Biafra (Nigéria) - Portugal
A Nigéria é um país
dividido em termos étnicos e religiosos. No norte predominam os muçulmanos e
no sul, junto à costa, os cristãos. Esta região costeira era conhecida pelos
portugueses, desde o século XV, como a Costa dos Escravos (habitada pelos
Yoruba) e Costa da Pimenta (habitada pelos Ibos).
João de Santarém e Pedro de
Escobar, em 1470, terão sido os primeiros portugueses a chegarem ao Golfo do
Biafra. Esta região cristianizada pelos portugueses, a partir da 2ª. metade do
século XIX começou a ser dominada pelos ingleses.
Após a Independência da
Nigéria (1960), reacenderam os hitóricos conflitos entre cristãos e
muçulmanos. A descoberta de petróleo na costa acabou por contribuir para
agudizar os problemas. Em 1966 deflagrou uma guerra civil. Os
Ibos (cristãos) em Maio de 1967, chefiados
pelo coronel Chukwemeka Ojukwo,
revoltam-se contra os muçulmanos e proclamam a sua independência (República
do Biafra). A guerra que se seguiu (6/7/1967
a 13/1/1970) foi desde logo marcada por uma enorme desproporção de meios.
Perante o massacre que se
perspectiva dos cristãos, Portugal apoia revolta os biafrenses (ibos),
fornecendo-lhes apoio logístico e armamento, mas também apoio humanitário às
populações indefesas ameaçadas de um genocídio em larga escala.
Em
São
Tomé e Principe, com o apoio de um vasto conjunto de igrejas cristãs, entre
Julho de 1968 e Janeiro de 1970, foi montada uma ponte área humanitária
para fornecer alimentos aos biafreses e tentar evacuar a população. Alguns
portugueses foram mortos nesta operação, um deles (Gil Pinto de Sousa) foi
mesmo o único preso estrangeiro do conflito (2/11/1969).
As
hipóteses de sobrevivência do Biafra eram mínimas dado que o poder na
Nigéria, controlado pelos muçulmanos, era apoiada pelos EUA, Inglaterra e
União Soviética.
Os
biafrenses não tardam em ficar encurralados, ocorrendo aquilo que já se
esperava, uma das maiores matanças de África. Cerca de 2 milhões de
biafrenses foram mortos, um grande número deles à fome.
As imagens destas crianças
biafrenses foram difundidas pela comunicação social, tendo na altura um enorme
impacto na opinião pública mundial.
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