueses era de tal modo grande que no final do século XVI já possuíam uma rua própria chamada justamente - Lusitana

Entre os mineiros portugueses de Potosi, destacam-se figuras como Afonso da Fonseca Falcão, que explorou entre outros locais o Cerro Rico da Villa (1621).

Em 1610, oficialmente viviam em Potosi 144 estrangeiros, dos quais 74 eram portugueses. O seu êxito foi visto como uma ameaça pelos espanhóis, quer não tardaram a servirem-se da Inquisição de Lima (ver Peru) para lhes moverem uma feroz perseguição.

Os portugueses dominavam as principais rotas de comércio não apenas da prata, mas também de escravos e todas as mercadorias necessárias para assegurar a vida da mais populosa cidade das Indias espanholas.

A restauração da Independência de Portugal, em 1640, afectou gravemente toda a Rota da Prata, desde Buenos Aires a Potosi. Os mercadores portugueses, incluindo os que se dedicavam ao tráfico de escravos para Potosi, abandonarem a região. O único comercio que era realizado era clandestino.

Chocaya

A infiltração dos portugueses pelo Alto Peru não conhece limites. No século XVII, instalam-se nas minas de Chocaya, província das Chicas, a cerca de 36 léguas de Potosi. Os espanhóis acusam-nos de erguerem fortes.

Santa Cruz de la Sierra

A expedição de Ñuflo de Chávez ao Alto Peru, durante a qual fundou a povoação de Santa Cruz de la Sierra, em 1557, contou com vários portugueses, alguns dos quais eram judeus (cf. History of the Jewish People”, Eli Birnbaum).

Fronteiras com o Brasil

A contínua expansão do Brasil, levou os portugueses a ocupar vastas regiões que os espanhóis tinham como suas na actual Bolívia.

Numa altura que Portugal estava em guerra com a Espanha (1640-1668), António Raposo Tavares ocupa entre 1648 e 1651 grande parte do  actual Estado brasileiro da Rondônia. A partir daqui a ordem foi para ocupar e defender a região.

O célebre Francisco de Melo Palheta, introdutor do cultivo do café no Brasil, em 1722, comandou uma expedição ao rio Madeira (1722), tendo alcançado a foz do Mamoré e seguiu seu curso até Santa Cruz, sede de uma missão jesuítica no Peru.

Em 1748, o governador da capitania de Mato Grosso (Brasil) recebe ordens para defender a qualquer custo a região da margem direita do Rio Guaropé. 

O governador da cidade de Santa Cruz de la Sierra ameaça os portugueses, os quais em 1776 constroem o poderoso Real Forte Principe da Beira, na margem direita do rio Guaporé, atual Guajará-Mirim. 

Outros portugueses fixam-se na região do actual Estado brasileiro do Acre. Embora os sucessivos tratados não consagrem a sua presença, a situação só foi resolvida em 1903 entre a Bolívia e o Brasil.

Independência da Bolívia

A esmagadora maioria dos portugueses radicados nas colónias espanholas apoiava a independência, mas a corte portuguesa sediada no Rio de Janeiro, opõem-se, dando apoio às tropas espanholas 

A guerra da independência da Bolívia, assim como de outras colónias espanholas da região, prolongou-se entre 1810 e 1825, e teve inúmeros episódios sangrentos.

Um dos casos mais dramáticos envolveu um capitão português (Albuquerque ?), o qual em 1811, deu um apoio decisivo ao comandante espanhol José Miguel Becerra. 

Á frente de uma importante força militar, que contava com um destemido grupo de portugueses recrutados no Brasil, avançou por Chiquitos, passou a Cordilheira dos Andes e restaurou o governo fiel à Coroa Espanhola em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), arrasando tudo o que encontrou pelo caminho. 

Em 1825, os espanhóis voltam a pedir o apoio dos portugueses contra os independentistas. Chiquitos é de novo invadida, agora pelos brasileiros, e anexada a Mato Grosso (15/05/1825), mas D. Pedro I (IV, de Portugal) condenou estes actos.

Século XX

Em finais dos anos 60 do século XX, numa altura em que o mundo está mergulhado em guerras e contestações generalizadas, dois milionários rivalizavam em Portugal na organização de duas festas com projecção mundial: o boliviano Antenor Patiño (1896 -1982, herdeiro de Simón I. Patiño) e o norte-americano Pierre Schlumberger (Franco-American Oil) casado com uma portuguesa (Maria da Conceição).

O primeiro na sua fabulosa quinta em Alcoitão e o segundo na Quinta do Vinagre em Colares, ambas nos arredores de Lisboa. Em Setembro de 1968 a imprensa mundial relata com assombro as festas e o dinheiro que as mesmas custarem, onde o número de convidados da realeza, alta finança, estrelas de cinema, pintores, intelectuais, etc., serviram para medir qual dos dois tinha maior influência à escala planetária.

 

Carlos Fontes

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